sábado, 3 de outubro de 2020

 

“A COMÉDIA DOS PECADOS” (“THE LITTLE HOURS”), 2017, coprodução EUA/Canadá, 1h20m, roteiro e direção de Jeff Baena. A história é baseada no livro de contos “Decameron”, escrito por Giovanni Boccaccio – para nós, Bocage – no século XIV. “A Comédia dos Pecados” é realmente uma comédia, ambientada no ano de 1347 num convento no alto das montanhas na região da Toscana. É lá que se refugia o jovem Masseto (Dave Franco, irmão do ator James Franco), ex-empregado no palácio do Lorde Bruno (Nick Ofterman). Masseto era amante da esposa do lorde, Francesca (Lauren Weedman), e quando o caso foi descoberto, teve que fugir para não ser morto. Masseto ingressou no convento para trabalhar como jardineiro e carpinteiro. Sua chegada causou o maior alvoroço entre as fogosas freiras Fernanda (Aubrey Plaza), Alessandra (Alison Brie) e Ginevra (Kate Micucci). Enquanto isso, a madre superiora (Molly Shannon) desfrutava dos carinhos carnais do padre Tommasso (John C. Reilly). Ou seja, bagunça total que nem mesmo a chegada do bispo Bartolomeo (Faed Armisen) conseguiu frear. Como curiosidade, destaco que o roteirista e diretor Jeff Baena é casado na vida real com a atriz Aubrey Plaza, e o ator Dave Franco com Alison Brie. "A Comédia dos Pecados" brinca entre o sagrado e o profano, misturando alto grau de erotismo e muitas situações hilariantes. Enfim, é um filme picante, que transborda ousadia e irreverência, bem ao gosto e ao estilo de Bocage. Confesso que me diverti bastante com essa comédia, a qual recomendo para esses dias de pandemia, pois acredito que rir ainda é o melhor remédio.                    

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

 

“O SANTO” (“THE SAINT”), 2017, Estados Unidos, 1h31m, direção do diretor russo radicado nos EUA Ernie Barbarash, seguindo roteiro escrito por Jesse Alexander e Tony Giglio. Trata-se de mais um filme com o personagem Simon Templer, “O Santo”, um ladrão sofisticado que trabalha sempre para os mocinhos das histórias, salvando vidas e roubando dinheiro ilícito de bandidos poderosos, um misto de Robin Hood e James Bond. O personagem foi criado pelo escritor britânico Leslie Charles, sendo transformado em filmes desde a década de 30 e adaptado para uma série televisiva nas décadas de 60 e 70 com Roger Moore. Em 1997, “O Santo” ganhou uma nova roupagem com o então astro e hoje decadente Val Kilmer. Nesta recente versão de 2017, o personagem é interpretado pelo ator inglês Adam Rayner. Sua primeira missão é evitar que terroristas comprem uma bomba nuclear dos russos. Em seguida, é contratado por um banqueiro para resgatar a filha que foi sequestrada. O caso envolve o desvio de uma grande soma de dinheiro doada ao governo da Nigéria para ajudar no combate à fome. Em suas missões, o novo “Santo” tem a companhia da charmosa Patrícia Holme (Eliza Dushku), uma especialista em informática e artes marciais. O filme é dedicado à memória do ator Roger Moore, que aparece numa ponta nesta nova versão e que faleceu logo após o fim das filmagens. Com suas mentiras divertidas e  extravagâncias visuais, “O Santo” lembra os filmes com o espião James Bond, garantindo um ótimo entretenimento.                   

