terça-feira, 31 de dezembro de 2024

 

“A HORA DO SILÊNCIO” (“THE SILENT HOUR”), 2024, Estados Unidos, 1h39m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Brad Anderson, seguindo roteiro assinado por Dan Hall. Suspense policial ambientado em Boston. O detetive Frank Shaw (Joel Kinnaman) perde a audição durante uma perseguição mal sucedida. Depois de um período de recuperação, ele volta a trabalhar no Departamento de Homicídios, recebendo treinamento para se tornar intérprete da linguagem de sinais com o objetivo de se comunicar com prováveis testemunhas surdas. Claro que logo surge uma, Ava Fremont (Sandra Mae Frank), que não só testemunha como filma o assassinato de dois traficantes e comunica o caso à polícia. Frank Shaw e seu parceiro Doug Slater (Mark Strong) ficam encarregados do caso. Os assassinos também são traficantes e descobrem a identidade da testemunha, que mora num edifício em fase de despejo e reformas. É nos corredores, nos apartamentos e nas escadarias desse edifício que transcorre praticamente toda a ação do filme, com o detetive Frank tentando proteger Ava da gangue dos traficantes denunciados. Se há um mérito nesse filme é garantir o suspense do começo ao fim, e aqui devemos destacar a direção de Brad Anderson, cineasta que já nos presenteou com bons filmes do gênero suspense, como “Chamada de Emergência”, “Fratura” e “Beirute”, entre outros. Como informação adicional, destaco também a presença da atriz Sandra Mae Frank, que é realmente deficiente auditiva. Trocando em miúdos, “A Hora do Silêncio” não decepciona.      

domingo, 29 de dezembro de 2024

 

“O ÚLTIMO SOLDADO” (“FENG HUO FANG FEI” – nos países de língua inglesa chegou como “The Chinese Widow”), 2017, coprodução China/EUA, em cartaz na Prime Vídeo, direção do veterano cineasta dinamarquês Bille August, com roteiro assinado por Greg Latter e Mabel Cheung, falado em mandarim, inglês e japonês. Embora tenha sido produzido em 2017, só agora chega ao streaming. Ainda bem, pois é um excelente drama de guerra baseado em fatos reais ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial. Depois que os japoneses atacaram Pearl Harbor, em dezembro de 1941, os Estados Unidos entraram no conflito e resolveram bombardear Tóquio em retaliação. Um desses aviões, depois da missão cumprida, tentou voltar para o porta-aviões mas ficou sem combustível e acabou caindo na província chinesa de Zhejiang. Bom lembrar que o Japão era inimigo da China, à qual havia invadido e vinha realizando as piores atrocidades há anos. O filme é centrado no personagem do piloto Jack (Emile Hirsch), que foi salvo e depois tratado pela jovem viúva chinesa Ying (Liu Yifei), que vive com a filha Nunu (Li Fangcong) e fabrica seda para sobreviver. A viúva esconde o militar norte-americano no porão da casa, correndo um grande perigo, pois os japoneses estão sempre por perto. Não vou contar o resto para não dar spoilers sobre como terminará a história, mas posso garantir: o filme é ótimo. Claro que seu maior trunfo, além da história em si, é a direção firme, mas sensível, do cineasta Bille August, que já nos presenteou com algumas pequenas obras-primas, entre as quais destaco “Pelle, o Conquistador”, de 1982, que ganhou o Oscar, o Globo de Ouro e a Palma de Ouro em Cannes, além de “The Best Intentions", de 1991, também premiado com a Palma de Ouro, e “A Casa dos Espíritos”.     

        

 

 

sábado, 28 de dezembro de 2024

“O VOO SEQUESTRADO” (“HIJACK ‘93”), 2024, Nigéria, 1h26m, em cartaz na Netflix, direção de Robert Peters, seguindo roteiro assinado por Musa Jeffery David. Não torça o nariz só porque o filme é nigeriano. Digo isso porque já assisti a vários filmes muito bons feitos em Nollywood – como é chamado o cinema da Nigéria. Saiba também que a Nigéria é o segundo maior produtor de filmes do mundo, perdendo apenas para a Índia (Bollywood) e superando os Estados Unidos (Hollywood, claro), em terceiro lugar. “O Voo Sequestrado” relembra um fato real ocorrido em 1993. No dia 25 de outubro daquele ano, quatro jovens ligados ao MAD (Movimento para a Atualização da Democracia) sequestram o avião da Nigeria Airways que levantou de Lagos com destino à capital Abuja. Os sequestradores queriam chamar a atenção do mundo para a situação política da Nigéria, com abusos dos direitos humanos e corrupção governamental, além de exigirem a renúncia do general Ibrahim Babangida, o então ministro da Defesa. A intenção era desviar o voo para Frankfurt, na Alemanha, mas antes o avião teve que fazer um pouso forçado para abastecer no aeroporto de Niamey, no país vizinho Níger. Aqui se desenrolam as negociações entre os sequestradores, o governo do Níger e da Nigéria. Não vou dar spoilers sobre o que acontece no desfecho, pois acredito que são poucos os que se lembram dessa história. Trocando em miúdos, o filme é muito bom, mantém uma tensão constante do começo até o final. Tem seus defeitos, mas são poucos e não prejudicam o resultado final. Vale a pena assistir, principalmente para quem tem a curiosidade de conhecer um pouco do cinema de Nollywood.         

 

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

“TÁR”, 2022, Estados Unidos, 2h38m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Todd Field. O filme já começa esquisito, apresentando os créditos completos logo no início, quando a grande maioria dos filmes os apresenta no final. A história é centrada na maestrina Lydia Tár (a atriz australiana Cate Blanchett), a primeira mulher a dirigir a conceituada Orquestra Filarmônica de Berlim. Ao contrário do que pensei inicialmente, trata-se de um personagem fictício, assim como o enredo. Lésbica assumida, Lydia exige que seja chamada de “Maestro”. Ela é casada com a spalla (primeiro violino) da orquestra, Sharon (a atriz alemã Nina Hoss), mas convive com a fama de ter assediado integrantes femininas das outras orquestras que dirigiu. Lydia mostra-se prepotente e arrogante, não apenas nas aulas que ministra em escolas de música, mas também com os músicos das orquestras. O filme se concentra nos bastidores do trabalho da maestrina, aliás “maestro”, destacando o estresse de tanta responsabilidade. Realmente, a vida de maestro não deve ser fácil. Além de estar prestes a lançar um livro de memórias, Tár ensaia com a Filarmônica de Berlim para a gravação da difícil 5ª Sinfonia do compositor Gustav Mahler. A música clássica está em toda parte, não só nos diálogos como em toda a trilha sonora. “Tár” não é um filme para o grande público. Talvez por isso mesmo tenha sido esnobado nas premiações do Oscar 2023, para o qual foi indicado em cincos categorias (Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Direção, Melhor Roteiro Original e Melhor Fotografia). Além de ser longo, os diálogos são inteligíveis apenas para músicos profissionais ou alunos de Escola de Música. Também estão no elenco Sophie Kauer, Noémie Merlant, Mark Strong e Julian Glover. De qualquer forma, vale conferir a excelente performance da atriz Cate Clanchett, que antes de filmar estudou regência e piano. Quem curte música clássica certamente vai gostar.     

