sábado, 2 de novembro de 2019


“ASSALTO!” (“ATRACO!”), 2012, coprodução Argentina/Espanha, 112 minutos, direção de Eduard Cortés, que também assina o roteiro com Piti Espanhol e Marcelo Figueras. Trata-se de um misto de policial noir com comédia, cuja história apresenta um lado ficcional e outro baseado em fatos reais. A trama é toda ambientada em 1955, quando o general Juan Domingo Peron, ex-presidente da Argentina, estava exilado no Panamá. Um de seus principais assessores, Landa (Daniel Fanego), fica encarregado de arrecadar recursos financeiros para bancar o exílio do general na Espanha. Sem Peron saber, ele simplesmente resolve penhorar as valiosas jóias de Evita Perón na joalheria mais famosa da Espanha, em Madrid. O negócio ficou no maior segredo, pois nem os funcionários ficaram sabendo. Até que um dia a esposa do Generalíssimo Franco, Carmen Polo, vai até a joalheria e fica encantada com as jóias de Evita apresentadas por um desavisado funcionário. Carmen pede que as reserve e que voltaria logo depois para comprá-las. É aí que a coisa complica. Landa, em cumplicidade com o proprietário da joalheria, resolve planejar um assalto para recuperar as jóias e não deixá-las cair nas mãos da primeira-dama espanhola. Para isso, convoca dois fanáticos peronistas, Merello (Guillermo Francella), ex-segurança de Perón, e o jovem e inexperiente Miguel (Nicolás Cabré), um pretendente a ator que imita Carlitos. As trapalhadas da dupla dão um toque especial de humor, além das situações que envolvem o planejamento e a execução do assalto. Para complicar ainda mais, Miguel se apaixona pela enfermeira Teresa (Amaia Salamanca, a atriz mais bonita do atual cinema espanhol). Será que a dupla conseguirá recuperar as jóias de Evita? Consiga a resposta assistindo a este ótimo e divertido filme, que infelizmente não foi exibido por aqui no circuito comercial. Uma pena. Não perca!    
           

quinta-feira, 31 de outubro de 2019


“STAN E OLLIE – O GORDO E O MAGRO” (“STAN & OLLIE”), 2018, Inglaterra, 1h39m, direção do escocês Jon S. Baird, com roteiro de Jeffe Pope (do premiado “Philomena”). Quem tem um pouco mais de idade e curtiu os tempos áureos do cinema conheceu muito bem “O Gordo e o Magro”, dupla de comediantes que participou de mais de 100 filmes em Hollywood que foram sucesso no mundo inteiro. Mas quem conhece Oliver Hardy e Stan Laurel? “Stan & Ollie” se propõe a dar essa resposta, apresentando o retrato íntimo dos atores e suas personalidades, além da forte amizade que os unia há tantos anos. Prepare-se para se divertir, se comover e se emocionar. O filme começa em 1937, quando a dupla de comediantes estava no auge do estrelato – eles reinaram em Hollywood e fizeram milhões de fãs no mundo inteiro entre as décadas de 20 e 30 do século passado. Devido a uma desavença que envolveu o famoso produtor Hal Roach (Danny Huston), que os acompanhava desde o início da carreira, Oliver Hardy (John C. Reilly), o “Gordo”, e Stan Laurel (Steve Coogan), o “Magro”, acabaram se separando. Somente muitos anos depois, em 1953, voltariam a atuar juntos. Sem dinheiro e em plena decadência artística, eles foram contratados para uma turnê por países da Grã-Bretanha, primeiramente Irlanda e Escócia, atuando em teatros decadentes e com pouco público, para terminar com um “gran finale” em Londres. A promessa dos empresários que os reuniram era a de produzir um filme para relançar a dupla caso a turnê fosse um sucesso. Nessa fase, entram em cena as esposas Lucille Hardy (Shirley Henderson) e Ida Kitaeva Laurel (Nina Arianda), que sempre tiveram papel importante na carreira dos seus maridos. A relação pessoal entre as duas dependia dos humores dos seus companheiros. Se eles brigavam, elas também brigavam. Hardy, o Gordo, aceitava que Laurel, o Magro, escrevesse os esquetes e os diálogos. Laurel era o cérebro da dupla, o que perdurou até a morte de Hardy, fato que determina o desfecho do filme. O desempenho de John C. Reilly e Steve Coogan é sensacional. Eles captaram com perfeição os trejeitos dos personagens que representam. Chega a ficar difícil distinguir eles dos verdadeiros. A maquiagem de Reilly, que demorava três horas a cada dia de gravação, é mais um destaque dessa maravilhosa produção inglesa. Os dois atores, aliás, foram premiados em vários festivais, Reilly, por exemplo, com o Globo de Ouro/2019 como Melhor Ator de Comédia e Coogan com o BAFTA (Academia Britânica de Cinema e Televisão). Na verdade, se houvesse justiça, ambos teriam que receber o Oscar. Mas, como dizia Geraldo Vandré, a vida não é só feita de festivais. Resumo da ópera: “Stan & Ollie” é simplesmente espetacular, comove e diverte, garantindo um ótimo entretenimento. Espere os créditos finais e se divirta ainda mais. IMPERDÍVEL IMPERDÍVEL em dobro!             

