sábado, 18 de setembro de 2021

 

“KATE”, 2021, Estados Unidos, disponível na plataforma Netflix, 1h46m, roteiro de Umair Aleem e direção do cineasta francês Cedric Nicolas-Troyan (é o seu segundo longa-metragem; o primeiro foi “O Caçador e a Rainha do Gelo”). Nos últimos anos virou moda em Hollywood escalar atrizes para os principais papéis em filmes de ação. Só para citar alguns nomes, foi assim com Charlize Theron (“Atomica” e “The Old Guard”), Angelina Jolie (“Lara Croft: Tomb Rider”), Scarlett Johansson (“Lucy” e “Viúva Negra”), Mila Jojovich (“Resident Evil”) e Kate Beckinsale (“Anjos da Noite” e “Jolt”), entre outras. Agora, em “Kate”, quem surge como a rainha da porrada é Mary Elizabeth Winstead, tão bonita quanto as já citadas e também boa de briga e de pontaria. Kate é uma assassina profissional treinada desde criança em artes marciais e armas. Desde o início, seu tutor e chefe é Varrick (Woody Harrelson). Começa o filme e eles estão em Osaka (Japão), Kate com a missão de assassinar um chefão da Yakuza, a poderosa máfia japonesa. Logo depois da missão executada, sem que o roteiro explique como, o pessoal da Yakuza consegue identificar Kate como a assassina do seu importante membro. Em um raro descuido, ela é envenenada com um líquido com alto teor de radioatividade e descobre que terá apenas 24 horas de vida. Dessa forma, ela decide esgotar esse tempo para descobrir quem foi o mandante do envenenamento e executar sua vingança. Mas, até lá, Kate vai sofrer um bocado, ao nível de “Dura de Matar”. Mary Elizabeth Winstead dá conta do recado nas cenas de ação, que são inúmeras, com muita pancadaria, tiros, explosões e uma sensacional perseguição de carro pelas ruas de Tóquio. Outro destaque do filme é a jovem atriz Miku Patricia Martineau como a neta do poderoso chefão mafioso Kijina (Jun Kunimura). Ela é a responsável pelas cenas mais engraçadas do filme. Sem levar em conta a história mirabolante, o fraco roteiro e os diálogos sofríveis e muitas vezes beirando o patético, asseguro que “Kate” é um ótimo filme de ação. Entretenimento de primeira. Não perca!    

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

 

“MENTIRA INCONDICIONAL” (“THE LIE”), 2018, Estados Unidos, coprodução Blumhouse e Amazon Studios, 1h37m, roteiro e direção de Veena Sud. Trata-se de uma refilmagem do filme alemão “Wir Monster” (“Nós Monstros”), de 2015, inaugurando o projeto “Welcome to the Blumhouse”, destinado a produzir uma série de filmes de suspense e terror. “Mentira Incondicional” traz no elenco Peter Sarsgaard, Mireille Enos, Joey King, Devery Jacobs, Cas Anvar, Patti Kim e Nicholas Lea. Começa o filme e lá está Jay (Sarsgaard) levando a filha adolescente Kayla (Joey King) para um acampamento de dança (coisa de americano). Está um frio danado e as ruas tomadas pelo gelo. Quando saem da cidade, eles encontram Brittany (Devery Jacobs) em um ponto de ônibus. Amiga inseparável de Kayla, ela também pretende ir para o tal acampamento e pega carona com o pai da amiga. No carro, Brittany revela que teve uma briga com o pai, Sam Ifrani (Cas Anvar), que a abandonou no meio do caminho. Logo depois que pegam a estrada, Brittany pede para sair do carro, pois precisa fazer xixi (no meio daquele frio?). Kayla vai junto com a amiga. Como demoram, Jay sai à procura das duas e, para sua surpresa, encontra a filha sentada numa pequena ponte. Ela confessa que empurrou a amiga e a forte correnteza a levou embora rio abaixo. Desesperado, Jay ainda tenta encontrar a menina, mas em vão. Ele volta para a casa com a filha e resolve contar tudo para Rebecca (Enos), sua ex-esposa e mãe de Kayla. A partir daí, Jay e Rebecca farão de tudo para proteger a filha problemática e agora assassina, mas logo serão alvos da desconfiança da polícia. E toda essa tensão será o tom do filme até o seu desfecho, com muitas reviravoltas - e mentiras. Como não vi o filme original alemão, não tenho condição de fazer uma comparação, mas confesso que gostei muito dessa refilmagem, que, como suspense, funciona muito bem e garante um ótimo entretenimento.              

