sábado, 19 de dezembro de 2020

 

ISI & ROSSI, 2020, é o primeiro filme original Netflix gravado na Alemanha. Tem duração de 1h35m, com roteiro e direção de Olivier Kiele. É uma comédia romântica diferente daquelas produzidas por Hollywood, açucaradas e cheias de “mimimi”. “Isi & Rossi” apresenta um humor ácido e picante, bem ao estilo alemão. Tem até o avô de um dos personagens que fica preso durante 16 anos e sai da cadeia especialista em cantar rap. Vamos à história. A jovem Isi (Lisa Vicari) é filha de pais milionários que moram em um castelo em Heidelberg. Ela tem como objetivo estudar culinária em Nova Iorque e se tornar chef de cozinha, já que nos estudos é um zero à esquerda. Manfred Voigt (Hans-Jochen Wagner) e Claudia Voigt (Christina Hecke), os pais de Isi, querem que ela ingresse numa faculdade. Como ela é burrinha, eles resolvem comprar uma vaga. Isi fica revoltada com a atitude dos pais e resolve afrontá-los. Primeiro, vai trabalhar na cozinha de uma lanchonete de quinta categoria. Depois, quer encontrar algum jovem pobre para namorar. É aqui que entra na história Ossi (Dennis Mojen), um rapaz chucro, grosso e mal-educado, cujo principal objetivo na vida é se tornar um lutador de boxe profissional. A família do jovem é complicada. A mãe, solteira (Lisa Hagmeister), é chegada no álcool e vive endividada. O avô (Ernst Stötzner) é um ex-detento que vira cantor de rap (são dele os melhores momentos de humor do filme). Imagine quando os aristocráticos pais de Isi conhecerem Ossi e sua família. Nesse contexto, o diretor Olivier Kiele destaca a disparidade entre as classes sociais dos dois jovens. Destaque para a química entre os atores Lisa Vicari e Dennis Mojen, um dos pontos altos da comédia. Outro que merece destaque é o ator russo Ernst Stötzner como o avô rapper. “Isi & Rossi” é uma ótima opção de diversão para esses tempos tão tenebrosos. Viva a comédia! (Com esse filme, meu blog chega à marca de 2.000 filmes comentados. Obrigado pela audiência).



                        

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

 

TEMPESTADE: PLANETA EM FÚRIA (“GEOSTORM”), 2017, Estados Unidos, 1h49m, disponível na plataforma Netflix, direção de Dean Devlin, que também assina o roteiro com a colaboração de Paul Guyot. É mais um disaster movie para lembramos que não estamos seguros e que, de repente, tudo pode acabar numa tragédia. Tudo começa com um provável defeito no sistema “Dutch Boy’, uma rede de satélites ao redor da Terra criada para controlar o clima no planeta, cuja concepção envolveu 17 países. No início da catástrofe, algumas das principais cidades do mundo são afetadas por efeitos climáticos desastrosos, como aquecimento repentino, congelamento, terremotos, maremotos e furações. Enfim, pânico geral. No começo, são atingidas importantes cidades como Cabul (Afeganistão), Hong-Kong, Madrid, Dubai e até o Rio de Janeiro. Para tentar solucionar o defeito no “Dutch Boy”, o governo norte-americano convoca o engenheiro Jake Lawson (Gerard Butler), responsável pela implementação do sistema, o que incluiu a construção de uma estação orbital internacional. Jake é enviado à estação e lá descobrirá que por trás do defeito no “Dutch Boy” há uma conspiração para matar o próprio presidente dos Estados Unidos. O roteiro incluiu algumas subtramas, como a relação conflituosa entre Jake e o seu irmão mais novo Max (Jim Sturgess), além do namoro proibido deste com Sarah (Abbie Cornish), uma agente do serviço secreto. O filme reserva muita ação do começo ao fim, com sequências de tirar o fôlego. Ainda estão no elenco Andy Garcia, como o presidente Palma – de origem latina, talvez para dar uma “cutucada” em Trump -, Ed Harris como Dekkom, assessor especial do presidente, e a atriz romena Alexandra Maria Lara, comandante da estação espacial internacional. Se há um ponto de destaque no filme são os efeitos especiais – ou espaciais. São realmente sensacionais. Além disso, não há muito o que se destacar. No entanto, devo reconhecer que é um ótimo entretenimento.                     

