sábado, 26 de julho de 2014
“Quando eu era vivo”, 2013, direção
de Marco Dutra (“Trabalhar Cansa”) é uma das raras incursões do cinema nacional no gênero Terror Psicológico. A história é baseada no
livro “A Arte de Produzir Efeito sem Causa”, de Lourenço Mutarelli. Começa o
filme com Júnior (Marat Descartes) voltando ao apartamento do pai (Antonio
Fagundes), depois de perder o emprego e se separar da esposa. Aparentemente, ele
é uma pessoa normal. Bruna (Sandy Leah), sua prima, também mora no apartamento,
num quarto alugado. Ao arrumar o quartinho dos fundos para fazer seu cantinho,
Júnior encontra vários objetos que pertenceram à sua mãe, falecida há alguns
anos. Em alguns flashbacks, Júnior relembra que a mãe era dedicada ao ocultismo
e curtia o sobrenatural. Júnior encontra uma mensagem criptografada com a letra
da mãe e acredita que, se conseguir decifrá-la, desvenderá alguns segredos do
passado. A partir daí, Júnior transforma-se completamente, fica agressivo, neurótico
e depressivo. Em alguns momentos, lembra o personagem de Jack Nicholson em “O
Iluminado”. Pouca gente entendeu a presença da cantora Sandy no elenco. Uma
jogada de marketing? Acho que sim, pois ela continua sendo a Sandy; até canta
no filme. Nem o cabelo dela foi mudado. Fora isso, o filme não é de todo ruim, tem bastante tensão e alguns
sustos - o de sempre, presença de espíritos, gaveta abrindo sozinha, objetos se mexendo etc. O desfecho, porém, ao invés de assustar, pode fazer rir. Ainda não foi
desta vez que o cinema nacional acertou nesse tipo de gênero.
sexta-feira, 25 de julho de 2014
“Moscati, o Doutor que virou
Santo” (“Moscati, L’amore che Guarisce”) foi produzido em 2007 pela TV italiana
RAI. Conta a história do médico Giuseppe Moscati, um dos poucos leigos a ser
canonizado pela Igreja Católica. O filme, com mais de três horas de duração, em
duas partes, descreve a trajetória de Moscati desde que ingressou na Faculdade
de Medicina de Nápoles, em 1903, até a sua morte, em 1927. Conta também como
Moscati dedicava-se de corpo e alma aos pobres, indo medicá-los nos bairros
miseráveis da cidade, no hospital público – chamado Hospital dos Incuráveis - e,
de graça, em sua própria casa. Ele chegou a vender os móveis e objetos de arte
de sua família para comprar remédios para os doentes. O filme destaca também o
trabalho do médico prestando socorro às vítimas do terremoto causado pela
erupção do Vesúvio, em 1906, e sua dedicação integral à erradicação da epidemia
de cólera que atingiu Nápoles em 1911. Seus diagnósticos eram certeiros e,
segundo muitos depoimentos, Moscati curou pacientes considerados casos perdidos.
Um dos milagres a ele atribuídos diz respeito a um jovem já desenganado, vítima
de leucemia. A mãe diz que sonhou com Moscati e, no dia seguinte, o jovem
estava curado. Numa primorosa reconstituição de época, o filme mostra cenários
deslumbrantes como palácios e mansões, além da arquitetura da cidade. O elenco
conta com Beppe Fiorello (Moscati), Kasia Smutniak (Elena Cajafa) e Paola
Casella (Cloe), entre outros. O filme tem mais de três horas de duração, em
duas partes, mas vale cada minuto pela história de um homem que fez da sua vida
uma obra de caridade e amor ao próximo. Imperdível!