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

 

“A ROSA VENENOSA” (“THE POISON ROSE”), 2019, Estados Unidos, disponível na plataforma Amazon Prime Video, direção de George Gallo e Francesco Cinquemani. O roteiro é assinado por Richard Salvatore, autor do livro “The Poison Rose”, de 2013 (o filme é dedicado à memória de Steve e Geraldine Salvatore, pais de Richard). Ao estilo policial noir, a história é ambientada em 1978 e copia todos os clichês do gênero, a começar pela mulher fatal que procura um detetive particular e joga todo o seu charme para convencê-lo a assumir o caso. O detetive em questão, fumante inveterado e alcoólatra (mais um clichê), é Carson Philips (John Travolta). A mulher quer que ele investigue por que sua tia, internada em uma clínica psiquiátrica, não responde às suas mensagens. A clínica, é claro, fica na cidade natal de Carson, onde ele era conhecido na juventude como um excelente jogador de futebol (rugby) que abandonou a carreira por causa de uma contusão, mudou para Los Angeles e virou detetive particular. Ao chegar à clínica, ele é recebido pelo seu diretor, dr. Miles Mitchell (Brendan Fraser), um tipo esquisito como a maioria dos psiquiatras. Em meio a essa investigação, Carson é procurado por Jayne Hunt (Famke Janssen), uma antiga namorada cuja filha está sendo acusada de assassinato. A filha é Becky Hunt (Ella Bleu Travolta), nada menos do que a filha de Travolta na vida real. Dividido entre as duas investigações, Carson ainda terá que conviver com as ameaças do chefão mafioso do lugar, Doc (Morgan Freeman), e com o xerife corrupto Walsh (Robert Patrick). Vamos parar por aqui para não estragar as surpresas da história. Aliás, a maior surpresa desse filme é contar com um elenco recheado de astros e ser tão ruim. Seu lançamento comercial nos Estados Unidos foi um grande fracasso de bilheteria, além de ser alvo de pesadas críticas do público e dos jornalistas especializados - só no site Roten Tomatoes, que concentra as críticas especializadas, recebeu 0% . Realmente, o filme é péssimo, e uma grande parte dessa responsabilidade cabe ao péssimo roteiro e ao desempenho dos atores. John Travolta principalmente. Ele está simplesmente patético e canastrão, com uma peruca cor de abóbora e com um enorme topete – ele parece aquele leão do Mágico de Oz. Famke aplicou tanto botox no rosto que tirou toda a sua expressão. Mas os piores são mesmo Brendan Fraser, que, além de enorme de gordo, parece fazer papel de um médico abobado, tipo aquele da série Good Doctor, e Ella Bleu Travolta, uma péssima e antipromissora atriz – se é que pode ser chamada de atriz. O único que se salva é Morgan Freeman, mesmo assim com algumas ressalvas. O filme é recheado de cenas ridículas, mas uma em especial merece ser destacada. O detetive está no gramado de um campo de rugby quando aparece um franco atirador no topo do estádio. Como as balas do revólver de Carson acabam, ele atira a bola lá de longe e derruba o atirador. Não é o máximo? Trocando em miúdos, "A Rosa Venenosa" é um grande abacaxi.        

terça-feira, 14 de setembro de 2021

 

