“LAÇO
MATERNO” ("MOTHER”),
2020, Japão, produção da Netflix – está na plataforma desde o dia 3 de novembro
-, 2h6m, direção de Tatsushi Omori, que também assina o roteiro com Takehiko
Minato. Fazia tempo que não assistia a um filme japonês tão bom. Um drama
impactante e amargo, cuja história é baseada em fatos ocorridos em 2014.
Akiko Misumi (Masami Magasawa) é uma jovem mãe solteira que vive grandes
dificuldades financeiras. Por sua culpa. Não trabalha, é preguiçosa, inconsequente
e completamente irresponsável, indo para a cama com o primeiro que aparece. E,
pior, vive bêbada. Quem sofre com a situação é seu filho Shuhei (Sho Gunji
criança e Daiken Okudaira adolescente), que, mesmo pequeno, é obrigado a
arrumar dinheiro e fazer as compras. Ele também é manipulado por Akiko para
pedir dinheiro para os avós, já que ela havia sido deserdada por tantos problemas
que causou na família. Quando seus pais resolvem não dar mais dinheiro, Akiko e
Shuhei vão viver nas ruas, até que surge Keichi (Taiga Nakano), um sujeito
desagradável e violento, que Akiko acaba aceitando por falta de opção. O filme
dá um salto de cinco anos. A situação não mudou muito. Pelo contrário, só
piorou. Akiko agora tem outra criança, uma menina, e Shuhei, já um adolescente,
continua a serviço das vontades da mãe destrambelhada, que, apesar do caos em
que vive, não aceita ajuda do pessoal da assistência social. Continua tão
irresponsável como sempre foi, a ponto de instigar o filho a cometer um assassinato
para conseguir dinheiro. Não dá para adiantar o que acontece no desfecho, mas
não será nada agradável. O roteiro bem elaborado é um dos trunfos de “Laço
Materno”, além do desempenho espetacular da atriz Masami Magasawa, que se
entrega de corpo e alma ao papel de mãe que mantém uma relação quase tóxica com
seu filho Shuhei, assim como com a própria vida. Repito: é um filme bastante
perturbador, mas de muita qualidade, a mesma que caracteriza há anos o
excelente cinema japonês. Não deixe de ver.