“A
GAROTA OCIDENTAL – ENTRE O CORAÇÃO E A TRADIÇÃO” (“Nuces”
no original, que na tradução literal para o português significa “Núpcias”, o
que seria um título mais coerente com a história), 2017, Bélgica, roteiro e
direção de Stephan Streker (é o seu terceiro longa-metragem). Para escrever o
roteiro, Streker se inspirou num caso verídico ocorrido em 2007 no interior da
Bélgica envolvendo uma jovem chamada Sadia Sheikh. Na época, o caso gerou
grande comoção no país. No filme, a jovem chama-se Zahira Kazim (Lina El
Arabi), de 18 anos de idade, uma das filhas de Mansoor Kazim (Babak Karimi), um comerciante
paquistanês estabelecido em Bruxelas há muitos anos. O patriarca da família exige
que os filhos sigam as regras da religião muçulmana, assim como as tradições
milenares do Paquistão. Para agradar aos seus pais, Zahira, mais
ocidentalizada, usa o lenço sobre a cabeça e costuma disfarçar em casa fazendo-se
passar por uma muçulmana legítima. Numa de suas escapadas, Zahira acaba ficando
grávida do namorado, que foge da paternidade. Sem saber da situação de Zahira,
seus pais a obrigam a casar com um paquistanês, como manda a tradição, e
escolhem três pretendentes através da internet. Só que ela se apaixona por um
francês. Aí a coisa vai pegar para o seu lado, pois a família não deixará a
ovelha desgarrar-se do rebanho. Entre trágico e comovente, o desfecho coroa um
drama muito bem elaborado, com atores muito bons, principalmente a jovem atriz
francesa de origem marroquina Lina El Arabi, e uma história que privilegia um
passeio cultural pela intimidade de uma família muçulmana tradicional. O filme
é ótimo, tendo participado da seleção oficial de vários festivais de cinema
mundo afora, como Toronto, Edimburgo, Istambul, Roma e Roterdãm, recebendo
muitos elogios da crítica e do público. Imperdível!
quinta-feira, 25 de outubro de 2018
quarta-feira, 24 de outubro de 2018
“RASTROS” (“POKOT”), 2016, Polônia, marca a volta da veterana e consagrada
diretora polonesa Agnieszka Holland à telona, depois de anos dedicados à
direção de séries televisivas. A história de "Rastros" é centrada em Janina Duszejko
(Agnieszka Mandat-Grabka), uma engenheira aposentada que trabalha como
astróloga e professora de inglês num vilarejo localizado no Vale de Klodzko,
cercado por florestas. Chamada pelo pessoal de “velha excêntrica”, Janina é uma
ferrenha defensora dos animais e inimiga mortal dos caçadores, que formam a
maioria da população do vilarejo. É contra eles que Janina dedica seu maior
tempo, principalmente depois que suas cadelas desapareceram misteriosamente. Ao
mesmo tempo, vários caçadores aparecem mortos, sem pistas aparentes para a
polícia. No depoimento de Janina aos policiais, ela aponta os animais como os maiores suspeitos, afirmando que se trata de uma espécie de vingança contra aqueles
que os perseguem e os matam. A dedicação de Janina em favor dos
animais chega ao ponto de afrontar o padre do vilarejo no meio da sua homilia numa missa, quando ele
defendia o direito dos caçadores de exterminar os bichinhos. Até perto do
desfecho fica a pergunta: quem anda matando os caçadores? Veja o filme e saiba
a resposta. Faço questão de destacar o espetacular desempenho dessa atriz
polonesa maravilhosa, Agnieszka Mandat-Grabka. Só a atuação dela vale o ingresso. Mas não é só de drama que o filme é feito. Também tem muito humor. “Pokot” estreou no 67º Festival de Cinema de Berlim, em fevereiro de 2017,
sendo selecionado posteriormente para representar a Polônia na disputa do Oscar
2018 de Melhor Filme Estrangeiro. A crítica especializada não gostou. Eu gostei
muito e recomendo. Só para lembrar, a diretora polonesa é responsável por filmes excelentes, como "O Segredo de Beethoven", "Filhos da Guerra" e "Na Escuridão", entre outros.
segunda-feira, 22 de outubro de 2018
“LBJ
– A ESPERANÇA DE UMA NAÇÃO” (“LBJ”), 2017, EUA, roteiro e direção
de Rob Reiner. Trata-se de um drama histórico biográfico centrado na figura de
Lyndon Baines Johnson, que assumiu a presidência dos Estados Unidos depois do
assassinato do presidente John Kennedy, em novembro de 1963 – LBJ era o
vice-presidente. O filme explora o período de 1959 a 1964, destacando os
bastidores da política norte-americana. Lyndon Johnson assumiu a presidência
cercado de opositores, inclusive no próprio partido, o principal deles Bobby
Kennedy, justamente o irmão do presidente assassinado. Mesmo contrariando os
desejos dos políticos do sul, seu conclave eleitoral, Johnson teve a coragem de
lutar em favor da aprovação do Ato dos Direitos Civis, uma bandeira de John
Kennedy, que dava aos negros direitos iguais aos brancos. O filme é uma aula de
História daquele período tão tumultuado nos EUA - crise com Cuba, Guerra do Vietnã, manifestações antirracistas etc. O elenco é dos melhores: Woody
Harrelson (espetacular como LBJ), Bill Pullman, Jennifer Jason Leigh, Jeffrey
Donovan, Richard Jenkins e Michael Stahl. Filmaço! Ah, só para lembrar, o veterano
diretor Rob Reiner, de 71 anos, tem em seu currículo dois grandes clássicos do
cinema: “Conta Comigo”, de 1986, e “Questão de Honra”, de 1992.
domingo, 21 de outubro de 2018
“UM GAROTO COMO JAKE” (“A
KID LIKE JAKE”), EUA, 2018, direção de Silas Howard. A história foi adaptada da
peça escrita pelo autor norte-americano Daniel Pearle, que também assina o roteiro. Jake, o garoto do título,
tem 4 anos e já nessa idade saiu do armarinho. Adora contos de fadas e de se
vestir de princesa, sendo fã incondicional de Cinderela e Rapunzel. Seus pais, Alex
(Claire Danes) e Greg Wheeler (Jim Parsons), até que lidam bem com a situação, agindo
com naturalidade – Greg é psicólogo. Longe da presença do garoto, eles conversam
sobre o que está acontecendo. Num desses diálogos, o pai afirma que seu irmão
também gostava de brincar de bonecas, mas depois cresceu, se transformou num homão
de 1m90 e muito macho. Ou seja, vamos dar tempo ao tempo. Até que um dia eles têm
de preencher um formulário descrevendo a personalidade do menino, suas
preferências e atitudes, para tentar uma bolsa de estudos. Para isso, eles
pedem ajuda a Judy (a sempre ótima Octavia Spencer), a diretora da pré-escola de Jake. Essa
parte é bastante engraçada, os pais tentando disfarçar a opção do garoto, dando
a entender que ele é bastante inteligente, pois é capaz de citar de cor vários
contos de fadas. No começo do filme, achei que ia ficar no meio do caminho, mas
continuei a assistir e gostei muito. Um filme bastante interessante e agradável que merece
ser visto por toda a família.
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