quinta-feira, 5 de maio de 2022

 

“A PRINCESA DA YAKUZA” (“YAKUZA PRINCESS”), 2021, Brasil, produção e distribuição Netflix, 1h52m, direção de Vicente Amorim, seguindo roteiro assinado por Fernando Toste e Kimi Lee. Trata-se da adaptação para o cinema da graphic novel “Shirô: Yakuza, Honra e Sangue no Coração de São Paulo”, de Danilo Beyruth. É um filme interessante, nada mais. Esteticamente impecável, uma fotografia digna de prêmio (Gustavo Hadba) e boas cenas de ação, principalmente as coreografias de luta. Infelizmente, o roteiro apresenta muitas falhas, a principal delas é não propiciar um bom entendimento do que está acontecendo e nem quem são todos aqueles personagens, o que confunde a cabeça do espectador por um bom tempo. A trama começa em Osaka, no Japão, quando um poderoso chefão da Yakuza (a máfia japonesa) e toda sua família são assassinados. A única sobrevivente é uma bebê, Akemi, levada em segredo para o Brasil e entregue para seus avós, no bairro da Liberdade, em São Paulo. O roteiro dá um salto de 20 anos e vemos Akemi (Masumi Harukawa) sendo treinada em artes marciais e plenamente adaptada ao nosso País. Os antigos rivais do seu pai na Yakuza descobrem o seu paradeiro e vêm para São Paulo com o objetivo de matá-la e recuperar uma katana (espada utilizada pelos antigos samurais). No meio dessa confusão surge um personagem misterioso (o ator norte-americano Jonathan Rhys Meyers), que perdeu a memória, está muito ferido e anda sem destino pelo bairro da Liberdade armado com uma katana. Não explicar de onde veio esse personagem e por que está em São Paulo é outro mistério que o roteiro não explica. Como desde o início estava previsível, esse homem misterioso encontra Akemi, e ambos terão de lutar contra os algozes japoneses da Yakuza. A partir daí a matança não acaba mais. O filme é falado em inglês, japonês e algumas vezes em português. Assim como os idiomas, o elenco também é misto, com um norte-americano (Meyers), vários japoneses e alguns brasileiros (André Ramiro, Charles Paraventi, Nicolas Trevijano, Iuri Saraiva, Ricargo Gelli e Lucas Oranmian). O diretor brasileiro Vicente Amorim é filho do ex-ministro Celso Amorim, ex-ministro do governo Lula. Em seu currículo constam filmes como "Corações Sujos" e "O Homem Bom". Trocando em miúdos, “A Princesa da Yakuza” é um filme que deve agradar apenas a um público específico, por exemplo, aos fãs de Quentin Tarantino (lembram-se de "Kill Bill"?).                 

 

“MEIA-NOITE NO SWITCHGRASS” (“MIDNIGHT IN THE SWITCHGRASS”), 2021, Estados Unidos, 1h39m, disponível na plataforma Amazon Prime, direção de Randall Emmett, seguindo roteiro de Alan Horsnail. A começar pelo lamentável título original, nada funciona neste suspense policial que marca a estreia na direção de Randall Emmett, mais conhecido como produtor. Estreia medíocre, conforme a opinião de vários críticos especializados (veja algumas delas no final deste comentário). A escalação do elenco também faz parte dos aspectos negativos do filme. O ator Emile Hirsch, por exemplo, é franzino e baixinho, nada que caracterize um policial do interior. O astro Bruce Willis, cuja foto aparece como destaque nos materiais de divulgação, faz praticamente uma ponta (propaganda enganosa). E, aliás, atuando muito mal, talvez já afetado pela tal Afasia, doença que o fez anunciar, recentemente, seu afastamento definitivo dos estúdios. Lukas Haas também não convence como o vilão da história. Para quem possa lembrar, ele é aquele garoto amich que, aos 8 anos de idade, contracenou com Harrison Ford no filme “A Testemunha”. A imagem de menino continua em seu semblante. Um lado positivo, talvez o único, é a atuação da atriz Megan Fox como a agente do FBI parceira de Bruce Willis. A história é baseada em fatos reais, ou seja, os crimes praticados no Texas, entre os anos 70 e 90, por um serial killer que ficou conhecido como “Assassino das Paradas de Caminhões” (“Truck Stop Killer”), responsável pelo assassinato de cerca de 50 pessoas, a maioria prostitutas e garotas na fase de adolescência. Também estão no elenco Sistine Rose Stallone (filha de Sylvester), Caitlin Carmichael, Lydia Hull, Katalina Viteri, Michael Beach e Donovan Carter. Como prometi no início deste comentário, destaco agora algumas frases pinçadas de opiniões de críticos sobre esse filme: “Um dos piores filmes que já vi na vida”; “O filme parece ter sido feito por amadores”; “Um dos thrillers policiais mais genéricos do ano”. “Bruce Willis está perdido na ação”; “Totalmente terrível”; “Estúpido e previsível”. Acrescento a minha: “Abominável e descartável”.           

