Em “VERSÕES
DE UM CRIME” (“The Whole Truth”), EUA, 2016, você não verá Keanu Reeves enfrentando
bandidos em meio a pancadarias, tiros e perseguições. Muito menos vestido de
preto desviando de balas em câmera lenta. “Versões de um Crime” é um filme de
tribunal do começo ao fim. Tem pouca ação e muito falatório. Reeves é o
advogado criminalista Richard Ramsey, que assume a defesa do jovem Mike
(Gabriel Basso), acusado e réu confesso de ter assassinado o pai, Boone (James
Belushi). A trama também envolve a viúva de Boone, Loretta (Renée Zellweger).
Ramsey é amigo da família há tempos e costumava frequentar as reuniões sociais realizadas
na mansão de Boone, um bem sucedido empresário, mas prepotente e violento. Em
alguns flashbacks, o filme mostra cenas envolvendo Boone e a família, tentando
explicar os possíveis motivos que levaram Mike a cometer o crime. O filme é
repleto de pistas falsas, tem um eficiente clima de suspense e algumas
reviravoltas perto do desfecho. O roteiro, assinado por Nicholas Kazan (filho
do famoso cineasta já falecido Elia Kazan), mantém a atenção do espectador até
o final. Este foi o segundo longa-metragem dirigido por Courtney Hunt – o primeiro
foi o bom policial “Rio Congelado”, de 2008. Embora não seja o melhor filme de
tribunal – longe disso -, “Versões de um Crime” certamente agradará o
espectador que curte o gênero. Keanu Reeves continua sendo um ator muito fraco
e quase não fica com o papel, destinado inicialmente ao ator inglês Daniel
Craig, que desistiu na última hora. Não dá para não comentar a participação da
atriz Renée Zellweger, completamente irreconhecível graças a uma plástica que a
deixou com cara de estátua de cera, daquelas que são expostas em museus de
celebridades.
quarta-feira, 17 de maio de 2017
terça-feira, 16 de maio de 2017
O drama
francês “MARGUERITE & JULIEN – UM AMOR PROIBIDO” (“Marguerite &
Julien”) resgata uma história verdadeira ocorrida no início do Século XVII,
quando dois irmãos foram condenados por sua relação incestuosa – interpretados
por Anaïs Demoustier (Marguerite) e Jérémie Elkaïm (Julien de Ravalet). A ideia
de fazer um filme contando essa história surgiu no início da década de 70,
quando o diretor François Truffaut resolveu desenvolver um roteiro, mas o projeto
não foi concretizado. A atriz e agora cineasta Valérie Donzelli retomou a
ideia, transformando-o no seu quinto
longa-metragem. Embora a trama seja ambientada originalmente em 1603, Donzelli desenvolveu-a
em várias épocas, misturando o Século XVII com o início do Século XX e culminando
nos dias atuais. Em outras palavras: uma confusão cronológica daquelas, com
carruagens antigas ao lado de carros modernos e até de um helicóptero. Mais
esquisito ainda foi o fato de toda essa história de incesto e amor proibido ser
contada num orfanato para meninas que nem chegaram à adolescência. Não é por
nada, mas acho que Valérie Donzelli exagerou na dose, extrapolando o bom senso. Melodramático demais. Mesmo tendo concorrido à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2015, não achei pontos
positivos suficientes para recomendá-lo.
