sábado, 20 de setembro de 2014

Mulher rejeitada é um perigo. Amante rejeitada, então, e ainda mais desequilibrada e psicótica, sai de baixo, da frente, de cima... O perigo torna-se real e imediato, com grande possibilidade de virar tragédia. Foi o que não conseguiu prever Bernardo (Milhem Cortaz) quando conheceu a jovem e bela Rosa (Leandra Leal) numa estação de trem de subúrbio no Rio de Janeiro. A paixão avassaladora veio em seguida. O drama “O LOBO ATRÁS DA PORTA”, 2013, dirigido por Fernando Coimbra, gira em torno desse caso de adultério (Bernardo é casado) e suas nefastas consequências, o que inclui o sequestro da filha de Bernardo. O roteiro do filme foi concebido de forma magistral pelo próprio Coimbra, que se baseou num caso policial famoso ocorrido no Rio de Janeiro nos anos 60. A partir dos depoimentos de todos os envolvidos e testemunhas numa delegacia de polícia, Coimbra vai montando as peças do quebra-cabeça da história com flashbacks e, ao mesmo tempo, situando os fatos de forma cronológica, até chegar ao trágico desfecho. Um primor de roteiro. Ainda estão no elenco Fabíula Nascimento como Sylvia, esposa de Bernardo, e Juliano Cazarré como o delegado responsável pelo inquérito. Exibido em vários festivais pelo mundo afora, o filme conquistou inúmeros prêmios. Cinema nacional da melhor qualidade.
O drama sueco “PURA” (“Till Det Som är Vackert”), 2009, marcou a estreia da atriz Alicia Vikander (“O Amante da Rainha”) no cinema, com direção da também estreante Lisa Langseth. Catherine (Alicia) é uma jovem de 20 anos que há muito tempo, em decorrência de uma mãe alcoólatra e irresponsável, vive sob a supervisão do serviço social sueco. Ao assistir a um concerto com o namorado no Concert Hall de Gotemburgo, ela descobre a beleza da música de Mozart. Um dia, ao retornar ao teatro e enquanto assiste ao ensaio da orquestra, ela é convidada para cumprir um período de experiência na recepção. Era tudo que Catherine queria. Assim poderia conviver com os músicos e ouvir os ensaios. Ao receber a atenção carinhosa, quase paterna, do maestro Adam (Samuel Fröler), Catherine acaba se apaixonando. Eles iniciam um caso, só que ela não percebe que se trata apenas de uma paixão temporária, pelo menos no caso do maestro. Quando Adam, casado, deixa a situação bem clara, Catherine se desespera, a ponto de tomar atitudes que a levarão a ser demitida do teatro. Só que ela não vai aceitar assim tão fácil a rejeição do maestro nem a perda do trabalho. O filme é ótimo, e o que o torna ainda melhor é a sua irresistível trilha sonora - música clássica da melhor qualidade. Além disso, não se pode deixar de admirar o trabalho dessa estupenda jovem atriz Alicia Vikander em seu primeiro filme. Em resumo, não dá para perder!   
Todo mundo com mais de 40 anos lembra aquele dia trágico, 28 de janeiro de 1986, quando o ônibus espacial Challenger explodiu 73 segundos após ser lançado de Cabo Canaveral, matando seus 7 astronautas. Uma tragédia e tanto, não apenas pelas mortes, mas também para a credibilidade do programa espacial dos EUA. O que muita gente não se lembra - e aqui no Brasil não tivemos a oportunidade de acompanhar -, é que o presidente Reagan nomeou uma comissão especial para investigar as causas do acidente. O trabalho desta comissão é o tema do drama “ÔNIBUS ESPACIAL CHALLENGER” (The Challenger Disaster”), filme produzido pelo Science Channel da BBC em 2013, dirigido por James Hawes e exibido – aqui e nos EUA - pelo Discovery Channel. O enredo é centrado no cientista Richard Feynmann (William Hurt), único membro independente da comissão. Como ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1965, Feynmann era muito respeitado e suas conclusões sobre o acidente não foram muito favoráveis à NASA. Apesar das pressões, Feynmann não mudou seu diagnóstico. Um filme muito interessante que, com certeza, vai agradar não só a comunidade científica, mas também quem tem algum interesse sobre o assunto. O elenco traz ainda, entre outros, Bruce Greenwood e Brian Dennehy. 

