sábado, 13 de setembro de 2014

 

Uma pena que esse belo e surpreendente drama “MÃE DE GEORGE” (“Mother of George”), 2012, co-produção Nigéria/EUA,  não tenha sido exibido em nossos cinemas. É um filmaço de encher os olhos pela sensacional fotografia e de lágrimas pela situação triste e trágica da protagonista principal, a tal “Mãe de George”. O filme estreou no Sundance Filme Festival/2013 e foi aclamado pelos críticos. A história é centrada num casal de nigerianos que reside no bairro nova-iorquino do Brooklin, Ayodele (Isaach de Bankolé) e Adenike (Danai Gurira). Pela tradição familiar, Adenike deve engravidar logo. O tempo passa e nada de gravidez, o que pode terminar com o casamento. Ayodele se recusa a ir ao médico fazer qualquer tipo de tratamento. O casal participa até de rituais africanos de candomblé. A mãe de Ayodele, matriarca de grande influência na família e na comunidade nigeriana, sugere a Adenike uma alternativa pra lá de chocante e radical. Uma boa história, com ótimos atores, mas o destaque maior fica mesmo para a exuberância do visual, graças ao incrível trabalho do diretor nigeriano Andrew Dosunmu, que também é fotógrafo e responsável por videoclipes de artistas como Aaron Neville, Tracy Chapman e Isaac Hayes. Imperdível para quem aprecia cinema de qualidade.   

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

São raros os atores e atrizes capazes de, com sua presença em cena, salvarem um filme ou, pelo menos, torná-lo menos medíocre. Um deles é o veterano Robert Duvall, que já ganhou um Oscar de Melhor Ator, em 1983, pelo filme “A Força do Carinho” (“Tender Mercies”), e outros importantes prêmios. Aos 83 anos, Duvall é o principal protagonista de “UMA NOITE NO VELHO MÉXICO” (“A Night in Old Mexico”), de 2014, dirigido pelo cubano Emilio Aragón. O filme conta a história de Red Bovie (Duvall), que acaba de perder seu rancho no Texas por causa de dívidas. Ele tenta o suicídio, mas não tem coragem. Quando se prepara para sair do rancho, aparece um rapaz, Gally (Jeremy Irvine, de “Cavalo de Guerra”), dizendo ser seu neto. Os dois pegam a estrada por insistência de Bovie, que quer se divertir, dançar e beber em algum lugar que tenha muitas mulheres. No caminho, porém, eles vão se defrontar com dois marginais e uma sacola cheia de dólares. Por causa disso, eles enfrentarão enorme perigo, pois o dinheiro também é disputado por outro bandido, Panamá (o ator espanhol Luis Tosar). Para amenizar um pouco a situação, eles conhecem a bela Patty (a atriz colombiana Angie Cepeda, de “Pantaleão e as Visitadoras”), uma cantora fracassada que se junta aos dois na aventura. O filme tem ação, humor e, claro, a presença de Duvall, o que garante um bom entretenimento. 

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

“CIRKUS COLUMBIA”, 2010. Vem da Bósnia – e com a assinatura do diretor Danis Tanovic (“Terra de Ninguém”, Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2002) - este ótimo drama ambientado em 1991, cujo enredo é baseado no livro homônimo do escritor Ivica Dikic. O cenário é uma pequena vila cuja população tenta se adaptar às mudanças causadas pela recente queda do regime comunista e, ao mesmo tempo, vive a expectativa do início de um conflito armado (a guerra que atingiria a Bósnia e Herzegovina nos anos seguintes). A história começa com o retorno de Divko Buntic (Miki Manojlovic) à vila, depois de 20 anos morando na Alemanha. Com seu jeito arrogante e autoritário, ainda mais agora rico, ele volta como se fosse o dono do lugar e com uma namorada, Azra (Jelena Stupljanin), 40 anos mais jovem. A primeira atitude de Divko é despejar de sua antiga casa a ex-mulher Lucija (Mira Furlan) e o filho Martin (Boris Ler). É em torno da relação de Divko com a namorada, a ex-mulher e o filho, mais o pano de fundo político, que se desenrolará a história. Também tem o gato preto que Divko trouxe da Alemanha e que diz dar sorte. O gato some na vila e, realmente, as coisas começam a dar errado para Divko. O diretor Tanovic acrescentou algumas pitadas de humor e lirismo para suavizar o contexto dramático. Dessa forma, o filme ficou agradável de assistir, ainda mais pelos excelentes atores, em especial Mira Furlan, Jelena Stupljanin e Miki Manojlovic. Um filme para quem gosta de cinema de qualidade.  

