sábado, 5 de julho de 2014
“Falcone, um Juiz contra a Máfia”
(“Excellent Cadavers”) é uma co-produção EUA/Itália de 1999, dirigida por
Ricky Tognazzi, que conta a história, baseada em fatos reais, da luta do juiz
italiano Giovanni Falcone (Chaz Palminteri) contra a Máfia siciliana, intitulada
Cosa Nostra, responsável, nos anos 70 e 80, pelos assassinatos de juízes,
advogados, políticos e policiais, além do tráfico de drogas. Graças às
informações do ex-mafioso Tommaso Buscetta (F. Murray Abraham), preso aqui no
Brasil e extraditado para a Itália, Falcone conseguiu reunir provas e colocar
atrás das grades mais de 300 importantes mafiosos. Durante o processo, o juiz
italiano viu vários de seus colegas serem assassinados pela Máfia, mas jamais se
intimidou, nem mesmo com as inúmeras ameaças que recebia. Em 1992, Falcone e a
esposa Francesca (Anna Galiena) seriam mortos num atentado, mesmo destino que
teria, meses depois, o seu colega juiz e amigo Paolo Borsellino (Andi Luotto).
Os dois assassinatos mobilizaram a opinião pública italiana e sensibilizaram o
governo a tomar, finalmente, uma atitude com relação à Máfia. O filme é um
importante documento de um dos fatos históricos mais famosos dos
anos 80/90. Imperdível!
sexta-feira, 4 de julho de 2014
Não
dá para levar muito a sério um filme onde o personagem principal confidencia ao
primo, com a maior seriedade, que só seria capaz de casar com uma pessoa no
mundo: Jolly”. Até aí tudo bem, não fosse Jolly uma cadelinha pinscher. É claro
que, por ser de humor negro, o filme inteiro não dá para levar a sério.
Trata-se de “A Vingança” (“Revenge
for Jolly!”), EUA, 2012, dirigido por Chadd Harbold. A história é a seguinte:
Harry (Brian Petsos) é um assassino profissional que se recusou a cumprir um
contrato e também a devolver o dinheiro. Quem o contratou paga a um psicopata
para fazer uma vingança. Ou seja, matar a cadelinha Jolly que Harry tanto ama. Harry
fica completamente transtornado e parte para a vingança. Para isso, pede ajuda
ao primo Cecil (Oscar Isaac). A partir daí, é um banho de sangue atrás do outro,
incluindo alguns convidados de um casamento. O filme, que estreou no Tribeca
Filme Festival, tem algumas participações
especiais, como o ator Elijah Wood (o Frodo de “Senhor dos Anéis” como um barman,
e Kristen Wiig, como a noiva do casamento. Quem gosta de humor negro vai
curtir.
“Amor e Turbulência” (“Amour
& Turbulences”), 2013, é uma comédia romântica francesa dirigida por
Alexandre Castagnetti. O enredo gira em torno da artista plástica Julie
(Ludivine Sagnier), que numa viagem de Nova Iorque de volta para a França
encontra no mesmo voo – e na poltrona ao lado – seu ex-namorado Antoine
(Nicolas Bedos). Há três anos, os dois tiveram um caso que quase terminou em
casamento, o que não aconteceu por causa das traições de Antoine, mulherengo
dos mais ativos. Durante a viagem – o que leva o filme quase inteiro -, os dois
discutem a antiga relação e relembram os principais momentos do relacionamento,
mostrados no filme em flashbacks. Nas poltronas ao lado, outros passageiros
escutam a conversa dos dois e torcem para eles reatarem o namoro. Clichê dos
mais cafonas. O filme, no geral, é muito fraco, como comédia e também como
romance. O ator Nicolas Bedos lembra aqueles galãs bregas dos filmes dos “Trapalhões”.
