“O ESGRIMISTA” (“VEHKLEJA”), 2015, Finlândia/Estônia, roteiro de Anna Heinämaa e
direção de Klaus Härö. Baseado em fatos reais. Durante a Segunda Guerra Mundial,
muitos russos foram recrutados à força pelas tropas alemãs invasoras e
obrigados a lutar pelo exército nazista. Terminada a guerra, muitos deles foram
presos como colaboracionistas e inimigos da Rússia, sendo condenados e enviados
para enxugar gelo na Sibéria. O esgrimista Endel Nelis (1925-1993) foi um dos russos
cooptados pelos alemães, mas conseguiu escapar da prisão ao mudar de
identidade. No início dos anos 50, como Endel Keller, ele conseguiu um emprego
de professor de esportes num colégio da pequena cidade de Haapsalu, na Estônia.
Mesmo com a discordância da direção da escola e a muito custo, Endel conseguiu
incluir a prática da esgrima como uma das modalidades a ser ensinada aos
garotos. O diretor da escola achava que a esgrima não era um esporte para o
proletariado e sim para a elite burguesa. Com muito treinamento, Endel
conseguiu levar a escola para disputar um torneio juvenil em Leningrado, mesmo
arriscando-se a ser reconhecido e preso pelo serviço secreto de Stalin. Dirigido
com rara sensibilidade pelo diretor finlandês, o filme concorreu na categoria
Melhor Filme Estrangeiro ao Globo de Ouro 2016. Sua única exibição no Brasil
aconteceu na Seção “Foco Nórdico” da 40ª Mostra Internacional de Cinema de São
Paulo/2016. É um filme que emociona. Uma história comovente que precisa ser
conhecida.
sexta-feira, 10 de março de 2017
quarta-feira, 8 de março de 2017
Lançado
no Festival Internacional de Berlim, em fevereiro de 2016, o terror psicológico
“CREEPY” (“Kurîpî Itsuwari no Rinjin”)
colocou mais uma vez em evidência o diretor japonês Kiyoshi
Kurosawa (não tem parentesco com o famoso diretor Akira Kurosawa, já
falecido). Kiyoshi é considerado um mestre do terror (“Pulse”, “A Cura”). Em “Creepy”,
ele se inspira na história do livro “Kurîpî”, best-seller do escritor Yukata
Maekawa. O roteiro, também de Kurosawa, é de início um pouco confuso, mas depois
torna-se bem inteligível – e assustador. Koichi Takakura (Hidetoshi Nishijima)
é um ex-detetive que leciona Psicologia Criminal numa universidade. Certo dia, Nogami
(Masahiro Higashide), um antigo companheiro da polícia, pede a Takakura que o
ajude a desvendar um mistério relacionado com o desaparecimento de três pessoas
de uma família há seis anos. Para iniciar a investigação, os dois localizam a
jovem Saki (Haruna Kawaguchi), na época adolescente e única sobrevivente. Ao
mesmo tempo, a esposa de Takakura, sentindo-se solitária no novo bairro, passa
a interagir com a vizinhança e logo faz amizade com o misterioso Nishino
(Teruyuki Kagawa), um homem sem passado e com um comportamento bastante
estranho. Takakura e seu colega policial passam a desconfiar que Nishino pode ter
ligação com o caso da família desaparecida. A tensão aumenta a cada cena, ainda
mais com o auxílio de uma trilha sonora pulsante que lembra os filmes de Alfred
Hitchcock, do qual o diretor japonês é um confesso admirador. Podemos chamar a
primeira fase do filme como teórica: investigação, muito papo e interrogatórios.
