sábado, 11 de setembro de 2021

 

“CRIME SEM SAÍDA” (“21 BRIDGES”), 2019, Estados Unidos, disponível na plataforma Amazon Prime Vídeo, 1h39m, direção do cineasta irlandês Brian Kirk, seguindo roteiro assinado por Adam Mervis e Matthew Michael Carnahan. Este é um dos últimos filmes do ator Chadwick Boseman – ele só faria mais dois antes de morrer aos 43 anos, em agosto de 2020: “Destacamento Blood” e “A Voz Suprema do Blues”. “Crime Sem Saída” é daqueles filmes policiais para assistir sem piscar e grudado na poltrona. Começa com tudo, quando uma dupla de marginais resolve roubar um carregamento de cocaína. A polícia chega e começa o tiroteio. A dupla consegue fugir, matando 8 policiais. A cena é de um filme de guerra, com cadáveres pelo chão e carros de polícia alvejados com muitos tiros. Os dois bandidos são experientes em batalhas, pois foram colegas no exército - Ray Jackson (Taylor Kitsch) e Michael Trujillo (Stephan James), em ótimas atuações. Para estudar a cena do crime e iniciar as investigações, chega ao local da carnificina o detetive Andre Davis (Chadwick), o capitão Mckenna (J.K. Simmons) e os policiais da 85ª Delegacia, colegas daqueles que foram mortos. Para ajudar Davis é nomeada como sua nova parceira a policial Frankie Burns (Sienna Miller), também da 85ª Delegacia. A primeira providência de Davis é mandar fechar as 21 pontes de Manhattan na tentativa de impedir a fuga da dupla. Daí para a frente, a polícia percorre toda a cidade tentando capturar os marginais. As cenas de ação são ótimas, com muitas perseguições pelas ruas e pelo metrô, tiroteios e muito sangue jorrando, num ritmo alucinante e repleto de tensão. Em meio a toda essa agitação, que praticamente paralisa Nova Iorque durante toda a madrugada, Davis começa a desconfiar que há uma conspiração com gente graúda envolvida, inclusive integrantes da própria polícia nova-iorquina. Para amantes do gênero policial, este é um filme pra ninguém colocar defeito. Imperdível!      

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

 

“O SOM DO SILÊNCIO” (“SOUND OF METAL”), 2020, Estados Unidos, distribuição Amazon Prime Vídeo, 120 minutos, direção de Darius Marder – é o seu primeiro longa-metragem -, que também assina o roteiro com a colaboração de Derek Cianfrance. Indicado ao Oscar 2021 em seis categorias e vencedor em uma delas (veja as indicações no final deste comentário), o filme tem como pano de fundo o drama vivido por pessoas que sofrem de surdez. O personagem central é o jovem Ruben (Riz Ahmed), um baterista que forma dupla com a cantora e guitarrista Lou (Olivia Cooke). Eles tocam heavy metal e vivem de cidade em cidade, viajando em um trailer, se apresentando em bares e outros locais não muito convidativos. De repente, não mais do que repente, Ruben começa a perder a audição a tal ponto que não dá mais para tocar. Muito a contragosto e revoltado com sua situação, Ruben aceita o conselho da namorada e concorda em se mudar para uma comunidade de pessoas com deficiência auditiva. Aqui, ele aprenderá a conviver com a trágica realidade, tendo como mentor e conselheiro o velho Joe (o ótimo Paul Raci), que perdeu a audição numa embosca na Guerra do Vietnã. Ruben aprenderá a linguagem dos sinais e também a socializar com as outras pessoas que sofrem da mesma deficiência. Pela internet, Ruben descobre uma clínica que implanta um aparelho no cérebro (implante coclear) que tem dado ótimos resultados. Ele vende o trailer para pagar a cirurgia e é operado com relativo sucesso. Seu desejo agora é reencontrar Lou e retomar o romance. Ele então segue até a casa da moça e é recebido pelo pai dela – uma surpreendente aparição do ator francês Mathieu Amalric. Até o desfecho, Ruben tentará retomar a sua vida normal, claro que com todas as restrições da deficiência. Mesmo com o ritmo lento e às vezes arrastado demais, “O Som do Silêncio” tem muitos momentos sensíveis e comoventes. O trabalho do ator Riz Ahmed é excelente, mas o destaque maior fica por conta da atuação do veterano Paul Raci, que domina todas as cenas em que aparece. Não é um grande filme, embora tenha sido indicado ao Oscar 2021 em seis categorias – Melhor Ator (Riz), Ator Coadjuvante (Paul Raci), Filme, Montagem, Som e Roteiro Original. Venceu apenas na categoria Montagem. Conforme fica claro no desfecho, a principal mensagem do filme equivale a um velho ditado: “É melhor ser surdo do que ouvir todo esse barulho do cotidiano". Ou seja, ouvir o som do silêncio é muito melhor. Confiram e vejam se não estou certo.       

