Lúgubre,
macabro, depressivo, sórdido, tedioso. Somados, esses adjetivos definem com
propriedade o drama francês “UMA HISTÓRIA DE AMOR” ("Une
Histoire D’Amour”), 2013, estreia na
direção da atriz Hélène Fillières, que também escreveu o roteiro. O título,
portanto, é bastante enganoso. Falando claramente, mentiroso. A história é
inspirada no livro “Sévère”, de Régis Jauffret, lançado em 2010. Um rico
banqueiro (o ator belga Benoît Poelvoorde) sofre de transtornos psicológicos. Um carente psicótico. É
pervertido e adora o sadomasoquismo. Esse tipo de prazer ele consegue nos
encontros com uma prostituta (Laetitia Casta), que por sua vez tem uma ligação
com um homem mais velho (Richard Bohringer), mas não são casados. Uma confusão que
não é esclarecida, assim como o fato dos personagens não terem nome. O enredo
transcorre numa série de situações inexplicáveis, compondo cenas num ritmo de
dar sono. Enfim, tedioso demais, pretensioso demais. Não dá para recomendar um
filme que, depois de terminar, faz você pensar por que alguém teve a coragem de
produzi-lo, além de gastar um bom dinheiro com a contratação de dois astros
como Benoît Poelvoorde e Laetitia Casta. Dos últimos filmes franceses que
assisti, este é, sem dúvida, um dos piores.
sexta-feira, 6 de novembro de 2015
terça-feira, 3 de novembro de 2015
“O JULGAMENTO DE VIVIANE AMSALEM” (“Le Procès de
Viviane Ansalem”), 2014, co-produção Israel/França,
foi escrito e dirigido pelos irmãos Ronit e Shlomi Elkabetz. Ronit também é a
atriz principal do filme. Ela interpreta Viviane Amsalem, uma mulher que há
três anos luta para se divorciar de Elisha (Simon Abkerian) - ele não comparece às primeiras audiências e nem por isso é punido. O motivo da separação? Ela não
o ama mais. Simples e objetivo. Lá em Israel, porém, não é tão fácil assim. O
filme acompanha as audiências no decorrer de anos, durante os quais os juízes –
na verdade, rabinos – pendem claramente para o lado do marido. Informação: em
Israel, só os rabinos podem legitimar ou dissolver um casamento. O cenário é o
mesmo o filme inteiro: uma sala com os rabinos, um escrevente, os litigantes e
seus respectivos advogados. Isso não significa que o filme é entediante. A
força dos diálogos, os ótimos atores e um pouco de humor – principalmente durante o
depoimento de algumas testemunhas - aliviam a tensão do ambiente, transformando
o filme num bom entretenimento. Aliás, este foi o candidato de Israel ao Globo de Ouro e ao Oscar
2015 de Melhor Filme Estrangeiro. Do mesmo gênero e temática, recomendo também o
iraniano “A Separação”, Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2012, este sim uma pequena
obra-prima.
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
“O NOME DO FILHO” (“IL NOME DEL FIGLIO”), 2015, estreia na direção de Francesca Archibugi, uma das principais atrações da
39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Trata-se de uma comédia
italiana, na verdade uma refilmagem do filme francês “Qual o nome do bebê?”, de
2012. A história é inspirada numa peça de teatro escrita por Mathieu Delaporte
e Alexandre de La Pattelière, justificando, portanto, o estilo teatral utilizado
nas adaptações cinematográficas. Sandro (Luigi Lo Cascio) e Betta (Valeria
Golino) recebem para jantar o cunhado Paolo (Alessandro Gassman, filho do
grande Vittorio) - irmão de Betta -, sua esposa Simona (Micaela Ramazzotti), e
o amigo Claudio (Rocco Papaelo). Ainda nos aperitivos, Paolo anuncia que
escolheu o nome do seu futuro filho. O nome, associado a um antigo líder
fascista, desagrada a todos os demais, principalmente Sandro, um fanático de
esquerda. Aí começa toda a confusão. Muita roupa suja será lavada durante o
jantar, mas o que importa mesmo é que os diálogos são ótimos, inteligentes, culminando
com algumas revelações que irão colocar mais lenha na fogueira do ambiente. O
sotaque italiano e a maneira exaltada de falar contribuem para deixar essa
comédia ainda mais saborosa. As duas versões – a francesa e a italiana – são ótimas.
Escolha qualquer uma e você estará garantindo muitas risadas.
De “O
Poderoso Chefão” a “Os Bons Companheiros”, este último o melhor de todos,
sempre fui fã de filmes sobre a Máfia. Se a história for baseada em fatos
reais, melhor ainda. É o caso de “ALIANÇA DO CRIME” (“Black
Mass”), EUA, 2015, roteiro e direção de Scott Cooper ("Tudo por Justiça"), que conta a
trajetória de James “Whitey” Bulger, um dos criminosos mais famosos de Boston,
chefe da máfia irlandesa. Além disso, irmão de um poderoso senador, o que deixa a história ainda mais saborosa. Bulger é
interpretado por um irreconhecível Johnny Depp, calvo e com lentes de contato
que o fizeram ficar com os olhos claros. Nos anos 80, para se livrar de uma “família”
da máfia italiana, concorrente de seus negócios ilícitos, Bulger resolveu ser
informante do FBI. O filme apresenta fatos da vida pessoal do criminoso, sua
relação com o agente do FBI John Connelly (Joel Edgerton) e, em detalhes,
mostra como ele tratava os seus delatores e inimigos. A interpretação de Johnny
Depp é sensacional, o que provavelmente o colocará como um dos favoritos ao
Oscar 2016 (previsão minha, pois nem sei se será indicado). O filme é muito bom
não apenas pela história em si, mas também pelo excelente roteiro e,
principalmente, pelo ótimo elenco, que conta ainda com Dakota Johnson, Peter
Sarsgaard, Benedict Cumberbatch, James Russo, Juno Templo, Corey Stoll e Kevin
Bacon. Não deixe de ver os créditos finais, que contêm informações sobre o
destino dos personagens envolvidos na história real. Resumindo, um filmaço!
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