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

 

“A LEI DA NOITE” (“LIVE BY NIGHT”), 2016, Estados Unidos, 2h09m, quarto longa-metragem produzido, escrito e dirigido por Ben Affleck, que também atua no papel do principal personagem. O filme, baseado em livro do escritor Dennis Lehane, é todo ambientado na década de 20 do século passado em Boston, onde a criminalidade cresce a cada dia, ainda mais por conta de uma disputa de territórios entre as máfias italiana e irlandesa. É nesse contexto que o fora da lei Joe Coughlin (Affleck) age de forma independente, praticando assaltos, principalmente a bancos. Sua atuação no crime chama a atenção dos chefões mafiosos, que querem recrutá-lo como capanga. Ele recusa os convites, afirmando que não quer ser gângster, apenas um fora da lei, para desconsolo do seu pai, que é nada menos do que o comissário de polícia de Boston, Thomas Coughlin (o ator irlandês Brendan Gleeson). Joe não contava, porém, que iria se apaixonar justamente pela namorada de um poderoso chefão da máfia irlandesa, a fogosa Emma Gould (Sienna Miller). Aí a coisa fica feia e Joe se manda para a Flórida, onde inicia contatos com uma gangue de cubanos responsável pela fabricação clandestina de rum. Aqui, ele se apaixona pela cubana Graciela (Zoë Saldaña), também conhecida como a “Rainha do Rum”, por ser dona do negócio ao lado do irmão. Até o desfecho, Joe voltará a se encontrar com os mafiosos italianos e irlandeses para um novo banho de sangue. Ainda estão no elenco Chris Cooper (xerife Figgis) e Elle Fanning (Loretta). Além de atuar, escrever e dirigir, Ben Affleck ainda é um dos produtores, ao lado, entre outros, de Leonardo DiCaprio. Achei o filme bastante interessante não só esteticamente, ressaltando sua fotografia e a recriação de época, mas também como retrato de uma época que marcou a história dos Estados Unidos, incluindo como personagem a famigerada Ku Klux Klan. “A Lei da Noite” tem muita ação, tiros, pancadarias e ótimas perseguições em alta velocidade nas ruas e estradas – relevando-se, é claro, o limite daqueles carros antigos. Enfim, um bom programa para quem aprecia, como eu, filmes de gângsters.                     


“A CASA” (“HOGAR”), 2019, Espanha, 1h29m, à disposição na plataforma Netflix desde o dia 25 de março de 2020, roteiro e direção dos irmãos David e Àlex Pastor. Trata-se de um suspense psicológico centrado no personagem de Javier Muñoz (Javier Gutiérrez), um publicitário de meia idade que está desempregado há um ano. Ele era um profissional muito conceituado em Barcelona, mas agora não consegue trabalho num mercado dominado pela informática e pelos publicitários jovens. Nas entrevistas, dão a entender que ele está ultrapassado. Por mais que se sinta humilhado, ele chega em casa e esconde a situação da esposa Marga (Ruth Días), tentando convencê-la de que tudo logo voltará ao normal. Só que a realidade não perdoa. O casal e o filho adolescente são obrigados a sair do apartamento de alto padrão para ir morar num bem mais simples. Aos poucos, a situação começa a afetar a cabeça de Javier e a frustação se transforma numa espécie de psicopatia, levando-o a cometer os mais variados atos de insanidade. Para começar, ele passa a vigiar o antigo apartamento para conhecer os novos e privilegiados moradores, no caso o empresário Tomás (Mario Casas), a esposa Lara (Bruna Cusi), a esposa Lara (Bruna Cusi) e a filha Mónica. A inveja cresce e então Javier, em total desequilíbrio mental, bola um plano diabólico para se infiltrar naquela família e se vingar. “A CASA” é mais um excelente exemplar do cinema espanhol no gênero suspense. É um filme bastante incômodo e perturbador. Dentro desse contexto, é obrigatório destacar a atuação do veterano Javier Gutiérrez, um dos atores de maior renome na Espanha. Resumo da ópera: um filmaço!  