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

 

“DESTRUIÇÃO FINAL: O ÚLTIMO REFÚGIO” (“GREENLAND”), 2020, Estados Unidos (Hollywood, é claro), 120 minutos, distribuição Amazon Prime Vídeo, direção de Ric Roman Waugh e roteiro assinado por Chris Sparling. Mais um filme catástrofe (disaster movie) pra gente grudar na poltrona e chegar ao final pensando que “ainda é bem que é ficção”. Já pensou um cometa desgovernado que, perto da Terra, começa a se desintegrar e lançar seus enormes fragmentos em direção ao nosso planeta? É o que acontece nesse filme. Eles caem em todo o mundo, causando destruição em massa. A história se concentra em território dos Estados Unidos, especificamente em Atlanta (Geórgia). Começa com o engenheiro civil John Garrity (Gerard Butler) recebendo uma ligação do governo dizendo que ele, sua mulher Allison (a atriz brasileira Morena Baccarin) e o filho Nathan (Roger Dale Floyd) foram selecionados para serem salvos da tragédia que se anunciava e que, para isso, deveriam seguir para o aeroporto e embarcar em um avião que os levará para a Groenlândia (o título original), onde foi construído um bunker especial. A aflição do casal começa quando, ao chegar no aeroporto, John e Allison percebem que o remédio do filho diabético ficou no carro. Por conta deste e de outros imprevistos, John se perde da família e, daí para a frente, o clima de tensão aumenta cada vez mais, principalmente depois que Nathan é sequestrado por um casal com más intenções. Até o desfecho, portanto, você acompanhará o desespero de John e Allison para voltar a se encontrar. Em meio a esse sofrimento, muita coisa acontece para aumentar ainda mais a tensão. O ritmo é alucinante do começo ao fim e os efeitos especiais são muito bem feitos. Completam o elenco Hope Davis, Scott Glenn (irreconhecível) e David Denman. Informo ainda que já foi confirmada a realização de uma sequência, que se chamará “Greenland: Migration”, com o mesmo elenco. Quem gosta de sofrer e torcer por um final feliz, “Destruição Final” é um ótimo entretenimento. Recomendo.        

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

 

“QUANTO VALE?” (“WORTH”), 2020, Estados Unidos, disponível na plataforma Netflix, 1h58m, direção de Sara Colangelo, seguindo roteiro assinado por Max Borenstein. Aliás, o primoroso roteiro é um dos grandes trunfos deste ótimo drama de Hollywood, além da excelente atuação de Michael Keaton. Dos inúmeros filmes realizados sobre os atentados ocorridos nos Estados Unidos no dia 11 de setembro de 2001, este talvez seja o único a tratar com detalhes como transcorreu o difícil trabalho de indenização das famílias das vítimas. Procurado pelo Congresso norte-americano dias depois dos atentados, o advogado Kenneth Feinberg (Keaton) assumiu a responsabilidade de determinar como compensar as famílias das vítimas, incluindo os valores indenizatórios caso a caso. Para isso, constituiu um Fundo de Compensação Monetária - pioneiro nos Estados Unidos. Trabalho nada fácil, pois teria que entrevistar cada uma das famílias e convencê-las a participar do fundo e concordar com os valores determinados. Juntamente com a sócia Camille Biros (Amy Ryan) e advogados do escritório, Feinberg chegou a um resultado final incrível, ou seja, em dois anos, ele conseguiu um acordo com 97% dos reclamantes elegíveis (somente 94 pessoas se recusaram a participar). O resultado foi a distribuição de mais de US$ 7 bilhões para 5.560 famílias. O filme mostra como foi desenvolvido todo esse trabalho, cercado de uma constante tensão e de muita emoção, principalmente no que se refere às entrevistas pessoais com as famílias enlutadas. Além de Keaton e Amy Ryan, ainda estão no elenco em papéis de destaque Stanley Tucci, Laura Benanti, Tate Donovan, Talia Balsam, Marc Maron, Zuzanna Szadokowski, Gayle Rankin e Shunori Ramanathan. Destaco novamente o primoroso roteiro de Max Borenstein, que, para escrevê-lo, se inspirou nos detalhes descritos no livro “What is Life Worth? The Unprecedented Effort to Compensate the Victims” of 9/11” (“Quanto Vale uma Vida? Os Esforços sem Precedentes para Compensar as Vítimas do 11/9”), escrito pelo próprio advogado Kenneth Feinberg. Trocando em miúdos, “Quanto Vale” é um drama da melhor qualidade. IMPERDÍVEL com negrito e letras maiúsculas.                

