sábado, 20 de dezembro de 2014

“O JUIZ” (“The Judge”), 2014, EUA, é um drama que, na mão de outro diretor, poderia descambar para um dramalhão daqueles. Mas David Dobkin, que já havia dirigido as comédias “Penetras Bons de Bico”, “Uma Noite Fora de Série” e “Eu queria ter a sua vida”, amenizou a história com muito humor. Não deve ter sido fácil. Afinal, o juiz do título, Joseph Palmer (Robert Duvall), fica viúvo, é acusado de assassinato e tem um câncer avançado; seu filho mais novo é deficiente mental e ele não se dá com o filho do meio, Hank Palmer (Robert Downey Jr.), um advogado sem escrúpulos que não recusa defender gente da pior qualidade. Ele se justifica para um colega dizendo que "Os inocentes não podem pagar meus honorários". Para defendê-lo no tribunal, Joseph contrata um advogado incompetente e atrapalhado. A muito custo, Joseph concorda que Hank o defenda. Em sua grande parte, o filme retrata justamente a difícil relação entre Hank e o pai, alguns flashbacks da família em filmes antigos e muitas cenas de tribunal. Mas o grande destaque do filme é, sem dúvida, o ótimo elenco. Além de Downey e Duvall, também trabalham Vera Farmiga, Billy Bob Thornton, Vincente D’Onofrio e Jeremy Strong. Como curiosidade, vale lembrar que Jack Nicholson e Tommy Lee Jones foram cogitados para o papel do Juiz, que ficou em boas mãos com Duvall. Há que se destacar também Vera Farmiga, que, além de excelente atriz, está mais madura e cada vez mais bonita. Trata-se de um ótimo entretenimento.   

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

“ISOLADOS”, 2014, direção de Tomas Portella, é mais uma tentativa do cinema brasileiro de emplacar um filme no gênero suspense. Pena que ainda não foi desta vez, embora seja superior a outras produções. Na verdade, trata-se de um suspense com cara de terror psicológico, na linha de “O Sexto Sentido” ou “Os Outros”. O médico psiquiatra Lauro (Bruno Gagliasso) e sua namorada e paciente Renata (Regiane Alves) alugam um casarão na região serrana do Rio de Janeiro para passar alguns dias. Eles não sabem, mas dias antes houve o assassinato de uma menina. E a polícia está por lá investigando. Enquanto isso, Lauro e Renata são atacados durante um passeio na floresta e se trancam no casarão com medo de um novo ataque. Renata sofre de ataques histéricos e Lauro começa a perder o controle. A tensão aumenta cada vez mais e, alguns sustos depois, o mistério é desvendado, numa reviravolta inesperada e surpreendente. O ator José Wilker faz uma aparição rápida no filme como Dr. Fausto, colega de Lauro no hospital psiquiátrico. Foi o último filme de Wilker, que acabou homenageado nos créditos finais.                                         

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

“BETIBÚ”, co-produção Argentina/Espanha de 2013, direção de Miguel Cohan, é um policial ao estilo daquela série sueca Millenium. A morte misteriosa de um poderoso empresário mobiliza dois jornalistas de um mesmo jornal, o experiente Jaime Brena (Daniel Fanego) e o novato Mariano Saravia (Alberto Ammann). Para ajudá-los no trabalho investigativo, o editor Lorenzo Rinaldi (José Coronado) convoca Nurit Iscar (Mercedes Morán), conhecida também pelo apelido de Betibú, uma ex-repórter do jornal que agora é escritora de romances policiais. Outras mortes ocorrem e a polícia, como sempre, está mais perdida do que cego em tiroteio. Os dois jornalistas e a escritora vão seguir algumas pistas relacionadas com o passado dos homens mortos. Tudo leva a crer que a chave do mistério está numa foto antiga em que o empresário assassinado aparece ao lado de alguns amigos, todos jovens – as outras vítimas. A explicação será dada mais tarde pelo irmão mais novo do empresário. O filme, cuja história foi inspirada no livro homônimo da escritora argentina Claudia Piñero, foi uma das atrações da 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, realizado em outubro de 2014.      