 

 

 

 

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

 

“UMA BELA MANHÔ (“UN BEAU MATIN”), 2023, França, 1h52m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Mia Hansen-Løve (“A Ilha de Bergman”, “O Que Está por Vir”). Trata-se de um drama centrado em Sandra Kienzler (Léa Seydoux), uma jovem viúva que trabalha em Paris como tradutora/intérprete em convenções e congressos. Ela tem uma filha de oito anos e está passando um momento muito difícil com a doença do pai, George (Pascal Greggory), que sofre de uma síndrome degenerativa do cérebro, que deixa a pessoa cada vez mais confusa, debilitada e esquecida, além de uma cegueira psicológica. Ao acompanhar os problemas do pai e a decisão da família de interná-lo em um asilo, Sandra entra em depressão e é nesses momentos que aparece o grande talento da atriz Léa Seydoux, talvez hoje a mais competente do cinema francês, capaz de trafegar entre dramas eróticos (“Azul é a Cor Mais Quente) e filmes de ação (“Spectre” e “007 – Sem Tempo para Morrer”). De volta à história: em meio aos problemas do pai, Sandra reencontra Clément (Malvil Poupaud), ex-amigo do seu marido. Papo vai papo vem, sofrendo de carência afetiva, Sandra começa a namorar Clément. Só que tem um problema: ele é casado e tem dois filhos. Mesmo assim, Sandra concorda em ser sua amante, até que um dia resolve que não quer mais fazer o papel da outra. Completam o elenco Nicole Garcia, Camille Leban Martins, Sarah Le Picard e Fejria Deliba. Trocando em miúdos, “Uma Bela Manhã” tem todos os ingredientes do melhor cinema francês, fazendo jus ao seguinte comentário da principal crítica do jornal The New York Times, Manohla Dargis: “O filme francês é maravilhosamente balanceado, persuasivo e comovente”. Sem dúvida, um belo filme que merece ser visto por quem admira cinema de qualidade. Imperdível”    

 

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

“AGENTE DAS SOMBRAS” ("BLACKLIGHT”), 2022, coprodução Estados Unidos/Austrália/China, 1h48m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Mark Williams, que também assina o roteiro com a colaboração de Nick May. O ator irlandês Liam Neeson ficou mais conhecido do público depois de interpretar o empresário Oskar Schindler em “A Lista de Schindler” (1993). Continuou com prestígio depois de, já veterano, atuar em filmes de ação, principalmente a trilogia de “Busca Implacável”, depois do qual fez vários filmes de ação. Neste último “Agente das Sombras”, aos 70 anos (hoje está com 72), Neeson dá mostras de que não tem mais a vitalidade de outrora para filmes do gênero. Está visivelmente alquebrado, sem a mobilidade de quem precisa correr, dar socos e pontapés. Nesse filme, Neeson é Travis Block, um agente do FBI prestes a se aposentar. Sob a supervisão direta de Gabriel Robinson (Aidan Quinn), diretor do FBI, Travis sempre agiu nas sombras, ajudando a salvar agentes em perigo ou com algum trauma de trabalho. A história de “Agente das Sombras” começa com o assassinato de uma jovem militante política que resolveu enfrentar o sistema, denunciando corrupção e a participação do governo em planos para eliminar opositores políticos. Resultado: acabou assassinada. O jovem agente Dusty Crame (Taylor John Smith), revoltado com a morte da moça, decide procurar a jornalista investigativa Mira Jones (Emmy Baver-Lampman) para denunciar uma tal Operation United como responsável pela morte da jovem militante. Dusty também terá destino igual e Travis acaba descobrindo que tudo é obra justamente do FBI, assim como o desaparecimento de sua filha e de sua neta. Com a ajuda da jornalista, Travis irá atrás dos responsáveis. Embora tenha algumas boas cenas de ação, “Agente das Sombras” não é “aquele” filme que mereça uma recomendação entusiasmada, mas também não chega a ser totalmente decepcionante.   

“BATALHÃO 6888” (“THE SIX TRIPLE EIGHT”), 2024, Estados Unidos, 2h07m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Tyler Perry (“Madea”, “Divórcio em Família”). Mais uma história da fonte inesgotável de histórias ocorridas durante a Segunda Guerra Mundial e adaptadas para o cinema. Dessa vez, uma história pouco conhecida por aqui, ou seja, a formação do primeiro batalhão de mulheres negras do exército norte-americano. Comandadas e treinadas pela capitã Charity Adams (Kerry Washington, ótima), 855 mulheres foram enviadas para a Inglaterra com a difícil – e quase impossível – missão de selecionar, separar e enviar 17 milhões de cartas esquecidas e armazenadas na cidade inglesa de Birmingham. Parte dessas cartas havia sido escrita pelas famílias dos soldados que estavam no front europeu e outra parte escrita pelos soldados com destino às suas famílias. O maior objetivo dessa tarefa era levantar o moral dos soldados norte-americanos com notícias de seus familiares, assim como estes receberem notícias de seus entes queridos envolvidos na guerra. Para resumir a história, as mulheres do intitulado “6888º Batalhão do Diretório Postal Central” conseguiram cumprir sua missão em apenas três meses, ou seja, muito antes do estipulado. O filme destaca o forte racismo existente na época, o que fez muitos acreditarem que as mulheres negras não conseguiriam executar sua tarefa. Pois mesmo com esse incrível feito, elas nem sequer receberam qualquer homenagem quando voltaram ao seu país e a história de sua vitoriosa missão ficou escondida até agora. Também estão no elenco Ebony Obsidian, Sarah Jeffery, Oprah Winfrey, Shanice Williams, Dean Norris (da série Breaking Bad), Sam Waterston e Susan Sarandon, esta última irreconhecível como Eleanor Roosevelt, mulher do presidente. O filme é uma superprodução digna de Hollywood, com centenas de figurantes e uma primorosa recriação de época. Para coroar, o espectador ainda poderá conhecer, durante os créditos finais, alguns personagens reais que viveram aquela incrível história. Imperdível!      

sábado, 21 de dezembro de 2024

 

“O TREM ITALIANO DA FELICIDADE” ("IL TRENO DEI BAMBINI”), 2024, Itália, 1h45m, em cartaz na Netflix, direção de Cristina Comencini, seguindo roteiro assinado por Giulia Calenda, Furio Andreotti e Camille Dugay Comencini. Importante destacar o contexto histórico no qual o filme é baseado. Cidades do sul da Itália, mais afetadas pela Segunda Guerra Mundial, apresentavam um cenário de miséria absoluta. Em 1946, o Partido Comunista Italiano, em conjunto com a União das Mulheres Italianas (Unione Donne Italiane), teve a ideia de enviar as crianças do sul para Milão e outras cidades do norte do país não tão atingidas pelas consequências do conflito. Dessa forma, de 1946 até 1952, 70 mil crianças foram levadas para o norte em trens especiais reservados para elas pela Rede Ferroviária Nacional. O plano, executado com sucesso, previa o retorno das crianças seis meses depois, quando deveriam estar melhor de saúde e bem de saúde. Toda essa história foi contada em dois livros: “Crianças da Guerra: A História sobre o Trem Italiano da Felicidade", de Viola Ardone, e “Il Treni Della Felicitá. Storie Di Bambini in Viaggio Tra Due Italie”. Foi nos relatos de ambos que os roteiristas criaram o filme, cuja história é centrada no personagem fictício de Amerigo Speranza (Christian Cervone), de 7 anos, enviado por sua mãe para Milão. Aqui, ele foi acolhido por uma família ligada ao partido comunista. Tão fanáticos que seus três filhos se chamavam Revo, Lucio e Nario. Amerigo se adaptou bem à família, principalmente ao pai, que gostava de tocar violino, instrumento que Amerigo aprendeu a tocar e que o levaria, no futuro, ao posto de maestro de uma importante orquestra. Completam o ótimo elenco Serena Rossi, Barbara Ronchi, Stefano Accorsi, Francesdo Di Leva, Antonia Truppo e Nunzia Schiano. Embora o contexto seja dramático, o filme consegue ser leve principalmente por colocar as crianças como personagens principais, vítimas inocentes de um conflito que não entendiam. Enfim, “O Trem Italiano da Felicidade” é um filme sensível e comovente, ao mesmo tempo poderoso e impactante. Não perca!          