                  

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

 

“OBSESSÃO SECRETA” (“SECRET OBSESSION”), 2019, Estados Unidos, produção e distribuição Netflix, 1h37m, direção de Peter Sullivan, que também assina o roteiro ao lado de Kraig Wenman. É o tipo de filme difícil de comentar para não estragar as surpresas ao longo da história. Infelizmente, o trailer oficial e alguns comentários de críticos que vi na Internet entregam alguns detalhes que deveriam permanecer escondidos. Trata-se de um suspense psicológico cuja cena inicial mostra o atropelamento de uma jovem que logo é socorrida e levada para o hospital. Identificada como Jennifer Allen Williams (Brenda Song), ela acorda completamente desmemoriada. Não se lembra quem é e nem como o acidente aconteceu. Ela é recém-casada com Russell Williams (Mike Vogel), que não arreda pé do quarto do hospital, dando a maior força para a esposa. Enquanto isso, o detetive Frank Page (Dennis Haysbert) continua investigando a causa do acidente e, aos poucos, acaba percebendo que alguma coisa não se encaixa na história. Paro por aqui para não revelar algum detalhe que possa estragar o desfecho. De qualquer forma, relevando-se um ou outro defeito e alguns clichês, dá para curtir esse suspense numa boa.  Talvez seja o caso de rotulá-lo como um exemplar genérico, um pouco longe dos melhores suspenses. Resumo da ópera: você não vai sair da poltrona e aplaudir no final, mas também não vai reclamar que perdeu tempo ao assistir.                

domingo, 27 de setembro de 2020

“ENOLA HOLMES”, 2020, Inglaterra, 2h03m, produzido e distribuído pela Netflix, direção de Harry Bradbeer, com roteiro de Jack Thorne. Antes de entrar no comentário, vou contar os antecedentes que resultaram na realização do filme. Em 2006, a escritora norte-americana Nancy Springer lançou o primeiro livro de uma série de seis, no qual criou a personagem Enola Holmes, a irmã mais nova do famoso detetive inglês Sherlock Holmes, que não existia nas histórias originais escritas por Arthur Conan Doyle. A série de livros criou uma confusão danada, começando com um processo de direitos autorais por parte do Conan Doyle State, o espólio do escritor inglês. A disputa jurídica continua, mas o que interessa agora é comentar o filme, uma adaptação do primeiro livro da série, “Enola Holmes: O Caso do Marquês Desaparecido”. No filme, Enola (Millie Bobby Brown) é uma jovem de 16 anos que ainda mora com a mãe Eudoria Holmes (Helena Bonham Carter). Enola foi criada para ser independente, tanto que o seu nome foi escolhido por Eudoria porque, ao contrário, significa  “Alone”. Com a mãe, ela aprendeu artes marciais, manuseio de armas, montagem de explosivos etc., tudo para se defender sozinha pela vida afora. Quando Eudoria some de casa misteriosamente, Sherlock (Henry Cavill) e Mycroft (Sam Claflin), os irmãos mais velhos, voltam para casa com a intenção de enviar a irmã mais nova para um internato. Com sua rebeldia sempre à flor da pele, Enola resolve fugir e investigar o que aconteceu com sua mãe. Daí para a frente ela se envolve numa aventura sem fim, de início com o jovem marquês de Tewkesbury (Louis Partridge), ambos fugindo de um sanguinário assassino. Depois, Enola segue pelas ruas de Londres enfrentando novos perigos. Enola, portanto, é o principal personagem do filme, colocando o irmão Sherlock em segundo plano. “Enola Homes” encanta e diverte com seu frenético ritmo de aventura juvenil, capaz de agradar a todas as idades. Sem contar com a primorosa direção de arte, capaz de recriar a época com caprichados figurinos e cenários de época, o grande destaque é realmente a ótima atuação da talentosa atriz inglesa Millie Bobby Brown, que ganhou projeção com seu personagem “Onze” na série “Stranger Things”. Para concluir, “Enola Holmes” é um delicioso divertimento, escrito e dirigido com muito criatividade. IMPERDÍVEL!