sábado, 31 de janeiro de 2015

“SNIPER AMERICANO” (“American Sniper”), 2014, EUA, dirigido por Clint Eastwood, conta a história real do soldado Chris Kyle, atirador de elite das forças especiais da Marinha dos EUA – os navy seals -, que em 10 anos, em missões no Iraque, assassinou 150 inimigos. Virou herói. No topo de edifícios, Chris (Bradley Cooper) era encarregado de alvejar qualquer pessoa que colocasse em risco os soldados americanos. Às vezes o inimigo era apenas um garoto ou uma mulher carregando uma granada ou um lança-morteiros. Para Chris, não importava quem era o inimigo, embora ficasse chateado nesses casos. Para ele, o que importava mesmo era salvar seus companheiros. Nos 10 anos (1999 a 2009) em que foi atirador de elite, Chris cumpriu 4 longas missões no Iraque, totalizando mais de mil dias. Entre os 150 inimigos que matou estava um atirador de elite recrutado na Síria e que já havia participado de Jogos Olímpicos. A esposa de Chris, Taya Renae (Sienna Miller), sofria muito quando o marido estava em missão, principalmente por temer que ele voltasse num caixão. O filme de Eastwood teve seis indicações para concorrer ao Oscar 2015, entre as quais Melhor Filme e Melho Ator. Independente se ganhar ou não alguma estatueta, o filme é muito bom, apesar do tom um tanto patriótico adotado por Eastwood. 

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O drama “HOMENS, MULHERES E FILHOS” (“Men, Women & Children”), EUA, 2014, do diretor canadense Jason Reitman (de “Amor sem Escalas” e “Juno”), aborda um assunto bastante atual: a interferência cada vez maior da Internet em nosso cotidiano, em nossas ações, em nossas atitudes. A mensagem do filme é bastante clara: estamos conectados virtualmente, mas desconectados na vida real. Reitman exemplifica apresentando famílias de classe média disfuncionais, com problemas de relacionamento e, principalmente, falta de comunicação, além de adolescentes em crise. O casal que não se relaciona mais sexualmente e encontra uma saída nas redes sociais, o rapaz que abandona o time de futebol por causa de um jogo virtual, a menina que se torna obcecada por regime, a garota que quer ser uma celebridade cinematográfica e até uma vilã virtual, que costuma invadir o computador da filha e até responder e-mails em nome dela. Enfim, são várias histórias de pessoas psicologicamente abaladas e que têm, em comum, alguma influência nefasta da Internet. Embora com um elenco de peso (Jennifer Garner, Adam Sandler, Ansel Elgort, Judy Greer, Rosemarie Dewitt e Kaitlin Dever), o filme foi um grande fracasso nos EUA, onde ficou apenas um mês em cartaz com pouco público. Como curiosidade, a voz que narra a história em off pertence à atriz inglesa Emma Thompson. De qualquer forma, o filme não é tão ruim quanto parece, mas não é tão bom que mereça uma avaliação ou recomendação entusiasmada. Mas não deixa de ser interessante.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

“NASCIDO EM ALGUM LUGAR” (“Né Quelque Part”), 2012, é uma comédia francesa cuja história é inspirada em fatos que aconteceram com o próprio diretor, o francês de família argelina Mohamed Hamidi. No filme, ele é Farid (Tewfik Jallab), nascido na França de pais argelinos que saíram do país natal na década de 60. Ao receber a notícia de que a casa que construiu e em que morou num pequeno vilarejo da Argélia será desapropriada, Hadj (Mohamed Majder), pai de Farid, fica nervoso e é internado num hospital. Ele pede a Farid que vá até a Argélia e resolva o problema, não deixando desapropriar a casa de tantas recordações para a família. Quando chega ao vilarejo, Farid logo faz amizade com um primo trambiqueiro (Jamel Debbouze), o que lhe custará um grande aborrecimento. Com um pouco de conhecimento que adquiriu no curso de Direito que faz na França, Farid vai enfrentar as autoridades locais e tentar reverter a desapropriação não só da casa de seu pai como de outras pessoas do vilarejo. Em sua estada, Farid vai conhecer muito da cultura e das tradições argelinas, além da história de sua família. É nas conversas entre os moradores, com a participação de Farid, que o diretor Hamidi extrai os momentos mais engraçados do filme, mostrando que o bom humor também faz parte do cotidiano daquelas pessoas. O ator Mohamed Majder, que interpreta o pai de Farid, morreu logo após o término das filmagens, em janeiro de 2013, e a ele é dedicado o filme.  

