quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

“ROB PEACE”, 2024, Estados Unidos, 1h59m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Chiwetel Ejiofor. A história de Robert Peace não havia sido contada até 2014, quando seu antigo colega de quarto Jeff Hobbs, na Universidade de Yale, resolveu escrever um livro sobre o amigo ("A Curta e Trágica Vida de Robert Peace"). Robert Peace era um aluno excepcional, com um QI elevado, e nem o fato de ser negro e pobre o impediu de realizar inúmeras conquistas. Sem contar que seu pai, papel do ator e diretor Ciwetel Ejiofor (de “12 Anos de Escravidão”), cumpria pena na prisão acusado de assassinar duas mulheres, embora nunca tenha confessado o crime. Mesmo diante dessas circunstâncias adversas, Peace foi à luta nos estudos, além de ajudar, como empreiteiro autônomo, a investir em melhorias para a sua comunidade, na periferia de New Jersey. Para arrecadar dinheiro, ele e sua turma resolveram fabricar e vender drogas. Esse lado obscuro seria o caminho do fim para o garoto que queria ser bioquímico para inventar algum remédio que curasse o câncer. Peace não merecia o fim que teve. Mas, sem dúvida, sua história merecia ser contada, primeiro num livro e agora num filme. O excelente elenco conta com Jay Will (Rob Peace), Mary J. Blige, Mare Winningham, Benjamin Papac, Michael Kelly e a atriz cubana Camila Cabello como a namorada brasileira de Peace. Lançado no Festival do Cinema Independente de Sundance 2024, “Rob Peace” foi bastante elogiado, mas não o suficiente para alavancá-lo à condição de obra-prima. Apenas um bom filme.     

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

 

“A HORA DO SILÊNCIO” (“THE SILENT HOUR”), 2024, Estados Unidos, 1h39m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Brad Anderson, seguindo roteiro assinado por Dan Hall. Suspense policial ambientado em Boston. O detetive Frank Shaw (Joel Kinnaman) perde a audição durante uma perseguição mal sucedida. Depois de um período de recuperação, ele volta a trabalhar no Departamento de Homicídios, recebendo treinamento para se tornar intérprete da linguagem de sinais com o objetivo de se comunicar com prováveis testemunhas surdas. Claro que logo surge uma, Ava Fremont (Sandra Mae Frank), que não só testemunha como filma o assassinato de dois traficantes e comunica o caso à polícia. Frank Shaw e seu parceiro Doug Slater (Mark Strong) ficam encarregados do caso. Os assassinos também são traficantes e descobrem a identidade da testemunha, que mora num edifício em fase de despejo e reformas. É nos corredores, nos apartamentos e nas escadarias desse edifício que transcorre praticamente toda a ação do filme, com o detetive Frank tentando proteger Ava da gangue dos traficantes denunciados. Se há um mérito nesse filme é garantir o suspense do começo ao fim, e aqui devemos destacar a direção de Brad Anderson, cineasta que já nos presenteou com bons filmes do gênero suspense, como “Chamada de Emergência”, “Fratura” e “Beirute”, entre outros. Como informação adicional, destaco também a presença da atriz Sandra Mae Frank, que é realmente deficiente auditiva. Trocando em miúdos, “A Hora do Silêncio” não decepciona.      

domingo, 29 de dezembro de 2024

 

“O ÚLTIMO SOLDADO” (“FENG HUO FANG FEI” – nos países de língua inglesa chegou como “The Chinese Widow”), 2017, coprodução China/EUA, em cartaz na Prime Vídeo, direção do veterano cineasta dinamarquês Bille August, com roteiro assinado por Greg Latter e Mabel Cheung, falado em mandarim, inglês e japonês. Embora tenha sido produzido em 2017, só agora chega ao streaming. Ainda bem, pois é um excelente drama de guerra baseado em fatos reais ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial. Depois que os japoneses atacaram Pearl Harbor, em dezembro de 1941, os Estados Unidos entraram no conflito e resolveram bombardear Tóquio em retaliação. Um desses aviões, depois da missão cumprida, tentou voltar para o porta-aviões mas ficou sem combustível e acabou caindo na província chinesa de Zhejiang. Bom lembrar que o Japão era inimigo da China, à qual havia invadido e vinha realizando as piores atrocidades há anos. O filme é centrado no personagem do piloto Jack (Emile Hirsch), que foi salvo e depois tratado pela jovem viúva chinesa Ying (Liu Yifei), que vive com a filha Nunu (Li Fangcong) e fabrica seda para sobreviver. A viúva esconde o militar norte-americano no porão da casa, correndo um grande perigo, pois os japoneses estão sempre por perto. Não vou contar o resto para não dar spoilers sobre como terminará a história, mas posso garantir: o filme é ótimo. Claro que seu maior trunfo, além da história em si, é a direção firme, mas sensível, do cineasta Bille August, que já nos presenteou com algumas pequenas obras-primas, entre as quais destaco “Pelle, o Conquistador”, de 1982, que ganhou o Oscar, o Globo de Ouro e a Palma de Ouro em Cannes, além de “The Best Intentions", de 1991, também premiado com a Palma de Ouro, e “A Casa dos Espíritos”.