“COLHEITA AMARGA” (“Bitter
Harvest”), 2017,
Canadá, roteiro e direção do diretor alemão George Mendeluk. Trata-se de um
drama histórico baseado em fatos reais, ambientado nos primeiros anos da década
de 30 na Rússia. Stalin ordenou a
expropriação das terras produtivas dos agricultores ucranianos, alegando que
elas pertenciam ao estado russo. Como os ucranianos não concordaram, Stalin
simplesmente mandou seu exército confiscar tudo o que era produzido na Ucrânia.
Além disso, como uma espécie de vingança, lançou o Projeto “Holodomor”, cujo
objetivo era promover a morte da população da Ucrânia por inanição. O caso
ficou conhecido como o “holocausto ucraniano”, pois causou a morte de cerca de
10 milhões de ucranianos. Esse lamentável fato histórico somente viria a
público em 1991, logo depois da desintegração da União Soviética. Esse pavoroso
genocídio colocou Stalin como um assassino pior do que Hitler. “Colheita Amarga”, em sua
fase inicial, é ambientado no vilarejo ucraniano de Smila, onde vivem as
famílias de Yuri (Max Irons) e Natalka (Samantha Barks), ambas atingidas pela
perseguição violenta de Stalin. O avô de Yuri é um herói de guerra ucraniano,
Ivan Kachaniuk (Terence Stamp), opositor ferrenho de Stalin. Numa segunda fase,
a ação muda para Kiev, para onde vai Yuri tentar a vida e ganhar dinheiro para enviar
para sua família. O filme retrata de forma bastante realista o sofrimento do
povo ucraniano, com muitas cenas de execução e tortura. Nem mesmo o romance
entre Yuri e Natalka consegue amenizar o contexto dramático deste que foi
considerado um dos maiores genocídios do Século XX. O filme merece ser visto por retratar um fato histórico tão importante.
sábado, 31 de março de 2018
quarta-feira, 28 de março de 2018
“O SACRIFÍCIO DO CERVO
DOURADO” (“THE KILLING OF A SACRED DEER”), 2017, Inglaterra. O título já não é muito convidativo.
E a sensação de dúvida aumenta ainda mais quando a gente lê na sinopse que o
filme foi escrito e dirigido pelo diretor grego Yórgos Lánthimos, conhecido no
mundo da Sétima Arte como um autor de filmes esquisitos, tais como “Dente
Canino” e “O Lagosta”. Ou seja, um diretor excêntrico e hermético. Tentei desvendar o
segredo do título e descobri que se refere a uma tragédia grega escrita por
Eurípedes. O diretor Yórgos levou tão a sério que o filme realmente virou uma
tragédia, repulsivo, desconfortável, perturbador e lúgubre. E olha que o elenco
não é tão ruim: Colin Farrell, Nicole Kidman e Barry Keoghan (de “Dunkirk”), só
para citar os principais nomes. Vamos à história: em suas horas de folga, o
médico Steven Murphy (Farrell), um renomado cirurgião cardíaco, sempre conversa
com o jovem Martin (Keoghan). Há anos que os dois mantém uma relação de
verdadeiros amigos. Há um elo bastante forte que une os dois: o pai de
Martin morreu durante uma operação de coração realizada por Murphy. Aos poucos,
Martin vai se aproximando da família do médico, da esposa Anna (Kidman) e dos dois
filhos Bob (Sunny Suljic) e Kim (Raffey Cassidy). A partir daí, o filme se
transforma num suspense psicológico até que interessante: será que o garoto vai
atingir a família do médico para se vingar da morte do pai? Tchan, tchan,
tchan... Não espere explicações plausíveis para o que você vai ver. Pior de
tudo é que o filme venceu o Prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes.
segunda-feira, 26 de março de 2018
Com “RODA GIGANTE” (“WONDER WHEEL”), 2017, Woody Allen comprova que
ainda está em grande forma como roteirista e diretor, mesmo aos 82 anos. Este
talvez seja seu melhor filme dos últimos anos, com uma trama bem apimentada e
muito saborosa. É o Woody Allen de sempre: roteiro primoroso, diálogos inteligentes, trilha sonora com muito jazz antigo etc. Faltou um pouco mais de humor - não tem nem piada de judeu –, mas o resultado final é simplesmente irresistível. Ambientada nos anos 40, a história é centrada em
Ginny (Kate Winslet), esposa de Humpty (James Belushi), operador de carrossel
num parque de diversões na praia de Coney Island (distrito do Brooklyn, New
York). Atriz fracassada, ela vive com Humpty um segundo casamento infeliz,
ainda tendo que aturar os aprontos de Richie (Jack Gore), seu filho de 8 anos
cujo único prazer é incendiar tudo que vê pela frente. Ginny acaba conhecendo o
salva-vidas Mickey (Justin Timberlake) e os dois começam um caso. O romance proibido
vai bem até a chegada da jovem e bela Caroline (Juno Temple), filha de Humpty,
que abandonou um poderoso namorado mafioso. Para desespero de Ginny, Mickey
começa a se interessar por Caroline, e vice-versa. Como a situação vai
terminar, só vendo o filme. A fotografia do consagrado
Vittorio Storaro, que já havia trabalhado com Allen em “Café Society”, é nada
menos do que deslumbrante. Mas o grande destaque é, sem dúvida, a atriz inglesa Kate Winslet, que tem, certamente, o melhor desempenho de toda a sua carreira, principalmente nas cenas em que demonstra
– sem querer demonstrar - um ciúme doentio. Sua atuação é simplesmente magistral. Por este seu trabalho, merecia ganhar o
Oscar de “Melhor Atriz”, mas não foi nem indicada. Mistérios da Academia... Em
seus filmes, Allen sempre criou personagens femininas interessantes e
poderosas, tanto é que nada menos do que cinco atrizes ganharam o Oscar dirigidas
pelo diretor norte-americano: Kate Blanchett, Dianne West, Diane Keaton, Mira
Sorvino e Penélope Cruz. E Allen continua com a corda toda: atualmente, está
filmando “A Rainy Day in New York” (“Um dia chuvoso em Nova Iorque”). Depois de
Fellini e Mario Monicelli, Woody Allen sempre foi meu diretor preferido. Resumo
da ópera: “RODA GIGANTE” é imperdível!
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