sexta-feira, 18 de março de 2022

 

“MARÉ ALTA” (“MAREA ALTA”), 2020, Argentina, disponível na plataforma Netflix, 1h46m, roteiro e direção de Verónica Chen (“Rosita”, “Mujer Conejo”). É bom avisar: não é um filme para qualquer público. Ao apresentar sua sinopse, a Netflix também deixa claro que é “cinema de arte”, querendo dizer que se trata de um filme dirigido a um público especial. Realmente, trata-se de um filme meio estranho, lento e até entediante, pelo menos até perto do desfecho. A história é centrada em Laura (Gloria Carrá, excelente), uma mulher de meia-idade que sai de Buenos Aires para acompanhar as obras de um abrigo e churrasqueira na sua casa de praia. Na verdade, uma mansão. Em uma tarde, empolgada depois de várias taças de vinho, ela vai para a cama com Weisman (Jorge Sesán), chefe dos pedreiros. Ao sair de casa pela manhã, Weisman é surpreendido pelos seus trabalhadores, Toto (Cristian Salguero) e Huejo (Hector Bordoni). A partir desse flagrante, Laura fica a mercê dos pedreiros, que passam a desrespeitá-la o tempo inteiro. Chegam até a levar prostitutas para a casa e promover festinhas à base de muito vinho e cocaína. Apavorada, Laura tenta entrar em contato com Weisman, que não responde às suas chamadas. A situação vai se desenrolando até que Laura, até então demonstrando uma atitude passiva, resolve dar um basta. “Maré Alta” estreou no Sundance Film Festival 2020 (EUA), não conseguindo muitas críticas positivas, mas tem seus trunfos. A atriz é sensacional, o roteiro bem elaborado e o desfecho surpreendente. A trilha sonora, porém, é uma chatice. Quando acabei de assistir, fiquei pensando no título “Maré Alta” e tentei entender sua ligação com a história. Não consegui desvendar esse mistério. Trocando em miúdos, “Maré Alta” passa bem longe dos melhores filmes do excelente cinema argentino, mas tem seus méritos.                      

quinta-feira, 17 de março de 2022

 

“FALSIDADE” (“VALS”), 2019, Holanda, 1h37m, disponível na plataforma Amazon Prime Video, direção de Dennis Bots, que também assina o roteiro com Alexandra Penrhyn Lowe, Tjebbo Penning e Pieter Van Den Berg. A história é baseada no livro homônimo de 2010 escrito por Mel Wallis de Vries, conhecida como autora de livros infantis e juvenis. “Vals” conta a história de quatro garotas, amigas de infância, que resolvem passar um final de semana em uma cabana em local ermo nas Ardenas. Personalidades diferentes, Kim (Romy Gevers), Abby (Abbey Hoes), Feline (Holly Mae Brood) e Pippa (Olivia Lonsdale) enfrentarão discórdias, ressentimentos e memórias afetivas, o que resultará em muitos conflitos, colocando em dúvida a amizade que as unia faz tempo. É quando a falsidade entra em jogo. Os desentendimentos começam quando elas conhecem três rapazes hospedados em uma casa próxima. Uma delas, a contragosto das outras, convida os meninos para uma noitada de queijos e vinhos, mais vinhos do que queijos. Depois disso, começam a surgir situações de suspense, como vultos aparecendo nas janelas, garota trancada no banheiro, outra na sauna, além do sumiço misterioso de outra. Quem será o responsável por tudo isso? Aquele sujeito mal-encarado do posto de gasolina, os rapazes ou até mesmo uma delas? Paralelamente a todo esse suspense, você será obrigado a acompanhar os arrastados, entediantes e irritantes diálogos entre as moças a um nível medíocre. Apesar do esforço das atrizes, do diretor e da equipe de roteiristas, o resultado final decepciona. Portanto, entre os prós e os contras, “Falsidade” ganha fácil nos contras. Um filme realmente muito fraco que mancha a imagem do cinema europeu.                   

quarta-feira, 16 de março de 2022

 

“SEM RETORNO” (“THE EASTERN FRONT”), 2020, Inglaterra, disponível na plataforma Amazon Prime Video, 1h50m, direção de Rick Roberts, seguindo roteiro assinado por Cheryl Neve. Sem medo de errar, este é o pior filme de guerra que já vi. Do começo ao fim, nada funciona. Os atores são péssimos, beirando o patético, e o roteiro é repleto de situações inverossímeis, que chegam ao ponto de ofender nossa inteligência. A história, ambientada em 1945 durante a Segunda Guerra Mundial, acompanha a trajetória de soldados alemães retornando do front russo. Eles trazem duas prisioneiras russas, ambas enfermeiras, capturadas no meio do caminho. A namorada do tenente alemão faz parte do grupo, com roupas de civil. Pergunto: o que ela foi fazer no front russo? Um sargento passa o filme inteiro assediando a moça e o tenente, seu namorado, faz vistas grossas. Os absurdos começam por aí. E são tantos que não haveria espaço suficiente para enumerá-los. Apesar de ser um filme de guerra, há momentos tão entediantes que chegam a dar sono, com longos diálogos sem nenhum nexo ou profundidade. Mas o pior mesmo é o elenco. Nunca vi atores tão ruins. Como citei o diretor e o roteirista, vou nominar também os principais atores como cúmplices desse crime hediondo contra o cinema: Lauran Jean Marsh, Bethany Slater, Tim Seyfert, Mhairi Calvey, Neal Ward, George Weightman, Chris Wilson, Josh Harper e Jennifer Martin. Trocando em miúdos, fuja a galope.                  