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

“ALABAMA MONROE" (“The Broken Circle Breakdown”), de 2012, é um belo e comovente drama belga que conta a história do amor de um cantor, tocador de banjo e líder de uma banda country, Didier (Johan Heldenbergh), por uma tatuadora, Elise (Veerle Baetens). Ele é ateu e ela, apesar de toda tatuada, é religiosa. Eles se casam, têm uma filha e vivem felizes, mas não para sempre. Uma doença grave que terminará em morte irá quebrar o círculo de felicidade, o que remete ao título do filme. Apesar do tema dramático, o filme alterna momentos de bom humor e sensibilidade, principalmente quando a banda se apresenta nos palcos, agora com Elise como crooner. No meio de tudo isso, o diretor Felix Van Groeningen ainda encontra espaço para discutir a questão dos estudos das células-tronco e a eutanásia. Os dois atores principais são espetaculares. Como curiosidade, o filme é todo falado em Flemish, dialeto alemão do norte da Bélgica. Se você for de chorar, esqueça a pipoca e separe uma caixa de lenços de papel. Sem exagero, um dos melhores filmes deste século.  

 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

“BABÁ FORA DE CONTROLE” (“Babysitting”), 2014, é uma comédia francesa bastante divertida, o que não deixa de ser uma raridade no cinema atual. A história é centrada em Franck (Philippe Lacheau), recepcionista de uma grande editora parisiense. Ele adora desenhar histórias em quadrinhos e quer seguir essa carreira. No dia do seu 30º aniversário, Franck planeja uma grande festa com seus amigos, mas seu patrão, sr. Schaudel (o ótimo Gérard Jugnot), o convoca para ser babá de seu filho Rémi (Enzo Tomasini), de 10 anos, por um dia. Com a promessa feita por Schaudel de analisar seus desenhos, Franck aceita a missão e cancela a festa. Só que seus amigos insistem na comemoração e, sem avisar Franck, farão uma surpresa que colocará a casa de Schaudel literalmente de pernas para o ar. Na manhã seguinte, a polícia localiza Schaudel para avisá-lo da bagunça na sua casa e que seu filho havia sumido. Schaudel e a esposa (Clotilde Courau) voltam apavorados para casa, onde assistem, ao lado dos policiais, a um vídeo gravado por um dos amigos de Franck registrando tudo o que aconteceu de noite e de madrugada. É uma sucessão de momentos hilariantes e situações bastante engraçadas. O filme não perde o pique do começo ao fim, num ritmo quase alucinante. O ator comediante Lacheau, além de atuar, escreveu e dirigiu, ao lado de Nicolas Benamou. Não deixe de ver e se divertir!               
Se no filme argentino “Abutres” (2010), dirigido por Pablo Trapero, Ricardo Darín era um advogado à espreita e forjador de acidentes de trânsito para depois ganhar indenizações das seguradoras, em “O ABUTRE” (“The Nightcrawler”), 2014, EUA, o ator Jake Gylenhaal é Louis Bloom, um cinegrafista amador que filma ocorrências policiais de madrugada para depois vender as imagens a telejornais matutinos. A cidade é Los Angeles, ou seja, garantia de material farto. Bloom é um sujeito fracassado, desempregado e trambiqueiro. Um dia, tem a ideia de se transformar numa espécie de paparazzo macabro, seguindo ambulâncias e viaturas da polícia para filmar pessoas morrendo. Ele vende as imagens para uma pequena emissora de TV local, cuja diretora de telejornais, Nina Romina (Rene Russo), é adepta de notícias sensacionalistas e imagens chocantes para elevar o índice de audiência. Bloom não tem escrúpulos em forjar situações, o que inclui arrastar vítimas de acidente de trânsito para conseguir um ângulo de filmagem melhor e ainda colocar seu