sábado, 18 de agosto de 2018


Representante de Israel na disputa do Oscar 2018 de Melhor Filme Estrangeiro e premiado em vários festivais de cinema pelo mundo afora, o drama “FOXTROT” surpreende positivamente pelo modo de filmar criativo, um roteiro inteligente e bem elaborado, um humor sutil e um desfecho dos mais inesperados. Ah, e tem dois atores israelenses maravilhosos, Sarah Adler e Lior Ashkenazi, que formam o casal de pais que vive em Tel Aviv e que um dia recebem a notícia de que seu filho Jonathan, soldado do exército, foi morto num atentado. Arrasados, Michael e Daphna Feldmann entram numa espiral de tristeza, desilusão e histerismo, comprometendo até o casamento. Um corte abrupto e a história muda radicalmente de cenário, passando a enfocar quatro jovens soldados num posto de fronteira, entre eles Jonathan. Numa vistoria de rotina a um veículo com quatro jovens árabes, os soldados israelenses cometem um equívoco que acaba numa tragédia. As autoridades israelenses, porém, resolvem esconder o ocorrido da maneira mais sórdida. Prefiro não comentar o restante do filme, já que está reservada uma grande surpresa no desfecho. Só posso adiantar a principal mensagem do filme: ninguém pode com a força do destino. O filme causou grande polêmica em Israel, já que mexeu com os brios do seu exército, uma instituição sagrada para os israelenses. A ministra da Cultura Miri Regev fez duras críticas ao filme, considerando-o uma espécia de traidor da pátrica. O filme foi escrito e dirigido por Samuel Maoz, consagrado diretor israelense que venceu o “Leão de Ouro” no Festival de Veneza de 2009 com “Lebanon”. “FOXTROT” foi premiado em festivais como o de Toronto, Zagreb e Londres, além de conquistar o “Leão de Prata” (2º lugar) no Festival de Cinema de Veneza em 2017. Um filme muito interessante que merece ser visto por quem aprecia cinema de qualidade.                                           

sexta-feira, 17 de agosto de 2018


“SOMENTE O MAR SABE” (“The Mercy”), 2018, Inglaterra, com Colin Firth e Rachel Weisz. Baseado em fatos reais. O ano é 1968. Endividado até o pescoço, o empresário inglês Donald Crowhurst (Firth) imaginou uma maneira de sair do buraco financeiro: inscreveu-se na Corrida Globo de Ouro, promovida pelo Jornal Sunday Times, com um polpudo prêmio em dinheiro ao vencedor. A famosa prova náutica exigia que os competidores dessem a volta ao mundo sem paradas. Navegante amador, Donald enfrentaria adversários muito mais experientes e mais bem equipados. A jornada começou e a imprensa inglesa deu grande destaque à competição, cobrindo cada etapa como um feito histórico. Em terra, Clare (Rachel Weisz), a esposa de Donald, dava inúmeras entrevistas sobre o marido e acabou também virando celebridade. O filme dedica-se, em grande parte, a acompanhar a façanha de Donald em alto-mar, as dificuldades enfrentadas por causa de sua inexperiência, o seu sofrimento físico e psicológico, principalmente em razão da solidão por meses a fio. Não vou contar o desfecho, mesmo porque quase ninguém conhece a história e revelar o final pode estragar a surpresa. O filme foi realizado por gente competente: o diretor James Marsh (“A Teoria de Tudo”) e o roteirista Scott Z. Burns (“Terapia de Risco” e “O Ultimato Bourne"). Sem falar em Colin Firth e Rachel Weisz, atores da maior qualidade - Rachel está cada vez mais bonita. O filme é um ótimo entretenimento, principalmente para quem não conhece essa história tão incrível.                                               

segunda-feira, 13 de agosto de 2018


“HONRA AO MÉRITO” (“THANK YOU FOR YOUR SERVICE”) – já vi capinha de DVD do mesmo filme com o título “Marcas da Guerra” – 2017, EUA, estreia na direção de Jason Dean Hall. Um dos melhores filmes que já vi sobre o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), distúrbio ou perturbação mental que atinge, principalmente, os soldados que retornam de uma frente de guerra. Um aspecto que valoriza ainda mais esse filme é o fato de ter sido baseado em fatos reais narrados no livro escrito pelo jornalista David Finkel, do Jornal Washington Post. A história é centrada em três soldados que voltaram do Iraque após um período de um ano e três meses. Traumatizados com o que viram e com o que vivenciaram, eles têm pesadelos diários, dificuldade de se socializar, inclusive com a própria família, e muitos deles com tendências suicidas. O personagem principal é o sargento Adam Schumann (Miles Teller), que se sente responsável por alguns fatos trágicos ocorridos com seu pelotão. O filme revela, de uma forma contundente, um fato um tanto desconhecido para nós: o governo norte-americano não valoriza muito os seus veteranos de guerra – sinta a ironia do título original. São milhares de soldados que precisam de ajuda psicológica e que entram numa fila pior que o nosso SUS para comprovar que realmente estiveram numa zona de guerra e precisam de ajuda. O ator Miles Teller, do espetacular “Whiplash: Em Busca da Perfeição, de 2014, comprova mais uma vez sua competência, num papel que exige um forte tom dramático. O filme é muito bom, sério, esclarecedor, um gol de placa do estreante diretor Jason Dean Hall, mais conhecido como excelente roteirista. É dele, por exemplo, o roteiro do ótimo “Sniper Americano”, de 2014.                                                 

domingo, 12 de agosto de 2018


O drama alemão “EM PEDAÇOS” (“AUS DEM NICHTS”), 2017, roteiro e direção do turco radicado na Alemanha Fatih Akin, conta a história de Katja Sekerci (Diane Kruger), uma mulher atingida por uma terrível tragédia: a morte de seu marido Nuri Sekerci (Numan Acar) e do filho Rocco num atentado terrorista. No início das investigações, a polícia descobre que o marido de Katja, um imigrante turco, havia cumprido pena por tráfico de drogas e, a partir daí, passa a desconfiar que o assassinato tem a ver com alguma vingança de traficantes. Enquanto a polícia investiga, Katja entra em depressão, passa a beber e a usar drogas, contando apenas com o apoio de sua amiga Birgit (Samia Chancrin) e do advogado amigo da família Danilo Fava (Denis Moschitto). Depois de algum tempo, a polícia alemã consegue prender os terroristas, um jovem casal ligado ao movimento neonazista. Eles vão a julgamento e são defendidos pelo advogado Vertidiger Haberbeck (o ótimo Johannes Krisch), enquanto a acusação fica a cargo do advogado Danilo. O resultado do julgamento é anunciado e Katja não se conforma, o que a leva a planejar uma vingança com as próprias mãos. A parte final do filme é repleta de suspense, culminando com um desfecho dos mais surpreendentes e chocantes. A atuação da atriz alemã Diane Kruger como a viúva arrasada é sensacional, tanto que conquistou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes. O filme é ótimo, como comprovam a conquista do Globo de Ouro como Melhor Filme Estrangeiro e a indicação como representante da Alemanha ao Oscar 2018. Como ganhou o Globo de Ouro, esperava-se que ficasse entre os cinco finalistas de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar, o que, surpreendentemente, não aconteceu. Resumo da ópera: um filmaço!