quarta-feira, 2 de março de 2016

O ótimo drama de guerra “SUÍTE FRANCESA” (“Suite Française”), 2014, Reino Unido, é inspirado no livro homônimo da escritora ucraniana Irène Némirovsky. A história, ambientada na cidade francesa de Bussy durante a Segunda Guerra Mundial, é centrada na jovem Lucile Angellier (Michelle Williams), que mora com a sogra, Madame Angellier (Kristin Scott Thomas), enquanto espera o marido voltar da guerra. Enquanto isso, a cidade é dominada por um regimento de nazistas, cujos oficiais exigem ser acomodados nas melhores casas. Numa delas, justamente a de Madame Angellier, é hospedado Bruno Von Falk (o ator belga Matthias Schoenaertes), um oficial refinado que toca piano e compõe – a “Suíte Francesa”, que dá nome ao título do filme, é uma de suas composições. Como era de se prever, o clima fica quente entre o alemão e Lucile, o que vai ocasionar várias situações de risco. O filme é muito bem dirigido por Saul Dibb (“A Duquesa”) e conta com um ótimo elenco de apoio, incluindo o ator francês Lambert Wilson, Margot Robbie, Sam Riley e Ruth Wilson. Embora não prejudique o resultado final, fica estranho um filme ambientado no interior da França ser falado em inglês. Curiosidade: Irène Némirovsky morreu no Campo de Auschwitz em 1942 e “Suite Française” só foi publicado em 2004, depois que sua filha Denise encontrou o romance entre os manuscritos deixados pela escritora.

terça-feira, 1 de março de 2016

“BATALON”, 2015, direção de Dimitriy Meskhiev, é um drama de guerra russo baseado em fatos reais. Ambientado em 1917, conta a história da participação de um batalhão de mulheres no front da Primeira Guerra Mundial contra os alemães. O grupo foi formado e autorizado por ordem do então Ministro da Guerra Alexander Kerensky como uma estratégia para motivar o exército masculino, então em fase de dissolução por causa da guerra civil provocada pela Revolução Russa. O batalhão de mulheres ficou conhecido como “O Batalhão da Morte”, pois havia poucas chances delas voltarem vivas. E, como o filme deixa bem claro, elas sabiam disso, mas mostraram muita coragem ao assumir o risco. O comando desse grupo ficou a cargo da oficial Maria Bochkareva (Mariya Aronova), uma mulher que, antes de ingressar no exército, apanhava do marido. No comando do grupo, porém, ela se destacou como uma voz que se fazia ouvir e respeitar, mas que tinha lá seus momentos de ternura. Interpretada por uma ótima atriz, é a personagem mais interessante do filme, lembrando que a verdadeira Maria Bochkareva foi consagrada como heroína nacional, motivando a formação de outros batalhões femininos, o que se tornou prática normal no exército russo a partir de então. Filme interessante por contar uma história pouco conhecida da Primeira Guerra Mundial.
“A SAPIÊNCIA” (“La Sapienza”), 2014, França, roteiro e direção de Eugène Green, nascido nos EUA e naturalizado francês. No dicionário, “Sapiência” quer dizer “Sabedoria”. Mas, para suportar os 104 minutos desse filme, é preciso ter não apenas  Sapiência, e sim uma dose extra de Paciência. O filme acompanha a crise existencial e de criatividade do renomado arquiteto francês Alexandre Schmid (Fabrizio Rongione). A situação começa a interferir no seu casamento com Aliénor (Cristelle Prot). Alexandre resolve fazer uma viagem de estudos à Itália e leva a esposa. Seu objetivo é se aprofundar na obra de dois mestres do Barroco, Francesco Borromini e Gian Lorenzo Bernini. Na pequena cidade de Stresa, o casal conhece os jovens irmãos Lavínia (Arianna Nastro) e Goffredo (Ludovico Succio). Alexandre convida Goffredo para acompanhá-lo a Roma, enquanto Aliénor fica em Stresa com Lavínia. Quando estão em cena, Alexandre e Goffredo dedicam-se a discutir a Arquitetura Clássica italiana, ao mesmo tempo em que as imagens mostram detalhes das obras de Borromini e Bernini, datadas do Século XVII - o diretor filma de forma didática, como se preparasse slides para uma aula de Arquitetura (as imagens, aliás, são muito bonitas). As cenas são alternadas com os passeios de Aliénor e Lavínia, cujos diálogos têm como tema a importância do Amor na vida das pessoas. Viu como é preciso Paciência para chegar até o final do filme? Recomendo apenas para o pessoal que está estudando ou é ligado à Arquitetura. E também para quem sofre de insônia... De qualquer forma, vale acrescentar que o filme foi selecionado para exibição, durante 2014, nos Festivais de Locarno, Vancouver, Toronto, Londres e Nova Iorque.   

