sábado, 5 de novembro de 2022

 

“NADA DE NOVO NO FRONT” (“IM WESTEN NICHTS NEUES”), 2022, Alemanha, em coprodução com EUA e Inglaterra, 2h28m, em cartaz na Netflix, direção de Edward Berger, que também assina o roteiro com Leslie Patterson e Ian Stokell. Esta é a segunda adaptação feita para o cinema do clássico homônimo escrito por Erich Maria Remarque – a primeira é de 1930. No Brasil, o livro foi lançado com o título de “Sem Novidade no Front”. Selecionado para disputar o Oscar 2023 de Melhor Filme Internacional representando a Alemanha, “Nada de Novo no Front” conta a história de um grupo de jovens soldados alemães recrutados em uma escola do ensino fundamental. Era 1918, quase final da Primeira Guerra Mundial, e a Alemanha tentava queimar seus últimos cartuchos, apelando de forma irresponsável ao recrutar jovens sem nenhuma experiência de combate. Inocentes ao extremo, empolgados com a onda de fervor patriótico que ainda restava, eles marcham decididos para o território francês, pensando que teriam pela frente uma grande aventura. Quando chegam ao front, porém, a realidade brutal da guerra aparece nua e crua: muita violência, fome, frio, combates corpo a corpo e outras tragédias ocorridas naquele conflito que chegou a ser chamado de “Guerra das Trincheiras”. Desde a convocação no colégio, até o desenrolar dos combates no front, o filme acompanha o soldado Paul Bäumer (o ator austríaco Felix Kammerer) e sua luta pela sobrevivência. Ao mesmo tempo, destaca o trabalho do diplomata Matthias Erzberger (Daniel Brühl, o nome mais conhecido do elenco) nas negociações para a rendição alemã. “Nada de Novo no Front” é uma superprodução, com um grande elenco e milhares de figurantes. Sem dúvida, um dos melhores lançamentos do ano da Netflix.                     

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

 

“O ENFERMEIRO DA NOITE” (“THE GOOD NURSE”), 2022, Estados Unidos, 2h1m, em cartaz na Netflix, direção do cineasta dinamarquês Tobias Lindholm (“Guerra”, “A Caça”), com roteiro de Krysty Wilson-Cairns. Um suspense de primeira, baseado em fatos reais, ou seja, na história do serial killer Charlie Cullen, enfermeiro que durante 16 anos (de 1988 a 2003) assassinou dezenas de pessoas em hospitais de Nova Jersey e Pensilvânia. O seu método criminoso: adulterava medicamentos com doses fatais de insulina e digoxina. Para escrever o roteiro, Krysty adaptou a história do livro “The Good Nurse: A True Story of Medicine, Madness and Murder”, escrito em 2013 pelo jornalista norte-americano Charles Graeber. O psicopata só foi preso graças às denúncias de sua colega de trabalho Amy Loughren, que atuava com ele no turno da noite em um hospital de Nova Jersey. Condenado por 30 crimes comprovados e confessados, Cullen, hoje com 62 anos, cumpre prisão perpétua. Acredita-se, porém, que ele foi responsável por pelo menos 400 mortes. Ele nunca declarou os motivos que o levaram a assassinar os pacientes, um mistério até hoje. Se o filme já é bom por si próprio, com destaque para o roteiro, direção e fotografia, ainda contou com dois trunfos muito especiais: o ator inglês Eddie Redmayne (Oscar de Melhor Ator por “Teoria de Tudo”, em 2015) e a atriz Jessica Chastain (Oscar de Melhor Atriz por "Os Olhos de Tammy Faye", em 2022), ambos dando show de interpretação, ele como o assassino e ela como a enfermeira corajosa que o denunciou. Ainda fazem parte do elenco Kim Dickens, Noah Emmerich e Nnandi Asomugha. Mais um excelente lançamento da Netflix em 2022. Filmaço!                  

 

“CLEMÊNCIA” (“CLEMENCY”), 2019, Estados Unidos, 1h52m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Chinonye Chukwu, cineasta nigeriana radicada nos EUA. Um drama impactante, embora intimista, lento e de poucos diálogos muitas cenas silenciosas. A história é toda centrada em Bernardine Williams (Alfre Woodard), carcereira-chefe de uma unidade prisional com condenados aguardando a injeção letal (nos EUA, 29 estados aplicam a pena de morte). A cena inicial é chocante, mostrando os preparativos e a execução de Victor Gimenez (Alex Castillo). De embrulhar o estômago. Bernardine está lá presente, como em outras 12 ocasiões, comandando os trabalhos com pulso firme. Ela é aparentemente insensível às execuções, mas no fundo, como o filme deixa bem claro mais tarde, ela sofre as consequências psicológicas desse trabalho, o qual afeta o relacionamento com o marido Jonathan (Wendell Pierce), que tenta convencê-la o tempo todo a se aposentar. Anthony Woods (Aldis Hodje), acusado de assassinar um policial, será o próximo a ser executado, embora continue alegando inocência. É a partir do relacionamento com esse preso que Bernardine começa a desabar emocionalmente. O trabalho da atriz Alfre Woodard é sensacional. Vale o ingresso. Para escrever o roteiro, Chinonye Chukwu inspirou-se no caso de Troy Davis, um prisioneiro executado em 2011. Chukwu realizou um excelente trabalho, tanto que mereceu várias indicações no Sundance Film Festival, conseguindo o Grande Prêmio do Júri, a primeira mulher negra a conquistá-lo (o Sundance é um festival dedicado ao cinema independente). O filme é ótimo, com o mérito de apresentar, de forma realista e ao mesmo tempo sensível, o trabalho nos bastidores de um corredor da morte. Sem dúvida, um dos melhores lançamentos da Netflix em 2022.