quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
Joe
Albany foi um pianista norte-americano de jazz dos mais conceituados. Entre as décadas de 40 e
70, gravou vários discos e tocou com Lester Young, Benny Carter, Charlie Parker
e Joe Venuti, entre outras feras do jazz. O drama “A DECADÊNCIA DE JOE ALBANY” (“LOW DOWN”), 2015, EUA, ambienta a
história do músico na década de 70, segundo lembranças relatadas num livro
escrito pela filha do músico, Amy-Jo Albany, que depois escreveria o roteiro do
filme, juntamente com Topper Lilien. A direção coube a Jeff Preiss, mais
conhecido pelos seus documentários, um deles dedicado ao músico, cantor e
compositor Chet Baker. Abandonada pela mãe alcoólatra aos seis anos de idade,
Amy-Jo foi criada por Joe num ambiente nada saudável de músicos desempregados,
prostitutas e, como o pai, viciados em drogas pesadas, como a heroína. Joe e a filha viviam num quarto
de pensão na periferia de Hollywood, onde o músico ensaiava e reunia amigos
para algumas jams sessions. Amy-Jo,
então uma garota adolescente, delirava com as performances do pai, cuja relação
era de pura veneração quase incestuosa. Ela chegou até a se prostituir para
comprar heroína para o pai. O desempenho do elenco é espetacular, a começar por
John Hawkes como Joe Albany. Elle Fanning como Emy-Jo também dá um show de
interpretação, assim como Glenn Close, a avó paterna, e Lena Headey, como a mãe
alcoólatra. Um filmaço!
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
“9 DE ABRIL” (“9.april”), 2015,
Dinamarca, 93 minutos, direção de Roni Ezra. No dia 9 de abril de 1940, as
tropas alemãs de Hitler invadem a Dinamarca e a Noruega na chamada “Operação
Weserübung”. O filme foca a invasão da Dinamarca e os esforços de seu exército
para conter o avanço dos nazistas. A história é esclarecedora com relação ao
despreparo dos soldados dinamarqueses. Quando a notícia da invasão chega aos
quartéis, o exército é mobilizado. Cabe ao 2º Batalhão de Bicicletas, comandado
pelo Tenente Sand (Pilou Asbak), a missão de deter as tropas invasoras na
fronteira até que cheguem reforços de outras partes do país. Só que os
dinamarqueses não imaginavam o poderio dos alemães, que chegaram com milhares
de soldados apoiados por blindados, tanques e aviões. Os jovens soldados dinamarqueses,
despreparados para o combate e com munição contada – 40 balas de fuzil para cada
um -, não tiveram a mínima chance contra o poderoso e bem armado exército
alemão. Apesar disso, lutaram bravamente e, no final, sem os reforços
aguardados, tiveram de se entregar. Para aumentar sua decepção, também souberam
que o governo dinamarquês havia se rendido horas antes. Produzido para exibição
na TV dinamarquesa, o filme apresenta ótimas cenas de batalha e muita tensão. Nos
créditos finais, o diretor acrescentou depoimentos de soldados que participaram
daquele combate. Recomendo para quem gosta de filmes de guerra e curte fatos
históricos.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2017
Depois de
conquistar o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro com “Paradise Now”, em
2006, o diretor israelense Hany Abu-Assad ganhou prestígio no meio cinematográfico
e foi parar em Hollywood, onde dirigiu “Entrega de Risco”, um filme de ação
mediano. Em 2013, ele escreveu e dirigiu “OMAR”, este sim
um filmaço. Tanto que, após sua exibição no Festival de Cannes daquele ano, foi
aplaudido de pé por 5 minutos. Palmas merecidas, pois realmente é um filme de
grande impacto. Conta a história de Omar (Adam Bakri), um jovem padeiro que
vive pulando o muro que divide o lado palestino de Israel para ver os amigos e
flertar com Nadia (Leem Lubany). Um dia, Omar acaba detido por uma patrulha de
Israel, sendo humilhado e espancado pelos soldados. Ele se revolta e combina
uma vingança com os amigos Amjad (Samer Bicharat) e Tarek (Eyad Hourani), que resulta
no assassinato de um soldado israelense. Omar é preso e torturado para entregar
quem deu o tiro no soldado. A partir daí, uma série de intrigas envolve o rapaz, incluindo
a desconfiança de Nadia e seus amigos de que ele agiu como traidor. Esse
conflito acompanhará Omar até o desfecho surpreendente. O diretor acerta ao retratar
uma realidade bastante desconfortável nos territórios palestinos ocupados por
Israel, onde as pessoas, tanto de um lado como do outro, vivem num constante
clima de forte tensão. Abu-Assad acertou também ao escalar nos papéis
principais alguns excelentes atores novatos. Somando tudo isso, um filme imperdível!
