sábado, 11 de março de 2023

 

“O CASO RICHARD JEWELL” (“RICHARD JEWELL”), 2020, EUA, em cartaz na Amazon Prime, 2h09m, roteiro de Billy Ray e direção de Clint Eastwood. Baseado em fatos reais, o filme relembra um caso de enorme repercussão nos Estados Unidos em 1996, durante os Jogos Olímpicos de Atlanta. Em uma noite em que milhares de pessoas reuniam-se no Centennial Olympic Park para curtir atrações musicais, acontece um atentado à bomba que resultou em 2 mortos e 111 pessoas féridas. O número de vítimas poderia ter sido bem maior se o segurança Richard Jewell (Paul Walter Hauser), depois de descobrir uma mochila estranha, não alertasse os colegas para afastar as pessoas do local. Quando a fumaça baixou, Richard se transformou em um verdadeiro herói, aparecendo nas capas dos jornais e entrevistas na TV. Não demorou muito e a situação toma um rumo surpreendente. Sem nenhum suspeito à vista, o FBI resolve investigar o próprio Richard como o principal suspeito. Essa informação é obtida pela jornalista inescrupulosa Kathy Scruggs (Olivia Wilde), que ganha a primeira página do seu jornal, o Atlanta Journal-Constitution, denunciando Richard como farsante e principal suspeito do atentado. A vida de Richard e de sua mãe Bobi Jewell (Kathy Bates) vira um verdadeiro inferno, sofrendo pressão dos agentes do FBI, comandados por Tom Shaw (Jon Hamm), pela mídia em geral e pela opinião publica. Até conseguir provar sua inocência, com a ajuda do advogado Watson Bryant (Sam Rockwell), Richard sofrerá na pele o que é ser acusado de algo quando se é inocente. Talvez toda essa pressão que viveu tenha causado sua morte por infarto, em 2007, com apenas 44 anos. Com a mão firme de Eastwood e um roteiro bem elaborado, “O Caso Richard Jewell” é um drama intenso e impactante, que conta ainda com um excelente elenco, destacando-se a maravilhosa atuação da veterana Kate Bates, indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Filmaço!      

 

                   

                    

quarta-feira, 8 de março de 2023

 

“TRIÂNGULO DA TRISTEZA” (“TRIANGLE OF SADNESS”), 2022, Suécia, em cartaz na Amazon Prime, 2h29m, roteiro e direção de Ruben Östlund, cineasta sueco conhecido por seus filmes polêmicos – é só lembrar dos ótimos “Força Maior” e “The Square: A Arte da Discórdia”. Mais uma vez, Östlund volta à crítica social, abordando temas como a luta de classes e a decadência da elite. Começa o filme e você está diante de um casal de modelos - Yaya (Charlbi Dean) e Carl (Harris Dickinson) – discutindo quem deveria pagar a conta. A discussão demora um tempão. Logo depois, os dois aparecem fazendo um cruzeiro num iate luxuoso, cujos passageiros são, em sua maioria, milionários idosos. Durante o tradicional “Jantar com o Comandante”, uma tempestade joga a luxuosa embarcação pra lá e pra cá, e aí a maioria dos passageiros começa a vomitar, uma longa cena que pode enjoar o espectador, mas que diverte, diverte, principalmente quando o capitão (Woody Harrelson, ótimo), completamente bêbado, fala ao microfone atacando o mundo capitalista. Mas quando tudo parece melhorar, acontece o pior: o barco é vítima de piratas, o que acaba provocando uma grande explosão e o iate afunda. Sobram apenas alguns passageiros, que conseguem chegar a uma ilha. É aqui que acontecerão as situações mais hilariantes, demonstrando quem é quem na hierarquia social, já que agora ricos e pobres estão na mesma situação. Trocando em miúdos, o filme faz uma sátira social ácida e contundente, como é o estilo do cineasta sueco. “Triângulo da Tristeza” ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes 2022 e está indicado ao Oscar 2023 em três categorias: Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro Original. Também estão no elenco Iris Barben, Dolly De Leon, Zlatko Buric, Carolina Gynning, Vicki Berlin e Jean-Christophe Folly. A nota triste fica por conta da morte da atriz e modelo sul-africana Charlbi Dean, de 32 anos, que faleceu em dezembro de 2022 aos 32 anos, vítima de uma septicemia bacteriana. Resumo da ópera: “Triângulo da Tristeza” é um filmaço, mas, aviso, não é muito fácil de digerir.       

domingo, 5 de março de 2023

 

“ROGAI POR NÓS” (“THE UNHOLY”), 2021, EUA, 1h39m, em cartaz na Amazon Prime, direção de Evan Spiliotopoulos, que também escreveu o roteiro baseado no romance “Shrine”, de 1983, de James Herbert. Trata-se de um terror repleto de clichês típicos do gênero, misturando temas como religião, fé, histeria coletiva, possessão demoníaca, espíritos malignos e curas milagrosas. Começa a história em 1845, numa pequena cidade da Nova Inglaterra (EUA), mostrando uma jovem sendo torturada e morta. Ela havia sido acusada por causa de seus poderes sobrenaturais e, portanto, considerada uma bruxa. O filme dá um salto até os dias de hoje, quando a jovem Alice Pagett (Cricket Brown), na mesma cidade, começa a apresentar a capacidade de cura. O jornalista Gerry Fenn (Jeffrey Dean Morgan) comprovará os dons da jovem, que diz ser um instrumento da Virgem Maria, com a qual afirma conversar. Alice, que nasceu deficiente auditiva, de repente começa a ouvir e a falar. Ela também cura um menino paraplégico. Tudo acompanhado por várias pessoas, entre as quais o jornalista e a médica psiquiatra Natalie Gates (Katie Aselton), além do padre Hagan (William Sadler), que criou Alice depois da morte dos pais dela. Aos poucos, porém, os poderes de Alice começam a desencadear uma série de acontecimentos que parecem ser responsabilidade de algum ser maligno. O roteiro é meio capenga, com alguns lances patéticos, como a afirmação da médica de que conhece latim por ter estudado a matéria na faculdade. Alguém pode me dizer se alguma faculdade de medicina ensina latim? É claro que tudo o que está acontecendo tem relação com o sacrifício da jovem no século 19, talvez o maior clichê do filme, fora os sustos esperados. Portanto, “Rogai por Nós” não acrescenta nada de novo no front dos filmes de terror, mas dá para assistir sem medo de ser feliz. Considero uma boa estreia na direção do grego Spiliotopoulos, radicado nos Estados Unidos e mais conhecido como roteirista de filmes como “O Caçador e a Rainha do Gelo”, “A Bela e a Fera” e “As Panteras”, entre outros.