quinta-feira, 12 de novembro de 2020

 

“LAÇO MATERNO” ("MOTHER”), 2020, Japão, produção da Netflix – está na plataforma desde o dia 3 de novembro -, 2h6m, direção de Tatsushi Omori, que também assina o roteiro com Takehiko Minato. Fazia tempo que não assistia a um filme japonês tão bom. Um drama impactante e amargo, cuja história é baseada em fatos ocorridos em 2014. Akiko Misumi (Masami Magasawa) é uma jovem mãe solteira que vive grandes dificuldades financeiras. Por sua culpa. Não trabalha, é preguiçosa, inconsequente e completamente irresponsável, indo para a cama com o primeiro que aparece. E, pior, vive bêbada. Quem sofre com a situação é seu filho Shuhei (Sho Gunji criança e Daiken Okudaira adolescente), que, mesmo pequeno, é obrigado a arrumar dinheiro e fazer as compras. Ele também é manipulado por Akiko para pedir dinheiro para os avós, já que ela havia sido deserdada por tantos problemas que causou na família. Quando seus pais resolvem não dar mais dinheiro, Akiko e Shuhei vão viver nas ruas, até que surge Keichi (Taiga Nakano), um sujeito desagradável e violento, que Akiko acaba aceitando por falta de opção. O filme dá um salto de cinco anos. A situação não mudou muito. Pelo contrário, só piorou. Akiko agora tem outra criança, uma menina, e Shuhei, já um adolescente, continua a serviço das vontades da mãe destrambelhada, que, apesar do caos em que vive, não aceita ajuda do pessoal da assistência social. Continua tão irresponsável como sempre foi, a ponto de instigar o filho a cometer um assassinato para conseguir dinheiro. Não dá para adiantar o que acontece no desfecho, mas não será nada agradável. O roteiro bem elaborado é um dos trunfos de “Laço Materno”, além do desempenho espetacular da atriz Masami Magasawa, que se entrega de corpo e alma ao papel de mãe que mantém uma relação quase tóxica com seu filho Shuhei, assim como com a própria vida. Repito: é um filme bastante perturbador, mas de muita qualidade, a mesma que caracteriza há anos o excelente cinema japonês. Não deixe de ver.         

terça-feira, 10 de novembro de 2020

 

“RETRIBUTION”, à disposição na plataforma Netflix, é uma minissérie em 4 capítulos produzida pela BBC Scotland (Escócia). Quando foi exibida na tv, em 2016, recebeu o título de “One of Us”. A direção é de William McGregor e o roteiro elaborado pelos irmãos Jack e Harry Williams. É um thriller policial ambientado numa zona rural da Escócia, onde vivem as famílias Elliot e Douglas. Muito unidas por laços de amizade, as famílias vivem um momento muito feliz com o casamento de seus filhos Adam Douglas (Jeremy Neumark Jones) e Grace Elliot (Kate Bracken), ela grávida. Essa felicidade, porém, dura pouco, pois o jovem casal recém-casado é morto a facadas em seu apartamento em Edimburgo. A identidade do assassino é revelada logo no início do primeiro capítulo. Trata-se de um viciado em drogas chamado Lee (Owen Whtelaw). Ele sai correndo do local do crime, rouba um carro e foge para a zona rural. No caminho, ele perde a direção e capota, ficando gravemente ferido. Veja só a coincidência: o local do acidente é justamente entre a fazenda dos Elliot e a dos Douglas. Pois são as duas famílias que vão socorrer o assassino. Nesse meio tempo, aparece na televisão uma foto do viciado, acusado do roubo do veículo e suspeito de ser o assassino do jovem casal. O que farão as duas famílias quando souberem que socorreram o sujeito que matou seus filhos? Em outra subtrama da minissérie, a detetive Julliet (Laura Fraser), da polícia de Edimburgo, encarregada de investigar o caso, vive o dilema de tentar arranjar dinheiro para a cirurgia de sua filha, que sofre de grave doença. Para isso, se envolve com traficantes, arriscando-se a perder o emprego. Mas são as duas famílias que estarão envolvidas com os acontecimentos seguintes ao acidente do assassino. Muitas revelações surpreendentes acontecerão pelo caminho, desestabilizando os casamentos e a própria relação familiar, até que no desfecho ocorre aquela que seria a maior revelação, ligada diretamente ao assassinato do jovem casal. O elenco é excelente, contando ainda com Joanna Vanderham, Juliet Stevenson, John Lynca, Joe Dempsie, Christian Ortega, Julie Graham, Kate Dickie, Owen Whitelaw, Adrian Edmondson, Steve Evts e Georgina Campbell. A minissérie é muito boa, garantindo o suspense do começo ao fim. Recomendo.        

domingo, 8 de novembro de 2020

 

“A LIÇÃO DE MOREMI” (“CITATION”), 2020, Nigéria, produção Netflix (disponível na plataforma desde o dia 6 de novembro de 2020), 2h31m, roteiro de Tunde Babalola e direção de Kunle Afolayan. Acho que o cinema da Nigéria adora produzir filmes sobre julgamentos e tribunais. Assim foi nos mais recentes que vi: “A Quarta República” (2019) e “The Arbitration”. Neste último, aliás, o roteiro é muito semelhante ao de “A Lição de Moremi”. Enquanto que neste o caso de assédio sexual envolve um professor e uma de suas alunas, em “The Arbitration” os personagens são uma funcionária e seu chefe na empresa. A história de “A Lição de Moremi” é baseada em fatos reais e destaca a relacionamento do professor Lucien (Jimmy Jean-Louis) e sua melhor aluna no curso de pós-graduação, Moremi (Temi Otedola). Antes do ano letivo terminar, Moremi denuncia Lucien por assédio sexual e estupro à direção da universidade, que reúne seus conselheiros e professores para promover um julgamento – independente do resultado, o caso seria encaminhado para a promotoria de justiça providenciar a abertura de inquérito. Mesmo assessorada por uma advogada de renome, Moremi encontra dificuldades para provar o que está dizendo, pois não há testemunhas sobre o supostos assédio e estupro, até que no final acontece uma surpreendente revelação que ajudará uma das partes. Embora muito longo e entediante em vários momentos, o filme prende a atenção apenas com relação à expectativa pelo seu desfecho. No mais, é uma enrolação danada, em tom novelesco, incluindo até excursões dos alunos até Dakar, capital do Senegal, e Cabo Verde, explorando os principais locais de turismo dos dois países. Além do mais, com exceção do ator Jimmy Jean-Louis, que faz o papel do professor, o restante do elenco é muito fraco e o roteiro apresenta vários furos que comprometem o entendimento de algumas situações. Dos filmes nigerianos que assisti, este é, sem dúvida, o mais fraco.