terça-feira, 7 de setembro de 2021

“A ESPIÔ (“SPIONEN”), 2020, Noruega, 1h49m, distribuição Amazon Prime Vídeo, direção de Jess Jonsson, seguindo roteiro escrito por Harald Rosenlow-Eeg e Jan Trygve Royneland. Baseado em fatos reais descritos na biografia escrita por Iselin Theien, o filme acompanha a trajetória da consagrada atriz e cantora sueca Sonja Wigert (1913-1980), que durante a Segunda Guerra Mundial atuou como espiã em Oslo (Noruega) e em Estocolmo (Suécia). Ela foi uma agente dupla, servindo o governo sueco e também aos nazistas. No caso do governo sueco, com a promessa de libertarem seu pai preso em Oslo pelos nazistas. Sonja é interpretada de forma magnífica pela atriz norueguesa Ingrid Bolso Berdal. Vamos ao contexto em que tudo aconteceu. No começo da guerra, os alemães invadiram a Noruega e, possivelmente, fariam o mesmo com a Suécia. O governo sueco recrutou Sonja para se infiltrar entre os nazistas em Oslo e descobrir quais seriam as reais intenções de Hitler. Antes de partir para Oslo, Sonja tornou-se amante de Andor Gellért (Damien Chapelle), diplomata húngaro em Estocolmo. Em Oslo, com sua beleza, Sonja logo conquistou o oficial alemão Josef Terboven, reichskommissar responsável por chefiar a ocupação da Noruega, tornando-se também sua amante. Para adquirir a confiança de Terboven, Sonja concordou em espionar para os nazistas, que queriam saber dos planos da Suécia para a defesa de seu país. Como a maioria dos filmes de espionagem, o enredo pode parecer complicado no início, mas aos poucos você acaba absorvendo tudo de maneira mais clara. O filme é um primor no que se refere à recriação de época, destacando-se a direção de arte, os cenários e locações, além dos figurinos criados por Ulrika Sjölin para vestir a personagem principal. Por esse trabalho, Ulrika foi premiada no Festival de Cinema Amanda 2020, um dos mais prestigiados da Noruega. “A Espiã” (não confundir com o filme holandês de 2006) conta mais uma história incrível de coragem durante a Segunda Guerra Mundial pouco conhecida por aqui. Mais um gol de placa do excelente cinema norueguês. Imperdível!                 

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

 