quarta-feira, 30 de outubro de 2019


“VOX LUX: O PREÇO DA FAMA” (“VOX LUX”), 2018, EUA, 1h50m, segundo longa-metragem escrito e dirigido por Brady Corbet. A história começa em 1999, quando acontece uma terrível tragédia na classe do ensino fundamental de um colégio. A jovem Celeste (Raffey Cassidy) é uma das únicas sobreviventes. Sofre sequelas físicas e psicológicos, mas ganha notoriedade na mídia, o que alavanca sua carreira como cantora e compositora. Nessa atividade, ela ganha um empresário e protetor (Jude Law), que ainda a acompanhará por muitos anos. Celeste cresce e se transforma numa superstar da música pop. Nessa fase adulta, Celeste (agora interpretada por Natalie Portman) passa a ter um comportamento insuportável, se achando o máximo dos máximos, egocêntrica ao extremo e, pior, uma mulher amarga e, para coroar, alcoólatra. Além disso, nunca se dedicou como devia à sua filha adolescente Albertine (a mesma Raffey Cassidy que interpretou Celeste jovem). Grande parte da segunda metade do filme é dedicada justamente ao relacionamento entre mãe e filha, ambas tentando recuperar o tempo perdido. Muito também da segunda metade acaba virando um musical, com shows ao vivo de Celeste, muitas coreografias e inúmeros figurantes, provando a condição de Celeste como uma diva do pop. Não há muito mais o que se falar sobre “Vox Lux” (traduzido do latim, “A Voz da Luz”), apenas destacar o trabalho de Natalie Portman, uma atriz que se firmou no cenário cinematográfico de Hollywood depois de conquistar o Oscar de Melhor Atriz em 2010 pelo filme “Cisne Negro”. Há muito tempo que acompanho a trajetória de Portman, nascida em Israel e radicada nos Estados Unidos, desde que fez seu primeiro filme, “O Profissional”, de 1994, quando tinha apenas 13 anos. Também merece destaque o trabalho do diretor Brady Corbet em seu segundo longa-metragem. O primeiro, “A Infância de um Líder”, de 2015, foi premiado no Festival de Cinema de Veneza. Até então, Corbet era mais conhecido como ator de filmes como “Violência Gratuita”, “Melancolia” e “Acima das Nuvens”, entre outros. “Vox Lux” soa pretensioso demais, tem momentos de muito tédio e diálogos com a profundidade de um pires, tudo isso acompanhado da narração de Willen Dafoe, que me fez lembrar os filmes insuportáveis do insuportável diretor norte-americano Terrence Malick. Concluindo, “Vox Lux” é o tipo de filme que pode agradar ou desagradar. A mim, desagradou.       