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

“MULHER DE OURO” (“Woman in Gold”), 2015, EUA/Inglaterra, direção de Simon Curtis (“Sete Dias com Marilyn”), conta a história incrível e verídica de uma mulher austríaca, Maria Altmann (Helen Mirren, e, quando jovem, Tatiana Maslany), que fugiu dos nazistas no início da Segunda Guerra Mundial e foi morar em Los Angeles. Seus familiares acabaram mortos nos campos de concentração na Europa. Quase sessenta anos depois, ela resolve tentar recuperar as obras de arte roubadas de sua casa em Viena pelos alemães, principalmente o quadro “Retrato de Adele Bloch-Bauer”, de Gustav Klimt, que há anos estava exposto na famosa Galeria Belvedere de Viena. Adele, a modelo do quadro, era a tia preferida de Maria. Para iniciar o processo judicial, Maria recorre ao jovem advogado Randol Schoenberg (Ryan Reynolds), ele mesmo nascido na Áustria e neto do famoso compositor. Mesmo com pouca experiência, Randol assume o caso e resolve enfrentar o governo austríaco nos tribunais. A relação entre Randol e Maria e o desenrolar da batalha jurídica – cujo final não conto –, além de flashes da família Altmann nas primeiras décadas do século 20, dão força ao excelente roteiro escrito pelo dramaturgo Alexi Kaye Campbell.  Mais uma vez é Helen Mirren quem domina as cenas, comprovando porque é uma das melhores atrizes da atualidade. Além dela e de Ryan Reynolds, estão no elenco Daniel Brühl, Katie Holmes (a ex de Tom Cruise), Elizabeth McGovern e Jonathan Price.         

domingo, 28 de fevereiro de 2016

O direito ao voto (sufrágio) foi uma das conquistas mais árduas das mulheres. Entre fins do Século XIX e princípio do Século XX, elas batalharam em vários países do mundo para conseguir exercer o direito que, até então, era somente dos homens. No caso do drama histórico inglês “AS SUFRAGISTAS” (“Suffragette”), 2015, direção de Sarah Gavron, a história é ambientada na Inglaterra e mostra como foi que as mulheres conseguiram conquistar o direito de votar naquele país. O enredo é centralizado na jovem Maud Watts (Carey Mulligan), que desde os 7 anos de idade trabalhava numa grande lavanderia de Londres, onde os trabalhadores –  principalmente as trabalhadoras - eram explorados sem qualquer escrúpulo, a começar pelo salário irrisório. Incentivada por Edith Ellyon (Helena Bonham Carter), proprietária de uma farmácia que servia de local para as reuniões clandestinas do grupo de mulheres, Maud ingressa no movimento, contrariando seu marido e seus chefes na lavanderia. Maud participa das manifestações, apanha da polícia e acaba presa diversas vezes. A luta dessas mulheres ganha corpo com a presença, em Londres, da fundadora do movimento britânico do sufragismo, Emmeline Pankhurst (Meryl Streep). Aliás, a grande Meryl Streep aparece muito pouco, apenas uma ponta. O filme é muito bom não apenas pela história em si, mas também pelo esmero na recriação de época, figurinos e cenários. Uma grande produção que merece ser conferida (Espere os créditos finais, antes dos quais são relacionados inúmeros países – inclusive o Brasil - e as respectivas datas em que o voto foi liberado para as mulheres).