quarta-feira, 10 de setembro de 2014


Apesar do tom sentimentalóide e do enredo um tanto inverossímil, o drama espanhol “TUDO O QUE VOCÊ QUISER” (“Todo lo que Tú Quieras”), 2010, dirigido por Achero Mañas, não decepciona e até emociona. A história é a seguinte: o advogado Leo (Juan Diego Botto) fica repentinamente viúvo e tem de cuidar sozinho da filha Dafne (Lucía Fernández), de 4 anos de idade. Só que a menina sente muito a falta da mãe e pede ao pai que arrume uma “mãe falsa”. Pensando nisso, Leo se aproxima de Marta (Najwa Nimri), uma ex-namorada, só que não dá certo. Um dia, então, Dafne pede ao pai que passe batom para ficar parecido com a mãe. Pronto, aqui chegamos ao título do filme, ou seja, Leo vai fazer tudo o que Dafne pedir. Leo fará sacrifícios que colocarão em cheque não apenas o seu trabalho, como também sua vida pessoal e até mesmo a sua masculinidade. O filme em nenhum momento descamba para o chororô, mas tem lá seus instantes de sensibilidade. A atriz mirim que faz Dafne é uma gracinha, além de atuar com uma desenvoltura rara para uma criança da sua idade. Sua presença em cena vale o ingresso. Juan Diego Botto é um galã ao estilo Gianecchini, com aquela cara de bom moço e de coitadinho - ele lembra mesmo o galã brasileiro. Mas o inusitado mesmo é o visual da atriz Najwa Ninri, que faz Marta. Ela parece ter saído de um daqueles filmes dos irmãos Marx feitos na década de 40. Pode reparar! 

terça-feira, 9 de setembro de 2014

O drama polonês “VENEZA” (“Wenecja”), 2010, dirigido por Jan Jakub Kolski, tem como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial. O ano é 1939. A Polônia vivia a expectativa da iminente invasão alemã. Em consequência, os pais de Marek (Marcin Walew), de 11 anos, resolvem cancelar a viagem que fariam com os filhos a Veneza nas férias de verão. Era o grande sonho de Marek, que havia estudado todos os detalhes sobre a famosa cidade italiana, sua história, seus principais pontos turísticos, praças, monumentos etc. Com a mudança de planos, Marek é enviado, juntamente com o irmão Victor, para morar no casarão da avó no interior, onde já estavam suas tias e primas, todos vindos de Varsóvia. Um dia, quando o porão do casarão é inundado, Marek resolve construir uma espécie de maquete de Veneza, que se transforma, para a família, numa pequena cidade de sonho, capaz de fazer esquecer que lá fora está acontecendo uma guerra. Além de destacar os momentos em que Marek e as primas passam nessa Veneza de fábula, o filme acompanha o processo de amadurecimento de Marek, o que não exclui alguns fatos trágicos. A história é baseada no livro “Um Verão em Veneza”, do escritor polonês Wlodzimierz Odojewski. Aqui no Brasil, o filme foi exibido pela primeira vez em 2012 durante o 4º Festival de Cinema Polonês, em Florianópolis.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014


Se a presença de Colin Firth e Nicole Kidman já representa um grande atrativo, a incrível história, baseada em fatos reais, valoriza ainda mais “UMA LONGA VIAGEM” (“The Railway Man”), 2012, uma co-produção Inglaterra/Austrália. Todo o enredo é inspirado no livro autobiográfico do inglês Eric Lomax. Em 1942, oficiais ingleses são capturados pelos japoneses em Cingapura. Como alguns tinham formação em Engenharia, o grupo é enviado para a Tailândia com o objetivo de trabalhar na construção da estrada de ferro Burma-Sião (que passa pela famosa ponte do Rio Kway). No campo de prisioneiros, Lomax, um dos oficiais, construiu um aparelho de rádio para ouvir as notícias da guerra. Os japoneses descobriram e Lomax foi torturado brutalmente. Muitos anos depois, Lomax (Colin Firth) ainda carrega consigo os traumas dessa experiência, a ponto de abalar seu casamento com Patti (Nicole Kidman). Finlay (Stellan Skarsgard), seu melhor amigo e companheiro daquela época, descobre que Nagase Takashi, soldado japonês que testemunhou as torturas, está vivo e trabalhando como guia turístico no mesmo local onde tudo aconteceu em 1942, e conta para Lomax. Este, então, decide fazer novamente essa longa viagem de volta e se defrontar com Nagase (Kiroyuki Sanada). O filme, dirigido por Janathan Teplitzky, estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto/2013. Um belo drama que merece ser visto, principalmente pelo seu surpreendente e comovente desfecho.  
Baseado em fatos reais, o drama “SOBREVIVENTE” (“Djúpio”), 2012, foi o candidato oficial da Islândia ao Oscar 2013 de Melhor Filme Estrangeiro. A história é impressionante. Em 1984, um barco pesqueiro com 6 tripulantes sofre naufrágio nas águas mais do que gélidas do Atlântico Norte. Um dos tripulantes é Gulli (Ólafur Darri Ólafsson), um gordo simpático de trinta e poucos anos. Pois ele é o único sobrevivente. Gulli nadou cerca de 6 horas e, por incrível que pareça, não sofreu hipotermia, a causa da morte da maioria dos outros tripulantes – é impossível sobreviver nadando em águas geladas por mais de 20 minutos. Milagre ou um fenômeno humano? O caso virou manchete nos jornais da Europa e atraiu a atenção da comunidade médica. Gulli foi levado até para Londres para ser examinado. Depois de inúmeros testes, os médicos não chegaram a nenhuma conclusão. Ou seja, o caso de Gulli permaneceu inexplicável, ou explicável para quem acredita em milagre. É um filme bastante interessante, pois mostra como aconteceu o acidente, o sofrimento de Gulli ao assistir a morte dos companheiros e a sua luta pela vida até chegar em terra firme. O mais interessante, porém, são mesmo as análises médicas que tentaram descobrir como Gulli conseguiu sobreviver. Nos créditos finais há uma entrevista com o verdadeiro Gulli. 