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Os franceses já produziram bons filmes policiais e de ação, mesmo que esses dois gêneros não façam parte do seu melhor cardápio. “VINGANÇA EM PARIS” (“Le Jour Attendra”), de 2013, é um exemplo de como o cinema francês de vez em quando “pisa na bola”. O diretor Edgar Marie quis imitar uma fórmula que costuma dar certo nos filmes de Hollywood: reunir uma dupla de protagonistas para viver uma aventura, colocando até algumas pitadas de humor (sem graça). No caso dessa produção francesa, a dupla é formada por Victor (Jaques Gamblin) e Milan (Olivier Marchal), dois amigos de infância que, adultos, abrem uma casa noturna. Os dois ficam endividados e apelam para o tráfico de drogas. Se envolvem com o gângster sanguinário Serki (Carlo Brandt) numa negociação com traficantes mexicanos – o filme começa, inexplicavelmente, em algum deserto do México. A polícia prende os três, mas Victor e Milan, para se livrarem da prisão, depõem contra Serki, que pega seis anos de cadeia. O filme dá um pulo de seis anos e agora Victor tem um restaurante de sucesso em Paris e Milan continua gerenciando a casa noturna. Serki sai da cadeia e vai atrás da dupla para se vingar. Daí para a frente, o filme é todo dedicado a essa caçada. As cenas de ação – poucas, aliás – são muito mal feitas e chegam a ser constrangedoras, como no caso dos tiroteios. Uma curiosidade: Olivier Marchal também é diretor e já realizou bons filmes de ação, como, por exemplo, “MR 73”, de 2008.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

“CHAMADA A COBRAR”, 2013, conta a história angustiante e dramática de Verinha (Bete Dorgam), uma senhora de classe média alta da capital paulista, que cai no golpe do falso sequestro. Numa manhã, ela atende um telefonema a cobrar e ouve alguém que se diz bombeiro avisando que uma de suas filhas sofreu um acidente. Ela se desespera e informa, inocentemente, os nomes das três filhas. O homem que se dizia bombeiro passa o telefone para outro, que assume a condição de sequestrador e vai manter Verinha em contato direto durante as próximas 12 horas. A primeira meia hora de filme é de pura aflição e muita tensão - para o espectador, inclusive. Aos poucos, Verinha vai se habituando ao jeito ao contato com o  bandido, o que inclui uma constante pressão psicológica e xingamentos da pior espécie. Durante a viagem que faz ao Rio de Janeiro – uma das exigências do falso sequestrador -, finalmente um pouco de humor. Ela para num posto, toma umas doses de conhaque e, de repente, está utilizando a mesma linguagem chula do marginal. A cena é muito engraçada. Enquanto isso, em São Paulo, as três filhas se desesperam ao não conseguir descobrir o paradeiro da mãe. Até chegar à conclusão de que foi vítima de um falso sequestro, muita coisa ainda vai acontecer durante a viagem de Verinha. Mais um ótimo filme da diretora paulista Anna Muylaert, que já havia nos brindado com “Durval Discos”, “O Ano em que meus pais saíram de férias” e “Xingu”. Mas, sem dúvida, a alma do filme é a atriz Bete Dorgam. Se o filme já é bom, Bete o torna ainda melhor. Mais uma produção nacional imperdível.    

