sábado, 20 de fevereiro de 2021

 

“EU ME IMPORTO” (“I CARE A LOT”), 2020, Estados Unidos, 1h59m, disponível na Netflix, roteiro e direção do cineasta inglês J. Blakeson (“A 5ª Onda” e “O Desaparecimento de Alice Creed”). “Eu Me Importo” acompanha a trajetória de Marla Grayson (Rosamund Pike), responsável por um escritório especializado em curadoria de incapazes. Um lucrativo negócio, mas o esquema que ela coloca em prática não é nada honesto. Ela e sua sócia e namorada Fran (Eiza González) vão atrás de idosos geralmente sem filhos ou parentes, pagam uma propina para uma médica declarar a incapacidade deles e sugerir sua internação num asilo. Com o laudo médico, Marla entra com uma ação na justiça para ganhar a curadoria do idoso. Depois que o mesmo é internado, Marla e Fran se apropriam de todos os bens da vítima, incluindo contas bancárias, imóveis, joias e quadros de valor. Enfim, depenam os coitados dos velhinhos. Tudo vai indo bem, muito dinheiro entrando fácil, até que elas chegam até uma viúva rica e solitária, Jennifer Peterson (Diane Wiest), dona de um patrimônio que inclui até diamantes valiosos. Uma verdadeira mina de ouro. Só que há um porém. Jennifer não é tão solitária quanto parece e muito menos indefesa. Como descobrirão mais tarde, por trás dos negócios da idosa está uma gangue de poderosos mafiosos russos, chefiada por Roman Lunyov (Peter Dinklage). Até o desfecho, as sócias golpistas não terão sossego e terão que lutar muito para sobreviver. O filme é todo da inglesa Rosamund Pike, atriz que já comprovou seu talento em vários filmes, inclusive em “Garota Exemplar”, pelo qual foi indicada para o Oscar 2015 de Melhor Atriz. Ela está ótima como a empresária fria e calculista que explora velhinhos indefesos. Por esse papel, Rosamund foi indicada ao Globo de Ouro 2021 de Melhor Atriz e, quem sabe, obter mais uma indicação ao Oscar. “Eu Me Importo” é um misto de suspense e comédia, com ritmo ágil e muitas surpreendentes reviravoltas que valorizam ainda mais o filme como um entretenimento de primeira. Diversão e suspense garantidos.      

 

              

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

 

“A VÍTIMA NÚMERO 8” (“LA VÍCTIMA NÚMERO OCHO”), 2019, minissérie espanhola em oito capítulos, produção original Netflix, direção de Alejandro Bazzano e Menna Fité, com roteiro de Sara Antuña, Marc Cistaré, Esther Morales, Abraham Sastre e David Bermejo. A história foi inspirada no atentado ocorrido em Barcelona em 2017, quando uma van atropelou e matou 13 pessoas, sendo considerado um ataque terrorista. O ponto de partida da minissérie (ficcional) é justamente um atentado semelhante ocorrido na cidade de Bilbao, quando 7 pessoas morrem atropeladas por uma van. A oitava vítima, que morreu logo depois no hospital, era o importante empresário Gorka Azcarate, diretor de uma grande empresa de Bilbao. Nas imagens captadas por uma câmera na rua, é possível ver a fuga do motorista da van depois do atentado. Os policiais o identificam como o jovem muçulmano Omar Jamaal (César Mateo), que então passa a ser caçado por toda a Espanha. A detetive Koro (Verónika Moral), da polícia de Bilbao, é encarregada das investigações. Mesmo grávida de 8 meses, com um barrigão enorme, Koro dispensa uma licença médica para continuar no caso. A trama envolverá vários personagens que terão papéis importantes durante o desenrolar da história, como a jovem Edurne (María de Nati), namorada de Omar, o jornalista Eche (Marciel Álvarez), Gaizka (Iñaki Ardanaz), irmão do falecido Gorka, a fogosa viúva Almodena (Lisi Linder), José María, o patriarca da família Azcarate, e os familiares de Omar. Outros personagens que terão importância na trama são o comissário Muguruza, chefe de Koro, e o agente federal Gorostiza (Óscar Zafra). Do começo ao desfecho, a minissérie destaca a caçada a Omar, embora haja indícios de que uma conspiração ainda maior possa estar por trás do atentado. Enfim, a série segue com muitas reviravoltas, pouca ação, muita enrolação e tramas paralelas, além de algumas forçadas de barra do roteiro e erros evidentes de continuidade. O pior deles é aquele em que dois árabes estão nus, encapuçados, amarrados e sentados numa cadeira. Poucos segundos depois, um deles aparece totalmente vestido. Não é uma falha que interfira no resultado final, mas soma-se a tantos detalhes que não convencem. A história não precisava ser tão arrastada. Talvez funcionasse melhor em apenas um filme com duração normal. Não há motivos, portanto, para uma recomendação, a não ser o bom elenco e as imagens da bonita cidade de Bilbao. Quando foi lançada, esperava-se uma segunda temporada para a minissérie, o que ainda não aconteceu, comprovando que a aceitação da primeira não foi das melhores.                