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

“BECO DO PESADELO” (“NIGHTMARE ALLEY”), 2021, Estados Unidos, 2h31m, em cartaz na Prime Vídeo, direção do cineasta mexicano Guillermo Del Toro, com roteiro assinado por Kim Morgan. A história é baseada no romance “Nigthtmare Alley”, escrito em 1946 por William Lindsay Gresham. Como cinéfilo amador, sempre fico atento às novidades e lançamentos, e, portanto, não sei dizer como deixei de ver esse filme maravilhoso, que recebeu 4 indicações ao Oscar de 2022: Melhor Filme, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino. Não levou nenhuma estatueta, mas é um grande filme. O elenco é um luxo. Só para citar os nomes principais: Bradley Cooper, Toni Collette, Rooney Mara, David Strathairn, Cate Blanchet, Willem Dafoe, Mary Steenburgen, Ron Perlman e Richard Jenkins. Vamos à história: no final dos anos 30 do século passado, em plena recessão econômica nos EUA, o malandro Stanton Carlisle (Bradley Cooper) foge de um passado tenebroso e vai parar num circo itinerante, onde consegue emprego. Ele se entusiasma com o número de mediunidade apresentado por Pete Krumbeim (Strathairn) e sua mulher Zeena (Collette). Com Pete e Zeena ele aprende os truques do show que é um dos mais requisitados pelo público. Disposto a ganhar dinheiro, Stanton parte para Nova Iorque com sua namorada Molly (Rooney Mara), que também trabalhará como sua assistente de palco. Num golpe de sorte, Stanton conhece Lilith Ritter (Blanchet), uma refinada e conhecida psicóloga cujos pacientes, em sua maioria, são figuras da alta sociedade e muito ricos. Em associação com Lilith, Stanton, agora “O Grande Stanton”, arrasta multidões para suas apresentações mediúnicas e consegue algumas consultas particulares com gente da alta sociedade. O dinheiro chega fácil, mas as consequências da enganação chegarão logo. Não apenas pela história em si ou pelo maravilhoso elenco, o filme se destaca também pela primorosa fotografia e pela espetacular recriação de época. Enfim, mais uma verdadeira aula de cinema do diretor Guillermo Del Toro, que já havia nos presenteado com filmes que se transformaram em verdadeiros clássicos, como “O Labirinto do Fauno”, “A Espinha do Diabo”, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2006, além de “A Forma da Água”, pelo qual conquistou o Oscar em 2017 como Melhor Diretor. Se você gosta de cinema de alta qualidade, não deixe de assistir “O Beco do Pesadelo”.          

domingo, 15 de dezembro de 2024

“A VIRGEM VERMELHA” (“LA VIRGEN ROJA”), 2024, Espanha, 1h54m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Paula Ortiz, seguindo roteiro assinado por Eduard Sola e Clara Roquet.. A história, baseada em fatos reais, é centrada na jovem Hildegart Rodríguez Carballeira (Alba Planas), que, no início dos anos 30 do século passado,  surgiu no campo literário espanhol como uma escritora à frente do seu tempo. Com apenas 18 anos, ela já havia escrito vários livros sobre a sexualidade feminina, tornando-se um ícone precoce do feminismo e da revolução sexual – seus livros mais conhecidos são “Sexo e Amor” e “A Rebeldia Sexual da Juventude”. Também foi uma ativista política, militante do Partido Socialista Operário Espanhol. Todo esse contexto de liberdade não condiz com a educação autoritária da mãe (Najwa Nimri), que em nenhum momento revelou à filha quem era seu pai biológico – um segredo guardado a sete chaves, apenas revelado ao espectador. As atitudes abusivas da mãe autoritária acabarão tolhendo a liberdade de ir e vir da garota, que um dia finalmente se rebela depois de conhecer o jovem Abel Vilella (Patrick Criado), militante do partido socialista. A relação conflituosa entre mãe e filha é o fio condutor da história, e aqui deve ser destacado o excelente desempenho das atrizes Alba Planas, Najwa Nimri e Aixa Villagrán, esta última como a empregada da casa e confidente de Hildegart. Trocando em miúdos, “A Virgem Vermelha”, filme lançado durante o 72º Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, é um dos melhores lançamentos da Prime este ano. Não perca!       

 

 

 

 

sábado, 14 de dezembro de 2024

“CIDADE DE ASFALTO” (“ASPHALT CITY”), 2023, Estados Unidos, 2h4m, em cartaz na Prime Vídeo, direção do cineasta francês Jean Stéphane Sauvaire (“Johnny Mad Dog”), seguindo roteiro assinado por Ben Mac Brown e Ryan King. A história toda é baseada no livro “Black Flies”, escrito em 2008 por Shannon Burke. Se você está infeliz no seu emprego e estressado é porque não assistiu a esse suspense, que mostra o trabalho dos paramédicos – socorristas, aqui no Brasil – em Nova Iorque. O personagem central é o jovem Ollie Cross (Tye Sheriden), que ingressa no grupo de paramédicos enquanto se prepara para tentar o seu grande sonho, a faculdade de medicina. Novato no trabalho, ele é escalado para o turno da noite/madrugada, e como parceiro conta com o experiente Gene Rutkovsky (Sean Penn), que será o seu tutor por um bom tempo. O trabalho não é fácil, principalmente quando são chamados para atender emergências em bairros perigosos, como é o caso de Brownsville, no Brooklyn. Aqui, a maioria dos atendimentos refere-se a feridos em confronto de gangues, vítimas de overdose e outras ocorrências que nem sempre terminam bem. A rotina estressante é apresentada no filme de forma bastante realista, fazendo com que o espectador se sinta participante das cenas. Também participam do elenco Michael Pitt (sempre em papéis de personagens desagradáveis), Kali Reis, Raquel Nave, Katherine Waterston e Mike Tyson. Isso mesmo, o grande lutador de boxe, que no filme desempenha o papel de chefe da equipe de paramédicos. E olha que ele trabalhou direitinho. A primeira exibição de “Cidade de Asfalto” aconteceu no Festival de Cannes 2023, mas a recepção por parte dos críticos e do público não foi muito satisfatória. Eu gostei e recomendo.     

