Depois de dirigir “Post Mortem”, “No” (indicado ao
Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2013), e “O Clube”, o diretor chileno
Pablo Larraín caiu nas graças da crítica especializada e de Hollywood. Tanto é
que depois dirigiu “Jackie”, com Natalie Portman. Todos os seus filmes têm um
fundo político muito forte, explorando, principalmente, períodos de ditadura
vividos pelo povo chileno. Não foi de outra forma que dirigiu “NERUDA”, com
roteiro de Guilhermo Calderón (que também escreveu “Violeta foi para o Céu” e “O
Clube”). “Neruda” é ambientado em 1948, quando o grande poeta chileno era
senador da república e ligado ao partido comunista. Para não ser preso, Neruda
empreendeu uma fuga pelo sul do país até chegar à Argentina. Não há muitos
registros históricos sobre essa aventura. Dessa forma, Guilhermo Calderón e Larraín
imaginaram o que teria ocorrido e criaram uma narrativa ficcional centrada na
perseguição do policial Oscar Peluchoneau (Gael Garcia Bernal) a Neruda (Luis
Gnecco). A fotografia, os figurinos e os cenários lembram os filmes noir de antigamente
– Neruda era fã da literatura policial norte-americana. Muitos trechos dos
principais poemas escritos por Neruda aparecem na narrativa in-off, o que, ao invés de reforçar o
contexto das situações, tornou o filme um tanto cansativo. A semelhança física do
ator com o poeta é impressionante. Pena que sua atuação ficou um tanto
caricatural. O filme foi selecionado para
representar o Chile no Oscar 2017 de Melhor Filme Estrangeiro. De qualquer forma, é um filme de Larraín e que, por isso mesmo, merece ser conferido.
quinta-feira, 29 de junho de 2017
terça-feira, 27 de junho de 2017
“VOCÊ
SERÁ UM HOMEM” (“Tu Serás un Homme”), França,
2014, escrito e dirigido por Benoit Cohen. Confesso que fiquei desconfiado e
não muito motivado a assistir, a começar pelo título estranho e também como foi
concebido, misturando espanhol e francês. Além disso, não tinha
referências sobre o diretor e o elenco, repleto de gente desconhecida. Por fim,
a capinha do DVD, com aquela foto de alguém vestindo uma máscara das
mais esquisitas. Pensei: lá vem bomba! Decidi finalmente conferir e, para minha surpresa, acabei
assistindo um filme bastante interessante e agradável, um ótimo programa para
uma sessão da tarde. A história: Léo (Aurelio Cohen), um garoto de 10 anos
esperto e inteligente, vive enfurnado na biblioteca do pai devorando livros de
poesia. Ele não recebe muito carinho e atenção nem do pai (Grégoire
Monsaingeon) nem da mãe (Eléonore Pourriat), que sofre da síndrome do pânico e
não sai de casa há três anos. Ao colocar um anúncio procurando uma babá para
cuidar de Léo, quem aparece e acaba contratado é o jovem Théo (Aurelio Cohen).
Em pouco tempo, Théo e Léo ficam amigos inseparáveis. Com seu jeito alegre e
descontraído, Théo também cai nas graças da mãe. O pai, enciumado, não gosta da
situação e acaba demitindo Théo e contratando uma nova babá, desta vez uma bela
garota. Aí começa a confusão, pois a nova babá é nada menos do que a ex-namorada
de Théo. O filme privilegia o bom humor,
embora aborde temas sérios como amadurecimento, amizade e relacionamento
familiar. A simpatia dos atores é mais um trunfo que torna este filme francês uma boa dica de entretenimento.
domingo, 25 de junho de 2017
Em 2007, uma equipe pertencente à Ong francesa “Arca
de Zoé” tentou resgatar 103 crianças órfãs do Chade para levá-las à França para
adoção. Para evitar os trâmites burocráticos de imigração, a ação teria de ser
secreta, envolvendo visitas às aldeias perto da fronteira de Darfur, além do
aluguel de um Boeing-737 para transportar as crianças. Porém, por trás de uma
aparente ação humanitária, havia outras intenções não muito escrupulosas. Essa
história foi transformada no filme “OS CAVALEIROS BRANCOS” (“Les
Chevaliers Blancs”), 2015, França/Bélgica, direção de Joachim Lafosse, que
escreveu o roteiro juntamente com Thomas Van Zuylen, Julie de Carpentries e
Zélia Abade, com base no livro “Les Chevaliers Blancs”, de François-Xavier
Pinte e Geoffroy D’Ursel. Os personagens da história real receberam nomes
fictícios, como Jacques Arnault (Vincent Lindon), chefe da missão, Laura
(Louise Bourgoin), a repórter Françoise (Valérie Donzelli) e Xavier (Reda
Kateb), além de médicos e enfermeiros. A Ong do filme foi intitulada “Move for
Kids”. Ao invés de priorizar o clima de tensão e perigo enfrentado pela equipe
em suas visitas às aldeias em meio a uma guerra civil, o diretor preferiu
destacar a rotina do grupo e os desentendimentos entre seus integrantes, que
divergiam sobre as verdadeiras intenções da Ong. Com essa opção, Lafosse privilegiou
a falação ao invés da ação. De qualquer forma, vale pela presença sempre marcante
de Vincent Lindon e pela história em si, que ficou pouco conhecida por aqui.
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