 

terça-feira, 3 de maio de 2022

 

“GIRL – O FLORESCER DE UMA GAROTA” (“GIRL”), 2018, Bélgica/Holanda, disponível na plataforma Netflix, 1h45m, direção de Lucas Dhont, que também assina o roteiro com a colaboração de Angelo Tijssens. Este surpreendente e impactante drama marca a estreia em longas do cineasta belga Lucas Dhont, mais conhecido como diretor de curtas. E que estreia! Para começar, “Girl” foi escolhido para representar a Bélgica na disputa do Oscar 2019 de Melhor Filme Estrangeiro. Além disso, foi premiado com o “Camera D’Or” no 71º Festival Internacional de Cinema de Cannes, além de receber o troféu “Sutherland” na categoria “Best First Feature” do Festival de Cinema de Londres. A fantástica performance do ator Victor Polster também foi reconhecida no Festival de Cannes: Melhor Performance do Júri da Mostra “Um Certain Regard”. O filme realmente é espetacular, sem dúvida um dos melhores do catálogo Netflix. Trata-se de um intenso e comovente retrato da transsexualidade feminina, realizado com grande sensibilidade. A história acompanha o dilema de Lara (Victor Polster), de 15 anos, que nasceu e foi batizado como Victor. Com o apoio do pai Mathias (o ótimo Arieh Worthalter) – a mãe não aparece nem é citada -, Victor assumiu sua nova sexualidade como Lara e, como tal, foi aceita nos colégios em que estudou. Seu sonho de criança é ser bailarina profissional. Para isso, ingressou em uma prestigiosa escola de balé da Bélgica (o material de divulgação informa que a história é baseada em fatos reais, sem citar nomes ou situações). Uma das temáticas do filme é o esforço de Lara nas aulas de balé e as dificuldades físicas por conta de sua estrutura óssea e muscular. Além disso, “Girl” acompanha a rotina diária de Lara indo a médicos e psicólogos, o tratamento carinhoso e solidário do pai e o relacionamento difícil de Lara com as colegas de escola e academia. Lara insiste na cirurgia de readequação de gênero, além de exigir doses maiores de hormônio feminino. O drama de Lara é comovente. Nesse contexto, vale aqui destacar o impressionante desempenho do ator estreante Victor Polster, também dançarino profissional na vida real. Enfim, “Girl” é sensacional. Imperdível!         

segunda-feira, 2 de maio de 2022

 

“HYPNOTIC”, 2021, Estados Unidos, 1h28m, produção e distribuição Netflix, direção de Suzanne Coote e Matt Angel (“Vende-se Esta Casa”), que também assinam o roteiro com a colaboração de Richard D’Ovidio. Trata-se de um suspense psicológico cuja história é centrada em Jennifer Tompson (Kate Siegel), uma mulher com sérios problemas emocionais depois da morte do filho durante a gravidez, o que provocou o fim do noivado com Brian (Jaime Callica). Em fase depressiva, Jennifer é convidada pela amiga Gina (Lucie Guest) a uma festa em sua casa. Na ocasião, Jennifer é apresentada ao médico Colin Meade (Jason O’Mara), terapeuta de Gina e especialista em hipnoterapia. Depois de várias sessões, Jennifer começa a demonstrar um comportamento estranho, com perda de memória e alucinações. Ao estudar a fundo a biografia do médico, Jennifer descobre que o dr. Colin teve como principal orientador um psiquiatra que havia sido responsável pelo projeto “MKultra”, encomendado pela CIA nos anos 60, em plena Guerra Fria. Conforme Jennifer conseguiu apurar, o objeto do estudo era tornar possível o comando da mente humana, favorecendo o controle de ações e atitudes, nem sempre para o bem. A situação faz com que Jennifer procure a polícia. O detetive Wade Rollins (Dule Hill) começa a investigar o médico. “Hypnotic” é um bom suspense, com uma trama envolvente e cercada de mistério e tensão. Destaque para mais uma ótima atuação da atriz Kate Siegel, esposa na vida real do cineasta Mike Flanagan. Além de bonita, Kate é excelente atriz, mas infelizmente pouco reconhecida por Hollywood. Trocando em miúdos, "Hypnotic" é um um bom entretenimento.