segunda-feira, 28 de outubro de 2019


“YESTERDAY”, 2019, Inglaterra, 1h57m, direção de Danny Boyle, com roteiro assinado por Richard Curtis. Misto de musical, fantasia e comédia romântica, o filme é, na verdade, uma sensível e emocionante homenagem aos The Beatles. Só a deliciosa trilha sonora vale o ingresso. Mas vamos à história. Jack Malik (Himesh Patel) é um jovem músico filho de imigrantes indianos que ganha um dinheirinho se apresentando em espeluncas da periferia de Londres. A amiga de infância Ellie Appleton (Lily James) é a sua devotada empresária - e talvez única fã. Sem propostas de trabalho, Malik está quase desistindo de seguir carreira como músico quando acontecem dois fatos que transformarão completamente a sua vida. Ele é atropelado por um caminhão e, ao mesmo tempo, ocorre no mundo inteiro um apagão de 12 segundos. Malik se recupera bem do acidente e, logo depois, encontra seus amigos para comemorar seu restabelecimento. Quando lhe pedem para cantar uma música, ele ataca de “Yesterday”. Ninguém tinha ouvido a canção. Chocado, ele diz que foi composta por Paul McCartney, do The Beatles. Ninguém conhecia. Todos acharam que a música tinha sido feita mesmo por Malik. E assim segue a história, Malik se consagrando como grande compositor e dá-lhe maravilhas como “Something”, “Let it Be”, “The Long & Winding Road”, “He Comes the Sun” e tantas outras. Malik vira um sucesso mundial, com direito a um romance mais do que previsível. Mas como é um cara boa gente, ele começa a sentir remorso pela farsa. Sério, dá para imaginar um mundo sem The Beatles? (o apagão também “apagou” do mapa a Coca-Cola e os cigarros). Quem imaginou tamanha fábula foi o veterano roteirista Richard Curtis, que tem no currículo filmes como “Mamma Mia!” e “Quatro Casamentos e um Funeral”. Outro veterano do cinema, o diretor Danny Boyle já tem um Oscar de Melhor Diretor em 2009 pelo excelente “Quem quer ser Milionário?”, além de filmes como “Trainsporting – Sem Limites”, “Steve Jobs” e “127 Horas”. Somando toda essa competência, mais a homenagem aos The Beatles, a trilha sonora e o ótimo elenco, “Yesterday” é uma deliciosa diversão. Uma viagem imperdível!     

domingo, 27 de outubro de 2019


“O OUTRO PAI” (“A Pesar de Todo”), 1h18m, comédia espanhola com produção da Netflix - lançamento mundial aconteceu dia 3 de maio de 2019, direção de Gabriela Tagliavini, que também assina o roteiro juntamente com Eugene B. Rhee e Helena Rhee. Vamos à sinopse: quatro irmãs que não se viam há anos reencontram-se para o velório e enterro da mãe. Na hora de ouvirem o testamento deixado pela falecida – o pai está completamente gagá, fora de sintonia -, as irmãs assistem a um vídeo da mãe com uma revelação surpreendente e chocante: o pai que as criou não é o biológico. Cada uma delas é filha de um pai diferente. Ou seja, a falecida pulou várias cercas. No vídeo, ela fornece várias pistas para que as filhas encontrem seus verdadeiros pais biológicos. Elas viajam por várias cidades da Espanha e finalmente conseguem encontrá-los, mas não será exatamente o que esperavam. Só para citar um exemplo, tem até um padre no meio. Até que a comédia tem momentos bastante engraçados, mas seu trunfo maior é o elenco de atrizes, principalmente o quarteto formado pelas irmãs, representadas pelas mais lindas e competentes atrizes do cinema espanhol: Blanca Suárez, Amaia Salamanca, Macarena Garcia e Belén Cuesta. Um quarteto pra lá de fantástico. O elenco ainda conta com as veteranas Marisa Paredes e Rossy de Palma, além de Carlos Bardem, o irmão mais velho do ator Javier Bardem. Mais uma razão do sucesso dessa comédia é a competência da diretora argentina Gabriela Tavigliaini, também conhecida por ter dirigido outras duas boas comédias: “Cómo Cortar a Tu Patán”, de 2017, e “Cadê os Homens?”, de 2011. Ele ainda teve sua experiência em Hollywood, em 2013, quando dirigiu Sharon Stone em “A Fronteira”, um filme de ação e suspense. “O Outro Pai” é um filme bastante alegre e divertido. Vale a pena.