sexta-feira, 3 de maio de 2024

 

HERANÇA ROUBADA (STÖLD), 2024, Suécia/Noruega, produção original Netflix, direção de Elle Márjá Eira, seguindo roteiro assinado por Peter Birro e Ann-Helen Lastadius, esta última autora do livro homônimo cujo conteúdo serviu como base no roteiro. Trata-se de uma história real. Mais do que a história em si, cenários deslumbrantes e muito suspense, o mais interessante é o mergulho profundo na cultura e nas tradições da comunidade dos samis - antigos lapões -, povo indígena que ocupa um território que abrange partes das regiões setentrionais da Suécia, Noruega, Finlândia e Península de Kola, na Rússia, e a Lapônia. Eu ignorava a existência dos samis e, portanto, gostei muito do filme. Aprendi bastante. A personagem principal de “Herança Roubada” é Elsa (Elin Oskal), uma jovem sami que, junto com o pai e o irmão, pastoreiam um grande rebanho de renas, uma tradição secular daquele povo. Aos 9 anos de idade, Elsa testemunha o abate cruel de sua rena de estimação. Dez anos depois, guardando o silêncio sobre o caso, ela resolve se vingar, pois o assassino volta a atacar o rebanho – descobre-se, depois, que ele é dono de um comércio clandestino de peles e de carne de rena. As imagens aéreas mostrando as renas se descolando em meio à neve são deslumbrantes. Valem o ingresso. Não tenho dúvida em afirmar que “Herança Roubada” já pode ser considerado um dos melhores lançamentos da Netflix em 2024. Ah, ia esquecendo de um detalhe importante: tendo em vista algumas cenas de maus tratos a animais, não recomendo o filme para os espectadores mais sensíveis. De qualquer forma, imperdível!               

          

quarta-feira, 1 de maio de 2024

 

ALARME DE INCÊNDIO (FROM THE ASHES), 2024, Arábia Saudita, 1h43m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Khalid Fahad. Curiosidade foi o que me levou a assistir a este novo filme saudita. Afinal, o cinema produzido naquele país está praticamente engatinhando. Para se ter uma ideia, foi somente a partir de 2006, com “Keif Al-Hal?”, que a produção começou, mas as locações aconteceram nos Emirados Árabes Unidos e com elenco de outros países. Somente em 2012 seria realizado o primeiro filme com elenco totalmente saudita e filmado no país, “O Sonho de Wadja”. Além disso, entre 1983 e 2018, não era autorizada a abertura de salas de cinema. Por questões religiosas, é claro. Por isso tudo, “Alarme de Incêndio” despertou minha vontade de assistir. A história é baseada em fatos reais, ocorridos em 2002 em uma escola para meninas em Makkah, quando um grande incêndio matou duas pessoas, uma aluna e uma professora. Com um detalhe macabro: a aluna foi trancada de propósito no almoxarifado. Como o incêndio começou e quem trancou a vítima? As respostas a estas duas perguntas conduziram o roteiro até o desfecho. O clima é de muita tensão, com algumas reviravoltas e a revelação surpreendente no final. À frente do elenco estão várias atrizes de renome do cinema saudita, como Alshaima’a Tayeber, Khairyeh Abu Labu, Adwa Fahad e Darin Albayed. No mais, as alunas são interpretadas por atrizes visivelmente amadoras, sem nenhuma experiência na frente das câmeras. Não é um fator que desmereça o filme, mas não contribui. No fim das contas, trata-se apenas de um filme interessante, ainda mais por ser baseado em fatos reais.                    

terça-feira, 30 de abril de 2024

 

“BEBÊ RENA” (“BABY REINDDER”), 2024, Inglaterra, série de sete episódios em sua 1ª temporada, em cartaz na Netflix, criação, roteiro e direção do jovem e talentoso ator escocês Richard Gadd. Ele conta suas próprias experiências de vida a partir de 2015 até 2019, quando resolve revelar o que aconteceu. Primeiro ele escreveu duas peças de teatro: “Baby Reindeer” e “Monkey See, Monkey Do”, que fizeram tanto sucesso em Londres que acabaram sendo adaptadas para esta série da Netflix. Na série, Gadd é Donny Dunn, que sonha em fazer sucesso como comediante de stand-up, com atuações medíocres em bares de qualidade duvidosa. Diante da situação, ele arruma um emprego de bartender e acaba conhecendo uma cliente bastante esquisita, que um dia pede um copo de água da torneira por não ter dinheiro. Com pena, ele serve um chá e não cobra. Pronto! A mulher, Martha (Jessica Gunning), obesa, feia e carente, resolve “pegar no pé” de Donny, praticando um tipo de assédio doentio que se transforma em psicopatia. Só para se ter uma ideia, ao longo de 4 anos ela enviou a ele 41.071 e-mails, 350 horas de mensagens de voz, 744 twíters, 46 mensagens no facebook,106 páginas de cartas e vários presentes. Ao mesmo tempo em que tenta fugir do assédio da gorda maluca, Donny conhece Teri (a atriz mexicana Nava Mau), uma mulher trans (como a atriz, na vida real) e se apaixona. Ao mesmo tempo, começa uma amizade com um sujeito que diz ser roteirista de cinema, mas que na verdade é um viciado em drogas e sexo nada convencional. Tudo isso é detalhado na série, a de maior sucesso este ano na Netflix. Para se ter uma ideia, “Bebê Rena” foi a mais assistida em mais de 30 países no período de 15 a 21 de abril. Por causa desse sucesso e também pela cena final do sétimo e último capítulo, tudo leva a crer que haverá uma segunda temporada. Nada mais justo, pois a série é realmente bastante interessante e muito criativa. Não perca!