“MULHERES DO SÉCULO XX”
(“20TH CENTURY WOMEN”), 2016, EUA, roteiro e direção de Mike Mills. Trata-se de uma produção
independente que mereceu duas indicações ao Oscar 2017: “Melhor Roteiro” e “Melhor
Atriz” (Annette Bening). Ambientada na segunda metade dos anos 70, a história é
centrada em Dorothea Fields (Bening), uma cinquentona divorciada que cria
sozinha o filho adolescente Jamie (Lucas Jade Zumann). Tudo acontece ao redor
de Dorothea, que aluga um quarto da casa para a jovem Abbie (Greta Gerwig) e
outro para William (Billy Crudup). A jovem Julie (Elle Fanning), amiga de infância
de Jamie, também frequenta o círculo familiar, mas de maneira diferente: ela entra
escondida pela janela e vai dormir com Jamie – na base da amizade. Recheado de
diálogos e reflexões bem-humoradas, o roteiro procura destacar o modo de pensar
das diferentes gerações, assim como tenta fazer um passeio cultural e
comportamental da família norte-americana nos anos 70, com direito a discussões
sobre sexo – o principal assunto –, política, anticoncepcionais, família, religião etc., com direito à
reprodução de uma parte de um discurso em cadeia nacional do então presidente Jimmy Carter. Outro
destaque no filme é o enfoque dado ao nascimento do movimento punk, do qual a
jovem Abbie é adepta fanática. O filme tem bons momentos, como nos diálogos
entre Jamie e a mãe, além de um jantar constrangedor entre amigos durante o qual os assuntos
principais são “menstruação” e “orgasmo”. Com relação ao elenco, gostei da atuação
de Annette Bening, embora tenha exagerado um pouco em caras e bocas, e também de
Elle Fanning, cada dia mais competente. Dá para assistir numa boa, mas não chega a justificar uma recomendação entusiasmada.
sábado, 11 de novembro de 2017
quinta-feira, 9 de novembro de 2017
Quem acompanha o noticiário esportivo sabe que o ciclista
norte-americano Lance Armstrong foi um grande fenômeno. Basta lembrar que,
entre 1999 e 2005, venceu sete edições do Tour
de France, a mais importante prova
ciclística do mundo. Desde os anos 90, Armstrong dominava o cenário esportivo
mundial, chegando ao nível de herói nacional, principalmente depois que venceu
um câncer e voltou a competir em alto nível. Em 2012, porém, a revelação
bombástica: durante todos aqueles anos, Armstrong utilizou substâncias químicas
proibidas, anabolizantes e o EPO (Eritropoietina). Caiu em desgraça no mundo
esportivo, perdeu seus títulos e acabou execrado por todos aqueles que o
consideravam um verdadeiro “Capitão América”. Toda essa história está contada
no drama “O PROGRAMA” (“The Program”),
2016, Inglaterra/França, dirigido pelo veterano diretor inglês Stephen Frears. Para
esse projeto, Frears adaptou o livro “Sete Pecados Capitais”, escrito pelo
jornalista irlandês David Walsh (Chris O’Dowd), que durante anos investigou a
possibilidade do ciclista norte-americano ter utilizado substâncias químicas
ilegais para vencer as competições. O filme também destaca a ligação de
Armstrong (Ben Foster) com o médico italiano Michelle Ferrari (Guillaume
Canet), que há anos dopava vários atletas de ponta. Frears foca todo o seu
filme na questão do doping, não abrindo espaço para mostrar como foram algumas
de suas vitórias e nem mesmo a vida particular do atleta. Não é o melhor
trabalho de Stephen Frears, diretor de filmes memoráveis como “Ligações
Perigosas”, “Alta Fidelidade”, “A Rainha”, “Philomena” e “Florence - Quem é
Essa Mulher?”, mas obrigatório para quem curte o mundo esportivo.
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
“NOSSAS NOITES” (“Our
Souls at Night”), 2017,
produção Netflix, direção do indiano Ritesh Batra (“The Lunchbox”), com roteiro
de Scott Neustadter e Michael H. Heber, que adaptaram a história do romance
escrito por Kent Haruf, cujo título é o mesmo do original do filme. Louis Waters (Robert Redford) e Addie Moore (Jane
Fonda) são vizinhos de muitos anos e suas famílias chegaram a se relacionar.