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

 

GOSTOS E CORES (“LES GOÛTES ET LES COULEURS”), 2018, França, 1h35m, direção de Myriam Aziza, que também assina o roteiro com a colaboração de Denyse Rodriguez-Tomé. Trata-se de uma comédia romântica que explora vários temas, tais como homossexualismo, religião, racismo, imigração, orientação sexual, preconceito etc. Tudo junto e misturado. Vou resumir a história. A família Benloulou, cujos pais são judeus ortodoxos, tem três filhos: o mais velho é casado, o do meio é homossexual e a mais nova é lésbica. Olha o problemão dos conservadores Benloulou. Enquanto seu irmão já saiu do armário, a mais nova, Simone (Sarah Stern), ainda não revelou sua verdadeira opção sexual. Ela vive um romance secreto com Claire (Julia Piaton) há três anos e sempre consegue se desvencilhar dos casamentos arranjados pelos pais. A confusão não poderia ser maior. Poderia ser, sim, pois Simone começa a rever os seus conceitos depois que conhece o senegalês Wali (Jean-Christophe Folly), cozinheiro de um restaurante. E aí a coisa se complica ainda mais. Ainda estão no elenco Clémentine Poidatz, Catherine Jacob e Richard Barry. O filme até que funciona bem na sua primeira metade, mas depois o ritmo de comédia cai vertiginosamente, culpa de um roteiro pouco criativo e desenvolvido sem boas ideias. A solução criada para o final é simplesmente lamentável. Pena, pois a história daria margem para inúmeras outras situações, principalmente de humor. De 0 a 10, uma nota 5, e olhe lá!.                  

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

 

“A INCRÍVEL HISTÓRIA DA ILHA DAS ROSAS” (“L’INCREDIBILE STORIA DELLE ROSE”), 2020, Itália, 1h57m, produção Netflix, direção de Sydney Sibilia, que também assina o roteiro com a colaboração de Francesca Manieri. A história é baseada em incríveis eventos reais ocorridos no final dos anos 60. Giorgio Rosa (Elio Germano) é um engenheiro que ficou conhecido em Rimini (cidade natal de Federico Fellini) por suas invenções, inclusive um automóvel muito esquisito. Porém, ele não estava particularmente feliz. Queria criar algo que tivesse uma grande repercussão e modificasse sua vida. Em companhia de um amigo também engenheiro, Giorgio tem a ideia que construir uma ilha – na verdade, uma plataforma de 400 m² suspensa por pilares de aço. Giorgio queria mais do que uma ilha. Ele queria criar uma nova nação independente. Por isso, a instalou 500 metros além das águas territoriais italianas, a nomeou República da Ilha Rosa com o esperanto como língua oficial. Georgio foi até mesmo para Nova Iorque tentar na ONU o reconhecimento da nova nação. Devido à repercussão enorme na mídia, a “ilha” logo se transformou num point da juventude de Rimini e de outras cidades italianas. Milhares de jovens queriam abandonar a cidadania italiana para se naturalizar cidadãos da nova nação. Claro que isso tudo começou a incomodar o governo conservador italiano, que elaborou um plano para acabar com a ilha, inclusive utilizando as forças armadas. Enfim, uma loucura imaginar que tudo isso tenha acontecido de verdade. O ótimo elenco conta ainda com Fabrízio Bentivoglio, Tom Wlaschiha, Matilda De Angelis e a participação especial do ator francês François Cluzet ("Intocáveis"). Somente a história em si já é motivo para tornar “A Incrível História da Ilha das Rosas” um filme obrigatório. Porém, tem mais: muito humor, romance e uma primorosa recriação de época que destaca uma deliciosa trilha sonora dos anos 60. Mais um gol de placa do cinema italiano e da Netflix.                   

domingo, 13 de dezembro de 2020

Mais uma ótima opção disponível na Netflix: “MAIS UMA CHANCE” (“PRIVATE LIFE”), 2018, Estados Unidos, 2h7m, roteiro e direção de Tamara Jenkins. A história é centrada na escritora Rachel (Kathryn Hahn) e no seu marido Richard (Paul Giamatti), um bem sucedido produtor e diretor de teatro. Há anos que o casal deseja um filho, mas ela não consegue engravidar. Já tentaram inúmeros métodos de fertilização, sem resultado positivo. Como última alternativa, procuram doadoras de óvulos na internet, o que também não dá certo. Finalmente, encontram uma possível solução "caseira": a sobrinha Sadie (Kayli Carter), que topa na hora participar da tentativa. Só que os pais de Sadie, Cynthia (Molly Shannon) e Charlie (John Carroll Lynch), irmão de Richard, são radicalmente contra, o que acaba gerando uma grande crise familiar. Apesar do contexto dramático e da seriedade do tema, o filme é repleto de bom humor, diálogos inteligentes, ácidos e cheios de ironia, com referências a clássicos do cinema, lembrando o estilo de Woody Allen, sem ser tão verborrágico. Também lembra Allen o fato de o filme ser todo ambientado em Nova Iorque, assim como a trilha sonora. Mas o grande trunfo é, sem dúvida, o elenco. As atuações, principalmente de Giamatti e Kathryn Hahn, são primorosas. Enfim, um filme independente de alto nível, comprovando que Tamara Jenkins, como já demonstrou em “A família Savage”, pelo qual foi indicada ao Oscar de melhor roteiro em 2008, é uma das cineastas mais talentosas do cinema norte-americano atual. O filme estreou no Festival Sundance de Cinema Independente (2018), arrancando elogios da crítica e do público. Realmente, “Mais uma Chance” é imperdível, cinema de muita qualidade.