Tem cara de bobo e nenhuma graça. Não dá para entender como Ludivine Sagnier, dos
ótimos “Dublê do Diabo” e “Swimming Pool”, este último de François Ozon, embarcou
nessa barca furada. Se há algo para elogiar no filme é a trilha sonora, incluindo "The More I See You", com Chris Montez, e "What a diff'rence a day makes", com Dinah Washington.
quarta-feira, 2 de julho de 2014
Paul Potts saiu do País do Gales para a fama ao vencer o
Programa “Britain’s Got Talent”, em 2007. Ele cantou a ária “Nessun Dorma”, da
Ópera Turandot, e sua apresentação gerou milhões de visualizações no Youtube,
tornando-o um astro e uma celebridade do dia para a noite. A trajetória cheia
de percalços de Potts até chegar a este sucesso é apresentada no comovente filme inglês “Apenas
uma Chance” (“One Chance”), produção de
2013 dirigida por David Frankel (“O Diabo veste Prada”, “Marley e Eu” e “Um
Divã para Dois”). É uma delícia de filme, pois a história é tratada com muito
bom humor, a vida de Potts tem muitos lances interessantes – cantar num teste para o
ídolo Pavarotti, por exemplo - e os atores são ótimos, sem contar a trilha
sonora e a deslumbrante fotografia, principalmente nas cenas filmadas em
Veneza. O filme emociona ao mostrar a garra e a volta por cima de um menino que
sofria bulling no colégio, não tinha o apoio do pai para cantar ópera e ainda,
por cima, sempre foi gordinho e feio. Ele venceu todos esses obstáculos com a
ajuda, principalmente, de Julie, uma moça que ele conheceu pela Internet e que
se tornaria sua namorada e depois esposa. Potts é interpretado por James Corden e Julie
por Alexandra Roach. É daqueles filmes que a gente enche a boca para dizer: “Imperdível!”.
“Descalço” (“Barefoot”),
2013, EUA, é uma comédia romântica com Evan Rachel Wood e Scott
Speedman, sob a direção de Andrew Fleming. Trata-se, na verdade, da refilmagem do filme alemão "Barfuss", de 2005. Depois de ser detido numa confusão, o beberrão e brigão Jay Wheeler
(Speedman) é colocado sob condicional e designado para trabalhar como servente
num hospital psiquiátrico. Lá, conhece Daisy (Rachel Wood), uma bela paciente
diagnosticada como esquizofrênica e potencial suicida. Ela anda sempre descalça,
daí o título do filme, embora no masculino (custava traduzir por “Descalça”?). Um
dia, durante seu turno de trabalho, Jay flagra um médico na tentativa de atacar
Daisy sexualmente e decide tirar ela do hospital. Jay aproveita a fuga para ir
até o casamento do irmão e, para agradar a mãe, apresenta Daisy como sua
namorada. Com seu jeito simplório e ingênuo, ela vai arrumar muita confusão e
garantir a simpatia da família de Jay. Apesar de previsível como toda comédia
romântica, o filme tem lá seus momentos engraçados e funciona como um agradável
entretenimento, o que costuma ser tão raro nesse gênero.
terça-feira, 1 de julho de 2014
“Suddenly” é uma produção canadense de 2013
dirigida por Uwe Boll. Um grupo de mercenários e ex-combatentes planeja assassinar
o presidente dos EUA durante sua visita à pequena cidade de Suddenly. Para
isso, escolhem e ocupam à força uma casa na colina para servir de posto de
observação e local para um franco-atirador acertar o presidente. A casa é de
uma viúva (Erin Karlpluk), que mora com o pai e o filho. Todd (Ray Liotta),
ex-herói da Guerra do Iraque, é um dos policiais da cidade e, claro, vai
enfrentar os malfeitores. Para um filme que pretende ser de ação e suspense,
decepciona justamente pela falta de ação e suspense. Os diálogos, então, nem
merecem comentários. Para quem fez grandes filmes como “Os Bons Companheiros”,
por exemplo, e tantos outros, Ray Liotta poderia ter escolhido melhor.