segunda-feira, 14 de março de 2022

 

“EIFFEL”, 2021, França, disponível na plataforma Amazon Prime Video, 2h3m, direção de Martin Bourboulon, que também assina o roteiro com a colaboração de Carolina Bongrand, Thomas Bidegain, Martin Brossollet e Natalie Carter. Belíssimo drama histórico, valorizado pelo ótimo elenco e por uma primorosa recriação de época. Toda a história é centrada na concepção do projeto e na execução da obra da Torre Eiffel, hoje o maior símbolo de Paris e também da França. O filme começa e lá está, em Nova Iorque, o engenheiro francês Alexandre Gustave Eiffel, recebendo as homenagens por ter executado a obra da Estátua da Liberdade, um presente da França ao Tio Sam. De volta à França, Gustave recebe a incumbência do governo de criar um projeto especial e espetacular para apresentar durante a Feira Mundial de Paris. Dessa forma, nasce o projeto da Torre Eiffel. O filme destaca o trabalho de Gustave no comando do projeto e na execução da obra. Ao mesmo tempo, o roteiro cria um romance fictício entre o engenheiro e a bela Adrianne (Emma Mackey, de “Sex Education”)), um antigo amor do passado que volta à tona 20 anos depois, com Adrianne agora casada com Antoine (Pierra Deladonchan), coincidentemente um colaborador de Gustave. A inauguração da Torre Eiffel aconteceu em 21 de março de 1889. Sua construção começou em 1887. Com 324 metros de altura (equivalente a 1.665 degraus do chão até o topo), a obra utilizou 18.038 peças metálicas e 2.500.00 de rebites. Ainda hoje, continua sendo a maior atração de Paris, tendo recebido, desde sua inauguração, mais de 300 milhões de habitantes. O engenheiro Alexandre Gustave Eiffel (1832-1923) executou outras inúmeras obras pelo mundo afora em países como o México, Peru, Chile, Uruguai, Ucrânia, Hungria e Portugal, entre outros. “Eiffel” é simplesmente imperdível, um drama histórico da melhor qualidade.                   

domingo, 13 de março de 2022

 

“UM DIA DIFÍCIL” (“SANS RÉPIT”), 2022, França, produção original Netflix, 1h36m, direção de Régis Blondeau, que também assina o roteiro com Julien Colombani. Mais conhecido como diretor de fotografia de mais de 40 filmes franceses, Blondeau estreia como roteirista e diretor. Na verdade, trata-se da refilmagem do filme sul-coreano “Ggeutggajui Ganda”, de 2014, ou “A Hard Day”, como foi lançado no mercado internacional - aqui, chegou com o mesmo título "Um Dia Difícil". O cinema francês tem apresentado excelentes filmes policiais (veja algumas dicas no final deste comentário). Apesar de bastante movimentado, tenso e com muito suspense, “Um Dia Difícil” não é tão bom. Tem muitos defeitos, principalmente no roteiro, com algumas situações difíceis de engolir, além de pitadas de humor negro que fogem do contexto sério que permeia a história. O foco central é o detetive Thomas (Franck Gastambide, quase um sósia do ator norte-americano Vin Diesel), um policial corrupto que veste a camisa do anti-herói e sempre se destaca como alvo principal da corregedoria. Sua pior encrenca estava ainda para acontecer. Dirigindo à noite por uma estrada, eis que atropela e mata um homem. Coincidência das coincidências, a vítima é um conhecido traficante. Dessa forma, não resta alternativa a Thomas a não ser esconder o cadáver. Foi seu maior erro, pois de repente começa a receber telefonemas de alguém que sabe o que aconteceu, prometendo denunciá-lo. A não ser que devolva o cadáver. Não será fácil para Thomas enfrentar a situação, ainda mais que o chantageador misterioso passa a ameaçar a filha e a irmã do policial. Muitas reviravoltas e tensão garantida até o desfecho. Completam o elenco principal Jamima West, Tracy Gotoas, Michaël Abiteboul e Simon Abkarian. Como prometido, sugiro alguns filmes policiais franceses com melhor qualidade: “Inimigos Íntimos”, “Bronx”, “Bac Nord”, “A Terra e o Sangue”, “Bala Perdida”, “Sob Pressão” e “Asfalto de Sangue”.