“Jovem e Bela” (“Jeune
& Jolie), 2013, é mais um ótimo drama do diretor francês François Ozon, que recentemente
já nos havia presenteado com o suspense “Dentro da Casa”. Agora, Ozon conta a história de
uma jovem de 17 anos, Isabelle (Marine Vacth), que, depois de perder a virgindade
nas férias de verão, resolve trabalhar como prostituta de luxo, atividade que intercala
com as aulas. A maioria dos seus clientes é formada por homens muito mais
velhos. Seu preferido é Georges (o ator belga Johan Leysen), que tem idade para
ser seu avô. Será justamente por causa dele que a família de Isabelle descobrirá
sua atividade, digamos, “extracurricular”. Não há como não lembrar do enredo de
“A Bela da Tarde” (1967), clássico de Luis Buñuel, com Catherine Deneuve. Bem
casada com um médico (Jean Sorel), ela também passa as tardes com clientes de
cama. No caso de Isabelle, porém, o conflito após a descoberta será com a mãe Sylvie
(Géraldine Pailhas). Como agir com uma filha que entra para essa vida? Melhor ver o filme,
valorizado ainda mais pelo trabalho espetacular dessa jovem e bela atriz Marine
Vacth. Ainda de Ozon, não deixe de assistir também "Swimming Pool" (2003), "O Refúgio" (2009), "Potiche, Esposa Troféu" (2010) ou qualquer outro que leve a sua assinatura.
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
Vem da Estônia (co-produção com a Geórgia) esta
pérola de filme: “Tangerinas” (“Mandariinid”),
de 2013. Tanto o filme quanto seu diretor, Zaza Urushadze, receberam prêmios em
vários festivais de cinema. A história: quando estoura a guerra entre os
separatistas da Abecásia e as forças da Geórgia (1992/1993), os estonianos que
habitavam desde o Século 19 várias aldeias na Abecásia (região do Cáucaso) fogem
em massa de volta para a Estônia. Ivo (Lembit Ulfsak) e seu sócio Markus (Elmo
Nüganen), donos de uma plantação de tangerinas, resolvem ficar para recolher a
última safra. Um dia, porém, bem em frente à plantação, uma van com soldados georgianos
intercepta um jipe com dois mercenários que lutam pelos separatistas. Depois de
um intenso tiroteio, vários combatentes morrem e sobram dois feridos: um dos
mercenários, de origem chechena, e um georgiano. Ou seja, inimigos mortais. Ivo
presta os primeiros socorros aos dois feridos e depois os leva para casa,
colocando-os em quartos separados. Utilizando-se de muita sabedoria e
psicologia nas conversas com os dois feridos, Ivo vai administrar e controlar
um possível conflito entre os dois. É nesses diálogos, inclusive entre o georgiano e o checheno - ácidos, bem-humorados e
sensíveis -, que o filme adquire seu encanto e sua força maior. A presença arrebatadora
do ator Lembit Ulfsak, como Ivo, é um dos
maiores trunfos dessa pequena obra-prima do cinema. Um filme mais do que
imperdível, obrigatório!
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
Este é mais um aviso do que um comentário: não
assista “Heli”, drama
mexicano de 2012. A não ser que você curta os mais sórdidos tipos de
violência não apenas contra seres humanos, mas também contra animais. Tem
cachorro morto a tiros, outro estrangulado, cadáveres pendurados em ganchos,
enforcamento em passarelas de estrada, torturas com crianças assistindo e vai
por aí afora. Quando foi exibido no Festival de Cannes de 2013, muita gente
saiu da plateia horrorizada e revoltada com as cenas de violência. E não é que,
no mesmo festival, Amat Escalante recebeu o prêmio de Melhor Diretor por esse
filme? Não dá para entender. Aliás, dá sim, pois de um festival que premia com
a Palma de Ouro filmes execráveis como “Árvore da Vida” (2011) e “Tio Boonmee,
que pode recordar suas vidas passadas” (2010) pode se esperar qualquer absurdo.
Eu me recusei a continuar assistindo. Parei no meio com o estômago embrulhado.
Essa monumental excrescência só pode ter sido produzida para agradar
psicopatas, sádicos e maníacos. Não se engane com a singeleza da foto da capa do DVD. A menina tem 12 anos e vai se envolver com um soldado traficante. Depois disso tudo, vai querer assistir?
“O Lobo de Wall Street”
(“The Wolf of Wall Street”), dirigido por Martin Scorsese, é um filme bastante
desagradável de assistir. É preciso estômago forte para ver, durante três
horas, num ritmo alucinante, inúmeras cenas de orgias sexuais, consumo quase
ininterrupto de drogas, diálogos verborrágicos e histéricos e uma verdadeira aula
de como ganhar dinheiro enganando milhares de pessoas honestas. A história é baseada
no livro de memórias de Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio), um corretor de títulos
em Wall Street que no final dos anos 80, começo dos 90, ficou milionário à
frente da empresa Stratton Oakmont, responsável por fraudes milionárias no
mercado de ações. O escândalo abalou Wall Street, Belfort acabou preso e, para
ter sua pena diminuída, entregou os colegas de empresa. O filme começa com
Belfort, aos 22 anos, ingressando numa corretora de Wall Street. Ele ganha um
mentor na figura de um dos sócios da firma, Mark Hanna (Matthew McConaughey),
que o ensina a aplicar as mais sórdidas estratégias para ganhar dinheiro
explorando investidores inocentes. Depois de seis meses, Belfort arruma um
sócio, Danny Porush (Jonah Hill), e resolve fundar sua própria corretora, a
Stratton Oakmont. À base de cocaína, consumida aos potes no próprio escritório,
Jordan e seus corretores ganham milhões, numa ascensão vertiginosa, assim como
será sua queda. E viva o American Dream! E por falar em sonho, reparem na atriz
inglesa Margot Robbie, que faz Naomi, segunda mulher de Belfort. Além de tudo,
ela ainda trabalha muito bem.
