sábado, 15 de novembro de 2014
“BOYHOOD - DA INFÂNCIA À
JUVENTUDE” (“Boyhood”), EUA, dirigido por Richard Linklater, é aquele filme lançado
recentemente (2014) e que alcançou grande repercussão por ter sido feito em 12
anos. Explico: a cada ano, o elenco principal se reunia durante alguns dias e
filmava. Isso foi feito de 2002 a 2014. Nesse período, o filme acompanhou o
crescimento do menino Mason (Ellar Coltrane) e de sua irmã Samantha (Lorelei
Linklater, filha do diretor). Ellar, por exemplo, tinha 6 anos quando as
filmagens começaram e 18 quando terminaram. Na história, eles são filhos de um casal
recém-separado, Olivia (Patricia Arquette) e Mason Sr. (Ethan Hawke). O filme
vai mostrar, durante longos 165 minutos, o relacionamento familiar dos personagens,
aqui incluídos os três novos maridos de Olivia, os problemas que caracterizam a
fase adolescente, os primeiros namoros, os primeiros pileques, o amadurecimento
etc. O filme lembra muito aquela série de TV “Anos Incríveis”, com muito blá blá blá e pouca ação. Na verdade, parece mesmo uma interminável sessão
de terapia infanto-juvenil, apesar de alguns diálogos interessantes, principalmente
entre o pai Mason e os filhos. Dizem que o filme está bem cotado para o Oscar
2015, o que é um exagero. Em todo o caso, o diretor Linklater tem em seu
currículo bons filmes como “Escola do Rock” e “Antes da Meia-Noite”.
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
Para
quem curte o gênero policial, o francês “MEA CULPA”, 2014, oferece o cardápio completo: muita
ação, tiros, perseguições, pancadarias e mulher bonita (e põe bonita nisso,
pois ela é a atriz e diretora libanesa Nadine Labaki, mulher de fechar o
comércio do Oriente Médio). O filme é todo ambientado em Toulon e a ação
desenfreada começa quando o garoto Theo (Max Baissette de Malglaive), de 9 anos, testemunha
um ajuste de contas entre duas gangues que acaba em assassinato. Daí pra
frente, os bandidos irão atrás do menino e de sua mãe (Labaki). Só que eles não
sabem que Theo é filho de Simon (Vincent Lindon), um ex-policial durão que
agora trabalha numa firma transportadora de valores. Com a ajuda de Franck
(Gilles Lellouche), seu antigo parceiro na polícia, Simon vai tentar proteger
seu filho e sua ex-mulher. Muito sangue vai rolar até o final, que ainda terá a
revelação surpreendente de um segredo envolvendo o relacionamento de Franck e
Simon. O filme é dirigido por Fred Cavayé, um especialista em filmes policiais e
de suspense (“À Queima-Roupa”, “Tudo por Ela” e “Os Infiéis”). Entretenimento
garantido!
“A MONTANHA MATTERHORN” (Matterhorn”),
2013, Holanda, é uma comédia dramática muito interessante e criativa. Conta a
história de Fred (Tom Kas), um viúvo de 54 anos que vive numa pequena vila no
interior da Holanda. Fred é recluso, solitário e extremamente metódico. Sua
esposa morreu num acidente e ele expulsou o filho Johan – em homenagem a Bach,
do qual é fã ardoroso - de casa. Um dia, aparece em sua rua um homem com problemas
mentais, a quem Fred dá acolhida. Mais tarde, saberá que o homem, que só emite
sons de animais, se chama Theo (René Van’t Hof). Tanto Fred como os moradores
da vila são bastante religiosos, frequentam a igreja calvinista e todos são
bastante rígidos em seus costumes. Dessa forma, a comunidade não vê com bons
olhos o gesto humanitário de Fred, principalmente depois que o pastor e um
vizinho flagram Theo vestindo as roupas da falecida. Até a metade do filme, as
situações parecem se repetir e nada acontece ou é explicado. Na segunda metade,
porém, a história engrena e o filme dá uma reviravolta, tornando-se bastante
agradável e até comovente. Não é um filme que se possa recomendar como se fosse
comum, igual a tantos outros. Merece ser visto justamente por isso e pelo inusitado enredo.
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
Não
é tarefa das mais fáceis assistir ao drama filipino “NORTE,
O FIM DA HISTÓRIA” (“Norte, Hangganan ng
Kasaysayan”), 2013, direção de Lav Diaz. A começar por sua duração, nada menos
do que 250 minutos, ou seja, quatro horas e 10 minutos. Um verdadeiro exercício
de paciência e persistência. O ritmo é lento, quase arrastado, e as cenas
longas demais. O filme destaca dois núcleos na história. Um deles é uma família
muito pobre com imensas dificuldades para sobreviver. Para piorar, o chefe da
família, Joaquim (Archie Alemania) é preso, julgado e condenado à prisão perpétua
por um crime que não cometeu. De outro
lado está Fabian (Sid Lucero), um brilhante estudante de Direito que, faltando
um ano para se formar, abandonou a faculdade devido às suas radicais convicções
políticas e existenciais, transformando-se num jovem arredio e psicótico. Os
dois núcleos só terão alguma ligação por intermédio de uma agiota gananciosa.
