sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

 

“MÃE E MUITO MAIS” (“OTHERHOOD”), 2019, Estados Unidos, 1h40m, direção de Cindy Chupack, que também assina o roteiro com a colaboração de Mark Andrus. É uma adaptação do romance “Whatever Makes You Happy”, do escritor inglês William Sutcliffe. O pano de fundo é a tal “síndrome do ninho vazio”, quando os filhos saem de casa para morar em outro lugar. Carol Walker (Angela Basset), Gillian Lieberman (Patricia Arquette) e Helen Halston (Felicity Huffman) são amigas há muito tempo, desde que seus filhos estavam no jardim da infância. Elas agora estão na meia idade e os filhos adultos moram em Nova Iorque, cada um com seu ramo de atividade. Chega o Dia das Mães e elas resolvem se reunir para um chá da tarde, na verdade regado a uísque e vodka. Embaladas com a bebida, elas se confessam solitárias e com saudades dos filhos e, de uma hora para outra, resolvem visitar os filhos de surpresa e saem estrada afora. Gillian encontrará o filho Daniel (Jake Hoffman) na maior fossa, pois foi traído pela namorada que ia pedir em casamento. Carol, por sua vez, tentará se entender com Matt (Sinqua Walls), diretor de arte de uma revista masculina, e resolver algumas arestas do passado. E Helen será surpreendida com a opção sexual do filho Paul (Jake Lacy), que mora com o namorado e outro casal de gays. As situações são desenvolvidas na base do humor, destacando-se as ótimas atuações das três atrizes, que parecem estar se divertindo de verdade. Angela Basset e Felicity Huffman ainda estão bonitas e em grande forma. Quem destoa um pouco é Patrícia Arquette, que é baixinha e gordinha. “Mãe e Muito Mais” é uma comédia indicada para todas as idades, talvez mais para as mulheres de meia-idade, lembrando que a diretora Cindy Chupack ganhou prestígio ao assinar o roteiro da série “Sex and The City”, grande sucesso de 1999 até 2004. “Mãe e Muito Mais” é o seu primeiro filme como diretora. Diversão garantida.                   

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

 

“A MALA E OS ERRANTES” (“TRAMPS”), 2017, Estados Unidos, 1h23m, roteiro e direção de Adam Leon. Trata-se de um filme independente que eu descobri lá escondidinho desde abril de 2017 no catálogo Netflix. Sua estreia ocorreu na Seção “Contemporary World Cinema” do Toronto International Film Festival, arrancando elogios de crítica e público. Realmente, trata-se de um filme muito interessante, bem-humorado e movimentado. Danny (o ator inglês Callum Turner), um jovem pretendente a chef de cozinha, recebe um pedido do irmão Darren (Michal Vonden), que acaba de ser detido pela polícia e está impedido de realizar a missão que acaba de passar para Danny, ou seja, pegar uma maleta com uma mulher numa estação de trem e depois a entregar em um local determinado. A dica é que a mulher está sentada num banco e utiliza, como código de identificação, uma bolsa verde. Também faz parte da missão a jovem Ellie (Grace Van Patten), encarregada de dirigir o carro que levará Danny ao receptor da tal maleta, cujo conteúdo ainda é um mistério, sendo revelado somente perto do desfecho. Só que Danny se confunde e deixa a maleta com outra mulher, que também usava bolsa verde. Daí para a frente, Danny e Ellie terão de correr atrás do prejuízo, pois, caso contrário, não receberão o dinheiro prometido – uma grana que os dois estão precisando com urgência. Até chegar à moça que está com a maleta, muita confusão vai acontecer, numa sequência de fatos que mantêm a atenção do espectador até o final. Ainda estão no elenco Mike Birbiglia, Louis Canselmi e Margaret Colin. Resumo da ópera: “A Mala e os Errantes” tem tudo para agradar até mesmo àqueles cinéfilos mais exigentes, constituindo-se num ótimo entretenimento.                                        

 

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

 