Na fase prática, o filme deixa o suspense de lado e passa ao terror explícito,
quando o assassino e seus métodos são revelados. “Creepy” (pode ser traduzido como horripilante, assustador) é um filme bastante interessante que
merece ser visto como uma nova vertente criativa do gênero terror psicológico.
segunda-feira, 6 de março de 2017
“ELIS”, 2015, roteiro e direção de Hugo Prata (seu longa de
estreia), é uma cinebiografia da cantora Elis Regina. No filme, a trajetória
de Elis começa a ser contada quando ela chega ao Rio, aos 18 anos, em 1964,
como uma ilustre desconhecida para logo depois se transformar numa conhecida
ilustre. Estão lá retratados seu encontro com Ronaldo Bôscoli e Miéle no Beco
das Garrafas, seus shows arrasadores e o início de sua amizade com o
cantor/dançarino Lennie Dale. Elis chega a São Paulo para cantar “Arrastão”, de
Edu Lobo, no I Festival da Música Popular Brasileira da TV Excelsior, em 1965,
e mais uma vez levanta a plateia, conquistando o 1º lugar. Vem o convite da TV
Record para comandar, junto com Jair Rodrigues, o programa “O Fino da Bossa”. E
por aí vai a carreira daquela que é considerada até hoje a maior cantora que o
Brasil já teve - no que concordo plenamente. O filme dá maior ênfase à vida particular conturbada de Elis,
seu casamento com Bôscoli e depois com César Camargo Mariano, seu caso com
Nelson Motta, a perseguição que sofreu dos militares, a desavença com o
cartunista Henfil, seus shows nem sempre aclamados e, por fim, a fase depressiva
que a levaria à morte em 1982, aos 36 anos de idade. A atriz mineira Andréia
Horta representa Elis de forma magistral, incluindo caras e bocas, imitando com
perfeição os gestos que Elis fazia quando falava e cantava. Em algumas cenas, a
semelhança é incrível e emocionante. Entre os fatos importantes da carreira de Elis, porém, senti
falta de uma menção ao disco “Elis & Tom”, que gravou junto com o maestro
carioca, talvez seu trabalho musical mais importante. Não há também qualquer
referência à amizade com Milton Nascimento. Mesmo essas falhas de roteiro não
chegam a prejudicar o resultado final. O elenco é ótimo: Caco Ciocler (César Camargo Mariano), Gustavo Machado (Ronaldo Bôscoli), Lúcio Mauro Filho (Miéle), Júlio Andrade (Lennie Dale), Rodrigo Pandolfo (Nelson Motta) e César Trancoso (Marcos Lázaro). Para quem passou dos 60, viveu aquela época e acompanhou a trajetória de Elis, o filme é pura emoção. Simplesmente imperdível!
“UMA VIAGEM INFERNAL” (“HEATSTROKE”), “2013, EUA, roteiro e direção de Evelyn Purcell. A
história: Paul (Stephen Dorff), um biólogo, zoólogo e professor
norte-americano, planeja uma viagem à África do Sul para estudar o
comportamento das hienas. Ele pretende levar apenas sua namorada Tally
(Svetlana Metkina), mas acaba sendo obrigado a carregar na bagagem a “mala” Josie
(Maisie Williams, de “Game of Thrones”), sua filha adolescente. Eles chegam a
um acampamento instalado no deserto e, sem querer, descobrem a existência de um
grupo de mercenários envolvido com o tráfico de armas. Paul é assassinado pelos
bandidos, que agora vão atrás de Tally e de Josie. Até o desfecho, esta
perseguição preencherá toda a ação. O filme é muito fraco, o suspense é mínimo e a atuação do elenco é, no mínimo, constrangedora. O roteiro tem tantos furos que mais parece um queijo suíço. O
ator Stephen Dorff, que já fez bons filmes como, por exemplo, “Um Lugar
Qualquer” (2010), dirigido por Sofia Coppola, há tempos atua no elenco Série B
de Hollywood e não duvido que já esteja na Série C depois de “Uma Viagem
Infernal”. Posso estar enganado, mas o filme foi feito para alavancar a
carreira cinematográfica da atriz russa Svetlana Metkina. Se esta era realmente
a intenção, tudo foi por água abaixo, pois ela nunca mais fez nenhum filme. O papel de vilão sobrou para o ator Peter Stormare. Enfim,
mais uma bobagem descartável.
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