sexta-feira, 2 de abril de 2021

 

“1922” é mais um filme adaptado de um romance de Stephen King, no caso um conto do livro “Escuridão Total sem Estrelas”. O filme é de 2017 (EUA), produção original Netflix, 1h41m, roteiro e direção do cineasta australiano Zak Hilditch. É um drama bem pesado, com pitadas de terror e suspense, como é o estilo de King. Wilfred James (Thomas Jane) é um fazendeiro casado com Arlette (Molly Parker). Eles têm um filho adolescente, Henry (Dylan Schmid). Depois de tantos anos morando numa fazenda isolada, Arlette não suporta a calmaria e quer vender sua parte das terras e voltar a viver na cidade. Wilfred, cuja fazenda pertence à sua família há várias gerações, é radicalmente contra a vendas das terras, pois pretende deixá-las para o filho, que também é contra. Quando Arlette coloca pé firme na questão, ou seja, decide vender a sua parte e levar o filho com ela para a cidade, Wilfred só vê um jeito de acabar com o problema: matar a mulher. Mas sabe como são as histórias de King. Depois do crime, a maldição vem com tudo, o que fará com que Wilfred realmente se arrependa amargamente do que fez. Não dá para adiantar os próximos acontecimentos para não estragar as (trágicas) surpresas. O ritmo do filme é lento, o que pode desagradar a muitos espectadores, mas não deixa de ser um bom suspense, embora não tenha sustos. Se quiser diversão, escolha outro filme.                

quinta-feira, 1 de abril de 2021

 

“JOGO PERIGOSO” (“GERALD’S GAME”), 2017, Estados Unidos, 1h43m, disponível na plataforma Netflix, direção de Mike Flanagan, que também assina o roteiro com a colaboração de Jeff Howard. Na verdade, eles adaptaram a história do livro homônimo escrito em 1992 por Stephen King. Na época em que Flanagan demonstrou interesse em adaptar o livro para o cinema, todo mundo achou que seria uma tarefa bastante ousada, quase impossível. Especialista em filmes de terror, como “Ouija: Origem do Mal”, “O Espelho” e “O Jogo da Morte”, entre tantos outros, Flanagan topou o desafio. Vamos à história. Jessie e Gerald Burlingame (Carla Gugino e Bruce Greenwood) estão na meia idade e em crise conjugal. Para tentar salvar o casamento, Gerald leva a esposa para passar alguns dias numa cabana no meio de uma floresta. Chegando lá, ele tem a infeliz ideia de algemar Jessie e prender seus braços nos suportes da cama. Logo depois ele toma a famosa pílula azul. No auge do entusiasmo, porém, ele morre fulminado por um infarto. Começa então o martírio de Jessie, presa na cama e sem poder chamar socorro. Sua única companhia é um enorme e ameaçador pastor alemão com cara de mau, que começa a comer uns pedaços do falecido. Conforme as horas vão passando, o estresse da situação começa a provocar delírios e alucinações em Jessie. O fantasma do marido surge para discutir o casamento, o que gera diálogos intermináveis. Jessie também se imagina fora das algemas, discutindo com ela própria sobre os traumas de infância causados pelo pai pedófilo (Henry Thomas). O filme contém algumas cenas boas de suspense, mas nada além disso. Não li o livro de Stephen King, mas deve ser bem melhor que o filme.          

quarta-feira, 31 de março de 2021

 

Sempre gostei muito de filmes de julgamento. Então, quando li que havia na Netflix um filme indiano chamado “TRIBUNAL”, resolvi assistir e depois comentar. A produção é de 2014, dura 1h56m e foi escrito e dirigido por Chaitanya Tamhane. É um filme bastante interessante por escancarar os defeitos do sistema judiciário da Índia, assim como a incompetência gritante de sua polícia. A história é centrada na figura de Narayan Kamble (Vira Sathidar), um cantor folk de 65 anos acusado de motivar o suicídio de um operário do sistema de esgoto de Mumbai. Segundo a advogada de acusação (Geetanjali Kulkarni) – equivalente à nossa promotoria -, a letra de uma de suas canções teria sido a causa do suicídio, evidência das mais fracas, mesmo porque o trabalhador foi encontrado morto dentro de um bueiro sem estar utilizando os equipamentos de segurança. Vinay Vora (Vivek Gomber), o advogado de defesa, tenta convencer o juiz de que as evidências são muito fracas para justificar a prisão do artista, acusando a polícia de ter agido fora da legalidade. Alternando as cenas do julgamento com o cotidiano particular da advogada de acusação, do advogado de defesa e do próprio juiz do caso, o diretor Tamhane também expõe a condição desfavorável da mulher em seu país. A advogada anda de ônibus lotado, vai pegar o filho no colégio e ainda prepara as refeições da família. Também as vidas particulares do advogado de defesa e do juiz do caso são colocadas em exposição, entre outros fatos determinantes das desigualdades e injustiças que imperam na Índia. Falado em inglês e hindi, “Tribunal” foi indicado para representar a Índia na disputa do Oscar 2015 de Melhor Filme Estrangeiro, além de ter sido premiado nos festivais de cinema de Veneza, Buenos Aires e Cingapura. Por aqui, foi exibido durante o Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro. O filme não é muito fácil de digerir. O ritmo da narrativa é lento demais, quase entediante, com muitas sequências silenciosas filmadas com a câmera estática, sem falar naquelas cantorias irritantes típicas das produções de Bollywood. Por falar na trilha sonora, destaque para uma cena no interior de um bar onde uma cantora pede licença ao público para cantar uma música brasileira que, diz ela, aprendeu ouvindo de um morador de rua. Aí ela canta, em português, um trecho de “Carinhoso” (arrepiou!). Trocando em miúdos, “Tribunal” não é um grande filme, mas essencial para entender o sistema judiciário da Índia. Nesse contexto, é bastante esclarecedor.          