“GENTE QUE VAI E VOLTA” (“GENTE QUE VIENE Y BAH”), 2019, produção original Netflix, Espanha, 1h37m, primeiro longa-metragem da cineasta Patricia Font (mais conhecida como diretora de séries televisivas), seguindo roteiro assinado por Dario Madrona e Carlos Monteiro Castiñera, que adaptaram a história do romance homônimo escrito por Laura Norton. Trata-se de uma comédia romântica muito interessante, leve e divertida. A personagem principal é Bea (Clara Lago), uma conceituada arquiteta que trabalha numa grande firma. Ela vive um romance caliente com Víctor (Fernando Guallar), outro arquiteto da firma, que lhe pede em casamento. Tudo vai bem até ele se envolver com uma famosa jornalista televisiva, Rebecca Ramos (Marta Belmonte). Além de acabar com o namoro, Bea perde o emprego e resolve passar uns dias em sua cidade natal, Santa Clara, no interior da Espanha, e ficar um tempo com sua família. Aliás, uma família bem esquisita. Ángela (Carmen Maura), a mãe, é uma médica que realiza as consultas em casa e não cobra nada. Entre os irmãos de Bea estão o homossexual León (Carlos Cuevas), que namora um policial, e Débora (Paula Malia), que esconde um segredo hilariante a respeito de seu filho recém-nascido. A única aparentemente normal é Irene (Alexandra Jiménez), prefeita da cidade, cujo filho adolescente é metido a filósofo. Durante essa temporada em família, Bea conhece Diego (Álex García Fernández), um empresário viúvo pelo qual se apaixona. Se as situações familiares já eram complicadas, ainda surge de volta ao cenário Víctor, o antigo namorado de Bea, prometendo amor eterno. Nesse contexto, a comédia romântica caminha para um desfecho previsível, mas uma reviravolta acontece mudando o rumo da história. Enfim, “Gente que Vai e Volta” é uma crônica familiar muito agradável de assistir, com romance e várias situações divertidas. Entretenimento de primeira!                  

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

 

“O CASAMENTO DE ALI” (“ALI’S WEDDING”), 2017, Austrália, 1h50m, direção de Jeffrey Walker e roteiro de Osamah Sami. A história é baseada em fatos reais, ou seja, a experiência vivida pelo iraquiano Osamah Sami, que, além de assinar o roteiro, também atua como seu próprio personagem, no filme chamado de Ali Albasri. Nascido no Iraque, Sami cresceu durante a guerra de seu país com o Irã. Viu tragédias como a deu seu irmão mais velho, morto depois de pisar numa mina. Depois disso, a família mudou-se para Melbourne, na Austrália. O clérigo Mahdi (Don Hany), pai de Ali, clérigo iraquiano, logo assumiu a posição de líder de uma ummah local – comunidade destinada a preservar a tradição do Islã. A esperança da família é que Sami ingresse na faculdade de medicina. Ele não consegue, mas mente que conseguiu. A partir dessa mentira, Sami viverá momentos tortuosos, como se apaixonar por uma libanesa – pelo que o filme dá a entender, os iraquianos não gostam dos libaneses -, fugir de um casamento arranjado e ainda ter sua mentira sobre a faculdade descoberta, o que quase desgraçou sua família perante a comunidade iraquiana. Todos esses e outros fatos foram relatados no livro “Good Muslim Boy”, que Osamah Sami escreveu em 2016 e que serviu como base para o roteiro. “O Casamento de Ali" tem muitos momentos de humor, destacando-se as sequências em que um grupo de teatro apresenta uma peça musical (“Trial of Saddam”) satirizando o ex-ditador Sadam Hussein. O filme foi premiado em vários festivais de cinema pelo mundo afora, conquistando a simpatia da crítica e do público, principalmente pelo seu pano de fundo, que é o olhar sobre a cultura árabe. Como afirma um dos personagens iraquianos durante um diálogo, “Nossa cultura tem muito mais complexidade e esferas do que vocês, ocidentais, pensam”. Enfim, um filme hilário e ao mesmo tempo comovente e esclarecedor. Imperdível!