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

 

“TRÊS MULHERES – UMA ESPERANÇA” (“LOST TRANSPORT”), em cartaz na Prime Vídeo, 2022, coprodução Holanda/Luxemburgo/Alemanha, 1h45m, roteiro e direção de Saskia Diesing, cineasta alemã radicada na Holanda. A história, baseada em fatos reais, é ambientada na primavera de 1945, nos estertores da Segunda Guerra Mundial. Como último esforço de guerra, os nazistas tentaram transportar judeus da Bélgica, Holanda e Polônia aprisionados no campo de concentração da Baixa Saxônia para o interior da Alemanha. O objetivo era utilizar esses prisioneiros como moeda de troca por soldados alemães presos pelo exército russo. No total, foram três comboios, mas um deles não chegou ao seu destino, sendo abandonado perto do vilarejo de Tröbitz. Ao mesmo tempo, tropas do exército russo chegavam à região tentando organizar o problema, ou seja, garantir a sobrevivência dos judeus libertados do comboio. A população alemã de Tröbitz foi obrigada a acolher e alimentar os antigos prisioneiros em suas próprias casas. É nesse momento que uma improvável amizade acontece entre três mulheres: a alemã Winnie (Anna Bachmann), a oficial russa Vera (Eugénie Anselin) e a judia holandesa Simone (Hanna Van Vliet). Winnie mora na casa em que se hospedam a judia e a oficial russa. É justamente a relação entre essas mulheres que o roteiro coloca como fio condutor da história. Embora o filme, falado em holandês, alemão e russo, adote um tom dramático de novelão, vale a pena assisti-lo não só pelo fato histórico relatado e pouco conhecido por aqui, mas também pela primorosa ambientação de época.         

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024


“A INFORMANTE” (“WINNER”), 2024, coprodução Canadá/EUA, 1h52m, em cartaz na HBO Max, direção de Susanna Fogel, que também assina o roteiro juntamente com Kerry Howley. Grata surpresa este drama baseado em fatos reais. Depois de ter sido militar na Força Aérea dos Estados Unidos, a jovem Reality Winner (Emilia Jones, ótima) foi trabalhar como analista no Serviço de Inteligência da Agência de Segurança Nacional. Em 1916 ela foi acusada de vazar informações sobre a interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas naquele ano, sendo presa pelo crime de traição à pátria. Quem conviveu com a família da moça certamente adivinhou esse desfecho, pois Reality, a exemplo do pai Ron (Zach Galifianakis), cresceu como ativista e defensora do meio ambiente, dos direitos humanos, da justiça social e da democracia. Ou seja, uma mulher politicamente correta. Também estão no elenco Connie Britton, Danny Ramirez e Kathryn Newton. O roteiro não deixou o filme descambar para um drama, pois adotou um tom mais leve e bem humorado, diluindo a gravidade dos eventos retratados, tornando o filme mais acessível e menos impactante. Talvez este seja o único defeito do filme, já que a história merecia um tratamento mais sério como drama político. De qualquer forma, “A Informante” consegue captar a atenção do espectador do começo ao fim. Não perca.   

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

 

“ECOS DO PASSADO” (“KALÁVRYTA 1943”), 2021, Grécia, 1h39m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Nicholas Dimitropoulos, que também assina o roteiro com Dimitrios Katsantonis. Dois motivos especiais me motivaram a assistir a este filme grego. Primeiro, o fato histórico retratado, baseado em fatos reais, ou seja, o massacre, por parte dos soldados nazistas, contra a população do vilarejo de Kalávryta, em 1943. Segundo motivo é relativo à presença no elenco do grande ator sueco Max Von Sydow neste que foi seu último filme de uma longa carreira vitoriosa. Ele faleceu pouco depois do término das filmagens. “Ecos do Passado” é filmado em flashbacks, contando com grande realismo o que aconteceu no pequeno vilarejo grego. Em retaliação à morte de soldados nazistas, o comandante do exército alemão que ocupava a Grécia ordenou que a população local fosse totalmente dizimada. Ao final, centenas de pessoas foram mortas. No tempo presente, o filme é centrado na advogada Caroline Martin (Astrid Roos), que representa o governo alemão contra as reivindicações gregas por indenização pelo massacre de Kalávrita. Caroline viaja à Grécia para investigar o caso e encontra o único sobrevivente masculino daquela tragédia, o escritor Nikolaos Andreou (Max Von Sydow). É o próprio Nikolaos que narra a história, relembrando o que aconteceu. Caroline não tinha ideia das atrocidades praticadas pelos soldados alemães e se emociona com o relato. Sob o ponto de vista histórico, o filme é ótimo, pois revela um caso pouco conhecido pelo grande público. Trata-se de uma superprodução do cinema grego, considerado o filme mais caro dos últimos anos. Trocando em miúdos, “Ecos do Passado” é obrigatório, poderoso e realista como poucos. Imperdível!   

         

               

                     

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

 

“JOY”, 2024, Inglaterra, 1h55m, em cartaz na Netflix, direção de Ben Taylor (“Sex Education”), seguindo roteiro assinado por Jack Thorne, Rachel Mason e Emma Gordon. O filme é baseado em fatos reais que culminaram no nascimento do primeiro bebê in vitro, que depois ficaria conhecido popularmente, no mundo inteiro, como bebê de proveta.  A história começa em 1968, em Cambridge e depois em Bristol, quando o cientista Robert Edwards (James Norton), a enfermeira e embriologista Jean Purdy (Thomasin McKenzie) e o ginecologista Patrick Steptoe (Bill Nighy) começaram a pesquisar um processo envolvendo a combinação de óvulos e espermatozóides em um ambiente laboratorial, fora do corpo da mulher. O filme acompanha passo a passo todas etapas do trabalho do trio, as pesquisas com mulheres inférteis, a violenta oposição dos religiosos, que chamavam Edwards de “Dr. Frankestein”, e a perseguição incessante da imprensa inglesa. O primeiro bebê de proveta somente nasceria em 1978, fato alardeado no mundo inteiro como um grande avanço da ciência. Louise Joy Brown, o bebê, hoje aos 46 anos, continua viva e saudável. Embora o filme seja muito interessante como registro histórico, o espectador comum talvez tenha dificuldade de entender a linguagem técnica utilizada em muitos diálogos. Eu passei batido em vários. Certamente o pessoal da área médica terá mais facilidade de acompanhar os acontecimentos, principalmente no que se refere às pesquisas. Para as novas gerações, que talvez não imaginem como nasceu a fertilização in vitro, “Joy” é bastante esclarecedor.     

domingo, 1 de dezembro de 2024

“TIGRES E HIENAS” (“TIGRES Y HIÈNES”), 2024, França, 1h49m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Jérémie Guez, que também assina o roteiro com a colaboração de Louis Lagayette. Não é de hoje que o cinema francês tem nos ofertado ótimos filmes de ação, alguns deles do próprio Jérémie Guez, como “Asfalto de Sangue” e “Ligados pelo Sangue”, entre outros. O cineasta francês volta ao submundo do crime em Paris para desenvolver a história de “Tigres e Hienas”. Quando soube que seu padrasto Serge (Vincent Pérez), um conhecido assaltante de bancos, foi preso novamente, o jovem Malik (Waël Sersoub) retorna da Espanha para Paris para saber o que aconteceu e também para dar apoio para a mãe. Serge foi preso juntamente com outros três assaltantes, um deles Chérif Zhaoui (Omar Salim). Durante o julgamento da quadrilha, a advogada Irís (Géraldine Nakache), defensora de Chérif, faz uma proposta maluca e improvável para Malik: em troca da liberdade de seu padrasto, ele terá que planejar e praticar um audacioso assalto e ainda participar de um plano para libertar os presos que estão sendo julgados. Como deve sua vida ao padrasto, quando este o livrou da morte quando era apenas um adolescente, Malik topa a empreitada, devendo recrutar, para isso, alguns marginais indicados pela advogada. Completam o elenco Olivier Martinez, Evelyne El Garby Klaï, Samir Guesmi, Cassandra Cano e Sofiane Zermani.  Recomendo que você não ligue tanto para o conteúdo um tanto inverossímil da história, mas sim para as sequências de ação, algumas delas de tirar o fôlego. Importante destacar que a maioria dos personagens – como também os atores que os interpretam – são de origem árabe e africana. Ou seja, a participação de imigrantes na vida francesa, para bem e para o mal, está cada vez maior.

