sábado, 11 de janeiro de 2020


Bruce Willis continua duro de matar, mas seus últimos filmes são duros de aguentar, de engolir, de assistir. Em quase todos eles Willis aparece pouco, mas seu nome surge sempre em destaque nos materiais de divulgação, como se ele fosse o protagonista principal. Além do mais, Willis está nitidamente sem fôlego para atuar em filmes de ação. Fora que nunca foi um bom ator e agora piorou muito. Se alguém tiver alguma dúvida a respeito de tudo isso que escrevi, assista ao recente suspense policial “CENTRO DO TRAUMA” (“TRAUMA CENTER”), 2019, EUA, 1h26m, direção do cineasta iraniano radicado na América Matt Eskandari, com roteiro de Paul J. Da Silva. A história toda gira em torno de Madison Taylor (Nicky Whelan), que por um azar acaba testemunhando o assassinato de um policial. Embora não possa identificar os dois atiradores, ela recebeu um tiro na perna e a bala pode denunciar a quem pertence o revólver do assassino. Os dois vilões conseguem descobrir que Madison está internada num hospital. Como também são policiais – da Narcóticos -, acabam tendo livre acesso às dependências do hospital. Seu objetivo é retirar a bala da perna da moça. Enquanto isso, nada de Willis, cujo personagem é o tenente Steve Swake. Por um bom tempo, Madison consegue fugir dos vilões até a chegada da cavalaria, ou seja, o pangaré Willis. A ação transcorre à noite, o hospital no maior silêncio, enquanto em alguns andares Madison tenta se esconder dos bandidos. Muito barulho, inclusive tiros, mas nada chama a atenção nem dos seguranças do hospital e muito menos dos médicos e enfermeiras. Tenha dó! Os atores Tito Ortiz e Texas Battle, os vilões, são tão medíocres que chegam a ser cômicos. Posso apontar como únicos destaques a presença da bela atriz australiana Nicky Whelan e a aparição do ator Steve Guttenberg, que andava sumido das telas – pelo menos faz tempo que não o vejo. “Centro do Trauma” é um enorme abacaxi, daqueles que vem com a Carmem Miranda pendurada. 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020


“A CAMAREIRA” (“LA CAMARISTA”), 2019, México, 1h42m, estreia no roteiro e direção da atriz Lila Avilés. O filme foi selecionado para representar o México na disputa do Oscar 2020 de Melhor Filme Estrangeiro (o México ganhou no ano passado por “Roma”, de Alfonso Cuarón). “A Camareira” é um filme simples, intimista, mas muito sensível. Utiliza apenas um personagem principal e outros dois ou três coadjuvantes, tem poucos diálogos e o cenário é único: o interior de um hotel de luxo na cidade do México. Mesmo assim, em nenhum momento torna-se entediante. A história acompanha o cotidiano de trabalho de Eve (Gabriela Cartol, ótima), camareira dos apartamentos vips do 21º andar. O tempo inteiro, ela aparece arrumando lençóis, travesseiros, limpando os banheiros e a sujeira deixada pelos hóspedes. Mostra Eve tomando conta do bebê de uma cliente argentina (Agustina Quinci), auxiliando um senhor judeu ortodoxo a apertar os botões do elevador no sabá, além de suas conversas, na hora de descanso, com a colega Minitoy (Teresa Sánchez). Eve é mãe solteira e trabalha duro para sustentar seu filho e pagar uma babá. Ela quer melhorar de vida e, por isso, participa de um programa de educação para adultos promovido para os empregados do hotel. Suas jornadas de trabalho, recheadas de plantões extras, a afastam vários dias do seu filho, deixando-a frustrada e triste. Enfim, a história toda gira em torno de Eve, que aparece em cena a cada segundo de projeção. Ou seja, leva o filme nas costas, realizando um excelente desempenho, o que lhe valeu uma indicação ao Prêmio Ariel (o Oscar mexicano concedido pela Academia Mexicana de Artes e Ciências Cinematográficas) de Melhor Atriz. “A Camareira” ganhou o Prêmio Ariel como Melhor Filme de Estreia. Resumo da ópera: o filme é muito bom, bastante sensível e agradável de assistir.    

