“SOLO UNA VEZ”, 2021,
Espanha, 1h21m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Guilhermo Ríos
Bordón. Trata-se de um drama daqueles que, conforme vai avançando, transforma-se
numa espécie de punição ao espectador, que tentará chegar ao final só com muita
boa vontade. A história é centrada na dra. Laura (Ariadna Gil, casada na vida
real com o ator Viggo Mortensen), diretora de um centro especializado no
atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica. Seus laudos colaboram
com a polícia nas investigações e nos processos contra os agressores. O roteiro destaca o
atendimento a Pablo (Álex Garcia Fernández) e Eva (Silvia Alonso), um jovem
casal envolvido numa briga doméstica que acabou na polícia, ela acusando o
marido de agressão. A dra. Laura ouve primeiro o acusado, no caso Pablo, que
nega a acusação. Depois ela ouve Eva, que confirma tudo. Depois ouve os dois
juntos, mas até chegar a essa parte, o filme deslancha na base de muito blá
blá blá irritante e repetitivo, seguindo num ritmo bastante lento. Duas situações paralelas transcorrem no dia a dia da terapeuta. A
primeira diz respeito à sua filha, que reclama do descaso do pai, ex-marido da
médica. A segunda situação envolve um marido cuja esposa era paciente da
clínica. Revoltado – o filme não explica a razão -, o homem tenta intimidar a
terapeuta diariamente, até mesmo na base da violência. Trocando em miúdos, o
resultado final é decepcionante. Uma pena que a experiente atriz espanhola Ariadna
Gil, de tantos bons filmes, um deles o clássico “O Labirinto do Fauno”, tenha
concordado em participar desse verdadeiro abacaxi. Desta vez, o cinema espanhol pisou na bola, ou melhor, "pisó la pelota".