“A PRINCESA DA YAKUZA”
(“YAKUZA PRINCESS”),
2021, Brasil, produção e distribuição Netflix, 1h52m, direção de Vicente
Amorim, seguindo roteiro assinado por Fernando Toste e Kimi Lee. Trata-se da
adaptação para o cinema da graphic novel “Shirô: Yakuza, Honra e Sangue
no Coração de São Paulo”, de Danilo Beyruth. É um filme interessante, nada
mais. Esteticamente impecável, uma fotografia digna de prêmio (Gustavo Hadba) e
boas cenas de ação, principalmente as coreografias de luta. Infelizmente, o
roteiro apresenta muitas falhas, a principal delas é não propiciar um bom
entendimento do que está acontecendo e nem quem são todos aqueles personagens,
o que confunde a cabeça do espectador por um bom tempo. A trama começa em
Osaka, no Japão, quando um poderoso chefão da Yakuza (a máfia japonesa) e toda
sua família são assassinados. A única sobrevivente é uma bebê, Akemi, levada em
segredo para o Brasil e entregue para seus avós, no bairro da Liberdade, em São
Paulo. O roteiro dá um salto de 20 anos e vemos Akemi (Masumi Harukawa) sendo
treinada em artes marciais e plenamente adaptada ao nosso País. Os antigos
rivais do seu pai na Yakuza descobrem o seu paradeiro e vêm para São Paulo com
o objetivo de matá-la e recuperar uma katana (espada utilizada pelos antigos samurais). No meio dessa confusão surge um personagem misterioso (o ator
norte-americano Jonathan Rhys Meyers), que perdeu a memória, está muito ferido e
anda sem destino pelo bairro da Liberdade armado com uma katana. Não explicar
de onde veio esse personagem e por que está em São Paulo é outro mistério que o
roteiro não explica. Como desde o início estava previsível, esse homem
misterioso encontra Akemi, e ambos terão de lutar contra os algozes japoneses
da Yakuza. A partir daí a matança não acaba mais. O filme é falado em inglês,
japonês e algumas vezes em português. Assim como os idiomas, o elenco também é
misto, com um norte-americano (Meyers), vários japoneses e alguns brasileiros
(André Ramiro, Charles Paraventi, Nicolas Trevijano, Iuri Saraiva, Ricargo
Gelli e Lucas Oranmian). O diretor brasileiro Vicente Amorim é filho do ex-ministro Celso Amorim, ex-ministro do governo Lula. Em seu currículo constam filmes como "Corações Sujos" e "O Homem Bom". Trocando em miúdos, “A Princesa da Yakuza” é um filme
que deve agradar apenas a um público específico, por exemplo, aos fãs de Quentin Tarantino (lembram-se de "Kill Bill"?).