assistente Rick (Riz Ahmed) em situações de perigo. Sua ousadia chega ao cúmulo de, antes de a polícia chegar, invadir uma casa para filmar os cadáveres de vítimas de um violento tiroteio. O filme é muito bom, chega a ter cenas realmente eletrizantes, e Gylenhaal está ótimo (merecia uma indicação ao Oscar). Chegou a emagrecer 10 quilos para fazer o personagem ficar parecido, segundo ele próprio, com “um coiote faminto”. Dan Gilroy, o diretor, é conhecido como roteirista de filmes como “O Legado Bourne” e agora dirige seu primeiro filme. Um destaque especial para a atriz Rene Russo - por sinal, esposa do diretor -, que aos 60 anos continua bonita e charmosa.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Para tentar decifrar as mensagens secretas nazistas criptografadas, o governo britânico criou o Projeto Ultra e convidou os maiores gênios da matemática e da lógica da Inglaterra para fazer parte da equipe. O trabalho desse pessoal é mostrado no filme “O JOGO DA IMITAÇÃO” (“The Imitation Game”), 2014. O personagem central da história é Alan Turing (Benedict Cumberbatch), que por sua inteligência e espírito de liderança viria chefiar o grupo. Alan, com a ajuda de sua equipe, e mesmo a despeito da desconfiança das autoridades inglesas envolvidas no projeto, inventou uma máquina (considerada a precursora dos computadores atuais) bastante complexa que, depois de muito trabalho, conseguiu finalmente decifrar as mensagens dos nazistas, contribuindo para vitórias importantes dos aliados durante a Segunda Grande Guerra. A homossexualidade de Alan também é destacada no filme. Em 1952, Alan seria preso por atentado ao pudor e submetido a um tratamento hormonal conhecido como “castração química”. Ou era isso ou a prisão. Como o Projeto Ultra era supersecreto, as autoridades policiais não sabiam o que Alan havia feito. Dirigidos pelo norueguês Morten Tyldum (do ótimo “Headhunters”), ainda estão no elenco Keira Knightley, Matthew Goode, Mark Strong e Charles Dance. O filme é muito bom e, com justiça, recebeu 8 indicações ao Oscar 2015, entre as quais Melhor Filme, Melhor Ator (Cumberbatch), Melhor Atriz Coadjuvante (Keira) e Melhor Diretor. Imperdível!

Ao ser exibido no Festival de Berlim, em fevereiro de 2014, o suspense “AS DUAS FACES DE JANEIRO” (“The Two Faces of January”), EUA, 2013, dividiu os críticos. Na verdade, a acolhida geral foi bem morna, com poucos elogios. A história, baseada em livro da escritora de romances policiais Patricia Highsmith, é ambientada em 1962 e começa na Acrópole de Atenas, na Grécia.  Aqui, o guia norte-americano Rydal (Oscar Isaac) conhece Chester MacFarland (Viggo Mortensen) e Colette (Kirsten Dunst), turistas que vieram dos EUA. Rydal é um trambiqueiro notório, enganando turistas principalmente na hora de trocar seus dólares por dracmas (a moeda em uso na Grécia até ser substituída pelo euro em 2002). Depois de deixar o casal no hotel, Rydal encontra no táxi uma pulseira de Colette. Rydal está no corredor do hotel para devolver a pulseira quando surpreende Chester arrastando o corpo de um homem. A partir daí, Rydal torna-se cúmplice de um provável assassinato e, por causa de sua atração por Colette, vai ajudar o casal a sair de Atenas. Os três fogem para a Ilha de Creta e depois para Istambul, na Turquia. Já dá para advinhar que as paisagens são muito bonitas, valorizadas por uma excelente fotografia. Tanto a história como o desenrolar da trama e o tipo de suspense lembram muito os filmes de Alfred Hitchcock, o que já é um bom aval para recomendar este que é o filme de estreia do diretor iraniano Hossein Amini.