sábado, 5 de janeiro de 2019


“ROCK’N ROLL – POR TRÁS DA FAMA” (“Rock’n Roll”), 2017, França, 2h03m, direção de Guillaume Canet, também autor do roteiro juntamente com Philippe Lefebvre e Rodolphe Lauga. Além de ótimo ator, Canet está se consagrando como excelente diretor. Já deu provas disso no magistral “Até a Eternidade”, de 2010, e agora com o recente “Rock’n Roll”, uma comédia na qual ele satiriza os bastidores do cinema, expondo as fraquezas, manias e desequilíbrios emocionais dos atores, diretores, produtores etc. (ao assistir “Rock’Roll”, lembrei muito do clássico “A Noite Americana”, 1973, do diretor François Truffaut). Canet, porém, inova ao dar o mesmo nome dos principais atores aos personagens da história. Dessa forma, Guillaume Canet é Guillaume Canet, Marion Cotillard é Marion Cotillard (os dois são casados no filme e na vida real), Gilles Lellouche é o próprio, assim como acontece com o astro do rock Johnny Hallyday e Camille Rowe. Uma jogada de mestre. A história é toda centrada no ator Guilhaume Canet (o personagem), que entra em crise psicológica ao perceber que passou dos 40 anos e só é convidado para interpretar papéis de homens mais velhos. É o caso do filme “dentro do filme” em que ele está atuando no papel de pai de uma jovem de 23 anos (Camille Rowe). Ao participar de uma entrevista ao lado de Camille, Canet ouve da jornalista que “Você não é mais tão Rock’n Roll”, ou seja, não é mais novo, está chegando à meia-idade. Pronto, foi essa constatação que provocou em Canet um início de depressão. Aí ele parte para o botox, academia de musculação, baladas e a vontade de ser um músico roqueiro, enquanto seu casamento entra na maior crise. Tudo é muito engraçado, garantindo diversão do começo ao fim. Uma comédia feita com inteligência. O filme foi exibido por aqui durante a programação do Festival Varilux de Cinema Francês, em junho de 2017. Um crime não ter sido exibido – pelo menos por enquanto - no circuito comercial dos nossos cinemas. Imperdível!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019


“A ÚLTIMA NOTA” (“Para Telefaxio Simeioma” – a tradução para o português é minha, baseada no título “The Last Note”, pelo qual o filme foi lançado nos países de língua inglesa – não acredito que chegue por aqui), 2017, Grécia, 117 minutos, direção de Pantelis Voulgaris, que é autor do roteiro assinado também por Ionna Karystiani. Trata-se de mais um drama histórico baseado em fatos reais ocorridos durante a Segunda Grande Guerra. Desta vez, as vítimas dos nazistas são os gregos. A Grécia ocupada pelo exército alemão também tinha seus campos de concentração. A história do filme é ambientada num deles, Chaidari, na província de Kaisariani. Os prisioneiros eram membros da resistência, comunistas e judeus – ou seja, os de sempre.  Em represália ao assassinato de um general alemão numa emboscada realizada por militantes da resistência grega, veio a ordem de Berlim para que 200 prisioneiros do campo de Chaidari fossem assassinados. Um dos personagens principais da história é Napoleon Soukatzidis (Andreas Konstantinou), prisioneiro que servia de tradutor para o oficial Karl Fischer (o ótimo ator alemão André Hennicke) durante os interrogatórios e torturas dos presos. As cenas que mostram o fuzilamento dos 200 prisioneiros são bastante impactantes e comoventes, assim como aquelas que mostram os jurados de morte dançando ao som de músicas populares gregas antes da execução. Só para lembrar: o diretor grego Pantelis Voulgaris é o mesmo do excelente “Little England”, de 2013, filme dos mais premiados nos festivais de cinema mundo afora.   

domingo, 30 de dezembro de 2018


“OS ESCRITOS SECRETOS” (“THE SECRET SCRIPTURE”), 2016, Irlanda, 1h48m. A história é inspirada no livro homônimo escrito pelo poeta, dramaturgo e escritor irlandês Sebastian Barry, adaptado e dirigido pelo veterano Jim Sheridan (“Meu Pé Esquerdo”, “Em Nome do Pai”). Uma clínica psiquiátrica está prestes a ser desativada e os seus pacientes transferidos para outras unidades ou então liberados para voltar para casa. O psiquiatra William Grene (Eric Bana) ficou encarregado de avaliar as condições mentais da idosa Roseanne McNuttry, que há 50 anos vive na clínica, acusada de ter assassinado seu bebê. Em meio à sua investigação, dr. Grene encontra um diário secreto escrito por Roseanne, no qual ela conta a história da sua vida, sua paixão pelo aviador Michael Eneas (Jack Reynor) e a perseguição que sofreu por parte do padre católico Gaunt (Theo James). O médico também descobrirá a verdade sobre o suposto assassinato do bebê, revelação que é feita no desfecho. Quando moça, Roseanne é interpretada pela ótima atriz norte-americana Rooney Mara. Como não poderia deixar de ser, quem rouba a cena é a veterana Vanessa Redgrave com uma atuação magistral, o que por si só já é motivo suficiente para assistir a este bom drama irlandês.