 

“SUBMISSÃO” (“ALICE: SUBSERVIENCE”), 2024, Estados Unidos, 1h46m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de S.K. Dale (Scott Dale), seguindo roteiro assinado por Will Honley e April Maguire. O filme explora, com muita competência, um tema da maior atualidade: a Inteligência Artificial. O roteiro mistura ficção científica, suspense, terror e erotismo. A história acontece num futuro difícil de afirmar se é próximo ou longínquo - mas sabemos que vai chegar. Enquanto sua esposa Maggie (Madeline Zima) permanece internada num hospital à espera de um transplante de coração, seu marido Nick (Michele Morrone) resolve adquirir uma androide (Megan Fox) para executar os serviços domésticos e de babá dos filhos do casal. Aliás, foi Isla (Mathilde Firth), a filha mais velha, que escolheu o nome da sua babá robô: Alice. A partir da chegada de Alice na casa o espectador mais atento logo percebe que a androide e seu dono vão acabar tendo um caso. Mas como, se ela é um robô, que imaginamos sem sentimentos? Nada é impossível para Hollywood. Quando Maggie volta para casa, depois do transplante, a harmonia da família acaba indo (literalmente) escada abaixo. Nick terá que administrar a confusão para salvar a família de uma tragédia. O filme garante um bom suspense e muitas cenas eróticas. Pelo desfecho já dá para prever que vem uma sequência logo logo. A bela Megan Fox, é claro, arrasa como a robô erótica, num de seus papeis mais difíceis. O ator italiano Michele Morrone, o garanhão de “365 Dias”, também não destoa, neste que é seu primeiro filme nos States. Trocando em miúdos, “Submissão” é um entretenimento de primeira, mas é bom dar um alerta: tirem as crianças da sala.                       

terça-feira, 26 de novembro de 2024

“TRANSMITZVAH”, 2024, Argentina, 1h42m, em cartaz na Netflix, direção de Daniel Burman (“Ninho Vazio”, “O Décimo Homem”), que também assina o roteiro com Ariel Gurevich. Divulgado como uma comédia, longe disso, “Transmitzvah” é um drama com muita música que tem como pano de fundo a tradição judaica. Se tivesse partido para a comédia, o filme certamente seria muito melhor e não tão decepcionante. Começa o filme e temos uma família de judeus ortodoxos sentada para jantar e anunciar que o seu filho Rubén (Milo Burgess-Webb), de 12 anos, participará em breve do seu Bar Mitzvah, cerimônia de passagem para a vida adulta. Só que a passagem foi outra. Rubén anunciou que dali em diante seria Mumy, ou seja, uma menina. E, portanto, sem Bar Mitzvah. A história dá um salto de vinte anos e agora Mumy é a cantora trans Mumy Singer (Penélope Guerrero, de “Sky Rojo”, “Nacho” e “Vestidas de Azul”), que faz enorme sucesso pelo mundo afora cantando músicas pop em iídiche, língua falada pelos judeus no mundo inteiro. Ao retornar à Argentina - ela estava morando na Itália -, para  fazer shows e rever os pais e o irmão mais velho Eduardo (Juan Minujín, de “Golpe Duplo” e “Dois Papas”), Mumy resolve procurar um rabino que concorde em fazer o seu Bar Mitzvah. No fim, os irmãos viajam para a Espanha em busca de um guru - e aí o filme descamba realmente para o desastre. Recheado de números musicais e coreografias com bailarinos – o que me fez lembrar dos filmes indianos que abusam daquelas irritantes danças coletivas – e uma história um tanto mirabolante e pouco convidativa, “Transmitzvah” se arrasta em ritmo lento, o que faz com que a 1h42m pareça muito mais. O consagrado diretor Daniel Borman desta vez pisou em la pelota.                        

domingo, 24 de novembro de 2024

 

“VENCER OU MORRER” (“VENCER O MORIR”), 2024, Chile, minissérie baseada em fatos reais de 8 episódios em cartaz na Prime Vídeo, direção de Rodrigo Sepúlveda e Gabriel Díaz, com roteiro de Josefina Fernández, Mauricio Dupuis e Francesca Bernardi. Dez anos após o golpe militar desfechado contra o presidente Salvador Allende, um grupo de jovens resolve fundar a Frente Patriótico Manuel Rodríguez (FPMR) para lutar contra a ditadura do General Augusto Pinochet. A FPMR atuava sob a orientação do partido comunista chileno, que indicava os atentados que deveriam ser efetuados contra a ditadura, mas o planejamento e a execução eram de responsabilidade dos jovens. A minissérie destaca a atuação no grupo guerrilheiro da professora de sociologia Cecília Magni Camino (a ótima Mariana Di Girolamo), que ingressou na FPMR como soldado e logo atingiu o posto de comandante, sob o pseudônimo de Tamara. Acima dela estava o comandante Rodrigo (o ator uruguaio Nicolás Furtado), guerrilheiro mais experiente por ter lutado pela causa comunista em outros países. O grupo terrorista era perseguido pelos agentes da Central Nacional de Informações (CNI), comandados pelo violento comissário Bareta (Gabriel Urzúa). Depois de vários atentados, incluindo o sequestro de um general de alta patente, o FPMR resolveu planejar o assassinato do próprio Pinochet. Quem conhece um pouco essa história saberá o seu final, mas deixo a surpresa para quem não conhece. Não tenho dúvida em apontar a minissérie chilena como uma das melhores do ano, bastante movimentada, roteiro bem elaborado e uma primorosa ambientação de época, na qual se destacam os cenários, os figurinos e a trilha sonora. “Vencer ou Morrer” – o grito de guerra da FPMR – é um registro histórico da melhor qualidade. Imperdível!                    

