A
presença de Juliette Binochet e Clive Owen é um bom motivo para assistir à
comédia romântica “POR FALAR DE AMOR” (“Words and Pictures”), EUA, 2013, direção de Fred Schepisi. Jack Marcus
(Owen) é professor de literatura inglesa numa escola secundária. É um poeta
frustrado, editor de uma revista da escola e beberrão crônico. Uma nova
professora de Artes Plásticas é contratada pela escola. Chama-se Dina Delsanto
(Binochet). No primeiro dia, ela tem seu primeiro contato com Marcus na sala
dos professores. E o encontro não é dos mais simpáticos – clichê dos clichês
dos filmes românticos. Em sua primeira aula, ministrada aos mesmos alunos da turma de
Marcus, Delsanto defende a afirmação de que uma imagem vale por mil palavras.
Ao saber disso, Marcus retruca aos alunos que as palavras são muito mais importantes do que a arte visual. A guerra entre os dois professores está declarada, dividindo os
alunos entre os defensores da tese de Delsanto e aqueles que dão valor às
palavras, em apoio a Marcus. Até que os argumentos de um e de outro são
bastante interessantes, fornecendo um toque de erudição ao filme. O toque
dramático da história fica por conta do personagem de Binochet, que sofre de artrite
reumatoide, doença que prejudica os movimentos e provoca muita dor. No mais,
nada que mereça uma indicação entusiasmada.
sábado, 27 de dezembro de 2014
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
“SEM RUMO”
(Rudderless”), 2014, EUA, marca a estreia do ator William H. Macy na direção. E
não fez feio. Trata-se de um drama com pano de fundo musical, estrelado por
Billy Crudup, Anton Yelchin, Felicity Huffman, Selena Gomez, Laurence Fishburne,
Miles Heizer e o próprio Macy. A história começa com o adolescente Josh
(Heizer) matando seis colegas e se suicidando na escola. Antes de cometer a
tragédia, Josh compunha músicas e as gravava em CDs. Ao arrumar o quarto do
garoto, a mãe Emily (Huffman) separa seus pertences e os entrega ao ex-marido Sam
(Crudup), hoje morando num barco e trabalhando como pedreiro – antes da
tragédia, ele era alto executivo de uma empresa. Antigo músico amador, Sam
encontra os CDs e começa a ouví-los. Ele escolhe uma das canções e consegue uma
oportunidade para uma apresentação no bar de Trill (Macy). Quentin (Anton Yelchin),
um jovem guitarrista, ouve a música e se encanta. Ele procura Sam e propõe que
formem uma banda para tocar aquelas músicas – Sam não fala que foram compostas
pelo filho, o que será um grande problema mais tarde. Embora o tom dramático
predomine, Macy consegue um bom resultado ao amenizá-lo, com muita música e
alguns momentos de humor, tornando seu filme um entretenimento bastante agradável.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
Embora
não seja um grande filme, “GAROTA EXEMPLAR” (“Gone Girl”), 2014, EUA, já desponta como um dos
favoritos a ganhar algumas estatuetas no Oscar 2015. Acho um exagero, em todo
caso... Trata-se de um thriller inspirado no livro “Garota Exemplar”, de
Gillian Flynn, que também é a autora do roteiro. É o tipo de filme que só
permite comentar sua primeira parte para não estragar a surpresa da reviravolta
que mudará o rumo da história. Nick Dunne (Bem Affleck) é casado há cinco anos
com Amy (Rosamund Pike). O casamento vive uma crise quando, de repente, Amy
desaparece de casa. Os indícios apontam, inicialmente, para um provável
sequestro, mas a polícia descobrirá algumas pistas que colocam Nick como
principal suspeito de assassinato. O jogo psicológico, recheado de suspense, é
mantido até o final. Impossível não ficar ansioso para saber o que vai
acontecer. Méritos para o experiente diretor David Fincher (“Clube da Luta”, “Seven
– Os Sete Pecados Capitais”, “O Curioso Caso de Benjamin Button”). A grande
surpresa do filme, além da inesperada reviravolta na história, é o ótimo desempenho
da atriz inglesa Rosamund Pike, que finalmente ganha um papel à altura do seu
talento.
“UM PEQUENO CASO DE SETEMBRO” (‘Bi Küçük Eylül Meselesi”), 2013, direção de Kerem Deren, é um drama
romântico turco daqueles bem açucarados. A jovem Eylül (a loiraça Farah Zeyner
Abdullah) sofre um acidente de carro com o namorado Atil (Onur Tuna). Quando é
levada para um hospital em estado grave, Eylül tem uma parada cardíaca por
minutos e durante um bom tempo fica desacordada. Quando acorda, não se lembra
do que aconteceu durante o mês anterior, setembro, quando viajou de férias com
a amiga Berrak (Ceren Moray) para a ilha de Bozcaada, no Mar Egeu. O filme
inteiro é dedicado ao esforço de Eylül para relembrar tudo o que aconteceu –
estranho para os nossos padrões que a mocinha do filme (Eylül) fume sem parar. Em
sua estada na ilha ela conheceu Tekin (Engin Akyürek), um tipo simples com cara
e jeito de autista que vive pelas ruas ganhando uns trocados para desenhar
placas e letreiros. Eylül e Tekin viverão um romance de férias. Em vários flashbacks, o filme mostra ao espectador
o que Eylül tenta relembrar. Parece que consegue, mas aí vem o desfecho com uma
reviravolta que tenta arrancar lágrimas, mas que deixa o filme ainda mais piegas, lembrando uma novela das Sete à moda turca.