domingo, 7 de setembro de 2014

“FRONTERA”, 2013, EUA, é um drama em torno da velha história dos imigrantes ilegais mexicanos que tentam entrar escondidos no território do Tio Sam. Os clichês estão todos aqui: deserto, muita poeira, calor infernal, violência, “coyotes” (servem de guias para os imigrantes), policiais corruptos, pobreza, fome, sede, sonhos e, principalmente, desilusões. Nas imediações da fronteira entre os dois países, é comum alguns norte-americanos praticarem tiro ao alvo mirando os mexicanos. No filme, tentando assustar alguns mexicanos com alguns tiros, três rapazes acabam assustando, na verdade, o cavalo de Olivia (Amy Madigan), esposa de Roy (Ed Harris), ex-xerife do pedaço. Olivia cai, bate com a cabeça numa pedra e morre. Miguel estava bem do lado dela e acaba sendo preso como suspeito. Roy, é claro, vai investigar por conta própria. Enquanto isso, quase que como uma história paralela, o filme mostra a tentativa de Paulina (Eva Longoria), esposa de Miguel, de também atravessar a fronteira para encontrar o marido. Outro drama vai começar. Enfim, um filme sem muitos atrativos.   
“DEUS NÃO ESTÁ MORTO” (“God’s not Dead”), EUA, 2013, propõe discutir a existência de Deus. Para isso, cria um embate bastante interessante entre um aluno da universidade, Josh Wheaton (Shane Harper), e seu arrogante professor de Filosofia, sr. Radisson (Kevin Sorbo). Tudo tem início no primeiro dia de aula. O professor começa a falar de sua matéria citando vários filósofos, cientistas, escritores e outras figuras famosas. “O que eles têm em comum?”, pergunta o professor, para logo em seguida responder: “Nenhum deles acredita em Deus”. Depois, pede aos seus alunos que escrevam num papel “Deus está morto”, afirmando que não permitirá nenhuma discussão a respeito. Josh, porém, nega o pedido e então o professor o desafia a provar, em três aulas, que Deus não está morto. Josh topa o desafio e ainda pede que os alunos sejam os jurados, mesmo que todos tenham escrito o que o professor pediu. Embora o filme apresente outras histórias paralelas, todas envolvendo a fé, o melhor mesmo fica restrito ao debate entre o aluno e o professor. Josh, em sua argumentação, também utiliza citações de filósofos e cientistas, alguns dos quais, inclusive, nomeados pelo professor na primeira aula. O debate, dessa forma, torna-se muito interessante, esclarecedor e até emocionante. Quem assistir ao filme não vai deixar de refletir sobre este assunto tão polêmico. Pode ver que vale a pena!     
“ISSO É O QUE EU SOU” (“That’s What I Am”), 2011, é um filme indicado para tanto para jovens como para adultos. E quando digo adultos, refiro-me, principalmente, ao pessoal que era adolescente em 1965, ano em que é ambientada toda a história. Nostalgia pura. Estão lá os personagens que nos fazem reviver aquela época no colégio, como a menina que “ficava” com todo mundo, a menina mais linda cobiçada por todos, a turma dos garotos valentões, o professor legal, os nerds, as feias e feios que sofriam com o bullyng, o primeiro beijo, a trilha sonora etc. A história gira em torno do garoto Andy Nichol (Chase Ellison), de 12 anos, que muito a contragosto ingressa na turma dos nerds para fazer um trabalho para a aula de literatura do Professor Sr. Simon (Ed Harris). Ele fica amigo de Stanley “Big G” Minor (Alexander Walters), um garoto esquisito e grandão, que é atazanado constantemente pela turma dos valentões. Andy é apaixonado por uma menina, com a qual sonha dar o seu primeiro beijo. Só que ela é a namorada do principal valentão do colégio. Histórias assim permeiam todo o filme. Nem mesmo o boato sobre a condição de “homo” do Sr. Simon estraga a diversão. Toda a história é narrada in off  por Andy Nichol adulto (voz do ator Greg Kinnear). É um filme sem qualquer pretensão, a não ser garantir uma deliciosa sessão da tarde.