O que você faria se sua filha de 17 anos resolvesse, de uma
hora para outra, ingressar no Estado Islâmico e virar uma terrorista? O drama
francês “NÃO ME ABANDONE” (“Ne M’Abandonne
Pas”), 2015, direção de Xavier
Durringer, pode ajudar você a dar essa resposta. A jovem Chama (Lina El Arabi), de
17 anos, sofre a tradicional lavagem cerebral e acaba se casando pela Internet
com um antigo namorado francês, que foi cooptado pelo EI e que agora mora na
Síria. Está tudo preparado para que Chama vá para a Síria fazer parte do grupo
terrorista. A médica Inès (Samia Sassi), mãe de Chama, descobre o plano e fará tudo
para que a filha não entre nessa “furada”. Para isso, conta com a ajuda do ex-marido
Sami (Sami Bouajila) e de Adrien (Marc Lavoine), pai de Louis, o jovem francês recrutado
pelo EI e marido “virtual” de Chama. Pela Internet, Inès fica sabendo como o EI
faz a cabeça dos jovens – o filme, de forma didática, mostra alguns vídeos do
EI com mensagens motivacionais e os métodos empregados para atrair candidatos
para a causa. O filme também acompanha o sofrimento de Inès e sua luta para
resgatar a filha das garras dos terroristas. “Não me Abandone” foi produzido
originalmente para ser uma minissérie para a TV francesa, exibida em 2016, e que
agora virou filme. O tema é bastante atual e merece ser motivo de reflexão.
Ninguém está livre dessa situação.
sábado, 16 de dezembro de 2017
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
“EU SOU UM ASSASSINO” (“JESTEM
MORDERCA”), Polônia,
2016, escrito e dirigido por Maciej Pieprzyca. Baseado em fatos reais, o filme
relembra o caso do “Vampiro”, como foi apelidado o serial killer Zdzislaw
Marchwicki, responsável pelo assassinato de 14 mulheres em cidades próximas a
Varsóvia. A polícia não conseguia encontrar o assassino e foi ainda mais
pressionada depois que ele assassinou a sobrinha de Edward Gierek, um alto
dirigente do partido comunista, então no poder na Polônia. Policiais mais
experientes foram afastados do caso e as investigações passaram a ser
comandadas pelo detetive Janusz Jasinski (Miroslaw Haniszewski, em ótima
atuação), sem muita experiência nesse tipo de caso. Até chegar ao assassino, inclusive
com a ajuda de um computador, o policial sofrerá uma grande pressão não só de
seus superiores como da mídia em geral. Jasinski chegará ao limite físico e
psicológico, tentando aplacar a situação com um cigarro atrás do outro e muita
vodka, além dos favores de uma amante bem mais jovem que sua esposa. Mesmo
depois de chegar ao criminoso – que no filme recebeu o nome de Wieslaw Kalicki (Arkadiusz
Jakubik)–, e se
transformar num verdadeiro herói, Jasinski não desestressou. Passou a duvidar
das evidências e, depois de visitar diariamente o assassino na prisão, chegou à
conclusão de que Kalicki não tinha o perfil de um serial killer. Na última
quarta parte do filme, a história passa a destacar o julgamento do assassino e
sua possível condenação à morte. O filme é excelente, tem muito suspense e um
ritmo frenético. Imperdível!
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
Para quem gosta de filmes históricos, “A JOVEM RAINHA” (“The Girl King”), 2015, coprodução Finlândia/Alemanha/Canadá/Suécia/França - falado em inglês - é um ótimo programa. Escrito por Michel Marc Bouchard e dirigido pelo diretor
finlandês Mika Kaurismäki, o filme conta a atribulada trajetória da Rainha
Cristina da Suécia, em meados do Século XVII. Órfã de pai aos seis anos de idade,
depois da morte do Rei Gustavo II, Cristina era a única herdeira do trono, só
que para os padrões daquela época, inconcebível uma mulher assumir cargo tão
importante. Dessa forma, nas mãos do seu tutor, Chanceler Axel Oxenstierna, ela
foi criada como um príncipe. Aos 18 anos, foi finalmente coroada rainha. Após
assumir, Cristina passou a cultivar as artes e as ciências, além da filosofia –
ela se correspondia e depois ficaria amiga do filósofo francês René Descartes
(1596-1650). Cristina ficou famosa também por gostar de mulheres (o título
original é esclarecedor). Seu caso mais rumoroso foi com a dama de companhia, a
condessa Ebba Sparre. Nos papéis principais, ótimos desempenhos da atriz sueca
Malin Buska (Rainha Cristina), Michael Nyqvist (ator sueco falecido em junho de
2017) como o Chanceler Axel Oxenstierna, a canadense Sarah Gadon como a
condessa Sparre, e o ator francês Patrick Bauchau, como René Descartes, além da
atriz alemã Martina Gedeck e do ator francês Hippolyte Girardot. Outros destaques positivos são a ótima fotografia e a recriação de época, especialmente os cenários e os figurinos. “A Jovem
Rainha” pode ser considerada uma refilmagem livre do clássico “Rainha Cristina”,
de 1933, com Greta Garbo arrasando no papel principal. Irmão do também diretor
de cinema Aki Kaurismäki, Mika tem uma relação antiga e muito próxima com o
Brasil. Ele foi o responsável, por exemplo, pelos documentários “Brasileirinho –
Grandes Encontros do Choro”, de 2005, “Bem-Vindo a São Paulo, de 2004, e “Moro
no Brasil”, de 2002. Mika mora há 25 anos no Rio de Janeiro, é casado com uma
baiana e tem dois filhos brasileiros.
