quinta-feira, 4 de abril de 2019


“O FOTÓGRAFO DE MAUTHAUSEN” (“EL FOTÓGRAFO DE MAUTHAUSEN”), 2018, Espanha, 1h50m, produção Netflix (estreou dia 22 de fevereiro de 2019), terceiro longa-metragem dirigido pela cineasta espanhola Mar Targarona, com roteiro de Roger Danès e Alfred Pérez Vargas. Baseada em fatos reais, a história resgata mais um episódio dramático da Segunda Guerra Mundial, ou seja, as atrocidades praticadas pelos nazistas no campo de concentração de Mauthausen, na Áustria. A figura central é o ex-combatente Francisco Boix (1920-1951), que lutou pelos republicanos na Guerra Civil Espanhola (era militante do Partido Comunista), foi preso e enviado, no início da Segunda Guerra, para Malthausen, com outros 1.500 espanhóis e mais de 100 mil prisioneiros de várias nacionalidades, incluindo judeus, claro. No campo de concentração, Francisco Boix (Mario Casas) conseguiu uma vaga de assistente no laboratório fotográfico do oficial alemão Paul Ricken (Richard van Weyden), encarregado de fotografar tudo o que acontecia em Mauthausen, incluindo, principalmente, as atrocidades, enforcamentos, fuzilamentos, experiências médicas etc. Para denunciar essa situação ao mundo, Boix passou a roubar os negativos de Ricken, contrabandeando-os para fora do campo de concentração. Quando a guerra terminou, essas imagens serviram de prova para condenar vários nazistas como criminosos de guerra. Mario Casas, normalmente escalado para fazer o papel de galã em vários filmes espanhóis, nunca foi um bom ator, mas desempenhou bem como o  fotógrafo Francisco Boix. O filme é bastante interessante como documento histórico, embora possa chocar em algumas cenas das atrocidades. Enfim, mais um relato trágico da crueldade dos nazistas.   



terça-feira, 2 de abril de 2019


“O PROTETOR 2” (“The Equalizer 2”), 2018, EUA, 120 minutos, escrito por Richard Wenk e dirigido por Antoine Fuqua. Trata-se da sequência do filme de 2014 que criou o personagem Robert McCall, um ex-agente da CIA perito em artes marciais e agora aposentado. No primeiro filme, também escrito por Richard Wenk e dirigido por Antoine Fuqua, McCall (Denzel Washington) enfrenta a máfia russa para resgatar e proteger uma jovem. Neste segundo, McCall trabalha como motorista de Uber em Boston e, nas horas vagas, dá uma de herói, socando bandidos, drogados e gente da pior espécie. De vez em quando ele é convocado para alguma missão especial, como no início do filme, quando vai para a Turquia resgatar uma menina sequestrada pelo próprio pai turco. Quando sua amiga e ex-colega de CIA Susan Plummer (Melissa Leo) é assassinada quando investigava um crime em Bruxelas (Bélgica), McCall promete pegar quem a matou. Ele vai atrás dos criminosos e acaba descobrindo uma conspiração que pode envolver gente da própria CIA. O filme tem um desfecho interessante, quando McCall enfrenta, sozinho, os assassinos em meio a um furacão. É bom lembrar que a dupla Richard Wenk e Antoine Fuqua é especialista em filmes de ação, como já provaram em “Jack Reacher: Sem Retorno” e “Sete Homens e um Destino”. Lembro ainda que "O Protetor" foi inspirado numa série de TV dos anos 80 chamada "The Equalizer". Enfim, um bom programa para curtir com um pote de pipoca. Tem Denzel Washington ainda em plena forma, muita ação e pancadaria.    

segunda-feira, 1 de abril de 2019


“MÃE ROSA” (“MA’ROSA”), 2016, Filipinas, 110 minutos, roteiro e direção de Brillante Ma Mendoza (do ótimo “Lola”, de 2009). Excelente drama do pouco conhecido cinema filipino, premiado em Cannes (Melhor Atriz para Jaclyn Jose, a “Mãe Rosa”) e em outros festivais mundo afora. Realmente, o filme é muito bom. A história é centrada em Rosa e sua família – marido e quatro filhos. Eles residem num bairro pobre da periferia de Manila, capital das Filipinas, e sobrevivem com as vendas de sua pequena mercearia. Na verdade, o estabelecimento é fachada para que ela e o marido trafiquem drogas. Denunciados, eles são presos e levados à delegacia. Primeiro, eles são obrigados a entregar o traficante. Segundo, terão que arranjar uma quantia em dinheiro para pagar a “fiança”, ou seja, uma gorda propina para os policiais. Os quatro filhos saem atrás do dinheiro, um deles até se transforma em garoto de programa. Brillante reserva um grande espaço para mostrar o empenho dos jovens em conseguir a soma pedida pelos policiais. A câmera sempre nervosa de Brillante, acompanhando de perto os personagens, aumenta a tensão e o suspense nas cenas mais decisivas. A mensagem comovente no desfecho é a cereja do bolo, mostrando a grande atriz que é Jaclyn Jose.     

domingo, 31 de março de 2019


“SEM DATA, SEM ASSINATURA” (“BEDOUNE TARIKH, BEDOUNE EMZA”), 2017, Irã, 1h44m, segundo longa-metragem escrito e dirigido por Vahid Jalilvand. Depois de assistir a este excelente drama iraniano, confesso que acabei não entendendo o título em português. Mais adequado à história foi o título escolhido para exibição na França, “Cas de Conscience” (Caso de Consciência). Poucos cineastas abordaram a questão da culpa com tanta competência quanto Vahid Jalilvand. O filme começa à noite numa estrada onde acontece um acidente: o carro dirigido pelo dr. Kaveh Inariman (Amir Aghafi), médico patologista forense, derruba uma motocicleta onde estão Moosa (Navid Mohammadzadeh) e sua esposa Sayeh (Hediyeh Tehrani), além dos dois filhos do casal. O garoto de 8 anos se queixa de dor de cabeça e o médico quer levá-lo ao hospital, conselho não seguido por Mossa. No dia seguinte, o menino é levado morto para autópsia, realizada pela médica Leila (Zakieh Behbahani), colega de Kaveh. A causa da morte seria o botulismo, contraído pelo consumo de carne de frango estragada. O pai se sente culpado por ter comprado o alimento, vendido bem barato. O dr. Kaveh fica sabendo da morte do garoto e não se conforma com o resultado da autópsia. Ele acha que o menino morreu por causa de uma fratura na coluna cervical, provocada pelo acidente. A assim caminha a história, cada um enfrentando sua culpa, seu caso de consciência. O filme estreou durante o 74ª Festival de Veneza, ganhando elogios da crítica especializada e os prêmios de Melhor Diretor e Melhor Ator (Navid Mohammadzadeh). Ambos merecidíssimos. Por aqui, foi exibido na programação oficial da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Imperdível!