“CONDUTA DE RISCO” (“MICHAEL
CLAYTON”), 2007, Estados Unidos, 1h59m, roteiro e direção de Tony
Gilroy. Mesmo sendo um cinéfilo amador voraz há muitos anos, confesso que não sei como deixei
passar em branco este sensacional suspense de Hollywood, indicado a disputar
nada menos do que 7 categorias no Oscar 2008. Mesmo realizado em 2007, o filme
não perdeu seu forte impacto e continua tão moderno como era na época do seu
lançamento. A história é toda centrada no ex-promotor de justiça Michael
Clayton (George Clooney), empregado do Kenner, Bach & Ledeen, um dos
escritórios de advocacia mais conceituados de Nova Iorque. Sua função é limpar
a sujeira deixada por advogados da firma nos casos de maior evidência. No caso
de “Conduta de Risco”, Clayton precisa “segurar” as pontas num caso envolvendo
o maior cliente do escritório, a U/North. Arthur Edens (Tom Wilkinson) é o
advogado encarregado da defesa do grande cliente. Quando se preparava para a
defesa, porém, Arthur tem um surto paranoico e resolve, ao invés de defender a
U/North, denunciar suas maracutaias. Cabe a Clayton tentar reverter esse quadro.
Em meio a esta situação alarmante para sua empresa, Karen Crowder (Tilda
Swinton), uma das principais executivas da U/North, decide tomar as rédeas da situação
na base da violência. E aí vai sobrar para Arthur e também para Clayton. Pleno de
tensão e suspense, o filme tem como principal trunfo o roteiro magistral, escrito
pelo especialista Tony Gilroy, de “A Grande Muralha” e “Beirut”, entre outros
ótimos filmes. Para melhorar ainda mais, há várias reviravoltas que tornam “Conduta
de Risco” um entretenimento de primeira. Só para lembrar, entre as 7 indicações
ao Oscar 2008, concorreu nas categorias “Melhor Ator”, “Melhor Roteiro Original”,
“Melhor Diretor” e “Melhor Atriz Coadjuvante”, esta última vencida justamente
por Tilda Swinton. Além de Tilda, Wilkinson e George Clooney no auge da fama e
da forma, destaco no elenco a presença, como ator, do consagrado diretor Sidney
Pollack – morto em 2008 -, responsável por grandes filmes como “Três Dias do
Condor”, “A Firma” e “Destinos Cruzados”, entre tantos outros. “Conduta
de Risco” lembra um saudoso tempo em que Hollywood trabalhava com grandes roteiros. IMPERDÍVEL!
sexta-feira, 24 de abril de 2020
quinta-feira, 23 de abril de 2020
“À ESPERA DO AMANHÔ (“THEW
TOMORROW MAN”), 2019, Estados Unidos, 1h34m, filme de estreia
no roteiro e na direção de Noble Jones. O material de divulgação diz que se
trata de uma comédia romântica – como não consegui dar um sorriso, sou mais por
rotulá-lo de drama romântico. Trata-se de um romance da terceira idade, pois
reúne dois setentões à beira dos 80. A história é ambientada numa pequena cidade
do interior dos EUA. O aposentado Ed Hemsler (John Lithgow) conhece a viúva
Ronnie Meisner (a simpática Blythe Danner, mãe da também atriz Gwyneth
Paltrow). Os dois sempre se encontram no supermercado e, conversa vai conversa vem,
começam um namoro. Na verdade, ambos se combinam perfeitamente num aspecto: são
paranoicos. Há anos que Ed gasta praticamente toda a sua aposentadoria na
compra de mantimentos, estocando-os na garagem. Ele acredita que o fim do mundo
está próximo. Por seu lado, Ronnie compra tudo o que vê pela frente, mesmo
itens completamente desnecessários. Sua casa é um depósito de entulhos. Ela é a
famosa acumuladora. O romance entre os dois caminha num ritmo ao qual está
acostumado o pessoal da terceira idade. Ou seja, lento à beira do entediante.