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

“MAR DA ESPERANÇA” (“Wir Wollten aufs Meer”), 2012, dirigido por Toke Constantin Hebbeln, é um drama alemão que coloca novamente em evidência a Alemanha Oriental nos tempos da chamada Guerra Fria. Em 1982, dois amigos estivadores no Porto de Rostock acalentam o sonho de ingressar como marinheiros na Marinha Mercante – e, com isso, fugir para o Ocidente. Para isso, porém, teriam que colaborar com algumas informações para a STASI, a polícia secreta do governo comunista. Dessa forma, Cornelis Schmidt (Alexander Fehling) e Andreas Homung (August Diehl) tornam-se informantes. Um se arrepende no meio do caminho depois de denunciar um companheiro de trabalho, Matthias (Ronald Zehrfeld). Andreas, porém, segue firme na atividade de dedo-duro, traindo o próprio amigo. O enredo sombrio e dramático é amenizado pelo romance proibido entre Cornelis e a vietnamita Mai (Phuong Thao Vu). Romance, aliás, também denunciado por Andreas. "MAR DA ESPERANÇA" lembra muito outro excelente filme alemão, “A Vida dos Outros”, que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2007. Ambos tratam de amizade e traição, num clima de total desconfiança alimentado pelo próprio regime vigente na Alemanha Oriental. Vigilância dia e noite. Não se podia confiar em ninguém, nem no amigo, no parente, no vizinho. E a STASI ali no pé de todo mundo, e coitado (a) de quem caísse nas suas garras.    

terça-feira, 16 de setembro de 2014

“GOD’S POCKET”, 2013, EUA. Se este, como tem sido divulgado, foi o último filme de Philip Seymour Hoffman, então podemos dizer que não foi uma despedida à altura do grande ator que ele foi. Não que o filme seja ruim, tanto que estreou no Sundance Film Festival e foi muito elogiado pela crítica. Trata-se de um drama sombrio, até mesmo tétrico, com altas doses de humor negro, o que quase o transforma numa comédia. A história é baseada no romance homônimo escrito por Pete Dexter.  O enteado de Mickey Scarpato (Seymour), um jovem maluco e encrenqueiro chamado Leon (Caleb Landrey Jones), morre no canteiro de obras em que trabalha. Os trabalhadores dizem à polícia que foi acidente, mas a mãe do garoto, Jeannie (a ótima Christina Hendricks), não acredita nessa versão. Aí aparece o jornalista Richard Shelburn (Richard Jenkins) para “cobrir” a morte de Leon, e Jeannie conta a ele sobre a sua desconfiança. Enquanto isso, Mickey aposta nos cavalos o dinheiro que seria usado no velório de Leon. A funerária devolve o corpo a Mickey, que fica sem saber o que fazer. Até o enterro, muita coisa vai rolar, inclusive algumas mortes. Trata-se do primeiro filme dirigido pelo ator John Slattery, que contou ainda com a presença de John Torturro como Arthur, o melhor amigo de Mickey. Um filme interessante e que merece ser conferido. Ah, “God’s Pocket” é o nome do bairro operário onde a toda a história é ambientada. 
“VOCÊ ESTÁ AQUI” (“Are you Here”), EUA, 2013, foi lançado como comédia. Propaganda enganosa, pois é impossível ao menos esboçar um sorriso durante a 1h54 de duração do filme. Culpa da historinha boba, do elenco, que conseguiu a proeza de reunir atores chatos como Owen Wilson e Zack Galifianakis (“Se Beber, não Case”), além da também chata Amy Poehler, e ainda colocá-los para representar personagens mais chatos ainda. Difícil acreditar que o diretor seja o mesmo das séries “Mad Men” e “Família Soprano”, Matthew Weiner. Vamos dar um desconto pelo fato de ser o seu primeiro longa. Ben Baker (Zack), um desempregado convicto, recebe a notícia da morte do pai. Com seu melhor amigo Steve Dallas (Owen), ele viaja para assistir ao funeral, numa cidade do interior. Depois do enterro, o testamento do velho é lido e praticamente toda a fortuna do falecido é deixada para Ben, o que enfurece sua irmã Terri Couter (Poehler). Ah, e o morto ainda deixa uma viúva, uns 50 anos mais moça, Angela (Laura Hamsey), que também é ignorada no testamento. Terri vai tentar reverter a sentença judicial, alegando, com toda razão, que o irmão não tem condições de administrar tanto dinheiro. Afinal, ele passa o dia inteiro fumando maconha e realizando reuniões do um grupo de ambientalistas alienados. E por aí vai a história, chegando a um final ainda mais constrangedor. Um verdadeiro atentado ao humor - e ao espectador.   