“O CORVO BRANCO” (“THE WHITE CROW”), 2018, distribuição Amazon Prive Vídeo, coprodução Inglaterra/França/Sérvia, 2h7m, direção de Ralph Fiennes, que também atua. O roteiro é assinado por David Hare, que se inspirou no livro “Rudolf Nureyev: The Life”, da jornalista sul-africana Julie Kavanaugh. Como já deu para perceber, trata-se de uma cinebiografia do lendário bailarino russo Rudolf Nureyev (1938-1993). O filme descreve a trajetória de Nureyev desde criança, criado numa família muito pobre no interior da Rússia, e mais tarde seu ingresso na Academia de Dança de Leningrado (hoje São Petersburgo). Ainda jovem, ele já demonstrava uma personalidade muito forte, o que lhe valeu o apelido de “Corvo Branco” (na verdade, uma gíria usada na Rússia para designar pessoas que fogem do padrão). Além do seu talento, Nureyev sempre teve um gênio difícil que o acompanharia até o final dos seus dias. Conforme o seu perfil traçado no filme, o grande bailarino era um sujeito arrogante, petulante, atrevido e ousado. Ousado, principalmente, em sua performance nos palcos. Segundo os especialistas, ele revolucionou a dança clássica, fazendo sua união com o balé moderno. Era, enfim, um gênio. Em 1961, quando participava de uma turnê em Paris com a Companhia Kirov, ele resolveu pedir asilo, o que resultou em um grande escândalo para o governo russo, principalmente em meio à guerra fria – Nureyev foi o primeiro artista russo a pedir asilo no Ocidente. A cena em que ele pede o asilo, no aeroporto Le Bourget, de onde deveria seguir com a companhia de balé para Londres, é a de maior tensão no filme. Rudi, como era chamado pelos mais íntimos, foi detido, antes de embarcar, por agentes da KGB (polícia secreta russa), que o levariam de volta à Rússia, certamente para ser preso. Nureyev escapou dos agentes e pediu asilo à polícia do aeroporto. Enfim, uma história incrível que merece ser conhecida. É preciso destacar o trabalho de Ralph Fiennes como diretor e ator – ele interpreta o professor de dança Alexander Pushkin, um dos principais responsáveis pela evolução técnica de Nureyev. Este é o terceiro filme dirigido por Fiennes (os dois primeiros foram “Coriolano” e “O Nosso Segredo”). Como ator, ele já conseguiu o seu lugar de destaque, com grandes filmes em seu currículo, entre os quais “O Paciente Inglês”, “A Lista de Schindler” e “O Jardineiro Fiel”, além de muitos outros. É preciso destacar também a presença do ucraniano Oleg Ivenko como Nureyev, que marcou sua estreia como ator. Claro que ele ganhou o papel por ser um ótimo bailarino, hoje o principal nome da Tatar State Opera, em Kazan (República do Tartaristão). Seu desempenho como ator também surpreende. Do elenco – uma verdadeira ONU (franceses, russos, ucranianos, sérvios, ingleses) - ainda fazem parte Adèle Exarchopoulos, Chulpan Khamatova, Rawschana Kurkowa, Olivier Rabordin, Sergei Polunin, Louis Hofmann, Raphaël Personnaz e Calypso Valois. Os idiomas falados no filme são o russo, o inglês e o francês. Enfim, o filme é ótimo, com destaque para a recriação de época, as coreografias e as visitas aos grandes museus, uma paixão de Nureyev. “O Corvo Branco” é, portanto, arte pura. IMPERDÍVEL com letras maiúsculas.      

domingo, 12 de setembro de 2021

 

“ATRÁS DA LINHA: FUGA PARA DUNKIRK” (“BEHIND THE LINE: ESCAPE TO DUNKIRK”), 2020, Inglaterra, disponível na plataforma Amazon Prime Vídeo, 1h27m, roteiro e direção de Ben Mole. O título suntuoso faz a gente esperar um filme de guerra daqueles com uma superprodução, tiros, tanques, aviões. Nada disso. Fica logo evidente que se trata de uma produção feita para a TV, com poucos recursos e um elenco de ilustres desconhecidos. Mas a história, baseada em fatos reais, é muito interessante. Estamos em 1940, início da Segunda Grande Guerra, quando as tropas alemãs acabam de invadir a França. No interior do país, os nazistas aprisionam um grupo de soldados ingleses da Força Expedicionária Britânica, entre eles Danny Finnegan (Sam Gittins), um conhecido campeão de boxe. Aficionado pelo pugilismo e admirador do boxeador inglês, o oficial alemão Drexler (Tim Berrington), comandante da prisão, convence Finnegan a lutar com os boxeadores alemães. O inglês vence a primeira e fere o orgulho alemão. Drexler então convoca o lutador Maximus Sennewhund, um ex-campeão mundial dos pesos pesados – Finnegan era peso médio. Essa tão aguardada luta pode dar a oportunidade de fuga para os soldados ingleses, e um plano é elaborado. Como já era esperado, a luta se transforma num verdadeiro massacre. Não há muito mais a comentar para não estragar as surpresas da história. Ainda fazem parte do elenco – se é que você conhece alguém - Guy Falkner, Chris Simmons Jake J. Meniani, Chris Shipton, Jennifer Martin e Joe Egan. Como já afirmei no início deste comentário, não espere muito desse drama de guerra, apenas o suficiente para passar o tempo. Ou seja, nada de novo no front.