sábado, 2 de janeiro de 2021

 

Drew Barrymore em dose dupla. Esta é a atração principal da comédia romântica “DUAS POR UMA” (“THE STAND IN”), 2020, Estados Unidos, 1h41m, disponível na Netflix desde o dia 16 de dezembro de 2020, direção da cineasta Jamie Babbit, seguindo roteiro de Sam Bain. Barrymore interpreta, com muita competência, dois papéis: a da atriz Candy Black e de sua dublê Paula. Candy adquiriu fama em Hollywood em comédias do tipo pastelão, ganhou muito dinheiro e virou uma celebridade no mundo do cinema. Agora, porém, vive uma fase decadente, não é mais requisitada como antes e, para piorar, passou a usar drogas pesadas. Depois de ter um surto histérico quando filmava uma cena de seu último filme, Candy acabou no ostracismo, tornou-se reclusa e depressiva em sua mansão, dedicando-se (pasmem!) à carpintaria. Voltando àquela cena do vexame, a dublê Paula aproveitou a chance e começou a substituí-la, tanto naquele como em outros filmes, além de entrevistas e eventos. Virou celebridade no lugar da verdadeira atriz. E por aí segue a história. Paula toma gosto pelos holofotes e assume de vez a identidade de Candy, chegando a roubar seu namorado. Apesar do rótulo “comédia romântica”, são poucas as sequências de humor e de romance. Realmente, só vale a pena pelo desempenho de Barrymore, embora o elenco tenha bons atores, como Lena Dunham, Michel Zegen, Holland Taylor, T.J. Miller e Ellie Kemper. Para fechar o comentário, tentei somar os pontos positivos do filme. Fiquei só em Barrymore. Resumo da ópera: “Duas por Uma” apresenta uma boa ideia, mas muito mal aproveitada. Assista apenas se não tiver outra opção.        

 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

 

“NADA A ESCONDER” (“LE JEU”), 2018, França, 1h30, roteiro e direção de Fred Canayé. Trata-se de uma comédia que faz rir das situações, mas que também tem seus momentos de puro drama. O filme parte da ideia inicial do cineasta italiano Paolo Genovese, que em 2016 escreveu e dirigiu “Perfectos Desconocidos” (“Perfeitos Estranhos). Além desta versão francesa, já aconteceram outras três: do cinema espanhol, do sul-coreano e do turco. O ponto de partida da história é o mesmo, ou seja, três casais e um solteirão, todos de meia idade e amigos de longa data, se reúnem para um jantar. Papo, vai, papo vem, chega-se ao tema principal: quem ama não tem nada a esconder. Diante desse contexto, a anfitriã da festa sugere um jogo bastante interessante, mas que pode se tornar perigoso. Cada um deve colocar o seu celular no centro da mesa, todos desbloqueados e no viva-voz. A gente percebe que alguns não gostam da sugestão, mas, para não levantar suspeitas, concordam em participar. Depois de algumas ligações ouvidas por todos, o ambiente começa a ficar pesado, com troca de farpas e muita roupa suja lavada, gerando sequências bem engraçadas, outras nem tanto. Outro componente importante da história é a ocorrência de um eclipse lunar bastante raro naquela noite. Será que ele pode interferir no comportamento das pessoas, especialmente aquelas que estão participando desse jantar? Eu só vi a versão francesa, alvo deste comentário, mas duvido que as outras sejam melhores. A começar pelo elenco, constituído por excelentes atores como Suzanne Clément, Bérénice Bejo, Doria Tillier, Vincent Elmaz, Stéphane de Groodt, Roschdy Zem, Gregory Gadebois e Fleur Fitoussi, astros consagrados do cinema francês. “Nada a Esconder” é um filme muito interessante, ideal para o público adulto. Entretenimento garantido.        

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

 

“EM TODA PARTE” (“ILS SONT PARTOUT”), 2016, França, 1h51m, disponível na Netflix, direção e roteiro de Yvan Attal, ator e cineasta franco-israelense nascido em Telaviv (Israel). Trata-se de uma comédia inteligente, irreverente e cáustica, explorando – no estilo Woody Allen – as mazelas do povo judeu. São várias histórias curtas, começando com Yvan Attal no papel dele próprio em consulta com um terapeuta. Ele se sente perseguido pelo fato de ser judeu. As outras histórias envolvem um político de extrema-direita e antissemita que, às vésperas de uma eleição, descobre que é judeu. Outra história, a mais engraçada, é a de um agente do Mossad (serviço secreto de Israel) encarregado de uma missão muito especial: voltar no tempo e assassinar o bebê Jesus. Tem também a história de um judeu fracassado que é rejeitado pela própria família por ser pobre. Outro episódio hilariante é o de um antissemita cuidador de idosos que se sente discriminado por ser ruivo, desencadeando uma série de protestos de minorias por toda Paris. E ainda tem uma reunião hilária do presidente francês e seus ministros, que decidem converter a população francesa para o judaísmo, pois assim teriam mais chance de sucesso e de ganhar dinheiro. Enfim, situações muito engraçadas, humor fino, diálogos inteligentes e um elenco de primeira. Veja: Yvan Attal, Gilles Lellouche, Dany Boon, Benoit Poelvoorde, Valérie Conneton, Charlotte Gainsbourg (esposa do diretor na vida real), François Damiens, Denis Podelydès e Catherine Frot. Imperdível!      