Na primeira hora de filme ainda acontecem alguns diálogos interessantes, com a
turma de estudantes de Direito discutindo política. Numa dessas conversas, é
colocada em questão se as revoluções como a cubana e a filipina, por exemplo,
foram bem sucedidas. Um dos estudantes responde: “A única revolução que deu
certo foi a revolução dos Beatles”. O filme, na verdade, é depressivo, triste, de
um baixo astral generalizado – trata-se, na verdade de uma livre adaptação do clássico
“Crime e Castigo” (Dostoiévsky). Mesmo com todos esses problemas, é o candidato
oficial das Filipinas ao Oscar 2015 de Melhor Filme Estrangeiro, além de ter
sido selecionado para a mostra “Um Certain Regard” do Festival de Cannes.
terça-feira, 11 de novembro de 2014
Em
1983/1984, uma série de TV no Japão, com cerca de 300 capítulos, emocionou milhões
de espectadores ao contar a saga de uma menina de 7 anos obrigada a trabalhar
para ajudar a família pobre. A história, ambientada no início do século XX, foi
filmada em 2013 com o mesmo nome da série, “OSHIN”. Trata-se de um drama muito triste e, ao
mesmo tempo, tocante, graças principalmente à interpretação bastante
convincente da atriz mirim Kokone Hamada. Naquela época, no Japão, bem antes do
milagre econômico, as mulheres japonesas eram tratadas como escravas. Como diz
a mãe de Oshin: “Nós, mulheres, não temos vida própria. Vivemos para servir os
maridos, os filhos e os pais”. Nascida numa família extremamente pobre numa
vila da província de Yamagatae, Oshin é enviada para uma longínqua vila para
trabalhar como serviçal de uma família rica em troca de arroz. Isso aos 7 anos de idade. Lá, ela é maltratada
pela patroa e ainda acusada de roubar dinheiro. Ela foge e, sozinha, em pleno
inverno, enfrentará muitas adversidades. Embora realizado em clima de novela, o
filme é bem feito, destacando-se pelas belas imagens que formam os cenários de
inverno e pelo trabalho da atriz mirim. Quem for muito sensível pode preparar
um bom estoque de lenços de papel. Chororô garantido, né!
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
Ao
final de sua exibição na sessão inaugural do Festival de Cannes/2014, “GRACE
– A PRINCESA DE MÔNACO” (“Grace of
Monaco”) levou algumas vaias da plateia e foi massacrado pela crítica. Realmente,
não é um grande filme, mas não deixa de ser muito interessante, pois
ressalta a influência positiva de Grace junto ao Príncipe Rainier na gestão da
administração política do Principado. Foi Grace, por exemplo, a responsável
pela não intervenção de De Gaulle na crise de 1962. A França exigia o pagamento
de impostos e ameaçava, caso contrário, anexar Mônaco ao seu território. Também
foi por intermédio de Grace que Rainier descobriu uma sórdida manobra de sua irmã,
a Princesa Antoinette, para destituí-lo do cargo e ela mesma ocupar o seu lugar.
Embora predominem, como pano de fundo, as questões políticas, o filme tem
bastante glamour, principalmente no que se refere aos figurinos de época, joias
e celebridades. Há que se destacar a beleza de Nicole Kidman como Grace, além
de Paz Vega como Maria Callas. As únicas menções relativas à sua carreira de atriz
acontecem no começo do filme, quando Grace aparece ao final de uma cena de “Alta
Sociedade”, e quando Alfred Hitchcock a convida para atuar em “Marnie –
Confissões de uma Ladra”, quando ela já era princesa. O diretor Olivier Dahan é
o mesmo de “Piaf – Um Hino ao Amor, de 2007, que deu o Oscar de Melhor Atriz a
Marion Cotillard.
domingo, 9 de novembro de 2014
“MONTEVIDÉU” (“Montevideo,
Vidimo Se”), 2014, é o segundo filme do projeto do diretor sérvio Dragana
Bjelogrlic que visa contar a história, baseada em fatos reais, da participação da
seleção de futebol da Iugoslávia na Copa do Mundo de 1930, no Uruguai. O
primeiro, “Montevideo – O Sonho da Copa”, de 2011, mostra a escolha dos
jogadores entre os jovens atletas dos subúrbios de Belgrado, suas famílias,
seus romances, os treinamentos e alguns amistosos. O segundo conta a história
da participação da seleção na disputa daquela que foi a primeira copa do mundo
de futebol. A viagem de navio, a recepção no porto da capital uruguaia, a espelunca
em que foram hospedados, o romance do atacante Tirke (Milos Bikovic) com a bela
uruguaia Dolores (Elena Martinez), tudo contado na base do bom humor, o que
torna o filme, além de muito interessante pela história em si, bastante agradável
de assistir. É preciso destacar, porém, o total desconhecimento de Dragana
sobre os brasileiros, primeiros adversários da Iugoslávia. Para se ter uma
ideia, na apresentação oficial das delegações, nossos jogadores aparecem vestidos
com trajes típicos de tribos africanas. Uma mancada terrível! As cenas dos
jogos são todas muito fracas, diria até mal feitas. Ainda no elenco, o veterano
ator norte-americano Armand Assante aparece no papel de um empresário ganancioso em busca
de novos talentos. Assim como o primeiro filme concorreu ao Oscar 2012 de
Melhor Filme Estrangeiro, este segundo é pré-candidato na mesma categoria ao
Oscar 2015, também pela Sérvia.
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