        

       

terça-feira, 30 de março de 2021

 

“SELVAGENS” (“SAVAGES”), 2012, Estados Unidos, 2h11m, direção do polêmico Oliver Stone, que também assina o roteiro, inspirado no livro “Savages”, escrito por Don Winslow em 2010 (Winslow também colaborou no roteiro). É um excelente filme de ação com ótimo elenco e cujo tema central é o tráfico de drogas. A história é centrada nos amigos californianos Ben (Aaron Johnson) e Chon (Taylor Kitsch), sócios na produção e venda de maconha de altíssima qualidade. Eles têm uma namorada em comum, a bela Ophelia (Blake Lively), também parceira no negócio. Eles lucram tanto com o negócio que começam a incomodar dois cartéis mexicanos que tentam ingressar no mercado da Califórnia, um comandado pela poderosa e sanguinária Elena (Salma Hayek) e outro pelo traficante El Azul (Joaquín Cosio). Ben e Chon recusam as propostas dos mexicanos para dividir as vendas e aí começa uma guerra. No meio do conflito, que deixará muitos mortos pelo caminho, está Dennis (John Travolta), um agente do FBI corrupto que há anos trabalha para Ben e Chon. Ainda integram o excelente elenco Benício Del Toro, Emili Hirsch e Demian Bichir. O destaque principal, porém, fica para a atriz Blake Lively, a diva atual de Hollywood, que foi alçada ao estrelato justamente com esse filme. Especialista em produções polêmicas, Oliver Stone acerta mais uma vez ao construir um retrato esclarecedor, perto do documental, de como funciona o submundo do tráfico de drogas e a violência empregada na guerra para dominar um território. Stone conhece de perto o mundo das drogas, pois já foi preso duas vezes, uma por porte de maconha no México quando tinha 21 anos e outra por porte de haxixe em 1999. Só para relembrar alguns de seus mais poderosos filmes: “Platoon”, “Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme”, “Nascido em 4 de Julho”, “Expresso da Meia-Noite” e “JFK – A Pergunta que não quer Calar”, entre muitos outros. Resumo da ópera: “Selvagens” é um ótimo filme de ação que vale a pena ser conferido.          

        

       

domingo, 28 de março de 2021

 


“POR TRÁS DA INOCÊNCIA” (“DEADLY ILLUSIONS”), 2020, Estados Unidos, 1h54m, roteiro e direção de Anna Elizabeth James. Trata-se de um suspense psicológico com altas doses de erotismo. Mary Morrison (Kristin Davis, da série “Sex and the City”) é uma consagrada escritora que passa por uma fase de bloqueio criativo. Apesar da pressão de seus editores, ela não escreve um livro há anos. Nem mesmo a oferta de um adiantamento de dois milhões de dólares por um novo romance é capaz de motivá-la. Até que um dia seu marido Tom Morrison (Dermot Mulroney) confessa ter perdido grande parte das economias da família em um negócio mal sucedido na compra de ações. Dessa forma, Mary volta atrás e aceita a oferta dos seus editores. Para iniciar o trabalho, ela começa a procurar uma babá para seus filhos gêmeos. É aí que entra na história a jovem Grace (Greer Grammer), um doce de pessoa que logo cai nas graças da família. Aos poucos, porém, ela vai revelando um outro lado de sua personalidade, partindo para a sedução não só da patroa como também do patrão. Dá para imaginar um desfecho trágico, o que realmente acontece. “Por Trás da Inocência” é um filme de muitos defeitos. Algumas sequências, por exemplo, misturam realidade e ficção, confundindo a compreensão do espectador, além de cenas constrangedoras que ofendem nossa inteligência. As cenas do desfecho, então, beiram o ridículo. Para atestar sua má qualidade, basta dizer que o filme recebeu apenas 17% de aprovação do site Rotten Tomatoes, especializado em comentar os lançamentos mais recentes do cinema. Este é, certamente, um dos piores filmes à disposição na plataforma Netflix.