sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014


“Jovem e Bela” (“Jeune & Jolie), 2013, é mais um ótimo drama do diretor francês François Ozon, que recentemente já nos havia presenteado com o suspense “Dentro da Casa”. Agora, Ozon conta a história de uma jovem de 17 anos, Isabelle (Marine Vacth), que, depois de perder a virgindade nas férias de verão, resolve trabalhar como prostituta de luxo, atividade que intercala com as aulas. A maioria dos seus clientes é formada por homens muito mais velhos. Seu preferido é Georges (o ator belga Johan Leysen), que tem idade para ser seu avô. Será justamente por causa dele que a família de Isabelle descobrirá sua atividade, digamos, “extracurricular”. Não há como não lembrar do enredo de “A Bela da Tarde” (1967), clássico de Luis Buñuel, com Catherine Deneuve. Bem casada com um médico (Jean Sorel), ela também passa as tardes com clientes de cama. No caso de Isabelle, porém, o conflito após a descoberta será com a mãe Sylvie (Géraldine Pailhas). Como agir com uma filha que entra para essa vida? Melhor ver o filme, valorizado ainda mais pelo trabalho espetacular dessa jovem e bela atriz Marine Vacth. Ainda de Ozon, não deixe de assistir também  "Swimming Pool" (2003), "O Refúgio" (2009), "Potiche, Esposa Troféu" (2010) ou qualquer outro que leve a sua assinatura. 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Vem da Estônia (co-produção com a Geórgia) esta pérola de filme: “Tangerinas” (“Mandariinid”), de 2013. Tanto o filme quanto seu diretor, Zaza Urushadze, receberam prêmios em vários festivais de cinema. A história: quando estoura a guerra entre os separatistas da Abecásia e as forças da Geórgia (1992/1993), os estonianos que habitavam desde o Século 19 várias aldeias na Abecásia (região do Cáucaso) fogem em massa de volta para a Estônia. Ivo (Lembit Ulfsak) e seu sócio Markus (Elmo Nüganen), donos de uma plantação de tangerinas, resolvem ficar para recolher a última safra. Um dia, porém, bem em frente à plantação, uma van com soldados georgianos intercepta um jipe com dois mercenários que lutam pelos separatistas. Depois de um intenso tiroteio, vários combatentes morrem e sobram dois feridos: um dos mercenários, de origem chechena, e um georgiano. Ou seja, inimigos mortais. Ivo presta os primeiros socorros aos dois feridos e depois os leva para casa, colocando-os em quartos separados. Utilizando-se de muita sabedoria e psicologia nas conversas com os dois feridos, Ivo vai administrar e controlar um possível conflito entre os dois. É nesses diálogos, inclusive entre o georgiano e o checheno - ácidos, bem-humorados e sensíveis -, que o filme adquire seu encanto e sua força maior. A presença arrebatadora do ator Lembit Ulfsak,  como Ivo, é um dos maiores trunfos dessa pequena obra-prima do cinema. Um filme mais do que imperdível, obrigatório!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Este é mais um aviso do que um comentário: não assista “Heli”, drama mexicano de 2012. A não ser que você curta os mais sórdidos tipos de violência não apenas contra seres humanos, mas também contra animais. Tem cachorro morto a tiros, outro estrangulado, cadáveres pendurados em ganchos, enforcamento em passarelas de estrada, torturas com crianças assistindo e vai por aí afora. Quando foi exibido no Festival de Cannes de 2013, muita gente saiu da plateia horrorizada e revoltada com as cenas de violência. E não é que, no mesmo festival, Amat Escalante recebeu o prêmio de Melhor Diretor por esse filme? Não dá para entender. Aliás, dá sim, pois de um festival que premia com a Palma de Ouro filmes execráveis como “Árvore da Vida” (2011) e “Tio Boonmee, que pode recordar suas vidas passadas” (2010) pode se esperar qualquer absurdo. Eu me recusei a continuar assistindo. Parei no meio com o estômago embrulhado. Essa monumental excrescência só pode ter sido produzida para agradar psicopatas, sádicos e maníacos. Não se engane com a singeleza da foto da capa do DVD. A menina tem 12 anos e vai se envolver com um soldado traficante. Depois disso tudo, vai querer assistir?  
“O Lobo de Wall Street” (“The Wolf of Wall Street”), dirigido por Martin Scorsese, é um filme bastante desagradável de assistir. É preciso estômago forte para ver, durante três horas, num ritmo alucinante, inúmeras cenas de orgias sexuais, consumo quase ininterrupto de drogas, diálogos verborrágicos e histéricos e uma verdadeira aula de como ganhar dinheiro enganando milhares de pessoas honestas. A história é baseada no livro de memórias de Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio), um corretor de títulos em Wall Street que no final dos anos 80, começo dos 90, ficou milionário à frente da empresa Stratton Oakmont, responsável por fraudes milionárias no mercado de ações. O escândalo abalou Wall Street, Belfort acabou preso e, para ter sua pena diminuída, entregou os colegas de empresa. O filme começa com Belfort, aos 22 anos, ingressando numa corretora de Wall Street. Ele ganha um mentor na figura de um dos sócios da firma, Mark Hanna (Matthew McConaughey), que o ensina a aplicar as mais sórdidas estratégias para ganhar dinheiro explorando investidores inocentes. Depois de seis meses, Belfort arruma um sócio, Danny Porush (Jonah Hill), e resolve fundar sua própria corretora, a Stratton Oakmont. À base de cocaína, consumida aos potes no próprio escritório, Jordan e seus corretores ganham milhões, numa ascensão vertiginosa, assim como será sua queda. E viva o American Dream!  E por falar em sonho, reparem na atriz inglesa Margot Robbie, que faz Naomi, segunda mulher de Belfort. Além de tudo, ela ainda trabalha muito bem.                                     