Quando ficaram viúvos, porém, deixaram de se falar por um bom tempo. Um dia,
porém, Addie resolve tomar a iniciativa e procura Louis, se queixando de que
não aguentava mais a solidão da noite, principalmente na hora de dormir. Ela
faz, então, uma inusitada e surpreendente proposta: dormirem juntos, deixando claro
que “sem sexo”. A partir daí começa uma grande amizade e a promessa de um caso
de amor, que nem as inconvenientes visitas de Gene (o ator belga Mathias
Schoenaerts), filho dela, e de Holly (Judy Greer), filha dele, conseguem
estragar. Como é bom ver dois artistas tão veteranos (Redford tem 81 e Fonda 79
anos) em plena forma, esbanjando charme e ainda atuando com grande competência. Aliás, esta é a quarta
vez que eles contracenam juntos, depois de “Caçada Humana” (1966), “Descalços
no Parque” (1967) e “O Cavaleiro Elétrico” (1979). O filme foi dirigido com
muita sensibilidade pelo jovem diretor indiano, transformando-se num entretenimento
dos mais agradáveis. Redford também assina a produção. Resumo da ópera: Redford e Fonda juntos tornam esse filme imperdível!
domingo, 5 de novembro de 2017
Pouco antes de morrer, em outubro de 2016, o consagrado diretor
polonês Andrzej Wajda encerrou sua carreira com chave de ouro, realizando o
ótimo “AFTERIMAGE” (“POWIDOKI”), com roteiro de Andrzej Mularczyk. O
filme conta a história dos últimos anos de vida de Wladyslaw Strzeminski (Boguslan
Linda), considerado o mais
importante artista plástico de vanguarda da Polônia no Século XX. Como pano de
fundo para a história está o domínio soviético sobre a Polônia a partir de
1948, contra o qual o artista se insurgiu e depois sofreu as consequências – o aspecto
político da história da Polônia sempre esteve presente nos filmes de Wajda. Strzeminski
não tinha uma perna e um braço, o que não o impedia de exercer sua criatividade
e dar aulas na Escola de Belas Artes de Lodz. Os estudantes o idolatravam. Suas
palestras eram com plateia lotada, repleta de jovens que queriam ouvir sua
opinião sobre tudo, inclusive política. Strzeminski não abria mão de sua liberdade
artística e de expressão, recusando-se a obedecer as “orientações” artísticas
das autoridade soviéticas. Mais um grande filme de Wajda, selecionado para representar a Polônia na disputa do Oscar 2017 de Melhor Filme Estrangeiro. Imperdível!
Sempre gostei de filmes que abordam a questão Palestina, a difícil convivência com Israel, a cultura de cada povo, os imbróglios políticos que
envolvem aquela região. “OS ÁRABES
TAMBÉM DANÇAM” (“Aravim Rokdim”),
2014, Israel, direção de Eran Riklis, trata de todos esses assuntos. A história,
ambientada a partir de 1982, quando Israel invade o Líbano, é baseada no livro
autobiográfico “Dancing Arabs”, escrito por Sayed Kashua, que também assina o
roteiro. A trama é centrada no jovem Eyad (Tawfeek Barhom), que reside com a
família árabe no vilarejo de Tira. Esperto e inteligente, Eyad consegue uma
bolsa para estudar na prestigiada Israel Arts and Science Academy, em
Jerusalém. Sua origem árabe fará com que Eyad enfrente muitos desafios, como o
da língua, da cultura e muito preconceito. Até o romance com uma judia, Naomi
(Danielle Kitsis), será tumultuado por causa das diferenças culturais. No
filme, há muitos momentos sensíveis, como a amizade de Eyad com Yonatan
(Michael Moshonov), um jovem israelense que sofre de uma grave doença
degenerativa, e com a mãe dele, Edna (Yaël Abecassis). Nos créditos iniciais
aparece a informação de que 20% dos cidadãos israelenses são árabes, o que dá
um total de 1.617.000 pessoas. Fica evidente na narrativa e nas situações que a
mensagem que o diretor quis transmitir é a seguinte: não deveria haver tanta
inimizade, pois somos praticamente irmãos. Sem dúvida, um filme bastante
esclarecedor e realizado com grande sensibilidade. Do mesmo diretor recomendo “A
Noiva Síria”, “Lemon Three” e “A Missão do Gerente de Recursos Humanos”.
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