         

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

“APENAS CORRA” (“RUN RABBIT RUN”), 2023, Austrália, 1h40m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Daina Reid (das séries “Iluminadas” e “O Conto da Aia”), seguindo roteiro assinado por Hannah Kent. A tradução literal do título original é “Foge Coelho Foge”, que também vi em outro material de divulgação. Trata-se de um misto de suspense e terror sobrenatural, com a vantagem de não ter efeitos especiais, o que garante maior credibilidade. A história é centrada na médica Sarah (Sarah Snook), uma mulher divorciada mãe da pequena Mia (Lily Latorre). Aos poucos, a menina começa a apresentar um comportamento estranho, dizendo ser alguém que jamais conheceu. Em vez de consultar algum psiquiatra ou psicólogo para diagnosticar o que se passa com sua filha, Sarah mostra uma atitude muito passiva, mesmo depois que Mia começa a sangrar pelo nariz. Ora, qualquer mãe teria levado a filha para ser examinada, fazer uma tomografia. Sarah, porém, começa a apresentar um comportamento também estranho, que, logo o espectador irá saber, tem tudo a ver com seu passado. Até que o filme mantém um clima de tensão bastante acentuado, garantindo o suspense necessário para levar o espectador a esperar alguma revelação bombástica, o que realmente acontece perto do desfecho. A atriz australiana Sarah Snook se destaca no elenco, comprovando sua competência consagrada na série “Succession”, pela qual ganhou 2 Globos de Ouro e também um Emmy. Outro destaque no elenco é a presença de Greta Scacchi, que já foi uma das atrizes mais bonitas do cinema – e uma das minhas divas. Em respeito justamente à antiga beleza da atriz, hoje com 64 anos, a diretora mostrou Greta entre sombras. Trocando em miúdos, “Apenas Corra” garante uns bons sustos, não muito mais que isso.                              

terça-feira, 19 de novembro de 2024

“O HOMEM QUE AMAVA OS DISCOS VOADORES” (“EL HOMBRE QUE AMABA A LOS PLATOS VOLADORES”), 2024, Argentina, 1h47m, em cartaz na Netflix, direção de Diego Lerman, seguindo roteiro assinado por Adrián Biniez. Na base da sátira bem-humorada, o filme relembra os fatos reais que envolveram, em 1986, o jornalista e apresentador de TV José Bernardo Kerzer, cujo nome artístico era José de Zer. Interpretado pelo ator Leonardo Sbaraglia, o jornalista ficou famoso na Argentina depois que seu programa alcançou picos de audiência ao explorar o tema “Não Estamos Sozinhos”. Tudo começa quando José de Zer recebe uma dica de pauta nos pampas argentinos, próximo ao vilarejo La Candelaria, na província de Córdoba. Aqui, os habitantes descobrem um círculo perfeito desenhado na mata que mobilizou toda a população do vilarejo. Enquanto cobre o evento misterioso, o jornalista tem a ideia de explorar a hipótese de uma aeronave alienígena ter pousado naquele local, lançando a teoria de que os alienígenas teriam visitado a Argentina. Com entrevistas forjadas e encenações bizarras, o jornalista exibe várias reportagens que alavancam a audiência de seu programa, transformando-o numa celebridade nacional. Audiência que aumentaria ainda mais após um acidente envolvendo o jornalista. Depois de assistir ao filme fiquei em dúvida se tudo isso aconteceu mesmo ou o roteiro aumentou a dose. Em todo caso, vale a pena assistir, pois trata-se de mais um ótimo e interessante filme argentino. Ainda mais pela presença impecável de Leonardo Sbaraglia, ator de filmes como “Relatos Selvagens”, “Puan”, “No Fim do Túnel” e “Plata Quemada”, entre outros clássicos.                            

         

domingo, 17 de novembro de 2024



 

"BACK TO BLACK", 2024, Inglaterra, 2h02m, em cartaz na Prime Vídeo, direção da cineasta inglesa Sam Taylor-Johnson (“O Garoto de Liverpool”, “Cinquenta Tons de Cinza”), seguindo roteiro assinado por Matt Greenhalgh. Cinebiografia da cantora e compositora Amy Winehouse (Marisa Abela), que se notabilizou não apenas como artista, mas por causa da sua vida particular tumultuada, principalmente com relação ao consumo de álcool e drogas pesadas, além do seu gênio explosivo. Resultado: morreu jovem, em 2011, aos 27 anos, no auge do sucesso. Era considerada uma cantora de jazz, no que discordo. Era mais do soul e R & B, embora tenha tido uma grande influência das grandes cantoras de jazz, como, por exemplo, Sarah Vaughan, além da avó Cynthia (Lesley Manville), uma antiga cantora de jazz. O filme relembra sua adolescência e o início da fase adulta, quando começa a fazer sucesso. Destaca ainda a influência musical da família judia, seu polêmico casamento com Blake (Jack O’Connell), um notório viciado em drogas, e a relação conflituosa com os paparazzi, que não a deixavam em paz um minuto sequer. O foco principal, porém, é a série de músicas que fizeram sucesso e que a levaram a conquistar vários prêmios Grammy, interpretadas pela atriz Marisa Abela, cuja ótima atuação é um dos trunfos do filme. A crítica especializada não gostou muito, mas eu gostei e recomendo.                    

 

“BANCO CENTRAL SOB ATAQUE” (“ASALTO AL BANCO CENTRAL”), 2024, Espanha, minissérie da Netflix em cinco episódios, direção de Daniel Calparsoro, seguindo roteiro assinado por Patxi Amezcua. O pano de fundo dessa excelente minissérie, baseada em fatos reais, é a situação política caótica da Espanha no início dos anos 80. Três meses após a tentativa de golpe de Estado no congresso espanhol, em fevereiro de 1981, onze homens encapuzados invadem o Banco Central de Barcelona fazendo 300 reféns, entre funcionários e clientes. Eles exigiam do governo espanhol que libertasse o tenente-coronel Antonio Tejero Molina, que comandou a tentativa de golpe contra o congresso.  Enquanto isso, arrombaram o cofre para roubar o dinheiro. Durante 37 horas, os assaltantes e os reféns mantiveram-se trancados no banco, enquanto o líder da quadrilha negociava com as autoridades. A jornalista novata Maider (María Pedraza), que cobria o assalto juntamente com o fotógrafo Berni (Hovik Keuchkerian), desconfiou que havia algo mais por trás do assalto. E começou a investigar, contando com informações sigilosas do comissário Paco (Isac Férriz), da polícia de Barcelona, estranhamente afastado do caso. Atuam também com destaque no elenco Miguel Herrán, como José Juan Martinez Gómez, o chefe da quadrilha, e Patrícia Vigo, esposa do diretor na vida real, como a editora-chefe do jornal. Graças a um roteiro bem elaborado, o clima da minissérie é de tensão do começo ao fim, prendendo a atenção do espectador para o que acontecerá no desfecho. Minissérie para não perder.                

         

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

 

"LIVRE: ENCANTO CRIMINAL” (“LIBRE”), 2024, França, 1h50m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Mélanie Laurent – mais conhecida como atriz, é seu oitavo filme como diretora -, que também assina o roteiro com Christophe Deslandes. Baseado em fatos reais, o filme conta a história de Bruno Sulak (Lucas Bravo), que no início dos anos 80 ficou famoso como ladrão de supermercados e joalherias. Sem nunca ter disparado um tiro ou cometido nenhum tipo de violência em suas ações, Bruno chegou a ser chamado de Arsène Lupin dos anos 80, Robin Hood francês e Inimigo nº 1 da França. Bruno também ficou famoso pelas suas fugas espetaculares das prisões. O filme ressalta também sua fama de galã, aqui demonstrada pelo charmoso ator e modelo Lucas Bravo, que fez sucesso na série “Emily in Paris” como chef de cozinha e par romântico da personagem principal. Em “Livre”, seu par romântico é Annie (Léa Luce Busato), cúmplice em seus assaltos como motorista nas fugas. Outro personagem de destaque na história é o comissário de polícia George Moréas (Yvan Attal), que prendeu o ladrão várias vezes e no final acabou ficando seu amigo. Completam o elenco Radivoje Bukvic, David Murgia, Steve Tientcheu e Slimane Dazy. Como entretenimento, o filme é ótimo, pois tem ação, romance, humor e uma deliciosa trilha sonora, com vários sucessos da época.