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020


“O PINTASSILGO” (“THE GOLDFINCH”), 2019, Estados Unidos, 2h29m, direção do cineasta irlandês John Crowley (“Brooklyn”). O filme estreou no Festival de Cinema de Toronto em setembro de 2019. A história foi adaptada pelo roteirista Peter Straughan do romance “The Goldfinch”, que deu à escritora Donna Tartt o Prêmio Pulitzer de 2014. O personagem principal é Theodore Decker (Cakes Fegley na adolescência e Ansel Elgort na fase adulta). Aos 13 anos, Theo foi com a mãe visitar o Museu Metropolitano de Arte da Nova Iorque. Durante a visita acontece um atentado à bomba que mata sua mãe e outras pessoas. Theo sobrevive e recolhe dos escombros o quadro “O Pintassilgo”, do pintor holandês Carel Fabritius (1622-1654), justamente aquele que ele admirava quando a bomba explodiu. Como seu pai sumiu do mapa há tempos, Theo não tinha onde morar e acabou sendo acolhido na casa da sra. Barbour (Nicole Kidman, com a aparência meio esquisita, talvez excesso de botox), mãe de seu colega de escola. E por aí vai a história, acompanhando a trajetória de Theo pela vida afora, incluindo a amizade com o dono de um antiquário, envolvimento com o tráfico de drogas, o noivado com uma moça da alta sociedade novaiorquina, o reencontro com o pai irresponsável em Las Vegas e até uma viagem para a Europa na tentativa de recuperar o quadro que estava de posse de um mafioso russo. Não deve ter sido fácil para o roteirista Peter Straughan condensar tanta informação e as inúmeras situações vividas por Theo e descritas nas 700 páginas do livro de Donna Tartt. Ou seja, muita coisa para contar em apenas 2h29m de projeção. O elenco conta ainda com Jeffrey Wright, Luke Wilson, Sarah Paulson, Willa Fitzgerald, Aneurin Barnard, Hailey Wist, Finn Wolfhard e Aimee Lawrence. Vale uma visita pela história e pelo excelente elenco.     

domingo, 5 de janeiro de 2020


“JT LEROY”, 2018, coprodução Estados Unidos/Canadá, 1h48m, roteiro e direção de Justin Kelly. Baseada em fatos reais, a história relembra um caso de grande repercussão ocorrido nos Estados Unidos em meados da primeira década deste século. Sob o pseudônimo de JT Leroy, a escritora independente Laura Albert escreveu, em 2000, o livro “Sarah”, que logo virou best-seller ao retratar a vida sofrida, tumultuada e chocante de Jeremiah “Terminator” Leroy (o pseudônimo JT Leroy, que assinava o livro), que todo mundo acreditava ser um personagem real. Em 2001, saiu um novo livro de Laura Albert, também como JT Leroy: “O Coração é Enganoso Acima de Todas as Coisas”. Mas, afinal, quem é o JT Leroy na vida real? A curiosidade mexeu com os meios literários, com a mídia e com os milhões de leitores pelo mundo inteiro. Até com Hollywood, que queria fazer um filme com JT Leroy. Laura Albert (Laura Dern), a autora verdadeira, teve a ideia de transformar sua cunhada Savannah Knoop (Kristen Stewart) no tal JT Leroy, uma falsa jogada de marketing que durou até 2005, quando uma reportagem do Jornal The New York Times revelou a farsa. Com seu tipo andrógeno, a atriz Kristen Stewart, que, como o personagem JT Leroy, também é bissexual na vida real, é o grande destaque do filme, que teve sua estreia mundial no dia 15 de setembro de 2018 no Festival de Toronto. Lembro que o roteiro foi inspirado no livro “Girl Boy Girl: How I Became JT Leroy”, escrito pela própria Savannah Knoop, que também ajudou o diretor Justin Kelly a roteirizar a  história. Também estão no elenco, além de Kristen Stewart e Laura Dern, a atriz alemã Diane Kruger, Jim Sturgess e Courtney Love. Muita gente aqui no Brasil talvez nunca tenha ouvido falar no caso JL Leroy. Por isso mesmo, o filme pode ser bastante interessante, valorizado ainda mais pelo excelente elenco e o ótimo roteiro.