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
“Bebê de Outubro” (“October
Baby”), EUA, 2011, dirigido por Jon e Andrew Werwin, é um drama sensível que trata
de vários temas polêmicos como aborto, família, adoção, culpa, paternidade e
perdão. Tem um pano de fundo religioso, mas enfoca todos esses assuntos com
extrema leveza e sensibilidade. Enfim, um filme que nos motiva a fazer uma
reflexão sobre o nosso modo de agir e pensar. Hannah (a bela Rachel Hendrix) tem
18 anos e saúde bastante frágil. Sofre de asma, já fez diversas cirurgias no
quadril e, ainda por cima, é epilética. Numa conversa com o médico da família,
junto com os pais, descobre que seus problemas de saúde provavelmente tenham
ligação com o fato de ter nascido prematuramente. Para jogar mais lenha na fogueira
do drama, Hannah também descobre que seus pais não são os biológicos. Aí ela
entra em crise, briga com os pais adotivos e sai em busca dos pais biológicos. Para
isso, parte com alguns amigos para uma longa viagem. Durante essa busca, Hannah
vai descobrir outros segredos que mudarão o seu modo de pensar. Um filme bonito, sensível, merece ser assistido
por toda a família
domingo, 16 de fevereiro de 2014
“O Quarto das
Borboletas” (“The Butterfly Room”), uma produção EUA/Itália de 2012, é um
suspense de terror que conta a história de Anna (Barbara Steele), uma senhora
elegante que mora sozinha num apartamento. Ela é solitária e misteriosa. Num
dos quartos, preserva uma grande coleção de borboletas, sua única distração. Anna
só recebe as visitas de Julie (Ellery Sprayberry), uma menina que é sua vizinha,
e de Alice (Julia Putnam), outra menina que conhecera num shopping center. Ao
longo desses dois relacionamentos, que vão envolver ainda as mães das meninas,
Anna aos poucos vai revelando sua verdadeira personalidade maligna, o que
inclui algumas mortes e cadáveres no poço do elevador. A atriz Barbara Steele é
bastante conhecida por ter atuado em diversos filmes de terror na década de 60
e 70, incluindo alguns do diretor Roger Corman. Chegou a fazer um pequeno papel
no clássico ”Oito e Meio” (1963), de Federico Fellini. Dirigido por Jonathan Zarantonello, “O Quarto das
Borboletas” não passa de um terror B, mas consegue manter um certo suspense
e dar alguns sustos, mais pela interpretação de Barbara do que pelo próprio
filme.
Finalmente, em meio a tanta mediocridade, surge um filme inteligente, sensível e
divertido. “Questão de Tempo”
(“About Time”), 2013, é uma comédia romântica britânica dirigida por Richard
Curtis (“Um lugar chamado Notting Hill”, “O Diário de Bridget Jones”). Ao
completar 21 anos de idade, o jovem Tim (Domhanall Gleeson) recebe do pai Dad (o
ótimo Bill Nighy) a notícia de que pode voltar no tempo, tradição que envolve
os homens da família há gerações. Para isso, basta entrar num lugar fechado e
escuro, fechar os olhos e as mãos e escolher o dia e o local. É claro que ele
fica desconfiado, pensando que o pai está brincando. Tim resolve comprovar a
história e, para sua surpresa, a magia funciona. Ele resolve então fazer o
teste com a prima Charlotte (a belíssima Margot Robbie, que também está em “O
Lobo de Wall Street”), por quem está apaixonado. Depois do teste, frustrante, ele vai para Londres
morar com um amigo do pai, o dramaturgo e mal-humorado Harry (Tom Hollander), dono de algumas das "tiradas" mais engraçadas do filme. Na capital inglesa, acaba conhecendo Mary (a gracinha Rachel McAdams), o que
vai mudar radicalmente sua vida. O final é muito bonito e, com certeza, vai emocionar
os mais sensíveis. Além da história bem elaborada, o elenco é de primeira linha.
Domhannal dá conta do recado como um Tim meio feio, meio charmoso, meio
atrapalhado, mas muito engraçado. “Questão de Tempo” é puro entretenimento. Simplesmente
imperdível!
Baseado num conto escrito por James Thurber e publicado
em 1937 pela Revista New Yorker, “A Vida Secreta de Walter Mitty” (“The Secret Life ofd Walter Mitty”),
2013, não engrena e se arrasta por 125 minutos contando a história de Walter
Mitty (Ben Stiller, que também é o diretor), responsável pelo arquivo e
revelação de fotos da Revista Life. Prestes a se transformar apenas em edição
on-line (como aconteceu com a verdadeira em meados da década passada), a
revista prepara-se para produzir sua última edição impressa. A foto de capa
deverá ser o negativo de nº 25, escolhido entre os vários enviados pelo fotógrafo
Sean O’Connell (Sean Penn). Sem uma explicação no mínimo razoável, Walter parte
mundo afora em busca do fotógrafo, indo parar no Himalaia, depois de passar
pela Groelândia e pela Islândia. Tudo, é claro, fruto da imaginação dele. Por
longos e entediantes minutos, você estará assistindo a um tipo de documentário
do National Geographic Channel – pelo menos as imagens são bonitas. A maioria
dos diálogos não tem o mínimo nexo. Fora a bonita e sensível mensagem final
revelada pela foto de capa, associada à razão do sucesso da verdadeira revista – impossível comentar
para não estragar a surpresa -, o filme é bastante decepcionante. Faltou ritmo
de ação para um filme que pretendia ser de aventura.
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