Os
telespectadores que assistiam ao noticiário do Channel 40 da Cadeia WXLT, de
Sarasota (Flórida) na manhã do dia 15 de julho de 1974 tiveram a oportunidade de presenciar uma das cenas mais chocantes da história da televisão mundial. Na bancada
do estúdio, após pronunciar a frase “Para dar continuidade à política do Canal
40 de trazer as últimas notícias sobre sangue e miolos, vocês verão outro
primor: uma tentativa de suicídio”, a repórter Christine Chubbuck, aos 29 anos,
faria ao vivo seu trágico ato final. O dia fatídico e os que antecederam essa
tragédia são retratados no drama “CHRISTINE” 2016, EUA, com direção de
Antonio Campos (filho do jornalista brasileiro Lucas Mendes), que também assina
o roteiro ao lado de Craig Hilowich. O filme explora os antecedentes psicológicos
da repórter, interpretada com maestria pela atriz inglesa Rebecca Hall. Christine
tinha um histórico de depressão e uma vida pessoal tumultuada, principalmente a
relação conturbada com sua mãe Peg (J. Smith-Cameron). No trabalho, Christine era
sempre pressionada a conseguir reportagens que aumentassem a audiência da
emissora, o que a levava ao limite do estresse. O filme estreou no Festival de
Sundance em 2016 e, no mesmo ano, foi exibido durante o Festival Internacional de
Cinema do Rio de Janeiro. O filme é muito bom, ainda mais pelo maravilhoso
desempenho de Rebecca Hall, injustamente não indicada ao Oscar 2017 por essa
atuação.
segunda-feira, 15 de maio de 2017
O drama
independente “MELHORES AMIGOS” (“Little Men”), 2016, EUA, reúne
novamente o diretor Ira Sachs com o roteirista brasileiro Maurício Zacharias (“O
Céu de Suely” e “Madame Satã”). Eles trabalham juntos há vários anos, sendo
responsáveis por filmes como “O Amor é Estranho”, “Deixe a Luz Acesa” e “Vida
de Casado”. O fio condutor de “Melhores Amigos” é a mudança da família Jardine –
Brian (Greg Kinnear), Kathy (Jennifer Ehle) e Jake (Theo Taplitz) – para a casa
deixada pelo avô de Brian, recentemente falecido, no Brooklin. O térreo da casa
é ocupado por uma loja cuja proprietária é Leonor (a atriz chilena Paulina
Garcia, de “Glória”, em seu primeiro filme em língua inglesa). Seu filho Toni
(Michael Barbieri) logo faz amizade com Jake. Os dois não se desgrudam. O avô
de Brian cobrava um aluguel irrisório de Leonor. Brian e sua irmã Audrey (Talia
Balsan) resolvem reajustar o valor. Inconformada, Leonor resolve não assinar um
novo contrato, iniciando uma batalha jurídica que esfriará de vez a amizade
entre as duas famílias. Destaco como trunfo do filme o excelente desempenho do elenco, principalmente os jovens atores que interpretam Jake e Toni. Apesar do contexto dramático, o filme é leve e pode ser
visto numa sessão da tarde com pipoca.
domingo, 14 de maio de 2017
“INSUBSTITUÍVEL” (“Médecin de
Campagne”), 2016, traz de volta à
tela um dos mais competentes atores franceses: François Cluzet (quem não se
lembra dele como o tetraplégico de “Intocáveis”?). Ele interpreta o médico Jean-Pierre
Werner, que há 30 anos dedica-se a cuidar da população de uma zona rural no
interior da França. Werner é um médico à moda antiga. Além do consultório, onde costuma não cobrar consulta dos pobres, visita
seus pacientes em suas casas, envolve-se emocionalmente com quase todos os
casos, conversa demoradamente com cada um, dá conselhos e é radicalmente contra
internações em hospitais. Todo mundo adora Werner. Só que um dia ele é diagnosticado
com uma doença grave, com poucas chances de cura. Aconselhado a descansar e
iniciar um tratamento mais intensivo, Werner não desiste de continuar
trabalhando. Até que uma médica recém-formada, Natalie Delezia (Marianne
Denicourt), chega para ajudá-lo e, tudo a leva a crer, substituí-lo no futuro. De início, ele resolve
boicotá-la, o que resulta nas cenas mais bem-humoradas do filme. O roteirista e
diretor Thomas Lilti, que já havia colocado a medicina como tema de outro filme
(“Hipócrates”), não deixa a trama cair no melodrama, o que faz desta produção
francesa um ótimo entretenimento, mas o melhor do filme é, sem dúvida, o
desempenho de Cluzet.
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