domingo, 14 de dezembro de 2014

Nem Nicole Kidman, nem Colin Firth e muito menos Mark Strong salvam o suspense psicológico inglês “ANTES DE DORMIR” (“Before I Go to Sleep”), 2014, dirigido por Rowan Joffe, que em 2010 já havia sido responsável por outro abacaxi, “Um Homem Misterioso”, com George Clooney. Depois de sofrer um acidente, Christine Lucas (Kidman) tem a memória afetada. Além de não lembrar o que aconteceu no dia fatídico, ela acorda todos os dias sem saber quem é, o que aconteceu no dia anterior e nem reconhece o marido Ben (Firth). Todos os dias ela também conversa com o dr. Nash (Strong), que diz ser seu psiquiatra há anos. O médico trata de Christine e a obriga a não dizer nada ao marido. Se a história já é meio esquisita, fica pior ainda quando surge Claire (Anne-Marie Duff), uma misteriosa mulher que se intitula sua antiga amiga e protetora. Os fatos vão acontecendo sem nenhuma lógica, perturbando ainda mais a cabeça da coitada da Christine – e também do espectador. Se às vezes o desfecho salva um filme, neste só serve para piorá-lo. A história é baseada no livro homônimo escrito por S. J. Watson, sua estreia na literatura. Se houve o interesse em adaptá-lo para o cinema, o livro não deve ser tão ruim. Mas o filme...
“LONDRES PROIBIDA” (“London to Brighton”), 2006, é um bom suspense inglês dirigido por Paul Andrew Williams. A história é meio barra pesada. A prostituta de rua Kelly (Lorraine Stanley) recebe uma ordem de seu cafetão Derek (Johnny Harris): encontrar uma menina bem novinha para satisfazer os desejos de um milionário pedófilo. Ao sair pelas ruas de Londres, Kelly encontra Joanne (Georgia Groome), de 11 anos, que pedia esmola na escadaria de uma estação do metrô. Em troca de 100 libras, a menina topa fazer o programa, desde que Kelly vá junto. O programa toma um rumo diferente e o pedófilo acaba sendo morto pelas duas, que acabam fugindo para Brighton. Só que o filho do milionário assassinado é um bandidão violento que quer vingança. Ele e seus capangas vão atrás de Kelly e Joanne. Esse jogo de gato e rato vai permear praticamente toda a ação, com muitas cenas de violência e um desfecho dos mais imprevisíveis. A história é legal, o filme é bem feito e o elenco é ótimo. Mesmo com toda violência, pode ser um entretetenimento interessante. O filme foi premiado em vários festivais, inclusive o de melhor estreia em direção concedido a Paul Andrew Williams, que depois faria “Cabana Macabra” (2008) e “Canção para Marion” (2010).                                        
Para comemorar de forma inusitada o 60º aniversário do Festival de Cannes, em 2007, Gilles Jacob, o presidente do evento, encomendou a 34 dos principais cineastas do mundo um curta-metragem de 3 minutos cujo tema era “O Amor ao Cinema”. O resultado está no filme "CADA UM COM SEU CINEMA" ("Chacun son Cinéma"), exibido durante o festival daquele ano na sessão de gala. Alguns diretores optaram pelo bom humor, como Roman Polanski e Lars von Trier. Claude Lelouch reproduziu cenas do filme “Top Hat”, de 1935, onde Fred Astaire e Ginger Rogers aparecem dançando “Cheek to Cheek”. No curta, Lelouch lembra que seus pais se conheceram durante uma sessão do filme. O grego Theo Angelopoulos utilizou a atriz Jeanne Moreau para fazer uma bela e tocante homenagem a Marcello Mastroianni. O cineasta malaio Ming Liang Tsai mostra uma família com o retrato da mãe falecida voltado para a tela. A mãe adorava ir ao cinema. Walter Salles, único diretor brasileiro a participar do projeto, optou por utilizar uma dupla de repentistas em frente à fachada de um cinema no Nordeste. Cada qual com seu estilo, os cineastas convidados realizaram um belíssimo trabalho. O conjunto da obra ficou ótimo, mas, como escreveu Luiz Carlos Merten, crítico do Estadão, “É o filme dos sonhos de qualquer cinéfilo". Realmente, o projeto é direcionado apenas aos aficionados por cinema. Quem quiser curtir duas excelentes homenagens ao cinema deve assistir "Splendor", de Ettore Scola, e "Cinema Paradiso", de Giuseppe Tornatore, este último uma verdadeira obra-prima.