sábado, 30 de outubro de 2021

 

“A VIOLINISTA” (“VIULIST”), 2018, Finlândia, 2h04m, produção original Amazon Prime, direção de Paavo Westerberg, que também assina o roteiro com a colaboração de Emmi Pesonen. Trata-se de um drama com excelente elenco e uma trilha sonora da maior qualidade (veja abaixo). A história é centrada na violinista Karin Nordström (Matleena Kuusniemi), que no auge da carreira sofre um acidente que provoca a perda dos movimentos de três dedos de sua mão esquerda. Segundo os médicos, ela não poderá tocar mais violino, tendo que desistir dos concertos já programados pelo mundo inteiro. Dessa forma, Karin aceita o convite para ensinar jovens talentos do violino na Escola de Música de Helsinque. Entre seus alunos está o jovem Antti (Olavi Uusivirta, astro do rock na Finlândia), que Karin adota como seu principal pupilo e logo como seu amante. Quando o maestro Björn Darren (Kim Bodnia), antigo amigo de Karin e parceiro profissional, pede a ela que indique um talento para a orquestra sinfônica de Copenhagen (Dinamarca). Claro que ela indica Antti, que não era o preferido do maestro, e sim a jovem Sofia (Misa Lommi), justamente a namorada de Antti. Para o início dos ensaios para um grande concerto, o maestro, Karin e Antti seguem juntos para Copenhagen. Karin e Antti ficam no mesmo hotel e já dá para imaginar o clima entre os dois. Tudo vai bem até que o marido de Karin, Jaakko Nordström (Samuli Edelmann), resolve visitá-la em um final de semana. O filme é excelente, principalmente para quem curte música clássica. A trilha sonora inclui desde Mozart, Dvorak, Bach até Mendelssohn e seu concerto para violino e orquestra minor Op.64. Imperdível!           

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

 

“MINARI: EM BUSCA DA FELICIDADE” (“MINARI”), 2020, Estados Unidos, 1h55m, roteiro e direção de Lee Isaac Chung – um dos produtores executivos é o ator Brad Pitt. Sensível e comovente drama centrado em uma família de imigrantes sul-coreanos em busca do seu sonho americano. Estamos nos anos 80 do século passado. Depois de tentarem se estabelecer na Califórnia, Jacob (Steven Yeun) e Monica (Han Ye-Ri), juntamente com seus filhos Anne (Noel Cho) e David (Alan S. Kim), compram um pedaço de terra no interior do Arkansas, onde pretendem montar uma fazenda para cultivar vegetais coreanos (Minari do título é um tipo de raiz muito utilizada na culinária coreana). As dificuldades são imensas, mas Jacob trabalha duro para concretizar seu sonho. Além da fazenda, ele e a mulher trabalham em uma granja, selecionando pintinhos pelo sexo. Em seu cotidiano na fazenda, Jacob recebe a ajuda de Paul (Will Patton), um fanático religioso de alma boa e que vira amigo da família. Sentindo-se sozinha naquele lugar ermo, Anne pede que sua mãe venha da Coreia para ajudá-la. Soonja (Yoon Yeo-Jeong) chega dias depois de mala e cuia para morar com o casal. É a presença dessa simpática idosa que dá um certo alívio ao contexto dramático da história, principalmente na sua relação com o neto David, de 7 anos, garoto esperto que é responsável pelos momentos mais engraçados do filme. Se a vida já era dura, fica pior ainda depois de um evento trágico ocorrido na fazenda. A partir daí, o sonho americano se transforma em um verdadeiro pesadelo. A história do filme é baseada nas memórias afetivas de infância do diretor Lee Chung, ele também filho de imigrantes sul-coreanos que foram atrás do sonho americano. “Minori” se destaca não apenas pela sua tocante história, mas também pelo excelente elenco e por uma trilha sonora envolvente – assinada por Emille Mosseri -, responsável por reforçar cada cena dramática das muitas que permeiam o filme. Não foi à toa que “Minori” recebeu seis indicações ao Oscar 2021 – Melhor Filme, Diretor, Ator (Steven Yeun), Atriz Coadjuvante (Yoon Yeo-Jeong), Trilha Sonora Original e Roteiro Original. A única estatueta foi conquistada pela veterana e maravilhosa atriz Yoon Yeo-Jeong, que rouba a cena a cada aparição, como já havia feito em vários filmes sul-coreanos, como, por exemplo, “A Dama de Baco” e “A Empregada”. Yoon Yeo-Jeong se tornou a primeira atriz sul-coreana a ganhar um Oscar. Além do grande prêmio do cinema norte-americano, o filme também conquistou estatuetas em festivais pelo mundo adora, como no importante BAFTA Film Awards, concedido pela Britsh Academy Film. Imperdível!         