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

“Bebê de Outubro” (“October Baby”), EUA, 2011, dirigido por Jon e Andrew Werwin, é um drama sensível que trata de vários temas polêmicos como aborto, família, adoção, culpa, paternidade e perdão. Tem um pano de fundo religioso, mas enfoca todos esses assuntos com extrema leveza e sensibilidade. Enfim, um filme que nos motiva a fazer uma reflexão sobre o nosso modo de agir e pensar. Hannah (a bela Rachel Hendrix) tem 18 anos e saúde bastante frágil. Sofre de asma, já fez diversas cirurgias no quadril e, ainda por cima, é epilética. Numa conversa com o médico da família, junto com os pais, descobre que seus problemas de saúde provavelmente tenham ligação com o fato de ter nascido prematuramente. Para jogar mais lenha na fogueira do drama, Hannah também descobre que seus pais não são os biológicos. Aí ela entra em crise, briga com os pais adotivos e sai em busca dos pais biológicos. Para isso, parte com alguns amigos para uma longa viagem. Durante essa busca, Hannah vai descobrir outros segredos que mudarão o seu modo de pensar. Um filme bonito, sensível, merece ser assistido por toda a família

domingo, 16 de fevereiro de 2014

“O Quarto das Borboletas” (“The Butterfly Room”), uma produção EUA/Itália de 2012, é um suspense de terror que conta a história de Anna (Barbara Steele), uma senhora elegante que mora sozinha num apartamento. Ela é solitária e misteriosa. Num dos quartos, preserva uma grande coleção de borboletas, sua única distração. Anna só recebe as visitas de Julie (Ellery Sprayberry), uma menina que é sua vizinha, e de Alice (Julia Putnam), outra menina que conhecera num shopping center. Ao longo desses dois relacionamentos, que vão envolver ainda as mães das meninas, Anna aos poucos vai revelando sua verdadeira personalidade maligna, o que inclui algumas mortes e cadáveres no poço do elevador. A atriz Barbara Steele é bastante conhecida por ter atuado em diversos filmes de terror na década de 60 e 70, incluindo alguns do diretor Roger Corman. Chegou a fazer um pequeno papel no clássico ”Oito e Meio” (1963), de Federico Fellini. Dirigido por Jonathan Zarantonello, “O Quarto das Borboletas” não passa de um terror B, mas consegue manter um certo suspense e dar alguns sustos, mais pela interpretação de Barbara do que pelo próprio filme.        
Finalmente, em meio a tanta mediocridade, surge um filme inteligente, sensível e divertido. “Questão de Tempo” (“About Time”), 2013, é uma comédia romântica britânica dirigida por Richard Curtis (“Um lugar chamado Notting Hill”, “O Diário de Bridget Jones”). Ao completar 21 anos de idade, o jovem Tim (Domhanall Gleeson) recebe do pai Dad (o ótimo Bill Nighy) a notícia de que pode voltar no tempo, tradição que envolve os homens da família há gerações. Para isso, basta entrar num lugar fechado e escuro, fechar os olhos e as mãos e escolher o dia e o local. É claro que ele fica desconfiado, pensando que o pai está brincando. Tim resolve comprovar a história e, para sua surpresa, a magia funciona. Ele resolve então fazer o teste com a prima Charlotte (a belíssima Margot Robbie, que também está em “O Lobo de Wall Street”), por quem está apaixonado. Depois do teste, frustrante, ele vai para Londres morar com um amigo do pai, o dramaturgo e mal-humorado Harry (Tom Hollander), dono de algumas das "tiradas" mais engraçadas do filme. Na capital inglesa, acaba conhecendo Mary (a gracinha Rachel McAdams), o que vai mudar radicalmente sua vida. O final é muito bonito e, com certeza, vai emocionar os mais sensíveis. Além da história bem elaborada, o elenco é de primeira linha. Domhannal dá conta do recado como um Tim meio feio, meio charmoso, meio atrapalhado, mas muito engraçado. “Questão de Tempo” é puro entretenimento. Simplesmente imperdível!     
Baseado num conto escrito por James Thurber e publicado em 1937 pela Revista New Yorker, “A Vida Secreta de Walter Mitty” (“The Secret Life ofd Walter Mitty”), 2013, não engrena e se arrasta por 125 minutos contando a história de Walter Mitty (Ben Stiller, que também é o diretor), responsável pelo arquivo e revelação de fotos da Revista Life. Prestes a se transformar apenas em edição on-line (como aconteceu com a verdadeira em meados da década passada), a revista prepara-se para produzir sua última edição impressa. A foto de capa deverá ser o negativo de nº 25, escolhido entre os vários enviados pelo fotógrafo Sean O’Connell (Sean Penn). Sem uma explicação no mínimo razoável, Walter parte mundo afora em busca do fotógrafo, indo parar no Himalaia, depois de passar pela Groelândia e pela Islândia. Tudo, é claro, fruto da imaginação dele. Por longos e entediantes minutos, você estará assistindo a um tipo de documentário do National Geographic Channel – pelo menos as imagens são bonitas. A maioria dos diálogos não tem o mínimo nexo. Fora a bonita e sensível mensagem final revelada pela foto de capa, associada à razão do sucesso da verdadeira revista – impossível comentar para não estragar a surpresa -, o filme é bastante decepcionante. Faltou ritmo de ação para um filme que pretendia ser de aventura.