Quem gosta de filmes com temas médicos e
baseados em fatos reais vai adorar "Augustine", filme francês de 2012 que conta a história dos
estudos sobre histeria realizados no século 19 pelo médico e cientista Jean
Martin Charcot (Sigmund Freud foi seu aluno). A Augustine do título foi sua
cobaia nesses estudos e o filme inteiro mostra o relacionamento do médico com
ela. O elenco é ótimo, encabeçado por Vincent Lindon, Stéphane Sokolinski e
Chiara Mastroianni. Para dar mais realismo, foram utilizados pacientes mentais
de verdade em algumas cenas, como, por exemplo, a dos depoimentos.
"Aurora" ("Vanishing Waves") é um filme lituano
de 2012. É uma ficção interessante, meio maluca, surreal. Cientista concorda em
ser cobaia numa experiência cujo objetivo é tentar uma conexão com uma moça em
coma, uma "transferência neural" segundo os cientistas. O
cientista-cobaia ingressa no mundo surreal habitado pela comatosa e, depois de
muita transa, acaba se apaixonando. Só que ele não conta para os outros
cientistas. O filme ganhou o prêmio "Meliès de Ouro" no Festival do Cinema
Fantástico. Sem dúvida, um filme bastante original.
A
presença de Terence Stamp e Vanesa Redgrave torna qualquer filme obrigatório.
Ainda mais se atuarem juntos. É o caso de "Canção
para Marion" ("Unfinished Song"), filme inglês de 2012.
Stamp está ótimo como o marido rabugento de Marion (Vanessa). Ela sofre de
câncer e canta num coral da terceira idade. Arthur é superprotetor, acha que só
ele pode cuidar da mulher. Apesar da doença de Marion, o filme é alegre,
divertido, sensível. Programão pra toda a família.
Não
dá pra falar do enredo de "Os
Suspeitos" ("Prisioners") sem correr o risco de entregar
alguma surpresa. É um ótimo suspense, cheio de reviravoltas, prende você na
poltrona do começo ao fim. O elenco só tem feras: Hugh Jackman, Jake Gyllenhaal,
Paul Dano, Viola Davis, Maria Bello, Melissa Leo, Terrence Haward etc. O
diretor é o canadense Denis Villeneuve (não tem nada a ver com a família da
Fórmula 1), o mesmo do excelente "Incêndios", que em 2011 disputou o
Oscar de Melhor Filme Estrangeiro pelo Canadá. "Os Suspeitos" tem
duas horas e meia de duração. Portanto, o saco de pipoca tem que ser grande.
Programão!
Eu nem me lembrava, mas, em 2002, dois psicopatas saíram
pela região metropolitana de Washington matando pessoas a tiros em locais
públicos, principalmente estacionamentos. Foram 13 vítimas. O que levou a dupla
a praticar esses crimes é o que conta o filme "Chevrolet Azul" ("Blue Caprice"), de 2013. A
abordagem é bem didática e deve ser útil para estudantes de psicologia e
psiquiatria. Em resumo, dois malucos revoltados com a sociedade dos EUA, com o
mundo e com a vida. Para quem tem estômago forte...
"O que Richard fez" ("What Richard did"), de 2012, é
considerado o melhor filme irlandês de todos os tempos. Exageros à parte, é um
excelente drama que merece ser visto. A maioria do elenco é formada por atores
jovens na faixa dos 18 anos de idade, com destaque para Jack Reynor, o
"Richard" do título. Ele é rico, atleta de sucesso e cobiçado pelas
garotas. Começa a namorar com uma e numa festa se envolve numa briga. Aí
acontece "O que o Richard fez". Até aí, o filme é bem leve, quase um
romance juvenil. Depois, vira um drama daqueles. A história é baseada no livro
"Aconteceu em Blackrock", de Kevin Power. Esse ator, Jack Reynor, é
muito bom. Pode não ser o melhor filme irlandês de todos os tempos, mas deve
ser um dos.
