quinta-feira, 29 de junho de 2017

Depois de dirigir “Post Mortem”, “No” (indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2013), e “O Clube”, o diretor chileno Pablo Larraín caiu nas graças da crítica especializada e de Hollywood. Tanto é que depois dirigiu “Jackie”, com Natalie Portman. Todos os seus filmes têm um fundo político muito forte, explorando, principalmente, períodos de ditadura vividos pelo povo chileno. Não foi de outra forma que dirigiu “NERUDA”, com roteiro de Guilhermo Calderón (que também escreveu “Violeta foi para o Céu” e “O Clube”). “Neruda” é ambientado em 1948, quando o grande poeta chileno era senador da república e ligado ao partido comunista. Para não ser preso, Neruda empreendeu uma fuga pelo sul do país até chegar à Argentina. Não há muitos registros históricos sobre essa aventura. Dessa forma, Guilhermo Calderón e Larraín imaginaram o que teria ocorrido e criaram uma narrativa ficcional centrada na perseguição do policial Oscar Peluchoneau (Gael Garcia Bernal) a Neruda (Luis Gnecco). A fotografia, os figurinos e os cenários lembram os filmes noir de antigamente – Neruda era fã da literatura policial norte-americana. Muitos trechos dos principais poemas escritos por Neruda aparecem na narrativa in-off, o que, ao invés de reforçar o contexto das situações, tornou o filme um tanto cansativo. A semelhança física do ator com o poeta é impressionante. Pena que sua atuação ficou um tanto caricatural. O filme foi selecionado para representar o Chile no Oscar 2017 de Melhor Filme Estrangeiro. De qualquer forma, é um filme de Larraín e que, por isso mesmo, merece ser conferido.                       

terça-feira, 27 de junho de 2017

“VOCÊ SERÁ UM HOMEM” (“Tu Serás un Homme”), França, 2014, escrito e dirigido por Benoit Cohen. Confesso que fiquei desconfiado e não muito motivado a assistir, a começar pelo título estranho e também como foi concebido, misturando espanhol e francês. Além disso, não tinha referências sobre o diretor e o elenco, repleto de gente desconhecida. Por fim, a capinha do DVD, com aquela foto de alguém vestindo uma máscara das mais esquisitas. Pensei: lá vem bomba! Decidi finalmente conferir e, para minha surpresa, acabei assistindo um filme bastante interessante e agradável, um ótimo programa para uma sessão da tarde. A história: Léo (Aurelio Cohen), um garoto de 10 anos esperto e inteligente, vive enfurnado na biblioteca do pai devorando livros de poesia. Ele não recebe muito carinho e atenção nem do pai (Grégoire Monsaingeon) nem da mãe (Eléonore Pourriat), que sofre da síndrome do pânico e não sai de casa há três anos. Ao colocar um anúncio procurando uma babá para cuidar de Léo, quem aparece e acaba contratado é o jovem Théo (Aurelio Cohen). Em pouco tempo, Théo e Léo ficam amigos inseparáveis. Com seu jeito alegre e descontraído, Théo também cai nas graças da mãe. O pai, enciumado, não gosta da situação e acaba demitindo Théo e contratando uma nova babá, desta vez uma bela garota. Aí começa a confusão, pois a nova babá é nada menos do que a ex-namorada de Théo. O filme privilegia o bom humor, embora aborde temas sérios como amadurecimento, amizade e relacionamento familiar. A simpatia dos atores é mais um trunfo que torna este filme francês uma boa dica de entretenimento.              

domingo, 25 de junho de 2017

Em 2007, uma equipe pertencente à Ong francesa “Arca de Zoé” tentou resgatar 103 crianças órfãs do Chade para levá-las à França para adoção. Para evitar os trâmites burocráticos de imigração, a ação teria de ser secreta, envolvendo visitas às aldeias perto da fronteira de Darfur, além do aluguel de um Boeing-737 para transportar as crianças. Porém, por trás de uma aparente ação humanitária, havia outras intenções não muito escrupulosas. Essa história foi transformada no filme “OS CAVALEIROS BRANCOS” (“Les Chevaliers Blancs”), 2015, França/Bélgica, direção de Joachim Lafosse, que escreveu o roteiro juntamente com Thomas Van Zuylen, Julie de Carpentries e Zélia Abade, com base no livro “Les Chevaliers Blancs”, de François-Xavier Pinte e Geoffroy D’Ursel. Os personagens da história real receberam nomes fictícios, como Jacques Arnault (Vincent Lindon), chefe da missão, Laura (Louise Bourgoin), a repórter Françoise (Valérie Donzelli) e Xavier (Reda Kateb), além de médicos e enfermeiros. A Ong do filme foi intitulada “Move for Kids”. Ao invés de priorizar o clima de tensão e perigo enfrentado pela equipe em suas visitas às aldeias em meio a uma guerra civil, o diretor preferiu destacar a rotina do grupo e os desentendimentos entre seus integrantes, que divergiam sobre as verdadeiras intenções da Ong. Com essa opção, Lafosse privilegiou a falação ao invés da ação. De qualquer forma, vale pela presença sempre marcante de Vincent Lindon e pela história em si, que ficou pouco conhecida por aqui.