sexta-feira, 27 de setembro de 2019


“TUDO O QUE TIVEMOS” (“WHAT THEY HAD”), 2018, EUA, 1h41m, primeiro longa-metragem escrito e dirigido pela atriz e dramaturga Elizabeth Chomko. Trata-se de um drama familiar intimista que gira em torno da doença da matriarca da família Ertz, Ruth (Blythe Danner), que está entrando na fase mais aguda do Alzheimer, o que mobiliza a atenção de toda a família. Quando ela sai de casa à noite sem rumo, em meio a uma nevasca, o filho Nicky (Michael Shannon) pede à irmã Bridget (Hilary Swank) que retorne à cidade para ajudá-lo a decidir o que fazer com a mãe e convencer o pai Burt (Robert Forster) a interná-la em alguma clínica especializada. É a partir dessa premissa que se desenvolve o roteiro, que, apesar do contexto dramático, está entremeado de algumas ótimas situações de humor, como aquela durante a missa dominical e um velório. Enfim, um drama bastante comovente cujo maior trunfo é a atuação do elenco, principalmente os veteranos Blythe Danner (mãe da também atriz Gwyneth Paltrow) e Robert Forster, além da excelente Hilary Swank, que já tem um Oscar de Melhor Atriz por “Menina de Ouro” (2004) e Michael Shannon. Mais um filme que trata de forma competente a questão do Alzheimer e suas consequências não só para o doente, como também para toda sua família. Excelente!      

quarta-feira, 25 de setembro de 2019


“ANJO MEU” (“ANGEL OF MINE”), 2019, coprodução Austrália/EUA, 1h38m, direção de Kim Ferrant, com roteiro de Lucas Davi e David Regal. Trata-se de um suspense cuja história é um antigo clichê do cinema, ou seja, mulher psicótica e frustrada  persegue uma família bem estruturada e feliz. No caso, a maluca é Lizzie (Noomi Rapace), cuja filha então bebê morreu anos antes no incêndio ocorrido num hospital. Desde então, ela faz terapia intensiva com um psicólogo e é vigiada de perto pelo marido Mike (Luke Evans) e pelos seus pais. Ao conhecer a família de Claire (Yvonne Strahovski) e Bernard (Richard Roxburgh) Lizzie fica obcecada por Lola (Annika Whiteley), de cinco anos, filha do casal. Na sua cabeça, Lola é a sua filha. Lizzie então parte para o confronto. Até o desfecho, que reserva uma reviravolta bastante surpreendente, Lizzie infernizará a família de Claire, a ponto de seu marido, a conselho do psicólogo, querer interná-la de novo num hospital psiquiátrico. As atrizes principais estão ótimas em seus papéis de perseguidora e perseguida. A atriz sueca Noomi Rapace ficou conhecida depois de ter protagonizado a trilogia Millenium (“Os Homens que não Amavam as Mulheres”, “A Menina que Brincava com Fogo” e “A Rainha do Castelo de Ar”) e hoje é requisitada até por Hollywood. A australiana Yvonne Strahovski atuou em filmes como “Por Trás dos seus Olhos”, “Ele está lá Fora” e “O Predador” (todos também de suspense) e se tornou mais conhecida ao protagonizar as séries “Chuck”, como Sarah Walker, e “Dexter”, como Hanna McKay. Impressionante como Yvonne se parece com a nossa Luana Piovani, tão mulherão e bonita quanto. Mais conhecida como diretora de documentários e curtas, a australiana Kim Ferrant acerta a mão neste que é o seu segundo longa-metragem – o primeiro foi “Terra Estranha”, com Nicole Kidman. “Angel of Mine” estreou dia 14 de agosto de 2019 durante a programação oficial do Melbourne International Film Festival. Uma boa opção para quem gosta do gênero suspense.     

segunda-feira, 23 de setembro de 2019


“A ESPIÃ VERMELHA” (“RED JOAN”), 2018, Inglaterra, 1h41m, direção de Trevor Nunn. O roteiro, escrito por Lindsay Shapero, foi adaptado do livro “Red Joan”, de Jannie Rooney. Baseada em fatos reais, a história acompanha a trajetória da cientista inglesa Melita Stedman Norwood (1912-2005), que, desde meados da década de 30 e nos 50 anos seguintes, foi espiã a serviço do Comitê de Segurança Russo (KGB). No filme, o nome de Melita foi substituído por Joan Stanley (interpretada na velhice pela atriz Judi Dench e quando moça por Sophie Cookson). Estudante brilhante da Universidade de Cambridge, Melita/Joan se apaixonou por Leo Galich (Tom Hughes), jovem militante do Partido Comunista. Ao mesmo tempo, ela foi chamada para trabalhar com cientistas que desenvolviam um projeto secreto para construir uma bomba atômica destinada a uma eventual utilização contra a Alemanha de Hitler. Pressionada por Leo e entendendo que se Stalin também tivesse uma bomba igual ninguém seria capaz de utilizá-la – equivalência de forças -, Melita/Joan concordou em fornecer informações importantes à KGB. Em 1999, quando a cientista tinha 87 anos e já aposentada, sua história veio à tona e ela foi presa pelo Serviço de Inteligência Britânico (MI5). O filme alterna o interrogatório de Joan com flashbacks da época em que se tornou espiã. Além da história bastante interessante, o filme tem como destaques a recriação de época, especificamente os figurinos e cenários, e o excelente trabalho de Sophie Cookson e da veterana Judi Dench. O filme estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto/2018. Um ótimo programa!