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

          

"ATÉ QUE O CASAMENTO NOS SEPARE" (9"JOUR J"), 2017, França, 1h34m, comédia romântica disponível na Netfflix, segundo filme escrito e dirigido pela atriz Reem Kherici (o primeiro foi "Paris a Qualquer Preço", de 2013), que também atua no papel da personagem principal, Juliette. gerente de uma empresa organizadora de casamentos. Numa dessas festas, todos vestidos com fantasia, ela conhece Mathias (Nicolas Duvauchelle), um designer de móveis. Ela fantasiada de Mulher Maravilha e ele de Super-Homem. Papo vai, papo vem, depois de umas doses de bebida a mais, eles acabam fazendo sexo, o famoso sexo casual. Ela entrega um cartão da empresa com seu nome para Mathias, que ela imaginar ser solteiro. Só que não. Mathias é noivo de Alexia (Julia Piaton), que no dia seguinte descobre o cartão com o nome de Juliette e o logotipo de sua empresa de casamentos. Ela fica furiosa e Mathias não tem alternativa senão dizer que estava tratando do casamento deles. Claro que Alexia vai procurar Juliette para organizar a cerimônia e a festa. A confusão está formada, a começar do fato de que Juliette vai reconhecer Alexia como aquela menina que a maltratava no colégio. Também tem o lance do sexo casual que Mathias e Juliette tentarão esconder de qualquer forma. A situação dá margem a uma série de situações hilariantes, como as peripécias de Marie (Chantal Lauby), a mãe alcóolatra de Juliette, e a destruição da adega de vinhos raros do pai de Alexia. A comédia é bem divertida e, em tempos tenebrosos de pandemia, obrigatória, pois rir ainda é o melhor remédio. Importante destacar a química perfeita entre os atores, que parecem estar se divertindo muito durante o trabalho. Lembrete final: nos créditos finais, você ainda pode curtir algumas cenas com erros de gravação, mais um bom motivo para curtir esta deliciosa comédia francesa. 



          

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

 

“BURACO NA PAREDE” (“GAT IN DIE MUUR”), 2020, África do Sul, 1h44m, direção de Andre Odendaal, que também assina o roteiro com a colaboração de Susan Coetzer. Trata-se de uma verdadeira pérola do pouco conhecido cinema sul-africano. Além de dirigir, Odendaal atua como o principal protagonista, Rian, um homem diagnosticado com câncer de cólon no estágio 4. Para aproveitar o pouco tempo que lhe resta, semanas talvez, ele convida o filho Ben (Nick Campbell), que mora na Europa e não vê há três anos, e a amiga Ava (Tinarie Van Wyk Loots), que servirá como uma espécie de sua cuidadora/enfermeira, para uma viagem pela África do Sul com o objetivo de rever amigos, antigos amores e lugares que um dia foram importantes em sua vida. O road-movie começa com uma visita à sua ex-esposa, mãe de Ben, da qual está divorciado há 15 anos. A última visita é à sua fazenda de café e ao seu amigo e administrador Tony. Durante toda a viagem, Rian terá dores horríveis, enjoos e hemorragias, um sofrimento que o espectador acompanha angustiado. Para aliviar as dores, a amiga Ava fornece cigarros de maconha a Rian, seu unico “remédio” durante toda a viagem. Odendaal dirige o filme com grande sensibilidade, criando uma viagem comovente de autoconhecimento e de reflexões sobre a vida e a expectativa da morte iminente. Outro grande destaque do filme são as paisagens litorâneas de Transkei e Kwzulu-Natal, realmente espetaculares. O filme, disponível na plataforma Netflix, é todo falado em africâner, língua de origem holandesa ainda muito utilizada na África do Sul e na Namíbia. “Buraco na Parede” fez sucesso em vários festivais pelo mundo, sendo que Andre Odendaal conquistou o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cinema de South Hampton (EUA). Enfim, um belo filme. Imperdível!