 


quarta-feira, 13 de novembro de 2024

“O CANDIDATO INDEPENDENTE” (“THE INDEPENDENT”), 2023, Estados Unidos, 1h48m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Amy Rice, seguindo roteiro assinado por Evan Parter. Acabamos de acompanhar a eleição de Donald Trump, do partido Republicano, contra Kamala Harris, do Democrata. Essa disputa tornou o filme ainda mais interessante, pois na história entra como favorito um candidato independente, Nate Sterling (John Cena), um ex-atleta de renome que ingressou recentemente na política. O filme explora os bastidores das campanhas dos três presidenciáveis, Sterling, Patricia Turnbull (Ann Dowd), do Democrata, e o presidente Archer (Victor Slezak), candidato republicano à reeleição. No jornal The Washington Chronicle, a jornalista novata Elisha “Eli” James (Jodie Turner-Smith) é designada para assessorar o experiente Nick Bocker (Brian Cox), principal colunista político do jornal. O filme dá oportunidade ao espectador de acompanhar tudo o que acontece por trás do noticiário, inclusive aquelas sujeiras que fazem parte das campanhas políticas de eleições em qualquer país do mundo. Elisha descobre que um dos candidatos está envolvido em corrupção. Mas conseguir a aprovação da direção do jornal para publicar a grande notícia é um enorme desafio, mesmo que tenha o aval de seu mentor Nick Bocker. E, pior, um dos principais assessores do candidato é seu namorado. Situação bem complicada. E que atuação da atriz inglesa Jodie Turner-Smith (Queen & Slim”, “Sem Remorso”), sem dúvida um dos maiores trunfos desse ótimo suspense político. Não perca!              

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

“PRISCILLA”, 2023, Estados Unidos, 1h53m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Sofia Coppola. Ao contrário da cinebiografia “Elvis”, de 2022, onde o rei do rock é o personagem principal, em “Priscilla” o foco central é a ex-mulher do astro. O roteiro foi inspirado no livro “Elvis and Me”, escrito pela própria Priscilla em 1985. A história começa em 1958, quando Elvis, já famoso aos 24 anos, servia como soldado numa base militar norte-americana na Alemanha. Aqui ele conhece a adolescente de 14 anos Priscilla Ann Beaulieu, cujo padrasto era oficial do exército dos EUA. Priscilla se apaixonou pelo astro e este por ela. Entre idas e vindas, eles se casaram em 1962 e ficaram juntos durante 10 anos. A relação tumultuada é vista sob a ótica de Priscilla, que sofreu um bocado nas mãos de Elvis. O filme mostra as desavenças do casal, a solidão de Priscilla na mansão Graceland enquanto Elvis saía em turnês ou participava de filmes, as fofocas nos jornais sobre os supostos romances de Elvis com Ursula Andress, Ann-Margareth e Nancy Sinatra, entre outras, o vício do marido em remédios e em livros esotéricos, além da submissão às ordens do astro, que inclusive exigia as roupas que ela deveria usar, a maquiagem e o cabelo. Estão no elenco Caille Spaeny como Priscilla, Jacob Elordi como Elvis, a atriz polonesa Dagmara Dominczyk como Anna Beaulieu, mãe de Priscilla, Ari Cohen como o pai e Tim Post como o pai de Elvis. O filme teve sua primeira exibição em setembro de 2023 no Festival de Veneza, com sucesso de público e crítica. Aos 53 anos, Sofia, filha do também diretor Francis Ford Coppola, firma-se cada vez mais como uma cineasta de respeito, responsável por outros bons filmes como “As Virgens Suicidas”, “Encontros e Desencontros”, “O Poderoso Chefão III”, “O estranho que nós Amamos” e “Maria Antonieta”, entre outros. Sofia foi a primeira mulher a ganhar o “Leão de Ouro” no Festival de Veneza, em 2010, por “Somewhere”. Também foi a terceira mulher indicada para o Oscar de Melhor Diretor”. Com relação a “Priscilla”, Sofia também fez um excelente trabalho. Nem mesmo a altura exagerada do ator Jacob Elordi e o tipo mignon da atriz Caille Spaeny, que evidenciam um enorme contraste, prejudicaram o resultado final. Vale a pena conhecer a história sob o ponto de vista da ex-mulher do astro.      

domingo, 10 de novembro de 2024

“ARMAGEDDON TIME” (o título original permaneceu quando chegou ao catálogo da Prime Vídeo), 2022, Estados Unidos, 1h55m, roteiro e direção de James Gray (“AD Astra: Rumo às Estrelas”, “Era uma Vez em Nova York”). Trata-se de um drama familiar inspirado nas lembranças da infância e adolescência do diretor no início dos anos 80, tendo como pano de fundo as eleições que colocaram Ronald Reagan na presidência dos EUA. O diretor aparece na figura de Paul Graff (Banks Repeta), um garoto de 13 anos muito inteligente e esperto, mas que causa constantes problemas de comportamento na escola. Seus pais, Esther (Anne Hathaway) e Irving Graff (Jeremy Strong), não conseguem controlar o gênio intempestivo e rebelde de Paul, cuja atenção é dedicada quase que exclusivamente à arte de desenhar. As únicas pessoas em que ele confia e com os quais consegue se comunicar são o avô Aron Rabinowitz (Anthony Hopkins) e o colega de escola Johnny Davis (Jaylin Webb), um garoto negro que mora com a avó. “Armageddon Time” é uma crônica familiar bastante sensível e tocante, à medida que explora temas como a amizade, o racismo e o amadurecimento. Destaque para a aparição rápida da atriz Jessica Chastain como a magistrada Maryanne Trump, irmã do presidente norte-americano recentemente eleito. Enfim, “Armageddon Time” é um belo filme que merece ser visto.                