Quem for diabético que tome cuidado: a dosagem de açúcar é elevadíssima!
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
“REACH ME” (ainda
sem tradução por aqui, mas algo como “Siga-me”), 2013, EUA, direção de John
Herzfeld, é uma comédia meio non sense
reunindo vários personagens cujos caminhos irão se cruzar um dia. Uma
piromaníaca em liberdade condicional, um policial que cada vez que mata procura
um padre para se confessar, uma atriz frustrada que acaba num filme pornô, um
jornalista que é obrigado por seu editor a descobrir o paradeiro de um
escritor, mafiosos em busca de vingança, capangas com remorso. E por aí vai. Cada
personagem com sua história, todos, de uma forma ou de outra, têm alguma ligação
com o livro de autoajuda intitulado “Reach Me”, escrito por Teddy
Raymonds (Tom Berenger), um ex-treinador de futebol americano que vive recluso.
Sylvester Stallone está no elenco como Gerald, o editor carrasco que ameaça
Roger (Kevin Connolly) de demissão caso ele não consiga uma entrevista com o tal escritor. Embora um tanto irregular, o filme tem algumas boas sacadas, como a
relação do policial Wolfie (Thomas Jane) com o Padre Paul (Danny Aiello). Cada
vez que mata um bandido, Wolfie corre para se confessar com o Padre Paul. Foram
tantas vezes que um dia o Padre Paul recusa-se a ouví-lo, dizendo que já se achava
um cúmplice. De um modo geral, é um filme interessante, com um bom elenco, que serve
como um entretenimento bastante agradável.
O cinema brasileiro tem tradição de fazer boas cinebiografias: “Gonzaga – De Pai
para Filho”, “Getúlio”, “Heleno” e "Cazuza - o Tempo não Para" são algumas delas. Agora, lança “TIM MAIA”, direção de Mauro Lima, que conta
a história da vida turbulenta do magistral cantor e compositor carioca. O
roteiro foi baseado no livro “Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia”, escrito
por Nelson Motta. Dos primórdios no bairro da Tijuca, tocando bateria no conjunto
“The Sputniks”, ao lado de Roberto e Erasmo Carlos, passando pela temporada em
Nova Iorque, até o seu final trágico, aos 55 anos, afogado na bebida e nas
drogas, o filme não esconde quem foi Sebastião Rodrigues Maia, o Tim Maia, um
ser humano dos mais execráveis, malcriado, prepotente, ególatra, irresponsável e
mais todos os adjetivos que formam um mau caráter. O que não se pode negar,
porém, e o filme deixa bem claro isso, é que Tim era um raro talento musical,
não apenas como cantor, mas também como compositor. A trilha sonora, deliciosa,
é recheada de seus maiores sucessos. O filme destaca também a grande amizade de
Tim com o cantor e compositor Fábio (lembram-se de “Stella”?), interpretado por
Cayã Reymond, o romance com Janaína (Alinne Moraes) e a sua indisfarçável mágoa
de Roberto Carlos. Não deixa de ser um filme bastante interessante. Destaques também para os atores Babu Santana (Tim adulto) e Robson Nunes (Tim jovem), ambos ótimos. Você vai,
com certeza, balançar muito na poltrona.
