Já vi
muitos filmes bons com elencos formados por ilustres desconhecidos, assim como
assisti a muitos filmes ruins com astros consagrados. Neste segundo caso incluo
“BELEZA OCULTA” (“Collateral Beauty”), EUA, 2016. Olha só o elenco: Will Smith, Kate Winslet,
Helen Mirren, Keira Knightley, Edward Norton, Michael Peña e Naomi Harris. Elenco de primeira para um filme de segunda. A
história: o empresário Howard (Smith) é um dos sócios de uma famosa agência de
propaganda. É considerado um gênio criativo e dos negócios. Depois da morte de sua filha de 6 anos
de idade, ele entra em crise existencial, se transforma num morto-vivo, começa a brincar com peças de dominó e a escrever cartas para a Morte, o Tempo e a Vida. É mole? Tem mais. Seus sócios
na agência resolvem contratar atores para representar os destinatários das
cartas e tentar conversar com Howard. Quer mais? Uma mãe que também perdeu a
filha ouve um conselho de uma misteriosa mulher: “Você precisa ver a beleza oculta”. Vá
dizer isso a alguém que acaba de perder um ente querido. Os responsáveis por
esse besteirol: o roteirista Allan Loeb (“Coincidências do Amor”) e o diretor
David Frankel (“Marley & Eu”). Eles tentaram fazer um filme para o público
chorar, exagerando no tom emotivo e no sentimentalismo barato, utilizando diálogos
artificiais e de uma profundidade milimétrica. Com toda razão, o filme foi
massacrado pela crítica especializada. Não perca seu tempo!
quinta-feira, 23 de março de 2017
quarta-feira, 22 de março de 2017
Baseado
em fatos reais, relatados no livro “The Septembers of Shiraz”, da escritora
iraniana Dalia Sofer, e transformado em roteiro por Hanna Weg, o drama “SETEMBRO
EM SHIRAZ” (“Setptembers of Shiraz”), EUA, 2015, conta a história de uma
família judia que sofreu nas mãos dos radicais fieis ao regime do aiatolá
Khomeini logo após a deposição do Xá Reza Pahlevi, em 1979. Isaac (Adrien Brody)
é um joalheiro de sucesso em Teerã, mas depois da revolução é acusado de ser
espião de Israel. Ele é preso e torturado, enquanto sua esposa Garnez (Salma
Hayek) faz de tudo para libertá-lo. A situação de Isaac se complica ainda mais quando
descobrem uma carta onde o deposto Xá Pahlevi agradece e elogia um de seus
trabalhos. Dirigido pelo diretor australiano Wayne Blair (“Música da Alma”), o
filme consegue manter o clima de tensão do começo ao fim. O filme é quase todo
falado em inglês, com Adrien Broden e Salma Hayek tentando caprichar no sotaque.
Vale ser visto por contar uma história que realmente aconteceu. A ideologia implementada naquela época no Irã tem muito a ver com os princípios do atual e sanguinário
Estado Islâmico.
segunda-feira, 20 de março de 2017
“LATIN LOVER”, 2014, Itália, roteiro e direção de Cristina
Comencini. No 10º aniversário da morte do famoso galã Saverio Crispo (Francesco
Scianna), sua cidade natal resolve resgatar sua memória com um dia de
homenagens. Além de grande ator, requisitado inclusive por Hollywood, Saverio
era um mulherengo crônico - impossível não lembrar de Marcelo Mastroianni. As duas viúvas oficiais, mais suas cinco filhas são convidadas para participar desse dia especial. Elas se reencontram um
dia antes, oportunidade em que relembram a convivência que tiveram com Saverio,
trocam confidências e revelam alguns segredos de alcova. Além disso, há o
marido espanhol de uma delas, que assedia a cunhada mais jovem e bonita. No
fundo, Cristina Comencini (“O Mais Belo Dia da Minha Vida”) presta uma
homenagem ao cinema italiano, resgatando o gênero que consagrou, entre outros, os diretores Dino
Risi e Mario Monicelli, dois mestres da comédia. No desfecho, a projeção de um
documentário com Saverio lembra a cena final de uma obra-prima do cinema
italiano: “Cinema Paradiso”, de Giuseppe Tornatori. O principal trunfo de
Comencini foi contar com um excelente elenco feminino: Virna Lisi, Marisa Paredes,
Valeria Bruni Tedeschi, Angela Finocchiaro, Candela Peña, Nadeah Miranda. Este,
aliás, foi o último filme da diva Virna Lisi, a atriz mais bonita do cinema
italiano nos anos 60/70, que morreu logo depois do final das filmagens. O filme
é dedicado a ela. Também atuam com destaque os atores espanhóis Lluís Homar e
Jordi Mollià. Enfim, um programa delicioso.
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