sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Lúgubre, macabro, depressivo, sórdido, tedioso. Somados, esses adjetivos definem com propriedade o drama francês “UMA HISTÓRIA DE AMOR” ("Une Histoire D’Amour”), 2013, estreia na direção da atriz Hélène Fillières, que também escreveu o roteiro. O título, portanto, é bastante enganoso. Falando claramente, mentiroso. A história é inspirada no livro “Sévère”, de Régis Jauffret, lançado em 2010. Um rico banqueiro (o ator belga Benoît Poelvoorde) sofre de transtornos psicológicos. Um carente psicótico. É pervertido e adora o sadomasoquismo. Esse tipo de prazer ele consegue nos encontros com uma prostituta (Laetitia Casta), que por sua vez tem uma ligação com um homem mais velho (Richard Bohringer), mas não são casados. Uma confusão que não é esclarecida, assim como o fato dos personagens não terem nome. O enredo transcorre numa série de situações inexplicáveis, compondo cenas num ritmo de dar sono. Enfim, tedioso demais, pretensioso demais. Não dá para recomendar um filme que, depois de terminar, faz você pensar por que alguém teve a coragem de produzi-lo, além de gastar um bom dinheiro com a contratação de dois astros como Benoît Poelvoorde e Laetitia Casta. Dos últimos filmes franceses que assisti, este é, sem dúvida, um dos piores.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

“O JULGAMENTO DE VIVIANE AMSALEM” (“Le Procès de Viviane Ansalem”), 2014, co-produção Israel/França, foi escrito e dirigido pelos irmãos Ronit e Shlomi Elkabetz. Ronit também é a atriz principal do filme. Ela interpreta Viviane Amsalem, uma mulher que há três anos luta para se divorciar de Elisha (Simon Abkerian) - ele não comparece às primeiras audiências e nem por isso é punido. O motivo da separação? Ela não o ama mais. Simples e objetivo. Lá em Israel, porém, não é tão fácil assim. O filme acompanha as audiências no decorrer de anos, durante os quais os juízes – na verdade, rabinos – pendem claramente para o lado do marido. Informação: em Israel, só os rabinos podem legitimar ou dissolver um casamento. O cenário é o mesmo o filme inteiro: uma sala com os rabinos, um escrevente, os litigantes e seus respectivos advogados. Isso não significa que o filme é entediante. A força dos diálogos, os ótimos atores e um pouco de humor – principalmente durante o depoimento de algumas testemunhas - aliviam a tensão do ambiente, transformando o filme num bom entretenimento. Aliás, este foi o candidato de Israel ao Globo de Ouro e ao Oscar 2015 de Melhor Filme Estrangeiro. Do mesmo gênero e temática, recomendo também o iraniano “A Separação”, Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2012, este sim uma pequena obra-prima.  

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

“O NOME DO FILHO” (“IL NOME DEL FIGLIO”), 2015, estreia na direção de Francesca Archibugi, uma das principais atrações da 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Trata-se de uma comédia italiana, na verdade uma refilmagem do filme francês “Qual o nome do bebê?”, de 2012. A história é inspirada numa peça de teatro escrita por Mathieu Delaporte e Alexandre de La Pattelière, justificando, portanto, o estilo teatral utilizado nas adaptações cinematográficas. Sandro (Luigi Lo Cascio) e Betta (Valeria Golino) recebem para jantar o cunhado Paolo (Alessandro Gassman, filho do grande Vittorio) - irmão de Betta -, sua esposa Simona (Micaela Ramazzotti), e o amigo Claudio (Rocco Papaelo). Ainda nos aperitivos, Paolo anuncia que escolheu o nome do seu futuro filho. O nome, associado a um antigo líder fascista, desagrada a todos os demais, principalmente Sandro, um fanático de esquerda. Aí começa toda a confusão. Muita roupa suja será lavada durante o jantar, mas o que importa mesmo é que os diálogos são ótimos, inteligentes, culminando com algumas revelações que irão colocar mais lenha na fogueira do ambiente. O sotaque italiano e a maneira exaltada de falar contribuem para deixar essa comédia ainda mais saborosa. As duas versões – a francesa e a italiana – são ótimas. Escolha qualquer uma e você estará garantindo muitas risadas.    
De “O Poderoso Chefão” a “Os Bons Companheiros”, este último o melhor de todos, sempre fui fã de filmes sobre a Máfia. Se a história for baseada em fatos reais, melhor ainda. É o caso de “ALIANÇA DO CRIME” (“Black Mass”), EUA, 2015, roteiro e direção de Scott Cooper ("Tudo por Justiça"), que conta a trajetória de James “Whitey” Bulger, um dos criminosos mais famosos de Boston, chefe da máfia irlandesa. Além disso, irmão de um poderoso senador, o que deixa a história ainda mais saborosa. Bulger é interpretado por um irreconhecível Johnny Depp, calvo e com lentes de contato que o fizeram ficar com os olhos claros. Nos anos 80, para se livrar de uma “família” da máfia italiana, concorrente de seus negócios ilícitos, Bulger resolveu ser informante do FBI. O filme apresenta fatos da vida pessoal do criminoso, sua relação com o agente do FBI John Connelly (Joel Edgerton) e, em detalhes, mostra como ele tratava os seus delatores e inimigos. A interpretação de Johnny Depp é sensacional, o que provavelmente o colocará como um dos favoritos ao Oscar 2016 (previsão minha, pois nem sei se será indicado). O filme é muito bom não apenas pela história em si, mas também pelo excelente roteiro e, principalmente, pelo ótimo elenco, que conta ainda com Dakota Johnson, Peter Sarsgaard, Benedict Cumberbatch, James Russo, Juno Templo, Corey Stoll e Kevin Bacon. Não deixe de ver os créditos finais, que contêm informações sobre o destino dos personagens envolvidos na história real. Resumindo, um filmaço!