 “SEGREDOS OFICIAIS” (“OFFICIAL SECRETS”), 2019, Inglaterra, 1h52, disponível na plataforma Amazon Prime Vídeo, direção e roteiro de Gavin Hood. Baseada em fatos reais descritos no livro “The Spy Who Tried to Stoop a War”, de Marcia e Thomas Mitchell, a história é centrada na inglesa Katharine Gun (Keira Knightley), funcionária da GCHQ, agência de comunicações ligada ao serviço secreto do governo britânico. Ela exercia uma atividade de cunho sigiloso, ou seja, era responsável por receber e traduzir mensagens que poderiam colocar em risco a segurança nacional. Estamos em 2003, quando os Estados Unidos ameaçavam invadir o Iraque com a justificativa de que o país de Saddam Hussein possuía armas químicas de destruição em massa. Quando descobre um e-mail confidencial da NSA (Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos) enviado para o governo britânico propondo espionar países e exercer pressão para que eles aprovem na ONU a guerra contra o Iraque, Katharine resolve passar a informação para o jornal The Observer. Ou seja, jogou aquilo no ventilador. Segundo ela, para tentar evitar a guerra e milhares de mortes. Mesmo com toda repercussão causada por sua atitude, Katharine não conseguiu evitar a invasão do Iraque e ainda foi acusada de traição de acordo com a lei de segredos oficiais da constituição britânica, que proíbe qualquer funcionário do governo de compartilhar informações consideradas sigilosas com pessoas de fora do trabalho. Um dos fatores que poderiam prejudicar ainda mais a situação de Katharine é o fato dela ser casada com Yasar Gun (Adam Bakri), um imigrante curdo proveniente da Turquia e, claro, visto como um suposto terrorista muçulmano. O resultado do julgamento de Katharine foi uma grande surpresa, não só para a opinião pública, como também para ela e seu advogado de defesa, Ben Emmerson (Ralph Fiennes). Deixo essa surpresa também para quem assistir. O filme é ótimo, baseado no roteiro primoroso e muito bem adaptado pelo diretor sul-africano Gavin Hood (“Decisão de Risco”). O trabalho da atriz Keira Knightley também merece destaque. Trocando em miúdos, “Segredos Oficiais” é um suspense envolvente, repleto de tensão do começo ao fim. Imperdível! (Ah, antes dos créditos finais, o filme mostra a verdadeira Katharine Gun dando uma entrevista após o julgamento).                

domingo, 5 de setembro de 2021

 

“ASCENSÃO DO CISNE NEGRO” (“SAS – RED NOTICE”), 2021, coprodução Inglaterra/Hungria/Holanda/Suíça, 2h3m, distribuição Netflix, direção do cineasta norueguês Magnus Martens, com roteiro de Laurence Malkin. A história é inspirada no livro – o mesmo do título original – escrito pelo ex-soldado do exército inglês Andy McNab, que certamente deve ser muito melhor do que o filme. Nos primeiros minutos, somos levados ao deserto da Geórgia, antiga república soviética, onde o grupo de mercenários intitulado “Cisnes Negros” promove uma matança e explode um gasoduto. O serviço de inteligência da Inglaterra descobre que os responsáveis estão sediados em solo inglês e encarrega o agente Tom Buckingham (Sam Heughan), das forças especiais, de chefiar a caça aos criminosos. Numa operação desastrada, eles prendem o chefão dos mercenários, William Lewis (Tom Wilkinson), mas deixam escapar seus dois filhos, a machona Grace (a atriz australiana Ruby Rose, também machona na vida real) e Oliver (Owain Yeoman). Tom é afastado do comando das operações e resolve viajar com a namorada Sophie (Hannah John-Kamen) para Paris, onde pediria a moça em casamento. Entretanto, o trem em que viajam é sequestrado, adivinhem por quem? Isso mesmo, pelos “Cisnes Negros” comandados por Grace e Oliver. E adivinhem quem vai lutar contra os bandidos? Claro, o mocinho da história, o agente Tom. Do começo ao fim, o roteiro apresenta tantos furos que fica difícil não compará-lo a uma peneira gigante. Vou citar um deles. Grace, a mercenária machona, chega disfarçada à estação onde embarcará no trem. Quando entra, qual a sua primeira atitude? Desfazer o disfarce no banheiro para logo depois voltar ao vagão repleto de passageiros, todos lendo jornais em que a foto da moça aparece na primeira página. É ou não é risível. Outro destaque negativo, de tantos, é o péssimo elenco. Difícil nomear o pior, mas a tal Ruby Rose ganha longe. A atriz (?) australiana é mesmo muito ruim. Os diálogos, então, beiram o ridículo. Se você pensa que já viu tudo de ruim é porque ainda não chegou às cenas finais, que fazem do desfecho do filme uma impiedosa ofensa à nossa inteligência. O pior de tudo é que o final da história indica que poderá haver uma continuação, o que eu duvido muito. Sem dúvida, este é um dos mais fracos lançamentos da Netflix este ano.