sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020


“UM LINDO DIA NA VIZINHANÇA” (”A BEAUTIFUL DAY IN THE NEIGHBORHOOD”), 2019, EUA, direção de Marielle Heller e roteiro escrito por Micah Fitzerman-Blue e Noah Harpster. Sabe aqueles filmes bonitinhos e inocentes da Disney feitos para exibição numa sessão da tarde com a família reunida, suco e pipoca? Não achei uma introdução melhor para definir meu sentimento com relação a “Um Lindo Dia na Vizinhança”. A história relembra um fato acontecido em 1998. O jornalista investigativo Tom Junod foi encarregado pela Revista Esquire de escrever um perfil de Fred Rogers, apresentador do programa infanto-juvenil "Mister Rogers' Neighborhood", de grande audiência na TV dos EUA desde a década de 60. Para escrever o roteiro, Micah e Noah se basearam no próprio artigo de Tom Junod e no livro biográfico escrito por Rogers. No filme, o jornalista recebeu o nome de Lloyd Vogel (Matthew Rhys) e Fred Rogers é interpretado por Tom Hanks. Na verdade, embora o pano de fundo seja Rogers, o personagem principal é o jornalista, casado com Andrea Vogel (Susan Kelechi Watson), com quem tem um filho, e seus problemas com o pai Jerry Vogel (Chris Cooper, ótimo como sempre), a quem acusa de ser, indiretamente, responsável pela morte da mãe. Enfim, Tom Hanks é o coadjuvante da história, sendo indicado como tal para disputar o Oscar 2020, tendo perdido para Brad Pitt. O filme tem um tom pedagógico e educativo,  mensagens positivas - "o mundo é colorido" e outras banalidades -, parecendo mais uma sessão de terapia em grupo para crianças e adolescentes. Um blá-blá-blá entediante, com lições de moral que mais parecem um programa de autoajuda. Nem o carisma de Tom Hanks consegue salvar “Um Lindo Dia na Vizinhança”, bobinho como o próprio título. No Brasil, o filme, já lançado no circuito comercial, foi exibido pela primeira vez durante a programação do 21º Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, em dezembro de 2019. Em seus comentários, os críticos profissionais, em geral, tentaram amenizar a chatice do filme, talvez em respeito a Tom Hanks. Mas o filme é chato mesmo.       

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020


“MISSÃO DE HONRA” (“303: Bitwa Anglie”, título original em polonês; filme ganhou dois nomes nos países de língua inglesa: “Hurricane: 303 Squadron” e “Mission of Honor”), 2018, coprodução Polônia/Inglaterra, 2h3m, direção de David Blair e roteiro de Robert Ryan. Mais uma história da fonte inesgotável de histórias da Segunda Guerra Mundial. A não ser aqueles que estudaram a fundo aquele conflito, poucos por aqui conheceram a heroica participação de pilotos de caça poloneses lutando pela Inglaterra contra os ataques aéreos alemães contra Londres e outras cidades. Depois de lutarem contra os nazistas durante anos em seu país, eles foram para a Inglaterra reforçar o contingente da RAF (Royal Air Force). Eles integraram o famoso Esquadrão 303 da RAF, comandado pelo oficial John Kent “Kentowski” (Milo Gibson, filho do Mel). Em suas inúmeras missões, os habilidosos e corajosos aviadores poloneses derrubaram centenas de aviões de combate da Luftwaffe, a força aérea alemã. Além de enaltecer os seus fatos heroicos, o filme também mostra os poloneses como um grupo irresponsável na rotina do quartel, dado a bebedeiras homéricas e brigas na base de socos. O filme mostra dezenas de cenas de combates aéreos emocionantes e de muita tensão. Os pilotos poloneses foram considerados pelos ingleses e países aliados, como verdadeiros heróis de guerra, o que não aconteceu quando voltaram para a Polônia depois do final do conflito. Além de Milo Gibson, estão no elenco Iwan Rheon, Marcin Dorocinski e Stefanie Martini. Um filme obrigatório para quem gosta de relembrar ou ficar por dentro de fatos históricos.  

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020


“CAVALOS ROUBADOS” (“UT OG STAELE HESTER”), 2019, coprodução Noruega/Dinamarca/Suécia, 2h3m, direção de Hans Petter Moland (“O Cidadão do Ano”), que também escreveu o roteiro baseado no romance escrito por Per Petterson. A história é ambientada em 1999 e toda ela centrada em Trond (Stellan Skarsgard), um homem de 67 anos que vive amargurado desde a morte da esposa num acidente de carro do qual ele era o motorista. Trond resolve voltar ao vilarejo onde viveu desde que nasceu e se isolar numa cabana, tendo ao seu lado apenas o cachorro de estimação. Tudo parecia ir bem até Tronde encontrar com Lars Haug (Bjorn Floberg), antigo morador do vilarejo que quando era criança participou diretamente de um evento trágico. As conversas com Lars fizeram com que Trond comece a remoer o passado, especificamente o verão de 1948, quando tinha 15 anos (papel do jovem Jon Ranes). As recordações não são muito boas, pois envolvem o período em que Trond foi abandonado pelo pai (Tobias Santalemann). Trond relembra também sua paixão frustrada por uma mulher casada e bem mais velha (Danica Cursic). Tudo isso em longos flashbacks e a narração do próprio Trond. O drama é muito bem feito, cenários deslumbrantes da Natureza, valorizados pela fotografia de Rasmus Videbaek, premiada na 69ª edição do Festival de Cinema de Berlim, em fevereiro de 2019, onde o filme fez sua estreia mundial. “Cavalos Roubados” também foi exibido por aqui durante a programação da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O filme representou a Noruega na disputa do Oscar 2020 de Melhor Filme Estrangeiro. Cinema da melhor qualidade!          

domingo, 16 de fevereiro de 2020


“O RELATÓRIO (“THE REPORT”), 2019, Estados Unidos, 1h59m, roteiro e direção de Scott Z. Burnes – mais conhecidos como diretor de curtas e séries televisivas, este é o seu segundo lonta-metragem. Muito bom, aliás, principalmente pela história ser baseada em fatos. Em 2007, o senado norte-americano criou uma comissão para investigar as denúncias de que o pessoal da CIA, depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, submeteu prisioneiros suspeitos, principalmente muçulmanos, a violentas torturas, prática condenada pelo governo norte-americano. A comissão de investigação foi comandada pela senadora Diane Feinstein (Annette Bening), que nomeou o agente Daniel Jones (Adam Driver) para chefiar os trabalhos. Durante cinco anos, Daniel e sua reduzida equipe, mesmo com a falta de colaboração da CIA, conseguiu elaborar um relatório de 700 páginas comprovando que as denúncias estavam corretas. Descobriu também que as fitas e vídeos dos interrogatórios e relatos de técnicas de tortura foram destruídos. Para isso, contou com a ajuda de um repórter do Jornal New York Times e de pessoas que testemunhas que presenciaram ou participaram dos interrogatórios. Mesmo com os protestos da CIA, o relatório foi divulgado pela senadora e causou grande repercussão na mídia. Embora verborrágico demais – não dá para piscar nas legendas -, o filme tem como principal trunfo manter uma tensão angustiante até o desfecho. O elenco conta ainda com Joh Hamm, Sarah Goldberg e Maura Tierney. E, mais uma vez, com uma brilhante atuação, Adam Driver prova por que é hoje um dos atores mais requisitados por Hollywood. Depois de estrear no Festival de Cinema de Toronto, em setembro de 2019, “O Relatório” foi exibido por aqui durante a programação da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro.