sexta-feira, 4 de novembro de 2016
O drama
francês “GERONIMO” é
ambientado num bairro carente de uma cidade litorânea no sul da França. Em sua
grande maioria, a comunidade local é constituída de imigrantes árabes,
africanos, turcos e ciganos. Ao escrever o roteiro, o diretor Tony Gatlif – ele
próprio de origem argelina e cigana – certamente foi inspirado a explorar os
problemas sociais franceses gerados pelos imigrantes que não param de chegar ao
país. A história começa com a fuga de uma jovem turca e de seu namorado cigano.
Vestida de noiva, ela acaba de abandonar o noivo à beira do altar. A família
turca dele promete vingança sanguinária, o que inclui matar os jovens amantes.
A guerra está declarada. Turcos contra ciganos. A catalã Gemma (Céline
Sallette), conhecida na comunidade como “Geronimo”, entra em ação para tentar
apaziguar os ânimos. Há muitos anos que ela cuida dos adolescentes do bairro,
livrando-os das drogas e da delinquência. Enfim, conselheira e educadora. Dessa
forma, ela tem moral para negociar um acordo de paz entre as famílias em
conflito. Só que agora é uma questão de honra, baseada numa cultura milenar. O diretor escorrega feio ao rechear a
trama de números musicais, deixando o drama com cara de musical, o que quebra o
ritmo da narrativa. Só para citar um exemplo: ciganos e turcos se encontram uma
noite e, quando se espera grossa pancadaria, passam a desafiar uns aos outros
com coreografias de dança de rua. Outro aspecto que não gostei foi a histeria do
casal de fujões, que vive berrando sem parar. Chatice monumental. Com exceção da
bela Céline Sallette e do ator espanhol Sérgi López, o resto do elenco é desconhecido.
Lançado no Festival de Cannes 2014, o filme foi recebido com bastante frieza
pelo público e pelos críticos. Deu saudades do verdadeiro Gerônimo, líder apache, dos faroestes americanos.
terça-feira, 1 de novembro de 2016
“ARRANHA-CÉUS” (“High-Rise”),
Inglaterra, 2015, roteiro e direção de Ben Wheatley. Quando estreou nos cinemas da Inglaterra, no
início de 2016, a reação de grande parte da plateia foi sair no meio da
projeção. Atitude compreensível, já que se trata de um filme totalmente maluco,
onde imperam o humor negro, o surreal, a violência, o sexo e, acima de tudo, a falta de nexo.
Para completar o cenário, não há uma história linear, com começo, meio e fim.
As cenas vão acontecendo num ritmo alucinante, a maioria delas sem qualquer
explicação. A história toda – se há alguma – é ambientada nos anos 70, assim
como o romance escrito por James Graham Ballard, no qual foi baseado o roteiro
escrito por Wheatley, com a ajuda de sua esposa, Amy Jump. Um luxuoso edifício
de 40 andares serve de cenário para toda a ação. Nos andares inferiores moram
os condôminos de classe média baixa, nos andares intermediários os de classe
média alta e, nos andares superiores, os mais ricos. No complexo residencial
ainda funcionam um mercado e uma escola. Quando os serviços param de funcionar,
a começar pelos elevadores, o caos se instala e a violência corre solta. Tem
churrasco de husky siberiano, mulher grávida transando com o vizinho, pancadaria generalizada, briga por
mercadorias no mercado etc. Apesar de tudo, o elenco é de primeira: Jeremy
Irons, Tom Hiddleston, Sienna Miller, Luke Evans e Elisabeth Moss. Alguns críticos profissionais acharam o filme maravilhoso, enquanto o público normal detestou. Tire suas próprias conclusões assistindo, nem que seja só por curiosidade.
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
“UM ESTADO DE LIBERDADE” (“The Free State of Jones”), EUA,
2016, roteiro e direção de Gary Ross (“Jogos Vorazes”), narra um episódio
histórico verídico ocorrido durante a Guerra Civil Americana, na segunda metade
do século XIX. Para escrever o roteiro, Ross se baseou em dois livros, “The
Free State of Jones” e “The State of Jones”.
Toda a
trama é centrada no fazendeiro Newton Knight (Matthew McConaughey), que se
alista no exército Confederado como enfermeiro e depois, insatisfeito com os verdadeiros
objetivos do lado que escolheu, volta para casa e é considerado desertor. Para
não ser preso e enforcado, ele se refugia na região dos pântanos, no
Mississipi, e lá forma um grupo de rebeldes constituído de fazendeiros pobres e
escravos. Depois de vencer várias batalhas contra os confederados, Knight decide
fundar o Estado Livre de Jones, casa-se com uma ex-escrava, Rachel (Gugu
Mbatha-Raw), e luta contra os integrantes do primeiro grupo da Ku Klux Klan. O
filme é muito bem feito e já estão dizendo que deve concorrer a algumas das
principais indicações ao Oscar 2017 (a Academia adora filmes históricos). Acho essa previsão um tanto exagerada. Em
todo caso, acredito que McConaughey deva ser indicado novamente para Melhor
Ator, prêmio que já conquistou em 2014 por sua atuação em “Clube de Compras
Dallas”.
domingo, 30 de outubro de 2016
“DESERTO”
(“DESIERTO”), México, 2016, roteiro e direção de Jonás Cuarón, filho do diretor
Alfonso Cuarón, de “Gravidade” (o roteiro também foi escrito por Jonás). O drama
aborda a questão dos mexicanos que atravessam a fronteira de forma ilegal para
melhorar de vida nos EUA, assunto do momento entre os candidatos à presidência
do Tio Sam. A história começa com um grupo de mexicanos tentando atravessar a
fronteira pelo deserto de Sonora. Ao mesmo tempo, um caçador sádico e racista
prepara-se para o seu plantão habitual, ou seja, praticar tiro ao alvo nos
mexicanos. Em suas caçadas, ele leva o cão policial Tracker (“Rastreador”), que
também possui o mesmo instinto assassino. Na primeira meia-hora do filme, para
delírio de Donald Trump, o caçador sai matando um por um. Mesmo debaixo de um
sol escaldante e temperatura beirando os 50 graus, o caçador continua em
perseguição ao pequeno grupo que sobrou. O suspense aumenta na medida em que o
caçador vai chegando perto dos dois últimos sobreviventes (Gael García Bernal e
Alondra Hidalgo). Apesar de ser totalmente ambientado no deserto e com poucos
personagens, o filme mantém a ação e o suspense até o final, proporcionando um
ótimo entretenimento. O filme foi escolhido para representar o México no Oscar
2017 de Melhor Filme Estrangeiro e, antes disso, concorreu ao prêmio de Melhor
Filme no London Film Festival 2015.
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