sábado, 9 de novembro de 2024

“O DUBLÊ” (“THE FALL GUY”), 2024, Estados Unidos, 2h6m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de David Leitch, seguindo roteiro assinado por Drew Pearce. Comédia com muita ação, romance e aventura, onde a temática gira em torno dos profissionais que se colocam no lugar dos atores e atrizes principais nas cenas de maior perigo. Em Hollywood, eles são chamados de “Stuntman” ou “Stuntwoman”. O cinema nunca os valorizou o tanto que merecem por arriscar suas vidas. Baseado na série de TV “Duro na Queda”, que fez grande sucesso nos anos 80 com Lee Majors, “O Dublê” faz uma bela homenagem a esses corajosos trabalhadores. Vamos à história. Colt Seavers (Ryan Gosling) trabalha como dublê do astro Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson) num filme de ação. Durante as filmagens, ele sofre uma queda e fratura alguns ossos, sendo obrigado a ficar fora de cena durante um ano. Quando se recuperou, ele recebe o convite para voltar ao trabalho no primeiro filme dirigido por sua ex-namorada Jody Moreno (Emily Blunt). As filmagens complicam a partir da morte de um dos dublês do filme, pela qual acusam Colt Seavers. Para tentar provar sua inocência, ele precisa descobrir o verdadeiro assassino e aí parte para a ação. Completam o elenco Hannah Waddingham, Teresa Palmer, Winston Duke, Stephanie Hsu, Zara Michales, David Collins e as participações especiais de Lee Majors e Jason Momoa. Não há dúvida de que a experiência do diretor David Leitch como dublê e depois como coordenador de dublês contribuiu muito para as sensacionais cenas de ação. Depois que virou diretor, Leitch fez "Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw", "Trem-Bala", "Atômica" e "Deadpool 2", entre outros ótimos filmes de ação. Além disso, "O Dublê" conta ainda como trunfo o carisma dos astros Ryan Gosling e a bela Emily Blunt. Trocando em miúdos, trata-se de uma superprodução com cenas de tirar o fôlego. “O Dublê” é, portanto, um excelente entretenimento, mesmo que o conteúdo dispense algum esforço dos nossos neurônios. Hollywood na veia! (Ah, não desliguem antes dos créditos finais, pois ainda tem mais ação).                 

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

“O REI PERDIDO” (“THE LOST KING”), 2022, coprodução Inglaterra/França, 1h49m, em cartaz na Prime Vídeo, direção do veterano Stephen Frears (“Ligações Perigosas”, “Philomena”, “A Rainha”), seguindo roteiro assinado por Steve Coogan (ator do filme) e Jeff Pope. Assim como o rei, este filme encontra-se perdido no catálogo da Prime. Infelizmente, pois é ótimo, um dos melhores que tive a oportunidade de assistir este ano. É baseado em fatos reais (sem trocadilho), ou seja, no incrível trabalho da historiadora amadora Philippa Langley (Sally Hawkins), que em 2012 enfrentou historiadores, arqueólogos e autoridades governamentais para uma missão considerada impossível: descobrir os restos mortais de Ricardo III (1452-1485), último rei da Dinastia Plantageneta. O projeto foi chamado “Procurando por Richard” e teve uma ampla divulgação por parte da mídia inglesa. Richard foi um dos reis mais controversos da Inglaterra, acusado, por exemplo, de ter assassinado dois sobrinhos. Durante 500 anos, os restos mortais de Ricardo III ficaram perdidos, intrigando especialistas em arqueologia do mundo inteiro. Utilizando apenas sua intuição, Philippa apostou que os restos mortais estavam escondidos no subsolo de Leicerster, cidade localizada a 159 km de Londres. Ela mobilizou Deus e o mundo para conseguir escavar o solo de um estacionamento. Por incrível que pareça, ela tinha razão. Completam o elenco Steve Coogan, Harry Lloyd e Mark Addy. O filme é ótimo, não apenas pela história em si, mas também pelo desempenho maravilhoso da atriz Sally Hawkins, indicada como Melhor Atriz ao Oscar pelo filme The Shape of Water” (2017) e como Melhor Atriz Coadjuvante por “Blue Jasmine” (2013), além de premiada como Melhor Atriz no Globo de Ouro e no Festival de Berlim por “Happy-Go-Lucky” (2009). Para concluir, insisto em afirmar que o “O Rei Perdido” é um filmaço imperdível.                 

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

 

“A SUBSTÂNCIA” (“THE SUBSTANCE”), 2024, coprodução Estados Unidos/Inglaterra, 2h20m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção da cineasta francesa Coralie Fargeat (“Revenge”). Polêmico (literalmente) até a medula, filme trouxe de volta ao estrelato a atriz Demi Moore, cuja carreira tem muito a ver com a personagem que interpreta, Elisabeth Sparkle, que depois de alcançar um grande sucesso em Hollywood, acabou fazendo um programa televisivo de fitness nos mesmos moldes do que fez, há anos, a atriz Jane Fonda. Mesmo com a grande audiência do programa, Elisabeth foi afastada pelo diretor da emissora, o insuportável Harvey (Dennis Quaid), que exigia uma atriz mais nova. Abalada com a situação, Elizabeth recorreu a uma droga anunciada como “A Substância”, cuja mensagem de divulgação dizia: “Já sonhou com uma versão melhor de si mesmo? Você. Só que melhor em todos os sentidos. Você precisa experimentar esse produto. Mudou a minha vida”. Elisabeth não teve medo de ingressar no projeto, do qual originou uma cópia – ou um clone - bem mais jovem (Margaret Qualley). Só que tinha um detalhe importante: cada uma teria uma vida alternada por semana, devendo aplicar-se um coquetel de remédios. Claro que chega o momento em que uma começa a sentir inveja da outra e as consequências serão bastante trágicas. Impossível não comparar a história com a própria experiência de Demi Moore, uma atriz que ficou famosa na juventude mas que acabou meio que esquecida por Hollywood. Hoje, aos 61 anos, ela retoma sua carreira com uma grande atuação. Não duvido que seja indicada ao Oscar 2025. Também merece destaque a atuação de Margaret Qualley, uma jovem atriz – filha da também atriz Andie McDowell – que alcançou o estrelato ao atuar em filmes como “Era uma Vez em Hollywood”, “Garotas em Fuga” e “Maid”. Trocando em miúdos, “A Substância” é um filme muito interessante e criativo, explorando o gênero “Body Horror”, com cenas corporais explícitas e grotescas. Aliás, também acrescento uma categoria do Oscar que o filme pode disputar, a de maquiagem. Não deixe de assistir.                                   

         

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

 

“TRAIDORA AMERICANA: O JULGAMENTO DE AXIS SALLY” (“AMERICAN TRAITOR: THE TRIAL OF AXIS SALLY”), 2021, Estados Unidos, 1h48m, em cartaz na HBO Max, roteiro e direção de Michael Polish. Por mais que tenha lido livros e assistido a filmes sobre fatos relativos à Segunda Guerra Mundial, confesso que nunca ouvi falar sobre esse caso. Na década de 30, sem espaço em Hollywood, a atriz norte-americana Mildred Gillars (Meadow Williams) foi para a Alemanha tentar um lugar ao sol. Conheceu o empresário Max Otto Koischwitz (Carsten Norgaard), que depois viria a ser seu marido, e conseguiu um certo destaque cantando em bares e teatros. No início da guerra, com o nome artístico de Axis Sally, ela foi contratada por Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler, para apresentar um programa de rádio onde cantava e fazia locução de mensagens antissemitas e contra os Estados Unidos e Inglaterra. Axis exaltava o poderio militar alemão e aconselhava os norte-americanos a não entrarem na guerra. Tudo sob a orientação de Goebbels. Depois do final do conflito, Axis foi presa e enviada de volta para os Estados Unidos, onde seria julgada em 1948 por traição. Para defendê-la, entra em cena o advogado James Laughlin (Al Pacino), famoso no mundo jurídico por suas estratégias inusitadas e seu comportamento pouco protocolar. Completam o elenco Thomas Kretschmann, como Goebbels, e Swen Femmel como Billy Owen, estagiário do advogado Laughlin. Para quem também não conhece essa história, prefiro não contar o que aconteceu durante e após o julgamento para não estragar as surpresas. Não só pelos fatos reais da história, vale a pena assistir pelo desempenho do grande Al Pacino, cuja presença em cena vale uma visita ao filme.