quinta-feira, 3 de março de 2022

 

“MEU FILHO” (“MY SON”), 2021, Inglaterra, disponível na plataforma Amazon Prime Video, 1h36m, direção do cineasta francês Christian Carion, que também assina o roteiro com a colaboração de Laure Irrman. É um bom suspense que prende a atenção até o desfecho. Trata-se, na verdade, de um remake do filme francês “Mon Garçon”, de 2017, também dirigido por Carion. A história da versão inglesa é ambientada em alguma cidade na região das Terras Altas da Escócia, o que garante cenários deslumbrantes. Começa com um grande mistério, o desaparecimento de um garoto de sete anos que estava em uma colônia de férias. Sua mãe, Joan (Claire Foy), liga para o ex-marido Edmond Murray (James McAvoy) contando a notícia trágica, e pede que venha ajudá-la. Quando Edmond chega, a polícia já está toda mobilizada nas buscas ao menino. O mistério leva a crer que o garoto possa ter sido sequestrado. Várias pessoas entram na lista dos suspeitos e o inspetor Roy, chefe das investigações, não descarta qualquer possibilidade, até mesmo o envolvimento do próprio pai do menino até o seu padrasto Frank (Tom Cullen). Não mais que de repente, o inspetor Roy é afastado do caso e não resta a Edmond agir por conta própria. Não dá para seguir adiante no comentário para não estragar as reviravoltas e surpresas que acontecerão. Além do roteiro bem elaborado, valorizando a tensão e o suspense, o filme tem ainda como trunfos dois excelentes atores, o escocês McAvoy (“Fragmentado”) e a inglesa Claire Foy, que ficou mais conhecida por interpretar a Rainha Elizabeth II na série “The Crown”. Também estão no elenco Jamie Michie, Paul Rattray, Robert Jack, Owen Whitelaw, Michel Moreland, Mark Barrett e Andrew Joan Tait. Como informação adicional, repito o que li no material de divulgação do filme, que destaca o fato do ator James McAvoy ter atuado quase que inteiramente na base do improviso, sem ter lido o roteiro. Sei não! Resumo da ópera: “Meu Filho” é um bom suspense. Nada mais.              

quarta-feira, 2 de março de 2022

 

“O EXORCISMO DE CARMEN FARÍAS” (“EL EXORCISMO DE CARMEN FARÍAS”), 2021, México, disponível na plataforma Amazon Prime Video, 1h33m, direção de Rodrigo Fiallega (é o seu segundo longa-metragem), seguindo roteiro escrito por Molo Alcocer Délano. Este é mais um dos inúmeros filmes produzidos nas últimas décadas explorando o terror na base da possessão demoníaca. Nenhum deles, porém, foi mais assustador e aterrorizante como o clássico “O Exorcista”, de 1973, dirigido por William Friedkin. É o caso também desta produção mexicana, que aposta mais no terror psicológico do que no terror explícito. A história é toda centrada na jovem jornalista Carmen Farías (Camila Sodi), que vive uma fase difícil depois de perder o bebê durante a gravidez e logo depois a mãe. Em busca de outros ares, ela convence o marido Julián (Juan Pablo Castañeda) a se mudar para a casa que sua avó deixou como herança, em um vilarejo do interior. Como descobriria logo depois, a casa servia de sede para trabalhos de exorcismo. Carmen resolveu escrever uma reportagem sobre o assunto e convidou o padre exorcista (Juan Carlos Colombo) para uma entrevista na casa. Pois é nessa hora que o demo dá o ar da graça, dando o maior susto no padre. Sozinha na casa, já que o marido viajou a serviço, Carmen descobrirá muitos segredos sobre a avó e sua participação nas sessões de exorcismo – tudo gravado em fitas de vídeo. Se não é tão assustador e nem garante muitos sustos, o filme garante pelo menos uma tensão permanente e um pouco de terror explícito perto do desfecho. Trocando em miúdos, é um filme que não decepciona, mas que também não merece uma indicação entusiasmada.               