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Além de bonita e competente, a atriz norte-americana Michelle Monaghan já participou de vários filmes como protagonista, mas nunca lhe deram um papel de destaque num grande filme, embora tenha participado de produções badaladas como "Missão Impossível", ao lado de Tom Cruise, e “A Supremacia Bourne”.  Em “LAÇOS DE FAMÍLIA” (“Fort Bliss”), 2013, EUA, ela mais uma vez é a protagonista principal, a sargento Maggie Swan, médica do Exército. Depois de ficar mais de um ano em missão no Afeganistão, ela volta para casa e vai buscar o filho Paulie (Oakes Fegley), de 5 anos, na casa do ex-marido Richard (Ron Livingston), que agora vive com Alma (Emmanuelle Chriqui). Depois de tanto tempo fora, é claro que Maggie terá sérios problemas de relacionamento com o filho, que insiste em dizer que sua mãe verdadeira é Alma. Pronto: a confusão está lançada. Em meio aos esforços para conquistar novamente o filho, Maggie é promovida a 1º Sargento, sendo designada para chefiar uma unidade do Exército. Não demora muito e chega uma convocação para uma nova missão no Afeganistão. Será que ela optará pelo filho ou pelo país? A resposta, só você vendo o filme. Monaghan comprova novamente que é uma ótima atriz. Exemplo: quando está de farda e cabelo preso, ela é uma pessoa; quando está em trajes civis e cabelo solto, ela é outra, esbanjando sensualidade. Quase como se representasse dois papéis. Não deixe de ver, não só por causa de Monaghan, mas porque o filme é bastante interessante e não perde o ritmo até o final.    

domingo, 14 de setembro de 2014


É claro que Hollywood não ia deixar de adaptar um best-seller como “A culpa é das Estrelas”, do escritor John Green, que vendeu e continua vendendo milhões de exemplares pelo mundo todo. Então produziu “A CULPA É DAS ESTRELAS” (“The Fault in our Stars”), 2013, EUA, dirigido por Josh Boone (“Ligados pelo Amor”), e o resultado não poderia ter sido outro: recordes de bilheteria no mundo inteiro, inclusive aqui no Brasil. Para quem ainda não sabe, a história é de dois jovens com câncer que se conhecem numa sessão de um Grupo de Apoio. Hazel Grace (Shailene Woodley) e Augustus Waters (Ansel Elgory) acabam se apaixonando. Em meio à paixão avassaladora, eles enfrentarão os desafios naturais advindos da sua condição física, mas jamais deixarão de se amar. Amor, aliás, concretizado fisicamente em Amsterdam, na Holanda, para onde viajam com o intuito de conhecer um escritor que Hazel admira, um tal de Peter Van Houten (o intragável Willem Defoe). Impossível tornar mais leve uma história em que os dois principais protagonistas têm uma doença grave, ainda mais com Hazel usando, o tempo inteiro, uma cânula nasal ligada a um cilindro de oxigênio. Mesmo assim, o diretor Josh Boone deu uma amenizada, colocando pitadas de humor e romance nas situações em que Hazel e Augustus estão juntos. Aliás, os dois atores estão bastante entrosados e, além de tudo, são bonitos e simpáticos. Uma coisa é certa: até os mais insensíveis vão se emocionar no final. Portanto, além da pipoca, tenha à mão uma caixinha, ou duas, de lenços de papel.