“MÃES PARALELAS”
(“MADRES PARALELAS”),
2021, Espanha, 2h03m, disponível na plataforma Netflix, roteiro e direção de
Pedro Almodóvar. Trata-se de um drama estilo novelão, mas nas mãos de Almodóvar
resulta em cinema da melhor qualidade, principalmente quando ele acrescenta
fatos políticos como pano de fundo da narrativa. É o sétimo filme em que o
grande diretor espanhol trabalha com a atriz Penélope Cruz. E, mais uma vez, o
resultado é uma ótima história vinculada ao universo feminino, como já fez em
outros tantos filmes. Penélope é Janis (o nome foi dado por sua mãe hippie em
homenagem a Janis Joplin), uma mulher entrando na casa dos 40 que trabalha como
fotógrafa de publicidade e editoriais de moda. Ela engravida depois de um sexo
casual com o antropólogo Arturo (Israel Elejalde), personagem de um ensaio
fotográfico para uma revista. O filme dá um salto de 9 meses e lá está Janis no
hospital já em trabalho de parto. No mesmo quarto, também em trabalho de parto,
está a jovem Ana (Milena Smit), que engravidou por acidente. Nascem duas
meninas e Janis e Ana se transformam em grandes amigas. Um dos bebês, porém,
morre de repente, aumentando a dosagem dramática, principalmente depois que se
descobre que as crianças foram trocadas no berçário. Perto do desfecho, a história dá uma
guinada total. Janis resolve acompanhar Arturo nas escavações na zona rural de
sua cidade natal, onde seu bisavô e outras pessoas teriam sido enterrados
depois de assassinados pelo grupo fascista “Falange Espanhola” durante a Guerra
Civil Espanhola (1936-1939). A cena final é bastante impactante, que só um
gênio criativo como Almodóvar teria coragem de realizar. “Mães Paralelas”
concorreu ao Oscar 2022 em duas categorias: Melhor Atriz (Penélope Cruz) e
Melhor Trilha Sonora, assinada por Alberto Iglesias. Não foram premiadas, mas
Penélope já havia conquistado o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Veneza. O
elenco é outro trunfo do filme. Também estão no elenco Aitana Sánchez-Gijón,
Rossy De Palma, Daniela Santiago, Ainhoa Santamaria, Julieta Serrano, Inma
Ochoa e Julio Manrique. Faço questão de destacar a presença da atriz italiana Aitana Sánchez Gijón. Aos 53 anos, ela continua linda e
competente. Aitana domina cada cena em que aparece e sua beleza desbanca atrizes
mais jovens também bonitas como a própria Penélope Cruz e Milena Smit, sua filha na história. Por
sua atuação, Aitana ganhou o prêmio “Feroz” de Melhor Atriz Coadjuvante
concedido pela Asociación de Informadores Cinematográficos de España. Tudo isso junto
e misturado com a belíssima trilha sonora, a fotografia e a arte de Almodóvar
resultam em um filme de alta qualidade. Não perca!