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

 

“OS 23: PRISIONEIROS NO IRAQUE” (“23 NAFAR”), 2019, Irã, disponível na plataforma Amazon Prime Video, 1h41m, roteiro e direção do cineasta iraniano Mahdi Jafari. Que eu saiba, a história incrível desse filme jamais foi contada no cinema ou tenha sido notícia no mundo ocidental. Já é um aval e tanto para nos motivar a assisti-lo. Estamos em 1982 no meio da guerra entre Iraque e Irã (1980-1988). Dezenas de soldados iranianos são feitos prisioneiros durante a batalha pelo território de Khorramshahr, um dos motivos do conflito. Os prisioneiros foram levados a Bagdá e recolhidos à prisão de Estekhbarat. Os mais jovens, na verdade adolescentes entre 13 e 17 anos, foram separados, formando um grupo de 23. O único adulto a ocupar a cela com os jovens é um prisioneiro antigo que atua como tradutor quando os policiais querem dar ordens aos presos. O filme acompanha a rotina dos jovens, incluindo a obrigação de uma visita a Sadam Hussein, quando foram recebidos com flores e filmados bem vestidos junto ao ditador, o que serviria como sua propaganda de guerra (uma filmagem dessa visita é mostrada como realmente aconteceu). Os jovens ficaram revoltados ao saber das intenções de Sadam e protestam com o início de uma greve de fome, exigindo também que fossem liberados da prisão e enviados para o campo de prisioneiros iranianos, onde permaneceriam até o final da guerra. O desfecho reserva uma cena das mais tocantes, quando os jovens prisioneiros, já adultos, visitam o antigo companheiro de cela, o tradutor agora idoso Saleh Ghari. O filme é muito bom, principalmente por contar uma história incrível que poucos conhecem. Não perca!           

domingo, 27 de fevereiro de 2022

 

“ÁGUAS NEGRAS” (“DEAD IN THE WATER”), 2021, Estados Unidos, 1h32m, disponível na Amazon Prime Video, roteiro e direção da cineasta Nanea Miyata. Trata-se de um suspense bem mixuruca, beirando o patético e com grotescas e gritantes falhas e furos profundos no roteiro. Comparando os prós e os contras, os contras vencem de goleada. Tudo começa quando a jovem Tara (Catherine Lidstone) toma um chute no traseiro do namorado Derek (Sam Krumrine). Ela entra em depressão e procura o ombro da sua melhor amiga Amy (Angela Gulner) para chorar suas mágoas. Aqui já desponta o primeiro aspecto inverossímil, pois Tara é uma garçonete de lanchonete e Amy é uma dondoca muito rica e vulgar. Como forma de ajudar a amiga a esquecer o fora do namorado, Amy convida Tara para passar um final de semana em sua casa de campo, na verdade um casarão. Até esse momento, que acredito ser a metade do filme, nada acontece de verdade, a não ser um blá blá blá entediante entre as duas amigas, em diálogos de uma profundidade milimétrica. Se você chegou até aqui e não dormiu, você terá a oportunidade de ver a chegada de um bonitão misterioso que se apresenta às duas como Lucas (Peter Porte). Até o cego do violino enxerga que o sujeito não é nada confiável. Mas as duas amigas, carentes de homem, se encantam e até o convidam para se aconchegar, uma atitude que se arrependerão amargamente. Nesse meio tempo aparece no pedaço o tal do Derek querendo reconciliação com Tara. Entre as inúmeras falhas do filme, aponto duas que achei ridículas. Na primeira, Tara volta ao píer, a uns 50 metros da casa, para pegar uma lente de sua máquina fotográfica. É dia claro, mas quando ela chega ao píer já é noite. Falha grotesca. Outra: em um passeio pelo lago, Tara encontra um cadáver boiando. Ela sai gritando, mas quando chega em casa não fala nada para Amy nem chama a polícia. Afinal, quem era o morto? O filme não explica. E o blá blá blá continua firme. Os atores são péssimos, não passariam nos testes nem para a global “Malhação”, embora Catherine Lidstone seja uma morena bem bonita. Para coroar essa verdadeira blasfêmia cinematográfica, as legendas não estão em sincronia com o áudio. Enfim, “Águas Negras” é um suspense tão medíocre capaz de fazer o grande Alfred Hitchcock se revirar no túmulo. Fuja a galope desse abacaxi!