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

 



“A PEQUENA SUÍÇA” (“LA PEQUEÑA SUÍZA”), 2019, Espanha, 1h26m, disponível na Netflix, direção de Kepa Sojo, que também assina o roteiro com Sonia Pacios, Daniel Monedero, Jelen Morales e Alberto Lopez. Trata-se de um besteirol daqueles, mas muito divertido. Uma comédia totalmente despretensiosa, a não ser fazer rir o tempo inteiro. O ponto de partida é bastante original. Um vilarejo fictício chamado Tellería, localizado na região central do país basco, tenta há 700 anos, sem sucesso, ser reconhecido como basco. Uma parte da população defende que o vilarejo pertence à Espanha, enquanto outra defende que pertence a Castela. A maioria, porém, quer ser basca. O imbróglio pode ter uma solução inesperada quando dois historiadores especializados em arqueologia descobrem sem querer, sob uma igreja histórica, o túmulo do filho de Guilherme Tell, aquele herói que teria vivido num cantão da Suíça. O prefeito de Tellería, incentivado por seus principais assessores, resolve levar adiante a ideia de reivindicar, junto ao governo suíço, que o vilarejo seja reconhecido como um novo cantão da Suíça. Toda essa situação acaba numa enorme confusão, com uma série de sequências muito divertidas. Este é o segundo longa-metragem do cineasta Kepa Sojo, mais conhecido como diretor de curtas. O elenco é ótimo, destacando-se Maggie Civantos, Jon Plazaola, Ingrid García-Jonsson, Pepe Rapazote, Ramon Barea, Secun de La Rosa, Kandido Uranga e Enrique Villén. Nos créditos finais, ainda há cenas de bastidores, com erros de gravação, e atores interpretando um musical. Tudo muito alegre e sem compromisso. Ao contrário da crítica especializada, eu gostei e recomendo. Em tempos tão tenebrosos, rir é ainda o melhor remédio.    

 

domingo, 27 de dezembro de 2020

 

“O CÉU DA MEIA-NOITE” (“THE MIDNIGHT SKY”), 2020, Estados Unidos, produção original Netflix, 2h2m, direção de George Clooney, que também atua. O roteiro é assinado por Mark L. Smith, que se inspirou em “Good Morning, Midnight”, romance de estreia da escritora Lily Brooks-Dalton. Não li o livro e, portanto, não sei se a adaptação foi bem feita. O filme de Clooney (o sétimo que dirige) apresenta duas histórias que se alternam na tela quase até perto do desfecho, quando então se conectam. O ano é 2049. O cientista e astrofísico Augustine Lofthouse (Clooney) está  numa base científica na Groelândia. Segundo se presume, é o único habitante da Terra ainda vivo (será que foi a Covid que matou todo mundo?). Ele sofre de uma doença terminal que o obriga a realizar sessões de hemodiálise diárias, utilizando um aparelho portátil que ele mesmo opera. Ele só tem a companhia de uma menina chamada Iris (Caovlinn Springall), que se escondeu na estação quando todo o pessoal da base foi embora. O principal objetivo de Augustine é continuar vivo para entrar em contato com a tripulação da espaçonave “Aetherde” e avisar para que não retornem à Terra. Na espaçonave estão cinco astronautas: o comandante Adewole (David Oyelowo), Sully (Felicity Jones), Sanchez (Damían Bichir), Maya Peters (Tiffany Boom) e Mitchell (Kyle Chandler). Eles estão de volta após uma missão bem sucedida no espaço, ou seja, encontrar um planeta que seja habitável. Eles encontraram: a Lua K-23 de Júpiter (haja ficção!). O roteiro alterna cenas no Ártico com Clooney e a menina enfrentando violentas tempestades para encontrar uma base que tenha sinal para se comunicar com a espaçonave, com as sequências no espaço com os clichês de sempre: chuvas de meteoro, defeitos em equipamentos que só podem ser consertados fora da nave, muito papo saudosista sobre as famílias que ficaram na Terra etc. Com exceção de algumas boas cenas de ação e de perigo, o restante do filme chega a ser entediante, recheado de papo furado. A crítica especializada ficou dividida: uns detestaram, outros acharam bom, apenas bom. Eu achei o resultado final decepcionante, uma bola fora de Clooney.