Os
jovens de hoje, em sua grande maioria politica e culturalmente alienados, não
vão gostar de "Depois de Maio"
("Aprè Mai"). Afinal, os protagonistas passam o filme todo
discutindo política, filosofia, ideologias, capitalismo, marxismo, fugindo da
polícia, escrevendo panfletos subversivos etc. É 1971 em Paris. Tem uma cena em
que uma enorme plateia de jovens assiste atenta a um documentário sobre a
situação política no Laos. Hoje, um filme desse tipo não lotaria um sofá. Pra
resumir, "Depois de Maio" é um filme maravilhoso, desde os diálogos,
caracterização de época, trilha sonora. É dirigido pelo badalado Olivier
Assayas e tem no elenco atores e atrizes jovens, todos estreantes, menos Lola
Créton (Christine). Para quem viveu essa época o filme é emoção à flor da pele.
Imperdível para quem possui alguns neurônios a mais.
segunda-feira, 30 de junho de 2014
“O Mordomo da Casa Branca” (“The
Butler”), EUA, 2013, conta a história de Cecil Gaines (Forest Whitaker), um
negro que na infância trabalhava numa plantação de algodão. Em 1926, ainda
menino, viu seu pai ser assassinado a sangue frio e sua mãe sofrer abuso sexual
por parte do patrão. Com pena do garoto, madame Annabeth Westfall (Vanessa
Redgrave) coloca o menino para trabalhar dentro de casa e o ensina nas tarefas
de criado. Ainda jovem, Gaines fugiu da fazenda e foi para Washington, onde
conseguiu emprego num hotel frequentado por políticos e gente da sociedade. Ao
demonstrar um bom conhecimento na arte de servir, Gaines é notado por um
assessor da Casa Branca, que logo o convida para o cargo de mordomo. É 1952. Gaines
começa servindo o presidente Harry Truman e, pelos 34 anos seguintes, servirá
mais seis presidentes. O filme mostra Gaines nos bastidores da Casa Branca e
seu relacionamento muito próximo com os presidentes e as primeiras-damas. Como
pano de fundo – e aí está o mais interessante -, o filme aborda a luta
pelos direitos civis dos negros naquela época. Para desespero de Gaines, um de
seus filhos, Louis (David Oyelowo), é líder ativista de grupos antiracismo,
incluindo os Panteras Negras. Gaines é um personagem fictício, criado pelo
roteirista Danny Strong com base em depoimento do mordomo Eugene Allen, que
realmente trabalhou na Casa Branca. O diretor Lee Daniels (“Preciosa”) conseguiu
reunir um grande elenco. Além de
Whitaker e Vanessa Redgrave, trabalham
John Cusack, Cuba Gooding Jr., Oprah Winfrey, Jane Fonda, Mariah Carey, Robin
Williams e Terrence Howard. Vale a pena assistir pelo contexto histórico e
pelo ótimo trabalho do ator Forest Whitaker.
domingo, 29 de junho de 2014
“A Marca do Medo”
(“The Quiet Ones”), 2013, é um terror inglês baseado em fatos reais acontecidos
no início da década de 70 no Canadá. Parapsicólogos da Sociedade de Pesquisas
Psíquicas de Toronto se reuniram para estudar fenômenos sobrenaturais no que se
chamou “Experim ento Philip”. No filme, os protagonistas são um
professor e três alunos da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Eles vão
estudar o caso de uma jovem, Jane Harper (Olivia Cooke), que, segundos
especialistas, estaria possuída por forças malignas, única explicação para os
seus distúrbios mentais. Para realizar os testes, o professor aluga um casarão isolado
e lá se tranca com sua equipe e a jovem cobaia. É claro que as forças malignas
vão se manifestar, garantindo alguns bons sustos e um desfecho trágico. Junto
aos créditos finais aparecem várias fotos antigas de pessoas que provavelmente tenham
participado da experiência realizada em Toronto ou de outras semelhantes. Uma
falha não explicá-las. No geral, um filme que nada oferece de especial que
mereça uma recomendação.
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