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
Se em
“Capitão Phillips”, de 2013, os piratas somalianos sequestram a tripulação e o
navio comandados por Tom Hanks, em “O SEQUESTRO” (“Default”),
EUA, 2014, os terroristas – também somalianos - fazem refém uma equipe de TV
norte-americana. Só que, ao invés de navio, desta fez é um avião prestes a
decolar do aeroporto das Ilhas Seychelles, no Oceano Índico. Se no filme com
Tom Hanks a tensão é de arrasar, neste é duas vezes de arrasar. Tanto a
tripulação do avião quanto a equipe de TV vão passar o maior sufoco. É o mesmo
suspense “mata-não-mata”, gritos e tortura psicológica. O objetivo dos
somalianos é que o jornalista Frank Saltzman (Greg Callahan), membro da equipe sequestrada,
faça uma entrevista com o líder do grupo, Atlas (David Oyelowo). Só que a
situação acaba saindo de controle e, ao contrário de “Capitão Phillips”, a
história não vai acabar bem. O filme é claustrofóbico demais - toda a ação se
passa dentro da aeronave. O espectador também vai sentir desconforto com a
câmera agitada, nervosa, como se tudo fosse filmado por um cinegrafista amador
tremendo de medo. Parece que a história é verídica, pois aparece muito
noticiário televisivo aparentemente verdadeiro sobre o sequestro. Deveria haver
alguma indicação nos créditos. De qualquer forma, é daqueles filmes com tanto
suspense e tensão que você nem percebe quando o saco de pipoca acabou nem que entortou o braço da poltrona.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
O
drama “IDA” é a
grande aposta do cinema polonês na disputa do Oscar 2015 de Melhor Filme
Estrangeiro. O filme, dirigido por Pawel Pawlikowski, está entre os 9 finalistas
selecionados para concorrer ao prêmio. E não será nenhuma surpresa se vencer,
pois trata-se de um belíssimo filme. A história, ambientada em 1962, está
centrada na noviça Anna (a estreante Agata
Trzebuchowska), de 18 anos, que vive desde pequena num convento. Prestes a ser
ordenada, ela é liberada para visitar seu único parente vivo, a tia Wanda Cruz
(Agata Kulesza), que é juíza num tribunal comunista. O encontro entre as duas fará
ressurgir alguns segredos de família tendo como pano de fundo acontecimentos trágicos ocorridos durante a
Segunda Guerra Mundial. Anna descobrirá, por exemplo, que nasceu de uma família
judia e que seu verdadeiro nome é Ida. A noviça quer resgatar toda essa
história, descobrir como seus pais morreram e onde estão enterrados. Em nenhum momento, porém, sua fé católica correrá risco. Tia e
sobrinha iniciam então um road movie
para encontrar pessoas que tenham algo para contar sobre tudo o que aconteceu. Se
para Ida a viagem foi esclarecedora e, de certa forma, redentora, para Wanda
foi um martírio que afetará ainda mais a sua já abalada condição psicológica. A
fotografia em preto e branco é um dos destaques do filme, além dos
enquadramentos originais e do trabalho excepcional das atrizes, principalmente
Agata Kulesza. Sem exagero, um dos momentos mais sublimes do cinema nos últimos anos.
domingo, 21 de dezembro de 2014
Embora
a protagonista principal seja interpretada pela atriz francesa Marion
Cotillard, “DOIS DIAS, UMA NOITE” (“Deux Jours, unie Nuit”), 2014, é um filme belga, dirigido pelos irmãos
Jean-Pierre e Luc Dardenne. Aliás, o filme foi candidado da Bélgica ao Oscar
2015 de Melhor Filme Estrangeiro, mas não ficou entre os 9 selecionados para a
disputa. Concorreu ainda à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2014, também sem
sucesso. A verdade é que a história não é das mais animadoras. Sandra (Cottilard)
retorna ao trabalho depois de um período de afastamento por motivos de saúde
(depressão). Só que tem um problema: o chefe da empresa prometeu um bônus de
mil euros para os funcionários, mas com o retorno de Sandra, esse bônus não
poderia ser pago – menção à crise econômica europeia. Ficou decidido que
haveria uma votação numa sexta-feira. Sandra perdeu, mas não desistiu e insistiu
numa nova votação. Conseguiu ama nova chance para segunda-feira. Ou seja, os
dois dias e uma noite do título. Ela teria, portanto, o final de semana para
visitar os seus colegas de trabalho e convencê-los a desistir do bônus em favor
de sua readmissão. O filme inteiro mostra os esforços de Sandra para pedir
votos para sua causa, em meio a novos surtos de depressão. Muito pouco para um filme que tem dois diretores
consagrados e uma atriz que até já ganhou Oscar (por “Piaf – Um Hino ao Amor”,
em 2007). Dá até para recomendá-lo, mas sem muito entusiasmo.
Com
o visual de um Kung Fu afrodescentente, Denzel Washington não economiza na
porrada no filme de ação “O PROTETOR” (“The Equalizer”), EUA, 2014, dirigido
por Antoine Fuqua e inspirado numa série de TV de grande sucesso nos EUA na
década de 80, “The Equalizer”. Denzel é o misterioso e pacato cidadão Robert
McCall, empregado numa grande loja de ferramentas e que todas as noites vai
tomar um chá e ler um livro numa lanchonete perto de sua casa. Na verdade,
McCall é um ex-agente especial do governo dos EUA, perito em artes marciais.
Quando vê uma injustiça ou alguém em perigo, ele se transforma num misto de
David Carradine, Steven Seagal e Van Damme. Ou seja, numa verdadeira máquina
mortífera. Ninguém fica de pé - e muito menos vivo - para contar história. Seus
métodos para matar são os mais variados e criativos possíveis. Ao se vingar do
cafetão que agrediu Teri (Chloë Grace Moretz), uma jovem prostituta, McCall
atrai o ódio de uma organização de mafiosos russos, que envia um assassino
sanguinário para matá-lo. O assassino, interpretado por Marton Csokas, também
dá medo. E daí para a frente, até o final do filme, não vai faltar pancadaria. Washington, mais uma vez, dá conta do recado
como um vingador frio e calculista. Pra quem gosta de filmes de ação, um
programão!
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