terça-feira, 24 de janeiro de 2017
“COME AND FIND ME” (na tradução literal, “Venha me
Encontrar”), EUA, 1h52min, 2016, escrito e dirigido por Zack Whedon (seu filme
de estreia). Trata-se de um suspense centrado no designer gráfico David (Aaron
Paul), que um dia conhece a fotógrafa Claire (Annabelle Wallis). Os dois se
apaixonam e acabam morando juntos. Claire tem um comportamento misterioso. Não revela
sua origem, não fala dos pais e nem da família. Seu passado é um enigma. Não
mais que de repente, Claire some do mapa sem deixar pistas, deixando David
desesperado. Ele começa a investigar o sumiço da amada por conta própria, o que
vai lhe acarretar uma série de problemas, inclusive físicos. David é agredido
por um amigo do casal, é detido e espancado por uma gangue numa loja de autopeças,
tem sua casa invadida por um intruso e, por fim, terá de enfrentar um estranho
que se diz agente do governo norte-americano. David finalmente descobre que
Claire esconde uma identidade secreta e um passado pra lá de misterioso. O roteiro é muito fraco, não explica, por
exemplo, a ligação de Claire com as pessoas que passam a perseguir David. O
desfecho, então, é ainda mais inexplicável. Nem com muita boa vontade dá para
recomendar.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2017
“INDIGNAÇÃO” (“Indignation”), EUA,
2016, primeiro filme escrito e dirigido por James Schamus, mais conhecido como
produtor e roteirista. A história é inspirada no romance homônimo escrito por Philip
Roth. Início dos anos 50, o jovem Marcus Messner (Logan Lerman, da franquia “Percy
Jackson”) consegue se livrar do recrutamento para a Guerra da Coreia
ingressando na conservadora Universidade Winesburg, em Ohio. Aqui, enfrentará o
preconceito por ser judeu num ambiente fervorosamente católico, se defrontará
com o rigoroso reitor Caudwell (Tracy Letts) em longas discussões por causa dos
seus posicionamentos e ainda conhecerá a aparentemente recatada Olivia Hutton
(Sarah Gadon), a bela estudante pela qual se apaixonará, embora ela seja
conhecida como “A Rainha do Boquete”. Marcus
se rebela contra o cenário de repressão moral da Universidade, enfrentando os
interrogatórios feitos pelo reitor Caudwell como se estivesse num tribunal. Esses
diálogos, com boas pitadas de erudição, valorizam e dão um sabor especial ao
filme. Se houvesse um selo de qualidade intelectual, eu certificaria “Indignação”.
A crítica especializada ficou dividida. Eu gostei muito e recomendo para quem curte cinema de qualidade.
“CAPITÃO FANTÁSTICO” (“CAPITAIN FANTASTIC”), EUA, 2016, roteiro e direção do Matt Ross. Lendo a sinopse, pensei que assistiria a uma aventura juvenil ao estilo da Disney. Que nada! O filme, embora com um elenco recheado de adolescentes e crianças, apresenta em seu desenrolar temáticas adultas, principalmente nos diálogos afiados, inteligentes e, acima de tudo, muito bem-humorados. O enredo é um tanto inverossímil – alguém criaria seus filhos, hoje em dia, dentro de uma floresta? -, mas a história é tão bem trabalhada que a gente deixa passar. Ben (Viggo Mortensen) vive com seus seis filhos no interior de uma floresta selvagem do Pacífico Norte. Ele submete a turma a um rigoroso treinamento diário, que inclui sobrevivência na selva, defesa pessoal, alpinismo e primeiros socorros, entre outras práticas. Ao mesmo tempo, Ben ensina filosofia, religião, política, biologia e física quântica, além dos ensinamentos baseados na sociedade idealizada pelo pensador norte-americano Noam Chomsky. Por causa da morte da mãe, Ben os filhos são obrigados a pegar a estrada para o funeral com o objetivo de não deixar enterrar o corpo, e sim cremá-lo, como era o desejo da falecida, budista de carteirinha. O filme entra numa fase road-movie. O choque com a dita civilização rende os momentos mais hilariantes, principalmente quando a turma visita a casa de parentes. Resumindo: o filme é encantador, comovente e divertido. Ou seja, imperdível!
domingo, 22 de janeiro de 2017
Sem dúvida,
o melhor filme nacional dos últimos anos. Para a ABRACCINE (Associação
Brasileira de Críticos de Cinema), o melhor filme brasileiro de 2016. Além
disso, o drama “AQUARIUS” consagra
em definitivo o talento de Sonia Braga. Com uma atuação espetacular, ela é a
alma do filme. Vamos à história: a jornalista e escritora aposentada Clara
(Sonia) mora há muitos anos num aconchegante apartamento no antigo edifício “Aquarius”,
na Avenida Boa Viagem, em frente ao mar do Recife. Viúva, três filhos adultos e
alguns netos, Clara vive solitária e rodeada de estantes de livros e discos de
vinil. Todos os seus vizinhos fizeram acordo com uma construtora, que pretende
demolir o imóvel e construir um novo edifício. Menos Clara. Mesmo com as ofertas
irrecusáveis, ela está irredutível. E vai lutar bravamente contra a
construtora, que passa a utilizar métodos nada amigáveis para convencê-la a
aceitar suas propostas. Clara é uma personagem fascinante e explorada com muita
competência pelo diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, também autor do
roteiro. Este é o seu segundo longa-metragem – o primeiro foi “O Som ao Redor”.
Entre as grandes sacadas de Kleber está a trilha sonora, recheada de antigos
sucessos nas vozes de Maria Bethânia, Roberto Carlos, Gilberto Gil e,
principalmente, Taiguara cantando “Hoje”. Emoção pura. O filme foi selecionado para
a mostra competitiva do Festival de Cannes 2016, durante o qual o elenco
protagonizou um patético protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff.
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