Com exceção da dupla central de veteranos atores, que segura o filme até o
final, nada mais a destacar. Como sonífero, funciona perfeitamente. "À Espera do Amanhã" estreou em janeiro de 2019 durante a programação oficial do Sundance Film Festival (o festival do cinema independente norte-americano).
terça-feira, 21 de abril de 2020
“O QUEBRA-GELO” (“LEDOKOL” – nos
países de língua inglesa ficou “The Ice Breaker”), 2016, Rússia, 2h04m, direção
de Nikolay Khomeriki, seguindo roteiro escrito por Aleksey Onishehenko. A
história é baseada num fato real ocorrido em 1985, quando o navio quebra-gelo soviético“Mikhail
Gromov” ficou preso no gelo durante meses no Oceano Ártico. Para piorar a
situação, um iceberg gigante começa a se aproximar da embarcação, antecipando um desastre de proporções catastróficas. Em meio a esta situação de desespero, o capitão Petrov
(Pyotr Fyodorov) é demitido do cargo por ter sido acusado de causar o acidente.
Em seu lugar chega o capitão Sevchenko (Sergey Puskepalis), um cara autoritário
e sempre de mau-humor, não sendo, por isso, bem recebido pela tripulação. Aos
poucos, começa a faltar combustível para gerar energia, água potável e comida,
o que torna a situação ainda mais desesperadora. O cenário tem tanto gelo que
você é capaz de achar que colocar um copo de uísque embaixo da telinha pode
acontecer de cair uma pedra. Aliás, a ambientação e os efeitos especiais são de
primeira, aumentando ainda mais a tensão reinante. Enquanto isso, as
autoridades da marinha soviética tentam prestar socorro ao navio, enviando um
outro quebra-gelo e helicópteros. Mas enquanto a “cavalaria” não chega, a tripulação
do Mikhail Gromov” vai comer o pão que o diabo amassou – se tivesse pão, é
claro. O elenco é desconhecido para mim, com uma reduzida participação de atrizes. O destaque, do lado feminino, fica mesmo para "Susha", a cadelinha-mascote da tripulação. O filme é muito interessante, muito bem feito e é valorizado por uma
história incrível de sobrevivência, que, confesso, nunca tinha ouvido falar. Vale a pena!
segunda-feira, 20 de abril de 2020
“INIMIGOS ÍNTIMOS” (“FRÈRES ENNEMIS”), 2018,
França, produção Netflix, 1h52, direção de David Oelhofen, que também assina o
roteiro em conjunto com Jeanne Aptekman. Trata-se de mais um bom filme policial
e de ação do cinema francês. A história tem como pano de fundo a questão da
delinquência entre os imigrantes que há muitos anos ingressam na França aos
borbotões. No caso de “Inimigos Íntimos”, envolve um dos guetos mais perigosos
e violentos da periferia de Paris, dominado pelos árabes, muitos dos
quais envolvidos com assaltos e tráfico de drogas. O detetive Driss (Reda Kateb)
cresceu nessa parte da periferia, fez muitos amigos e agora está do lado da
lei. Entre os seus amigos mais íntimos estão Manuel Marco (o ator belga
Matthias Schoenarts) e Imrane Mogalia (Adel Bencherif), ambos envolvidos no tráfico
de drogas. Até que um dia Imrane é assassinado numa emboscada e Manual quase morre junto. As suspeitas
recaem sobre uma gangue rival, provavelmente por questões envolvendo a disputa
do mercado das drogas. Manuel Marco quer vingar a morte do amigo e, para isso,
pede ajuda a Driss. Os dois tentarão trabalhar juntos para identificar os
criminosos, tarefa que se torna bastante difícil porque Driss, por ter sido
criado no gueto, nunca foi de confiança de seus colegas policiais. Manual acaba
sendo perseguido pelos assassinos de Imrane e pela própria polícia. É mais um thriller
psicológico, que prioriza o relacionamento entre o pessoal do gueto, suas
tradições religiosas e familiares e,
principalmente, os laços de amizade que os unem, em detrimento da ação, embora reserve
alguns bons momentos de violência, pancadarias, tiros e perseguições. Lembro
ainda que roteiro foi baseado no livro “Frères Annemis”, de 1992, escrito pelo
búlgaro radicado em Israel Michael Bar-Zohar. Destaco a atuação desses dois
grandes nomes do cinema europeu da atualidade, o belga Matthias Schoenarts, do “Ferrugem
e Osso”, e o francês Reda Kateb, de “Django”, no qual interpreta o lendário guitarrista
de jazz Django Reinhardt, e de “Longe dos Homens”, também dirigido por David
Oelhofen. Como já afirmei no início deste comentário, “Inimigos Íntimos” é mais
um excelente filme de ação francês. Para quem gosta do gênero é tiro certo!
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