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

 

“O ESPIÃO INGLÊS” (“THE COURIER”), 2020, Inglaterra, distribuição Amazon Prime Video, 1h51m, direção de Dominic Cooke, seguindo roteiro de Tom O’Connor. Este é um dos melhores filmes já feitos tendo como pano de fundo a época da Guerra Fria, quando os Estados Unidos e a União Soviética trocavam ameaças de um ataque nuclear. A história é baseada em fatos reais e relembra um episódio histórico de espionagem da maior importância. Estamos em 1960, auge da Guerra Fria, e ficamos conhecendo o empresário inglês Greville Maynard Wynne (Benedict Cumberbatch). Por seu perfil dinâmico e com muitas viagens de negócios pela Europa, ele logo chama a atenção da CIA norte-americana e do serviço secreto inglês (M16), que na época buscavam encontrar uma pessoa para cumprir papel de espião na União Soviética. Depois de muito relutar, Greville aceita a missão, utilizando como disfarce a condição de empresário que intenciona explorar o mercado dos países do leste europeu, principalmente a União Soviética. Logo que chega a Moscou, Greville conhece o coronel Oleg Penkovsky (Merab Ninidze), herói de guerra e influente membro do alto escalão do governo soviético. Com poucos meses de contato, Oleg confessa a Greville que não concorda com a política belicista do então primeiro-ministro Nikita Kruschev e que pretende contribuir com o Ocidente no que for possível. Dessa forma, ele utiliza o agora seu amigo Greville para repassar informações para os serviços secretos da Inglaterra e dos Estados Unidos. A informação mais importante seria fornecida durante a chamada crise dos mísseis de Cuba, em 1962, fazendo chegar ao governo norte-americano a exata localização dos mísseis em solo cubano. Essa informação foi muito importante para os EUA, fornecendo-lhe dados para denunciar e confirmar a presença dos mísseis em Cuba, ganhar apoio da opinião mundial e forçar o governo soviético a retirar os mísseis da ilha de Fidel. Resumindo a história, a KGB descobriria que Oleg e Greville enviavam informações sigilosas para o Exterior. Os dois acabaram presos. O filme conta os bastidores de tudo o que aconteceu, além de retratar o sofrimento de Greville na prisão durante dois anos em que esteve preso em péssimas condições. Oleg seria executado por traição. Vale destacar as  atuações sensacionais do inglês Benedict Cumberbatch e do georgiano Merab Ninidze. O elenco de apoio também é ótimo: Rachel Brosnahan, Angus Wright, Jessie Buckley, Kirill Alfredowitsch Pirogow, Zeljko Ivanek, Anton Lesser, Elina Alminas e Alice Orr-Ewing. Outro grande destaque desse ótimo drama de espionagem, além da eficiente direção, é o primoroso roteiro de Tom O’Connor. Para elaborá-lo, Tom se baseou nos livros “The Man From Moscow” (1967) e “The Man From Odessa” (1981), escritos pelo próprio Greville Wynne, que aparece em vídeo nos créditos finais dando entrevista coletiva logo após ser libertado. Trocando em miúdos, “O Espião Inglês” é um filme envolvente, emocionante e repleto de tensão, certamente um dos melhores já feitos sobre a Guerra Fria. Não perca!     

terça-feira, 26 de outubro de 2021

 


“THE TRIP” (“I ONDE DAGER”), 2021, Noruega, produção original Netflix, 1h53m, direção de Tommy Wirkola (“João e Maria: Caçadores de Bruxas”), e roteiro de John Niven e Nick Ball. Comédia surpreendente que mistura ingredientes como sadismo, escatologia, trash e muita violência, tudo temperado com um agradável toque de humor negro e diálogos ácidos. Enfim, muito divertido, apesar do sangue jorrando aos borbotões. E com a vantagem de contar no elenco com a atriz sueca Noomi Rapace ("Os Homens que não Amavam as Mulheres") e com o ator norueguês Alksel Hennie, ambos com uma atuação primorosa e uma química perfeita. Vamos à história. Lisa (Rapace) e Lars (Hennie) resolvem passar um final de semana em um chalé nas montanhas. Lars é um renomado diretor de novelas televisivas e Lisa uma atriz em busca de um papel importante. Ao contrário do que possa parecer, ou seja, passar dois dias para ajustar o casamento em crise, na verdade a intenção de cada um é assassinar o outro. Para isso, Lars convoca como cúmplice o atrapalhado e bobalhão Viktor (Stig Frode Henriksen), que trabalha como jardineiro para o casal. Para tumultuar ainda mais a situação, que por si só já caminhava para uma tragédia, surgem em cena três presidiários psicopatas que acabam de fugir de uma penitenciária. De inimigos mortais, Lisa e Lars terão que se transformar em aliados para sobreviver ao trio de bandidos. A confusão está formada, com muito sangue jorrando. Mas não pense que a violência seja difícil de encarar. Pelo contrário, tudo é feito com muito humor. “The Trip” é um filme hilariante e muito divertido. Um humor como o cinema norueguês nunca fez. Imperdível!