terça-feira, 12 de dezembro de 2017
Momentos de muita tensão e suspense estão garantidos no drama
de guerra “NA MIRA DO ATIRADOR” (“THE WALL”), 2017, EUA, direção
de Doug Liman. Iraque, 2007, os sargentos norte-americanos Allen Isaac (Aaron
Taylor Johnson) e Shane Matthews (John Cena) são enviados a um local extremo no
deserto iraquiano para investigar um possível atentado que matou vários
engenheiros e militares que trabalhavam na construção de um oleoduto. Ao
chegarem ao local, porém, descobrem que as vítimas foram mortas a tiros precisos
na cabeça, indicando que a matança tenha sido obra de um franco-atirador, ou seja,
um sniper. A confirmação viria logo
depois, quando ambos são atingidos por tiros disparados não se sabe de onde. Encurralados
pelo atirador, os dois soldados norte-americanos
só contam com a proteção de uma antiga parede de tijolos. Para piorar ainda mais
a situação, o atirador iraquiano consegue interceptar uma comunicação via rádio
que Isaac tentava concluir para pedir ajuda ao seu pelotão. O iraquiano fala um
inglês fluente e inicia uma longa conversa com Isaac, transformando o embate num
claro duelo psicológico. Não será muito fácil para os soldados norte-americanos
saírem vivos dessa situação, a não ser que cheguem reforços, a famosa “cavalaria”.
O maior mérito do diretor Liman foi manter o nível de tensão mesmo com apenas
dois personagens e uma voz in-off em cena, o que poderia deixar o filme arrastado e monótono. Mais uma prova da competência do diretor, responsável também por bons filmes de ação como “A Identidade Bourne” e “Sr. & Sra. Smith”, entre outros. "Na Mira do Atirador" revela-se, portanto, um ótimo programa.
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
O drama norte-americano “CASTELO
DE VIDRO” (“The Glass Castle”), 2017, com roteiro e direção de Destin
Daniel Cretton, é baseado no livro autobiográfico da jornalista Jeanette Walls,
“The Glass Castle”, lançado em 2005 e traduzido para mais de 30 idiomas. Enfim,
um grande best-seller. Walls relembra todos aqueles anos em que ela e os três
irmãos conviveram com os pais totalmente desequilibrados e irresponsáveis, Rex
(Woody Harrelson) e Rose Mary (Naomi Watts). Ele, um sonhador lunático,
desempregado crônico e alcoólatra. A mãe, uma artista plástica que imagina um
dia sagrar-se uma grande pintora, mas sem nenhum talento para tal. Pai e mãe
sempre encararam a vida contrários a qualquer tipo de rotina familiar
convencional. Nem com os quatro filhos eles foram capazes de mudar a filosofia
de vida. Viraram nômades, mudavam de cidade para cidade, sempre morando em
casas caindo aos pedaços. Para disfarçar sua incompetência como chefe de
família, Rex prometia que um dia construiria uma grande casa de vidro, o tal
castelo do título. Jeanette e os irmãos podem se queixar que, por causa dos
pais irresponsáveis, passaram por muitas dificuldades, incluindo falta de
comida e lugar para dormir. Mas jamais poderiam se queixar de que a vida da
família era uma rotina chata. Pelo contrário, foi, durante anos, uma grande
aventura, cheia de imprevistos, a cada dia uma novidade, boa ou ruim. No filme,
interpretada pela excelente Brie Larson (Oscar de Melhor Atriz em 2016 por “O
Quarto de Jack”), Walls aparece já como uma jornalista de sucesso em Nova
Iorque, querendo esquecer o seu passado, mas não consegue, principalmente em
razão da sua forte ligação com o pai, uma relação de amor e ódio. A atuação de
Woody Harrelson é excelente, tanto que muitos críticos já estão acreditando
numa possível indicação ao Oscar 2018 para disputar o prêmio de Melhor Ator. No
geral, o filme é muito bom. Nos créditos finais, o diretor Cretton apresenta os
verdadeiros personagens como estão nos dias de hoje.
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