“MARÉ ALTA” (“MAREA
ALTA”), 2020,
Argentina, disponível na plataforma Netflix, 1h46m, roteiro e direção de
Verónica Chen (“Rosita”, “Mujer Conejo”). É bom avisar: não é um filme para
qualquer público. Ao apresentar sua sinopse, a Netflix também deixa claro que é
“cinema de arte”, querendo dizer que se trata de um filme dirigido a um público
especial. Realmente, trata-se de um filme meio estranho, lento e até
entediante, pelo menos até perto do desfecho. A história é centrada em Laura
(Gloria Carrá, excelente), uma mulher de meia-idade que sai de Buenos Aires
para acompanhar as obras de um abrigo e churrasqueira na sua casa de praia. Na
verdade, uma mansão. Em uma tarde, empolgada depois de várias taças de vinho, ela vai
para a cama com Weisman (Jorge Sesán), chefe dos pedreiros. Ao sair de casa
pela manhã, Weisman é surpreendido pelos seus trabalhadores, Toto (Cristian Salguero)
e Huejo (Hector Bordoni). A partir desse flagrante, Laura fica a mercê dos pedreiros, que passam a desrespeitá-la o tempo inteiro. Chegam até a levar
prostitutas para a casa e promover festinhas à base de muito vinho e cocaína. Apavorada, Laura tenta entrar em contato com Weisman,
que não responde às suas chamadas. A situação vai se desenrolando até que Laura,
até então demonstrando uma atitude passiva, resolve dar um basta. “Maré Alta”
estreou no Sundance Film Festival 2020 (EUA), não conseguindo muitas críticas
positivas, mas tem seus trunfos. A atriz é sensacional, o roteiro bem elaborado
e o desfecho surpreendente. A trilha sonora, porém, é uma chatice. Quando
acabei de assistir, fiquei pensando no título “Maré Alta” e tentei entender sua
ligação com a história. Não consegui desvendar esse mistério. Trocando em
miúdos, “Maré Alta” passa bem longe dos melhores filmes do excelente cinema
argentino, mas tem seus méritos.