quarta-feira, 23 de julho de 2014
“Stockholm Östra” é um
drama sueco produzido em 2011. A história é baseada num romance de Pernilla
Okjelund. Johan (Mikael Persbrandt) atropela e mata uma menina de 9 anos, filha
do casal Anna (Iben Hjejle) e Anders (Henrik Norlén). O caso vai a julgamento e Johan
é inocentado – realmente, ele não foi o culpado pelo acidente, mas vai ficar
bastante traumatizado pelo que aconteceu. Anders vai assistir ao julgamento –
Anna não quis ir - e faz questão de encarar Johan. O acidente desestrutura o
casamento dos pais da menina. E vai ficar muito pior quando, por uma dessas
coincidências da vida – e da ficção –, Anna conhece Johan numa viagem de trem. E
pinta um clima entre os dois, embora Johan saiba que ela é a mãe da menina
morta. Anna, aliás, nunca comenta com Johan que perdeu uma filha. Anna fala da
filha como se ela estivesse viva. O romance começa a ficar sério demais e acaba
afetando os dois casamentos. Como a paixão é forte, eles se arriscam muito e Anders
acaba descobrindo a traição da mulher. Em meio a essa situação um tanto
desconfortável, Anna ainda descobre que está grávida. Mais não dá para contar.
Sem dúvida, um bom filme, com excelentes atores e a mão firme do diretor Simon
Kaijser da Silva. Ah, o título do filme é o mesmo do restaurante em que o casal
de amantes costuma frequentar, numa estação ferroviária.
“Pura Poesia Cinematográfica”. Este seria o slogan que melhor definiria o
filme italiano “Shun Li e o Poeta” (“Io Sono Li”). A produção é de
2011, participou da 36ª Mostra Internacional de Cinema São Paulo/2012 e recebeu
vários prêmios em festivais pelo mundo inteiro. É o primeiro filme dirigido por
Andrea Stegre, um especialista em documentários. O filme conta a história da
chinesa Shun Li (Tao Zhao), que chega à Itália por intermédio de uma
cooperativa que traz imigrantes chineses para trabalhar no país. Ela trabalha praticamente
de graça, pois quer custear a vinda do seu filho de 8 anos para a Itália. Sem
falar uma palavra em italiano, Shun Li vai trabalhar na “Osteria Paradiso”, uma
taverna em Chioggia, cidade conhecida também como a “Pequena Veneza”, localizada
ao sul da lagoa veneziana, pertinho da Veneza original. A taverna é frequentada
por pescadores e trabalhadores italianos aposentados, que logo fazem amizade
com Shun Lin, inclusive ensinando-a a falar italiano. Um dos pescadores é o
velho Bepi (o ator croata Rade Serbedzija), apelidado de “Poeta” por gostar de
fazer rimas. Ele se sensibiliza com a situação de Shun Lin e passa a ajudá-la,
pois sabe, por experiência própria – chegou da Iugoslávia há 30 anos - como é difícil
começar a vida num país estranho sem ao menos saber falar sua língua. Bepi e
Shun Lin iniciam uma relação de amizade despida de qualquer outra intenção
senão a solidariedade, a companhia e a pureza de sentimentos. As imagens do mar
de Chioggia, valorizadas pela ótima fotografia, são deslumbrantes. Um filme, enfim, sensível e comovente.
terça-feira, 22 de julho de 2014
O
cinema nacional não tem tradição de produzir filmes de suspense. E, quando o
faz, nem sempre o resultado é satisfatório. São raros os que escapam. Este é o
caso de “Confia em Mim”,
2013, o primeiro longa dirigido por Michel Tikhomiroff. Trata-se da história de
Mari (Fernanda Machado), chef de um restaurante fino. Ela não é valorizada em
seu trabalho, é atormentada pelo dono e, por isso, sonha em abrir o seu próprio
restaurante para ter liberdade de criar novos pratos. Mas falta-lhe dinheiro e
coragem. Num curso de degustação de vinhos, ela conhece Caio (Mateus Solano), um
cara charmoso e sedutor que diz ser dono de uma empresa de
importação/exportação. Os dois começam a ter um caso e ela revela sua intenção
de abrir um restaurante e conta, na maior inocência, que sua mãe é rica e pode
ajudar. Caio dá maior força à ideia e ainda se propõe a cuidar do investimento.
Mari consegue R$ 200 mil e coloca tudo na mão de Caio. A partir daí, não dá
para contar mais para não estragar as reviravoltas e surpresas que acontecem
depois. O trabalho dos dois atores globais é muito bom, valorizando um filme
que, por si só, merece ser conferido.
segunda-feira, 21 de julho de 2014
Quando
a atriz é competente, tanto faz o gênero, ela sempre se sai bem. É o caso da
atriz alemã Diane Kruger, que tem uma carreira bastante sólida no cinema
francês. Consagrada em papéis sérios e dramáticos, pela primeira vez ela encara
a principal protagonista de uma comédia. E dá show. Trata-se de “Um
Plano Perfeito” (“Um Plan Parfait”), 2012,
comédia francesa em que Diane faz o papel de Isabelle, uma solteirona prestes a
se casar com Pierre (Robert Plagnol). Só que tem um problema. Todas as mulheres
da família de Isabelle, da sua tataravó em diante, enfrentam uma maldição: o
primeiro casamento sempre dá errado e termina em divórcio. Para escapar desse
estigma, Isabelle, juntamente com a irmã – que está no segundo casamento –,
bola um plano dos mais estapafúrdios: casar com um desconhecido na Dinamarca,
onde é permitido se divorciar dez minutos depois do casamento. Durante a viagem
para Copenhagen, porém, ela conhece Jean-Yves Berthier (Dany Boon), um “mala
sem alça” tagarela e inconveniente, redator de um guia turístico. Daí para a
frente, a viagem de Isabelle complica de vez. Para se ter uma ideia, ela vai
parar com Jean-Yves no Quênia e em Moscou. Muito doido, não? Finalmente uma comédia que faz rir. E bastante. E ainda tem Diane Kruger. Não perca!
Boas
doses de ação e suspense estão garantidas em “Sem Escalas” (“Non-Stop”), 2013, EUA, direção de Jaume
Collet-Serra, embora a história inteira aconteça dentro de um avião. Bill Marks
(Liam Neeson) é um policial encarregado da segurança nos voos de uma companhia
aérea, prática adotada nos EUA após o 11 de Setembro. Desta vez, Bill embarca num avião
com 150 passageiros que sai de Nova Iorque em direção a Londres. Logo após a
decolagem, Bill recebe uma mensagem de texto em seu celular de alguém que
ameaça matar uma pessoa do avião a cada 20 minutos se a companhia aérea não
depositar US$ 150 milhões numa conta. Como num livro ou num filme de Agatha Christie,
vários suspeitos começam a aparecer, o que leva o espectador a iniciar um jogo
de adivinhação. Um dos suspeitos é o próprio Bill. A tensão aumenta depois que
aparece o primeiro cadáver. Estão ainda no filme a ótima Julianne Moore,
Michelle Dockery e Lupita Nyong’o, esta última como uma das aeromoças do avião.
Ela trabalhou neste filme antes de “12 Anos de Escravidão”, pelo qual ganhou o
Oscar 2014 de Melhor Atriz Coadjuvante. Mesmo
aos 61 anos, Neeson ainda dá conta do recado em filmes de ação, como comprovam
os dois que fez antes deste, “Busca Implacável” partes 1 e 2. “Sem Escalas” vai fazer você comemorar o fato de estar sentado
na poltrona de sua casa e não em uma desse avião.
domingo, 20 de julho de 2014
Antes
de ser exibido em nossos cinemas, o drama nacional “Hoje
eu Quero voltar Sozinho” estreou na
mostra paralela Panorama do Festival de Berlim, em fevereiro de 2014. Foi
sucesso de público e de crítica. E com toda razão. O filme é uma verdadeira
pérola de sensibilidade. Conta a história de Léo (Guilherme Lobo), um
adolescente cego que tem em Giovana (Tess Amorim) sua melhor amiga, confidente e anjo da guarda. É ela quem o defende dos bulliyngs no colégio e o leva para
casa todos os dias. Até o dia em que chega Gabriel (Fabio Audi) para estudar na
mesma classe. O garoto novo vai tumultuar a relação entre os dois amigos e
despertar a homossexualidade latente de Léo. O filme é uma extensão do curta “Eu
não quero voltar Sozinho”, de 2010, dirigido pelo mesmo diretor e roteirista,
Daniel Ribeiro. Apesar do clima dramático, o filme é pródigo em cenas e
diálogos bem-humorados, o que o torna leve e agradável. A impressionante
interpretação do jovem ator Guilherme Lobo como o jovem cego é um dos pontos
altos do filme, assim como a comovente cena final. Simplesmente imperdível!
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