domingo, 8 de janeiro de 2017
“UM DIA PERFEITO” (“Um Día Perfecto”), 2015,
Espanha, roteiro e direção de Fernando Léon de Aranda. A história é ambientada no
final dos anos 90 em algum lugar dos Bálcãs, quando o conflito étnico na ex-Iugoslávia
caminhava para o seu final e mostra o cotidiano de uma equipe de voluntários de
uma organização humanitária. Da equipe fazem parte o porto-riquenho Mambrú
(Benício Del Toro), a francesa Sophie (Mélanie Therry), o norte-americano B
(Tim Robbins) e o sérvio Damir (Fedja Stukan), guia e intérprete. Seu trabalho
é supervisionado pelo pessoal das Nações Unidas, que recruta a croata Katya
(Olga Kurylenko) para coordenar os trabalhos da equipe humanitária. Entre as
missões do grupo está o resgate do cadáver de um homem atirado no único poço de
água de uma cidade com o objetivo de contaminá-la. Para retirar o corpo, porém,
será necessária a utilização de uma corda. Lutando contra todo tipo de dificuldade,
incluindo a falta de cordas e os entraves burocráticos da ONU, a equipe terá de
se desdobrar para cumprir a difícil missão. Para amenizar o contexto dramático
da trágica guerra, Aranda impõe um tom irônico aos diálogos, acrescentando
altas doses de humor negro, como nas cenas em que o comboio da equipe é obrigado a desviar de vacas mortas na estrada sem saber para que lado devem ir para evitar as minas. Além disso, o pop impera na trilha sonora, com
Marilyn Mason, Lou Reed e Ramones. O filme estreou no Festival de Cannes 2015 e
ganhou elogios da crítica especializada. Do mesmo diretor, gostei muito mais de
“Segunda-feira ao Sol”, um retrato dramático do desemprego na Espanha no início
deste século.
“A INFÂNCIA DE UM LÍDER” (“THE CHILDHOOD OF A LEADER”), 2015, EUA,
roteiro e direção de Brady Corbet. Confesso que demorei um tempo para assimilar
o choque pela novidade estética proporcionada pelo jovem ator norte-americano de 28 anos e agora
diretor Brady Corbet, em seu primeiro longa-metragem. Trata-se de um filme que
passa longe de qualquer apelo comercial. Ou seja, é um filme difícil de
digerir, lento e um tanto soturno, com a utilização de uma fotografia em tons
esmaecidos, opacos, e uma trilha sonora que aumenta o já dominante clima de
tensão. A história foi inspirada no conto “A Infância de um Líder”, do filósofo
Jean Paul Sartre, e no romance “The Magus”, de John Robert Fowles. Um
representante do governo dos EUA chega à Europa, com a esposa e o filho, para
coordenar os trabalhos que resultarão no Tratado de Versalhes, que pôs fim à
Primeira Grande Guerra. Embora o pano de fundo seja a situação política da
Europa no pós-guerra, o enredo destaca a situação familiar vivida pelo
representante norte-americano (Liam Cunningham). Casado com uma mulher fria,
infeliz e inescrupulosa (Bérénice Bejo), ele tem dificuldades para educar o filho,
Prescott (Tom Sweet), que se mostra rebelde e sempre contraria as ordens do pai
e da mãe. O garoto não aceita ingerências, quer mandar na casa. Enfim, está
nascendo um verdadeiro tirano fascista. Talvez seja esta a principal e mais
evidente metáfora da história, como o desfecho ressalta ao mostrar um grande
líder (Robert Pattinson) sendo aclamado pelo povão em delírio, como aconteceria
pouco depois com Mussolini e Hitler. Por seu trabalho criativo e inovador,
Brady Corbet – mais conhecido como ator de filmes como “Melancolia”, “Acima das
Nuvens” e “Enquanto Somos Jovens” – conquistou dois importantes prêmios no
Festival de Veneza: “Melhor Realizador” e “Melhor Primeiro Filme”.
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